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Vamos carregar no botão de pausa e parar o filme, mesmo que ele ainda esteja longe do final. O frame congelado, ou a fotografia instantânea deste momento, parece favorável à Ucrânia. Mas basta andar um bocadinho para a frente, ou para trás, para a realidade mudar completamente. Com a ajuda de uma lupa, o que se vê nos detalhes deste enquadramento, resume-se em quatro pontos.
- Em Portugal, Lula da Silva, recém-empossado Presidente do Brasil, “deplorou” a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia.
- Pela primeira vez de visita à Índia, desde o início da guerra, a vice-ministra ucraniana dos Negócios Estrangeiros levou uma carta do seu Presidente ao primeiro-ministro indiano.
- Por videoconferência, Volodymyr Zelensky reuniu-se, também pela primeira vez desde 24 de fevereiro de 2022, com o Presidente da China.
- Na África do Sul, o Presidente Cyril Ramaphosa parecia pronto para se desvincular do Tribunal Penal Internacional — que emitiu um mandado sobre Putin —, mas o seu gabinete foi rápido a explicar que Ramaphosa tinha sido mal interpretado.
Brasil. Índia. China. África do Sul. Se juntarmos a estes quatros países a Rússia (e a encaixarmos entre Brasília e Nova Deli) temos iniciais suficientes para escrever BRICS, o acrónimo do bloco das principais economias emergentes do mundo.
Os dados mais recentes mostram que os BRICS contribuem com cerca de 31,5% do PIB global, enquanto o G7 representa 30,7% (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido). Os BRICS querem ser também, como disse Lula da Silva recentemente, a alternativa ao comércio em dólares. “Por que não podemos fazer o nosso comércio lastreado na nossa moeda?”, questionou em Xangai, na cerimónia de posse de Dilma Rousseff como presidente do Banco dos BRICS. “Quem é que decidiu que era o dólar? Nós precisamos de ter uma moeda que deixe os países numa situação um pouco mais tranquila, porque hoje um país precisa de correr atrás do dólar para exportar.”
Mais do que parceiros comerciais, os BRICS são um grupo de países aliados da Rússia, os mais poderosos que Moscovo tem, num momento em que está isolada politicamente do Ocidente.
Neste cenário, e precisando a Ucrânia de toda a ajuda possível para ganhar a guerra, isso inclui também roubar aliados a Moscovo ou, pelo menos, tentar explicar o seu ponto de vista a países como a China, evitando aliená-los, erros do passado que Volodymyr Zelensky já reconheceu. A aposta é em aumentar a diplomacia e, quem sabe?, conseguir um plano de paz que tenha o apoio dos aliados de Vladimir Putin. E que, como Zelensky frisou várias vezes, não inclua ceder um centímetro de território da Ucrânia. Crimeia incluída.
Brasil
Presidente Lula da Silva
O Brasil votou pela condenação da Rússia na Assembleia Geral da ONU, a 2 de março, durante a primeira votação para exigir o fim da ofensiva russa contra a Ucrânia. Os restantes membros dos BRICS abstiveram-se.
O Presidente brasileiro defendeu, em janeiro, a criação de um “clube da paz”, que integrasse China e Índia, para procurar uma solução para o conflito.
Em Lisboa, Lula da Silva “deplorou” a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia, numa declaração conjunta com Portugal.
Dias antes da visita a Lisboa, Luiz Inácio Lula da Silva — que a 1 de janeiro tomou posse, substituindo Jair Bolsonaro na Presidência do Brasil — deixou a Ucrânia irritada.
No início do mês, o Presidente sugeriu que a Crimeia, anexada em 2014, ficasse nas mãos da Rússia. “Putin não pode ficar com um terreno da Ucrânia. Talvez não se discuta a Crimeia. Mas o que ele invadiu, vai ter de repensar. Zelensky não pode também querer tudo o que pensa que vai querer”, dizia Lula a 8 de abril.
A resposta não se fez esperar. “A desocupação da Crimeia é inevitável”, afirmou Zelensky, poucas horas depois.
Por essa altura, Lula defendeu que tanto a Ucrânia como a Rússia estão à espera de alguém de fora que diga “vamos sentar para conversar”. Na sua opinião, esse papel pode caber ao Presidente chinês — com quem estaria poucos dias depois, durante uma visita a Pequim.
“Por que é que eu quero falar com Xi Jinping?”, questionou Lula, dando a resposta de seguida: a importância económica, militar e política da China, a sua relação com a Rússia, e até “a divergência com os Estados Unidos – dá à China um potencial extraordinário de conversar”.
Abril foi, aliás, um mês carregado de declarações de Lula que o Ocidente não gostou de ouvir. Muitas foram réplicas do que já tinha dito em campanha eleitoral, como quando, em 2022, criticou Zelensky por se achar “o rei da cocada”. Agora, em Pequim, avisou que os Estados Unidos têm de parar de incentivar a guerra, guerra essa que também é responsabilidade da Ucrânia. A resposta norte-americana foi de que Lula “repete a propaganda russa” sem olhar aos factos.
Nestes quatro meses de governação, os interesses do Presidente brasileiro são cada vez mais claros. Durante a visita à China, principal cliente do Brasil, Lula fez questão de dizer que a parceria é para fortificar. “Temos interesses políticos e temos interesses em construir uma nova geopolítica, para que possamos mudar a governação mundial”, afirmou o Presidente brasileiro. Ou seja, se alguém ainda duvidava, os interesses do Brasil não são os mesmos do Ocidente e dos EUA.
Na CNN Portugal, a 22 de abril, Carlos Vianna, antigo presidente da Casa do Brasil de Lisboa, explicava isso mesmo: O “Brasil tem todo o direito a ter uma posição diferente da União Europeia” quando o tema é a guerra na Ucrânia”, até porque o país “não entra na dicotomia de maus vermelhos e de bons azuis.”
Apesar de tudo o que Lula tem dito, Zelensky parece empenhado em conseguir o apoio do Brasil. Depois de uma vídeo-chamada em março, a 18 de abril soube-se que convidou Lula a visitar Kiev para lhe mostrar que existe “uma vítima” e “um agressor”, que não podem ser tratados da mesma maneira. No entanto, no dia seguinte, o gabinete de Lula fez saber que a visita não estava na agenda do Presidente, pelo menos enquanto os dois lados do conflito não estiverem interessados num cessar-fogo.
Lula da Silva volta a condenar invasão, mas admite possibilidade de ceder território à Rússia
No aniversário da guerra, a 24 de fevereiro, Zelensky já tinha tentado uma aproximação, quando afirmou que gostava de se encontrar com Lula, já que precisava da sua ajuda para que a Ucrânia “fosse mais bem compreendida na América Latina”. Essa tarefa não será fácil.
“Os países da América Latina dizem não, esta não é a nossa guerra”, argumentou Christopher Sabatini, do think tank Chatham House, citado pela EuroNews, ao comentar um eventual apoio latino à Ucrânia. “Muitos deles sentem que os Estados Unidos e a Europa Ocidental ignoraram as suas preocupações durante muito tempo” e estão a aproveitar o momento para afirmar a sua independência.
Borrell exorta Lula da Silva a visitar Ucrânia para ver agressão russa com próprios olhos
Já Alexander Stubb, antigo primeiro-ministro da Finlândia, tem uma visão semelhante: “Basicamente, apontam o dedo à Europa e aos EUA e dizem: ‘Não venham dar-nos lições sobre integridade territorial e soberania. Vejam o que fizeram durante o colonialismo. Ou, vejam o que aconteceu no Iraque'”.
Índia
Primeiro-ministro Narendra Modi
A Índia absteve-se quando a ONU exigiu o fim da ofensiva russa (2 de março). Vinte e dois dias depois voltou a abster-se quando a votação era sobre o acesso humanitário à região. A 7 de abril voltou a abster-se na votação para expulsar a Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Até hoje não condenou a invasão russa da Ucrânia.
Desde que a guerra começou, nenhum ministro ucraniano tinha ainda visitado a Índia, país que mantém estreitos laços com Moscovo e que, até hoje, não condenou a invasão russa. Promoveu, no entanto, a ideia de que só negociações de paz podiam resolver o conflito e mostrou-se disponível para se juntar a “qualquer processo de paz” para resolver a crise na Ucrânia.
Durante quatro dias, que começaram a contar a 10 de abril, Emine Dzhaparova, vice-ministra dos Negócios Estrangeiros, esteve em Nova Deli para uma série de encontros diplomáticos. Consigo levou um convite importante do seu Presidente: Volodymyr Zelensky quer que Narendra Modi visite Kiev, mas a resposta do primeiro-ministro indiano ainda não é conhecida.
Narendra Modi e Zelensky já conversaram antes sobre a guerra. Na altura, durante uma conversa telefónica, Zelensky quis explicar a Modi — que ia tomar posse como presidente do G20 — a sua “fórmula para a paz”. A ideia do presidente ucraniano tinha sido apresentada um mês antes, exatamente durante uma vídeo-chamada com os líderes do G20 reunidos em Bali. Essencialmente, passava por a Rússia garantir a integridade territorial da Ucrânia, retirar as suas tropas e pagar uma indemnização pelos danos causados.
I had a phone call with @PMOIndia Narendra Modi and wished a successful #G20 presidency. It was on this platform that I announced the peace formula and now I count on India's participation in its implementation. I also thanked for humanitarian aid and support in the UN.
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) December 26, 2022
O problema é que a relação entre a Índia e a Rússia é antiga e profunda. Ao longo dos anos, nas Nações Unidas, defenderam-se mutuamente. Por exemplo, Moscovo sempre apoiou Nova Deli na questão de Caxemira e a Índia preferiu sempre abster-se de condenar a Rússia nos diferentes conflitos em que se envolveu ao longo dos anos.
Já depois da guerra ter começado, Modi esteve com Putin e descreveu os laços dos dois países como “uma amizade inquebrável”, lembrando que os dois países estiveram “juntos a cada momento nas últimas décadas”, frisando que “o mundo inteiro também sabe como tem sido o relacionamento da Rússia com a Índia”. Por isso mesmo, o mundo não deveria ter-se espantado quando no aniversário da invasão, a Índia se absteve na votação que pedia a retirada imediata da Rússia.
“Embora a deceção dos interlocutores ocidentais seja compreensível, a sua surpresa não é”, defendeu Amrita Narlikar, presidente do Instituto Alemão de Estudos Globais e Regionais (GIGA), citado pela Deutsche Welle. “Além de boas relações diplomáticas, a dependência da Índia da Rússia para abastecimento militar é considerável — não pode arriscar isso, tendo em conta a vizinhança difícil. Pelo menos a curto prazo, o comportamento da Índia faz sentido estratégico.”
Um dos riscos que a Índia corre é que a Rússia, ao ficar cada vez mais isolada, se aproxime da China, vizinho problemático para Nova Deli.
“Uma Rússia cada vez mais enfraquecida provavelmente será lançada nos braços da China”, diz Narlikar. Indiretamente, ao apoiar a Rússia, a Índia pode dar força à China , “e a China não é apenas uma competidora e rival, mas uma vizinha com a qual a Índia tem sérias disputas e conflitos de fronteira”.
Assim, dificilmente será com uma visita a Kiev que Zelensky fará Modi mudar de lado, numa altura em que este tem aproveitado a crise para comprar petróleo russo a preços baixos.
Sobre a presidência da Índia do G20, Zelensky também não deve ter grandes expectativas de que seja usada para discutir sanções à Rússia, numa altura em que diversos membros do governo indiano deixaram claro, citados pela Reuters, que isso simplesmente não vai acontecer.
China
Presidente Xi Jinping
Dias antes do início da guerra, Xi e Putin reuniram-se e reafirmaram a sua “aliança sem limites”.
A 2 de março, a China absteve-se de condenar a Rússia na votação das Nações Unidas. A 24 de março, votou a favor do acesso humanitário à região. A 7 de abril, foi contra a expulsão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos.
No aniversário da guerra, a China apelou a um cessar-fogo, defendeu que o diálogo é a única forma de alcançar uma solução viável para o conflito, e fez uma proposta de paz com 12 pontos.
Quinze meses depois da invasão da Ucrânia, a 26 de abril, o Presidente chinês conversou com Volodymyr Zelensky. A conversa telefónica entre os dois foi a primeira desde 24 de fevereiro de 2022 e o chefe de Estado da Ucrânia considerou-a “longa e significativa”. O contacto anterior foi em julho de 2021.
Conversar não foi a única coisa que Zelensky conseguiu de Xi Jinping, o homem que tem uma “aliança sem limites” com Vladimir Putin. “Este telefonema, e a nomeação do embaixador da Ucrânia na China, dará um forte impulso ao desenvolvimento das nossas relações bilaterais.”
Além disso, e segundo a imprensa chinesa, Zelensky ouviu da boca de Xi que a China está do lado da paz e não pretende atiçar chamas nem lucrar com o conflito. “Sobre o tema da crise ucraniana, a China sempre esteve do lado da paz e a sua posição fundamental é promover um diálogo de paz”, afirmou Xi Jinping. “O diálogo e a negociação” são a “única saída” do conflito com a Rússia, concluiu o Presidente, citado pela imprensa estatal chinesa.
I had a long and meaningful phone call with ???????? President Xi Jinping. I believe that this call, as well as the appointment of Ukraine's ambassador to China, will give a powerful impetus to the development of our bilateral relations.
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) April 26, 2023
Outra novidade é que a China vai enviar um diplomata para Kiev, com uma missão concreta: encontrar uma solução política para o conflito, avançou o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês.
Em fevereiro, a China já tinha dado sinais de que estava pronta para mediar o conflito quando divulgou o seu plano de paz: um documento de 12 pontos (que continua por aplicar) e que, acima de tudo, pretende que os dois países em guerra iniciem e mantenham conversações. Além disso, o documento apela ao respeito pela integridade territorial de todos os países.
Nessa altura, defendeu ser neutra no conflito, apesar da relação “sem limites” que mantém com a Rússia e apesar de não criticar diretamente a invasão da Ucrânia. No mesmo documento, acusou o Ocidente de provocar e “alimentar as chamas” do conflito ao fornecer à Ucrânia armas. Agora, usa a mesma expressão para falar de si própria, ao dizer que não vai atiçar o conflito. Seguindo a lógica passada, a mensagem que estará a passar é de que não vai fornecer armas à Rússia.
Nesse documento, não deixou de criticar os EUA, o seu principal adversário geopolítico. “A segurança de uma região não deve ser alcançada através do fortalecimento ou expansão de blocos militares”, uma referência óbvia ao alargamento da NATO. “Os legítimos interesses e preocupações de segurança de todos os países devem ser levados a sério e tratados adequadamente.”
União Europeia diz que conversa entre Xi Jinping e Zelensky é “primeiro passo” de aproximação
Voltando ao telefonema dos dois chefes de Estado, uma das primeiras reações foi do chefe da dipomacia europeia, Josep Borrell. “Era esperado, é uma notícia muito boa e é um primeiro passo para que a China acabe por se aproximar da Ucrânia”, disse em Bogotá. “Todos queremos a paz, mas temos de construir esta paz para que seja justa, por isso não pode ser qualquer paz”.
África do Sul
Presidente Cyril Ramaphosa
Na mesma altura em que se assinalou um ano da guerra, em Durban, na costa da África do Sul, Moscovo, Pequim e Pretória juntaram-se para exercícios navais.
Em todas as votações das Nações Unidas sobre a guerra na Ucrânia, a África do Sul absteve-se sempre de condenar a Rússia. País diz ser neutro.
Desde que o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado internacional para a detenção do Presidente russo, as viagens de Vladimir Putin tornaram-se mais complicadas. Se puser pé num país que tenha assinado o Estatuto de Roma (que criou o TPI), pode ser extraditado para os Países Baixos, onde está sediado o tribunal.
Putin viaja pouco nos dias que correm, mas a África do Sul é este ano a anfitriã da Cimeira dos BRICS, e a presença do Presidente russo é esperada em agosto. O problema é que Pretória é signatária do Estatuto de Roma e, como tal, deveria entregar Putin às autoridades do TPI assim que aterrasse no país. Em causa estão acusações de crimes de guerra de “deportação ilegal” e “transferência ilegal” de crianças de zonas ocupadas da Ucrânia.
Apesar do mandado internacional, a chefe da diplomacia sul-africana, Naledi Pandor, confirmou, no final de março, que Putin estava convidado. “O Presidente Putin é um dos líderes dos BRICS e é convidado para a cimeira, embora pense que o mandado do TPI é motivo de preocupação”, disse a ministra. “Precisamos de debater a questão no gabinete para decidir como vamos agir.”
Apesar disso, não deixou de criticar “a duplicidade de critérios nos assuntos globais”, uma vez que muitos países “envolvidos em guerras, invasões de territórios, assassínios de pessoas e detenções de ativistas” não foram chamados ao TPI.
Em 2015, o então Presidente sudanês Omar al-Bashir — com mandado de detenção por genocídio, crimes de guerra e crimes contra a Humanidade — participou numa cimeira da União Africana em Joanesburgo. Não foi detido e o argumento de Pretória é que Al-Bashir tinha imunidade diplomática como chefe de Estado.
A 25 de abril, a posição do Presidente Cyril Ramaphosa, citado pelo Guardian, parecia estar tomada. “É prudente que a África do Sul abandone o TPI, sobretudo por causa da forma como o TPI tem lidado com este tipo de problemas”, disse, referindo-se ao mandado de Putin. A decisão de abandonar o TPI, segundo Ramaphosa, era do seu partido, o Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla original).
No entanto, o seu gabinete foi rápido a explicar que Ramaphosa tinha sido mal interpretado e que se tratava de um erro de comunicação, não estando nenhuma decisão definitiva tomada. Embora o desmentido possa ter agradado a Zelensky, desde o incidente com Al-Bashir que a África do Sul tem aberto o procedimento para abandonar o tribunal.
No final de março, durante uma visita de Estado do rei belga a Pretória, foi lançado o apelo à África do Sul para que usasse a sua influência junto da Rússia para pôr fim à guerra. Ramaphosa — que tem mantido que o seu país é neutro — respondeu que continua “a usar o canal que tem com a Rússia para conversar sobre como o conflito pode ser encerrado”.