A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) não acredita que o preço do petróleo volte a superar os 100 dólares por barril antes de 2040, ou seja, daqui nos próximos 25 anos. A informação está a ser avançada pela agência Reuters, que cita fontes próximas do cartel petrolífero.
O preço do crude, que superou os 145 dólares em 2007, antes da crise financeira internacional, desceu para menos de 100 dólares em 2014 naquilo que foi um autêntico crash na cotação da matéria-prima. Nas últimas semanas, o preço tem oscilado na região dos 40 dólares por barril, com receios de desaceleração da economia (e, portanto, da procura por petróleo e seus derivados) e depois de a OPEP ter decidido, quase há um ano, não cortar as quotas de produção apesar dessas perspetivas de menor procura.
Em janeiro, um membro da OPEP admitiu que era “possível” que a cotação disparasse para os 200 dólares por barril no futuro próximo, se houvesse uma quebra do investimento em produção. Mas as perspetivas dentro do cartel, neste momento, são completamente diferentes.
A decisão da OPEP foi lida por vários especialistas como uma forma de estrangular a produção de petróleo (e gás) de xisto, sobretudo pelos novos produtores norte-americanos que apostam no método da fraturação hidráulica, mais oneroso. Essa explicação chegou mesmo a ser reconhecida por um responsável saudita, em maio. Agora, o cartel está a rever em baixa as estimativas de produção petrolífera mundial excluindo a da OPEP, já antecipando a falência ou desistência de alguns novos produtores.
“Não há dúvida quanto a isso, que a queda dos preços dos últimos meses está a afastar muitos investidores da exploração mais cara como o petróleo [e gás] de xisto, os poços offshore a grande profundidade, e os petróleos pesados”. Esta foi a primeira admissão por parte de um responsável político da Arábia Saudita de que o país (membro mais poderoso da OPEP) está a deprimir os preços para anular a ameaça da chamada revolução do xisto, que precisa de preços mais elevados para ser um negócio viável.
Para a Arábia Saudita, esta estratégia poderá estar a ser um sucesso porque tem reservas e um custo de exploração mais baixo. Mas outros membros da OPEP estão insatisfeitos com a redução do preço e, claro, com a redução das receitas petrolíferas. Esses países insatisfeitos, como a Venezuela e o Irão, precisam de um petróleo mais caro para equilibrar os seus orçamentos. E não têm, como tem a Arábia Saudita, reservas financeiras que lhes permitam dar-se ao luxo de, durante algum tempo, levar a cabo uma prática com alguns contornos semelhantes ao dumping para levar à falência quem, sobretudo nos EUA, apostou todas as suas fichas num crescimento súbito da exploração de fontes energéticas através da fraturação hidráulica (fracking) de reservatórios de xisto que contêm petróleo e gás natural.
Estudos apontam para que este setor necessite, nesta fase, de preços do petróleo entre 70 dólares e 90 dólares, no mínimo, para que sejam uma alternativa ao petróleo convencional e, assim, para que estes projetos sejam viáveis. Para isso, contudo, estes negócios de exploração precisam de preços mais elevados não só para conseguirem suportar os custos elevados de produção mas, também, corresponder às expectativas das instituições financeiras que, na maioria dos casos, financiaram estas atividades de exploração. A própria OPEP admitiu, em março, que “à medida que a perfuração [através do fracking] sucumbe aos custos elevados e ao preço potencialmente duradouro para o preço do petróleo, uma quebra na produção pode ser expectável, possivelmente no final de 2015″.