Hajj é o nome dado à peregrinação que os muçulmanos realizam à cidade santa de Meca, na Arábia Saudita, e o último dos “cinco pilares do islamismo”. É obrigatória para qualquer muçulmano adulto desde que, para isso, tenha condições financeiras e de saúde. Este acontecimento junta, em média, anualmente, 2 milhões de pessoas de todo o mundo, constituindo assim uma das maiores concentrações humanas.

A Hajj só pode ser feita uma vez por ano e, de preferência, entre o oitavo e o décimo terceiro dia do último mês do calendário islâmico. O ano atual para os islâmicos, de acordo com este calendário, é o de 1436, sendo que a contagem começou sexta-feira, dia 16 de julho de 622 d.C., o dia da fuga de Maomé de Meca para Medina, isto porque, se a peregrinação for realizada noutra altura já não será uma Hajj mas sim uma Umra, que é considerada uma boa ação mas não substitui o quinto pilar do islamismo.

A decisão de realizar a peregrinação, para ser válida, não pode prejudicar ninguém. Não se deve, por exemplo, contrair dívidas, não se deve deixar dívidas por pagar e não se deve deixar membros da família sem recursos ou desprotegidos durante o tempo de ausência.

An aerial picture taken on August 31, 2010 shows Muslims circling the Kaaba (C) inside the Grand Mosque in Islam's holy city of Mecca on August 31, 2010 during the fasting month of Ramadan. AFP PHOTO/STR (Photo credit should read -/AFP/Getty Images)

AFP/Getty Images A Kaaba

Ao chegar aos arredores de Meca, o peregrino deve entrar em estado deihram (um estado sagrado), vestindo, por exemplo, a roupa que utilizará durante a celebração dos rituais. Esta roupa consiste em peças brancas não cosidas (por isso, nas imagens já publicadas da tragédia desta quinta-feira as pessoas estão vestidas de branco).

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Outros dos rituais necessários para concluir a jornada é a realização, depois de entrar na Grande Mesquita de Meca, de sete voltas à Kaaba (uma construção cúbica de 15,24 metros de altura, cercada por muros de 10,67 metros e 12,19 metros, permanentemente coberta por uma manta escura com bordados dourados)  no sentido contrário aos ponteiros do relógio, ao mesmo tempo que se fazem as respetivas orações.  Depois, o peregrino percorre um corredor, dentro da mesquita, de novo sete vezes. Este ritual homenageia o desespero de Agar, mulher de Abraão, quando procurava água para o filho Ismael nesse mesmo local. 

Depois do pôr-do-sol, e para dar como terminado o primeiro dia, as pessoas dirigem-se a Mina, local onde ocorreu o esmagamento que matou centenas de pessoas esta quinta-feira, onde acampam até ao dia seguinte. Aqui realizam-se mais orações durante a noite.

Também em Mina são atiradas sete pedras contra, entre outros, Jamarat al-Kubra, uma pedra que representa Satanás. O objetivo é renunciar, simbolicamente, ao mal e receber o Deus único. Depois de terminados estes, e outros, rituais fica consumada a Hajj, alcançando um estatuto de respeito e orgulho na comunidade e família.

Esta quinta-feira centenas de pessoas morreram esmagadas devido a uma debandada na cidade de Mina, nos arredores de Meca. Mas já não é a primeira vez que uma situação semelhante ocorre. De acordo com uma lista publicada pela BBC, em, pelo menos, cinco anos diferentes ocorreram tragédias com dimensões semelhantes ou maiores:

1987: 400 pessoas morreram devido a confrontos entre as autoridades sauditas e manifestantes pró-Irão.

1990: 1.426 peregrinos morreram dentro de um túnel que leva à saída de Meca.

1994: 270 pessoas morreram numa debandada durante o apedrejamento da figura de Satanás.

1997: um incêndio matou 343 peregrinos e deixou 1.500 feridos.

2006: 364 peregrinos morreram esmagadas, também durante o ritual de apedrejamento.