Lula da Silva, ex-Presidente do Brasil e provável candidato às próximas eleições presidenciais brasileiras, deixou, esta quarta-feira, várias críticas à atuação do chefe de Estado ucraniano. Acusando-o “de ser tão responsável” pela invasão da Ucrânia quanto o Presidente russo Vladimir Putin, Lula da Silva diz que Volodymyr Zelensky “quis a guerra”. “Se ele [não] quisesse a guerra, ele teria negociado um pouco mais.”

Numa entrevista à revista Time, o ex-Presidente brasileiro indica que também comunicou a Vladimir Putin que foi “errado invadir” a Ucrânia. “Mas eu acho que ninguém está a procurar contribuir para o regresso da paz”, ressalva, acrescentando que as “pessoas estão a estimular o ódio contra” o Presidente russo. “É preciso estimular um acordo. Mas há um estímulo [ao confronto]”, afirma.

Além disso, Lula da Silva critica a comunidade internacional, dizendo que está a “estimular” Volodymyr Zelensky, sendo que este se fica a achar “o máximo”. “Ele fica a achar-se o rei da cocada, quando na verdade deveriam ter uma conversa mais séria com ele.” O ex-Presidente brasileiro sugere uma reunião entre o chefe de Estado russo e o seu homólogo ucraniano.

‘Ó [Zelensky], você é um bom artista, você é um bom comediante, mas não vamos fazer uma guerra para você aparecer’. E dizer para Putin: ‘Ó Putin, você tem muita arma, mas não precisa utilizar arma contra a Ucrânia. Vamos conversar”, assinalou Lula da Silva.

“Numa guerra não há apenas um culpado”, sublinha Lula da Silva, que considera que Volodymyr Zelensky tem tantas culpas no cartório pela invasão ao país que preside quanto Putin, estranhando quando vê o “Presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse a festejar, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos”. “Ele está a mentir para o seu povo”, acusa.

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Reforçando que Vladimir Putin “não deveria ter invadido a Ucrânia” apesar de não ser o “único culpado”, Lula da Silva aponta também o dedo aos Estados Unidos e à União Europeia: “Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a NATO? Os Estados Unidos e a Europa poderiam ter dito: ‘A Ucrânia não vai entrar na NATO’. Estaria resolvido o problema'”. 

Lula da Silva assegura que Bruxelas e Washington tiveram “poucas conversas” com Moscovo, pedindo mais “paciência” aos líderes ocidentais. “Eles poderiam ter-se sentado numa mesa de negociação e passado dez dias, 15 dias, 20 dias, um mês a discutir para tentar encontrar a solução. Penso que o diálogo só resulta quando é levado a sério.”

Questionado sobre se seria capaz de evitar um conflito, Lula da Silva diz não saber. Ainda assim, salienta que teria ligado para Joe Biden, Vladimir Putin, Emmanuel Macron e para “a Alemanha”, sinalizando-lhes que a “guerra não é saída”. “Eu acho que o problema é que, se a gente não tentar, a gente não resolve. É preciso tentar”, insiste.

Ainda sobre os Estados Unidos, o ex-Presidente brasileiro lembra que chegou a elogiar Joe Biden, mas este “não tomou a decisão correta nessa guerra entre a Rússia e a Ucrânia”. “Os Estados Unidos têm um peso muito grande e ele poderia evitar o conflito e não estimular”, afirma, referindo que o chefe de Estado norte-americano deveria ter apanhado um avião até Moscovo para “conversar” com Vladimir Putin. “É esta atitude que se espera de um líder. Que tenha interferência para que as coisas não aconteçam de forma atabalhoada.”