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Motoristas TVDE
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MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Burlas com TVDE. Entrou num carro sem ver a matrícula, exigiram-lhe 132 euros e ameaçaram-no. PSP está "atenta"

Suposto motorista que a vítima da burla chamou pela aplicação parou mesmo à sua frente. No final da viagem, exigiu-lhe 132 euros. PSP está "atenta", mas diz que casos estão a diminuir substancialmente

Os episódios são frequentes junto a zonas turísticas e estabelecimentos de vida noturna, onde os motoristas tentam aproveitar-se de passageiros mais distraídos. As burlas por condutores que se fazem passar por TVDE são um fenómeno conhecido, mas, segundo a Polícia de Segurança Pública, os locais onde acontecem não estão a multiplicar-se. “A PSP afirma que está a acompanhar todo o tipo de fenómenos criminais e, além de se não estar a multiplicar, está a diminuir substancialmente”, garante ao Observador numa resposta escrita.

O Observador questionou a PSP na sequência do caso partilhado pelo ex-jornalista Paulo Pinto Mascarenhas nas redes sociais. O antigo repórter do Correio da Manhã e CMTV explicava que, depois de uma festa da empresa no bar Jamaica, no Cais do Sodré, entrou num falso TVDE que o tentou burlar, exigindo o pagamento de 132 euros por uma viagem de cerca de 15 minutos. Quando recusou pagar tal valor, o motorista não o quis deixar ir. Ainda viria a ser ameaçado por um outro que, em conluio com o primeiro, estacionou mesmo atrás: “A expressão que ele usou foi: ‘Levas um chapadão de cima abaixo’.”

Paulo recusou pagar 132 euros, ameaçaram bater-lhe e conseguiu escapar dizendo que era jornalista

O episódio foi partilhado na página de Facebook do ex-jornalista no início de dezembro. “Fiquei na dúvida se devia contar esta história, mas várias pessoas me disseram que seria importante para avisar os incautos, como eu fui, nunca entrem num TVDE sem verem a matrícula e confirmar na App”, explicou na publicação. “Não tomei as precauções necessárias”, diz também ao Observador, notando que esse foi o primeiro “erro” que cometeu naquela noite.

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O segundo, acrescentou, foi, ao oferecer-se para partilhar o transporte com uma colega, não ter introduzido ele próprio a morada dela na aplicação. “Questionámos o motorista se era preciso pôr a outra morada na aplicação e ele disse que não, que ele fazia isso”, recorda, explicando que o condutor tinha a aplicação aberta. Até aí, porém, tudo parecia estar a correr normalmente. O carro deixou a amiga entregue em casa e o falso TVDE seguiu para a dele.

A tentativa de burla aconteceu numa zona de bares no Cais do Sodré

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Assim que o carro parou numa rua próxima à da sua casa e o condutor apontou para um taxímetro onde se destacava o número 132, Paulo percebeu que estava a tentar burlá-lo. Reclamou, sublinhou que “jamais” pagaria tal valor e abriu a porta para sair, altura em que outro carro parou mesmo atrás. O homem atrás do volante questionou o suposto motorista sobre o que se passava. A resposta: “O cliente quer ir embora sem pagar.” Tornou-se óbvio que estavam combinados, garante o cliente.

Os ânimos exaltaram-se, com o segundo condutor a ameaçar bater-lhe. Defendeu-se como pôde, ameaçando chamar a polícia, avisando que era jornalista do Correio da Manhã e da CMTV — trabalhou lá durante três anos já há mais de dez — e que se lhe fizessem mal não só ia fazer queixa, como iriam descobrir quem eles eram. “A expressão que ele usou foi: ‘Levas um chapadão de cima abaixo’. Eu respondi veja lá o que é que faz um jornalista. Eu fui jornalista há muitos anos, foi o que me lembrei naquele momento”, diz ao Observador.

"A expressão que ele usou foi: 'Levas um chapadão de cima abaixo'. Eu respondi veja lá o que é que faz um jornalista. Eu fui jornalista há muitos anos, foi o que me lembrei naquele momento."
Paulo Pinto Mascarenhas

Os argumentos funcionaram, até certo ponto. Recorda que o motorista lhe disse, então, que fizesse uma autorização de levantamento de 20 euros numa caixa multibanco, ao que acedeu de imediato. Depois disso, virou costas e seguiu para casa, enquanto o segundo homem ainda “barafustava.” Pouco depois caiu a notificação no seu telemóvel, o valor já tinha sido cobrado.

Teve sorte, admite ao Observador, reconhecendo que devia ter verificado todas as informações antes de iniciar a viagem. “Ao entrar no carro fui à confiança. Nunca tive problemas com TVDE, foi a primeira vez”, diz. Só depois do episódio recebeu uma notificação da aplicação — neste caso, da Uber — a dizer que o verdadeiro motorista não o tinha encontrado e a dar sinal do pagamento de 7,20 euros pela viagem. Já pediu o reembolso, mas ainda pondera se deve ou não apresentar queixa às autoridades sobre o que se passou.

PSP diz que este tipo de casos estão a diminuir “substancialmente”

O caso descrito por Paulo Pinto Mascarenhas está longe de ser o único. “As situações de burlas similares a esta são frequentes em zonas mais turísticas ou em zonas de diversão noturna bem como em zonas de transportes”, diz a PSP numa resposta escrita ao Observador.

A PSP garante que está atenta a este tipo de casos, mais frequentes em zonas turísticas e estabelecimentos de vida noturna

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Questionado sobre o número de casos registados ao longo do último ano, a PSP diz que “não é possível satisfazer o levantamento”, mas que está a acompanhar todo o tipo de fenómenos criminais e, além de se não estar a multiplicar, está a diminuir substancialmente.” Salienta que “não está em causa a atuação de alguma rede”, mas nota que os autores deste tipo de burlas podem estar registados neste tipo de aplicações “como qualquer outra pessoa.”

Ainda assim, alguns episódios vão sendo conhecidos através da imprensa. Em maio deste ano, por exemplo, a PSP dava conta em comunicado que apreendeu quase três mil euros a um homem que se fazia passar por condutor da TVDE e taxista junto ao Aeroporto de Lisboa. No mesmo comunicado a PSP indicou que em 2023 no Aeroporto Humberto Delgado foram registadas quase mil infrações semelhantes, com o valor das coimas a ascender a um milhão de euros, e que só nos primeiros quatro de meses deste ano já havia registo de 400 ocorrências.

Abuso sexual. Como PJ conseguiu identificar um motorista TVDE, recolher provas biológicas e deter o suspeito numa semana

Também têm sido noticiados vários casos de violação por motoristas TVDE. Em agosto, um homem de 26 anos foi detido e ficou em prisão preventiva por suspeitas de ter abusado sexualmente de uma passageira que adormeceu ao longo da viagem de carro.

Face a estas e outras situações, as aplicações de motoristas TVDE deixam vários conselhos aos utilizadores. A Uber, por exemplo, aconselha na sua página que os passageiros confirmem sempre a matrícula: “Confirme se a matrícula na aplicação corresponde à do veículo real.” Várias aplicações permitem também que os passageiros partilhem a viagem que estão a realizar com os seus contactos e que podem acompanhá-la em tempo real. Têm também um botão de emergência que pode ser usado para, em caso de problema de segurança ou saúde, contactar as autoridades.

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