786kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

i

LUSA

LUSA

Ameaça do Bloco deixa Governo de calculadora na mão. Quais os cenários para a aprovação do OE?

A ameaça do Bloco em votar contra o OE obriga Governo a fazer contas. A abstenção do PCP e do PEV não chegam, é preciso a abstenção do PAN ou o apoio das não-inscritas. Quais os cenários possíveis?

Na política a margem é curta, mas na matemática são várias as geometrias que podem levar à aprovação do Orçamento. O PCP, quando parecia de fora pelo tom das críticas e pela aproximação das autárquicas, tornou-se, afinal, o parceiro favorito nas negociações. O Bloco de Esquerda passou em poucos dias de negociador-mor a partido que admite votar contra o Orçamento se o Governo não garantir, através de um compromisso escrito, avanços em áreas-chave até à votação na generalidade, a 28 de outubro. E sem o Bloco garantido, o PAN tornou-se determinante uma vez que — mesmo com abstenção do PCP e do PEV — o Governo precisa ainda dos deputados do partido liderado por André Silva para que o documento seja viabilizado.

O PSD, bem como os partidos à sua direita, está fora da equação, embora Rui Rio tenha sofrido pressões ao mais alto nível — do Presidente da República — para ser uma espécie de salvaguarda caso as negociações à esquerda não corressem bem.

À parte da dramatização dos últimos meses, tudo indica que a geringonça vai voltar a funcionar, mesmo que um dos parceiros se retire. Costa está, aliás, confiante de que o Orçamento será aprovado. Certo é que o Governo está a fazer tudo para acomodar as propostas dos parceiros de esquerda de forma a reduzir a margem para um chumbo. Na matemática pura, as contas são mais lineares, mas há múltiplos cenários. Uns mais prováveis do que outros. A primeira votação, na generalidade, é já a 28 de outubro, a final será a 26 de novembro.

PS vota a favor com abstenção da esquerda: OE aprovado

Apesar dos dramas dos últimos meses, dos ultimatos das últimas semanas e do PCP ter mesmo votado contra o orçamento suplementar há três meses — no primeiro voto contra de um parceiro de “geringonça” desde novembro de 2015 — continua a ser um cenário possível que PCP, PEV, Bloco de Esquerda e PAN se abstenham, embora nenhum deles tenha dado essa garantia inequívoca e o Bloco dê agora sinais de que é bem possível roer a corda. Desde 2015 a “geringonça” entendeu-se sempre que necessário — temendo a repetição do chumbo PEC IV, que conduziu Pedro Passos Coelho ao poder — para que a estabilidade governativa não fosse colocada em causa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Nos orçamentos do Estado de 2016, 2017, 2018 e 2019 — todos da ‘era Costa’ na anterior legislatura — só o PSD sozinho tinha mais deputados do que o PS, o que tornava necessário os parceiros de esquerda votarem a favor do documento. E foi isso que fizeram: o OE de 2016 foi aprovado com os votos favoráveis de BE, PCP e PEV e nos três anos seguintes o PAN juntou-se. Com as novas combinações aritméticas que saíram das legislativas de setembro de 2019, deixou de ser necessário os partidos à esquerda do PS votarem a favor. Bastava absterem-se para o documento passar. E foi isso que aconteceu no Orçamento para 2020. No suplementar, o PCP ainda votou a contra, mas aí não queria estar no mesmo rol do PSD (que viabilizou com o BE o documento, por via da abstenção). Agora que o Bloco parece estar a colocar-se de fora, são os comunistas que voltam a entrar em campo.

PS a favor, BE contra e abstenção de PCP, PEV e PAN: OE aprovado

Na reta final das negociações do Orçamento do Estado para 2021, o Bloco de Esquerda mostrou ser o parceiro em quem o Governo menos confia e também aquele que menos confia no Governo. Os bloquistas demoraram mais tempo a responder aos documentos de trabalho do executivo de António Costa e têm repetido que são insuficientes as medidas que até agora o Governo aceitou acomodar na proposta que entrega esta segunda-feira. Pelo meio, os bloquistas fizeram ultimatos e estabeleceram linhas vermelhas, como a intransigência (sob pena do voto contra no OE) de não aceitarem qualquer forma de uma nova injeção de dinheiro público no Novo Banco.

Já esta segunda-feira, Catarina Martins voltou a pressionar e, em entrevista à Antena 1, disse que, “com o que se conhece“, não haverá “condições para viabilizar o Orçamento”. Ainda assim coordenadora bloquista acrescenta que o Bloco de Esquerda “não fecha nenhuma porta” e que tem “muita vontade de fazer um acordo”. Horas depois, o Observador noticiou que o Bloco de Esquerda vai mesmo votar contra o orçamento caso o Governo não dê até dia 28 de outubro garantias públicas de que irá fazer as alterações que os bloquistas consideram essenciais em áreas-chave como Novo Banco, proibição dos despedimentos, contratações na saúde e uma maior abrangência da nova prestação social para quem perdeu rendimento com a crise

Bloco exige compromisso escrito ao Governo. Senão chumba OE

Mesmo sem o Bloco de Esquerda, António Costa continua a conseguir a viabilização o Orçamento com a abstenção de PCP, PEV e precisa de a abstenção de mais dois deputados (o PAN tem três). Assim, com os votos de PS, PCP, PEV e PAN, o OE seria aprovado.

Só PS vota a favor e todos contra: OE chumbado

Não se preveem cisões nos 108 eleitos pela bancada do PS, uma vez que não há ruturas de não-inscritos nem conflitos abertos com os eleitos pelas ilhas. Os deputados socialistas estão todos comprometidos com a aprovação de um documento fundamental para o país, mas esta unidade interna não é suficiente. Com um Governo minoritário, o que significa que não tem o apoio da maioria do hemiciclo, os socialistas precisariam de mais oito votos para atingir essa maioria. Caso houvesse uma “coligação negativa” em que toda a esquerda e toda a direita se juntavam para votar contra o documento, o Orçamento do Estado para 2021 seria chumbado.

PS e um dos maiores parceiros (BE ou PCP) votam a favor: OE aprovado

Só a abstenção do PCP não chega para o orçamento ser aprovado, mas só a abstenção do Bloco de Esquerda seria suficiente. Por outro lado, bastaria ao PS — ninguém o quer, a menos que seja estritamente necessário, como foi entre entre o OE2016 e o OE2019 — convencer um dos dois maiores partidos que tem como parceiros a votar a favor do documento. Em caso de voto a favor, tanto o PCP como o BE bastariam, sozinhos com o PS, para viabilizar o Orçamento do próximo ano.

Sub-cenário 1: PS+BE a favor: aprovado

Sub-cenário 2: PS+PCP a favor: aprovado

PS e não-inscritas a favor, BE e PAN contra e abstenção de PCP, PEV: OE aprovado

É um cenário nunca falado porque, à partida, o Governo prefere negociar com o PAN, um parceiro mais estável (mesmo que agora reduzido a três deputados). Mas caso o Bloco de Esquerda votasse contra e o PAN também o fizesse, António Costa tinha ainda mais uma saída: negociar com as deputadas não-inscritas, Joacine Katar Moreira (saiu do Livre) e Cristina Rodrigues (saiu do PAN). Não bastaria a abstenção de ambas, mas se as duas votassem a favor ou, em alternativa, uma delas votasse a favor e a outra se abstivesse, qualquer uma destas fórmulas seria suficiente para o Orçamento ser aprovado em conjunto com a abstenção de PCP e PEV.

PS a favor, esquerda contra e abstenção do PSD: OE aprovado

O cenário parece muito pouco provável. De um lado, o PS faz tudo para que as negociações com a esquerda corram bem, do outro, o PSD diz que está fora desta equação. Ao PSD não interessa passar a imagem de que dará a mão a António Costa e a mensagem de que Rio é o guardião do interesse público já foi dada quanto-baste em julho quando o PSD contribuiu para a viabilização do Orçamento Suplementar. Os dirigentes sociais-democratas têm ainda lembrado que António Costa disse recentemente que o seu Governo acabaria no dia em que a sua subsistência (onde se inclui um documento com a importância de um Orçamento do Estado) dependesse do PSD.

Quando as negociações pareciam vacilar à esquerda, o próprio Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez questão de lembrar que teria de ser o PSD de Rui Rio a viabilizar o Orçamento. Alegou que era preciso estabilidade porque vem aí a presidência portuguesa da UE e porque o país vive tempos de pandemia. O Presidente lembrou ainda que também viabilizou orçamentos quando era líder do PSD porque Portugal ia aderir à zona euro e o país não se podia dar ao luxo de viver períodos de instabilidade orçamental e política. No período pré-geringonça até era normal o PSD viabilizar orçamentos em governos minoritários do PS, mesmo em momentos de grande crispação. O PSD de Manuela Ferreira Leite (OE 2010) e o PSD de Passos Coelho (OE 2011) viabilizaram orçamentos do governo de José Sócrates por via da abstenção. Neste último, o líder da oposição até chamou um negociador externo (Eduardo Catroga) a negociar com Teixeira dos Santos, então ministro das Finanças.

Os tempos são outros, ainda assim, é claro: uma abstenção do PSD chega e sobra para o PS aprovar o seu orçamento, mesmo que todos os outros partidos se unam para votar contra. O cenário é, no entanto, improvável.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora