Macário Correia. Fazer currículo e manter a presença do PSD nas ruas
Quando foi chamado a São Bento, o jovem José Macário Correia já sabia ao que ia. Só não sabia que o primeiro-ministro ia ser tão direto. Bateu à porta do gabinete e Cavaco Silva abriu o jogo: “Olhe, ninguém quer candidatar-se a Lisboa. Os barões do partido não querem porque sabem que vão perder, você é um rapaz novo, vai lá, faz uma boa campanha e ganha currículo”. Que tal? Terá sido mais ou menos assim que se deu o convite, conta o próprio Macário Correia ao Observador, 24 anos depois de ter aceitado ser o candidato do PSD à câmara de Lisboa — e ter perdido para a reeleição de Jorge Sampaio.
“O professor Cavaco Silva pediu-me que fizesse aquele número e eu aceitei, não tinha nada a perder“, diz.
Assim foi. Macário Correia tinha sido secretário de Estado do Ambiente de Cavaco, era um jovem dinâmico e entusiasmado, que tinha celebrizado a guerra ao tabaco ao dizer que “beijar uma rapariga que fuma era como beijar um cinzeiro”. Não tinha nada a perder; iria fazer o que gostava, campanha; iria fazer-se notar e amealhar pontos para voos futuros. Atirou-se. Perdeu. Já se sabia. No big deal. Por aquela altura o Governo cavaquista ainda saboreava a sua segunda maioria absoluta, pelo que, no meio de tanta bonança social-democrata, ganhar ou perder Lisboa, ganhar ou perder aquelas autárquicas de dezembro de 1993, não fazia uma mossa assim tão grande.
A aposta em Teresa Leal Coelho como candidata para a capital entra neste rol de escolhas para um serviço patriótico ao partido. Mas o cenário daqueles idos de 1993 é bastante diferente do de hoje, em que umas eleições autárquicas perdidas podem pesar mais na equação dos sociais-democratas se as sondagens se mantiverem desfavoráveis para Passos Coelho. Não se pode dizer que a candidatura atual seja para perder, mas toda a gente sabe como é pouco provável a vice-presidente do PSD ganhar. Para contrariar esse clima pessimista, a candidata até já disse que daqui a seis meses será presidente da câmara de Lisboa.
O exemplo daquelas autárquicas longínquas de Macário Correia contra Jorge Sampaio é paradigmático. Depois da gestão camarária de Krus Abecasis, que levou o centro-direita à liderança da capital durante seis anos, de 1979 a 1985, o PSD apostou as fichas todas nas eleições de 1989, jogando o trunfo Marcelo Rebelo de Sousa. Era a oportunidade de o PSD conquistar Lisboa com um nome laranja (já que Krus Abecasis era do CDS), mas Marcelo, naquela altura pouco conhecido do grande público, não conseguiu travar o avanço dos socialistas, que tinham apostado em Jorge Sampaio, que era o líder do PS. Sampaio chegaria assim à Praça do Município em 1989, o que fez com que as eleições seguintes, de 1993, estivessem praticamente garantidas para o PS.
Macário Correia, 1993
↓ Mostrar
↑ Esconder
Candidato: Macário Correia, candidato pelo PSD
Adversário: Jorge Sampaio (reeleição)
Eleições: Autárquicas de 12 de dezembro de 1993
Resultados em Lisboa: Coligação do PS (com PCP,PEV,PSR,UDP) ganha com 56,64%, contra 26,37% do PSD
Líder do PSD: Cavaco Silva
Primeiro-ministro: Cavaco Silva
Desfecho geral: O PS ganhou as eleições com 36,1% e reforçou a sua presença autárquica, conquistando mais 10 câmaras do que já tinha. Passa a ter 126, um novo recorde para o partido. O PSD, com 33,7%, sobe ligeiramente face às eleições passadas, conquistando mais três câmaras (fica com 116).
Mas isso não desanimou Macário Correia, que diz ter combatido “até ao último minuto como se fosse para ganhar”. Mas como é que se faz uma campanha que já se prevê que seja perdedora? Os ingredientes são básicos, diz: “Transmitindo muito boa vontade à equipa e mantendo sempre a boa disposição”. A campanha de Macário Correia em 1993 “foi extraordinária porque ele era um candidato incansável. Começava todos os dias às 7h da manhã e ia a todo o lado”, corrobora fonte social-democrata de Lisboa que esteve ao lado de todos os candidatos do PSD a Lisboa desde o tempo da campanha de Marcelo.
Macário viria a conseguir 26,4% dos votos no concelho de Lisboa, contra 56,7% do PS. “Mantivemos os mínimos consolidados”, diz o ex-presidente da câmara de Tavira, sublinhando que a direção do partido não tinha estabelecido metas para si, esperando-se apenas que fizesse duas coisas relativamente simples: “marcar presença do partido nas ruas” e “manter o partido unido”. É por isso que o exemplo destas autárquicas, talvez as primeiras em que o PSD não teve pudor em apostar num cavalo perdido, é paradigmático. Basta olhar para os últimos 40 anos para ver que há um padrão:
- Uma reeleição é sempre mais fácil do que uma primeira eleição;
- O partido que ganha a câmara de Lisboa é, normalmente, o partido que acaba por conseguir ganhar mais câmaras no país;
- O partido que está na oposição tem mais facilidade em ganhar autárquicas se o Governo estiver em fase final ou em fase de desgaste na opinião pública.
Teresa Leal Coelho. Para ganhar a Medina ou a Cristas?
Este conjunto de normas tem exceções. A avaliar pela forma como o atual processo autárquico começou, as autárquicas deste ano, que se jogam em finais de setembro/início de outubro, prometem agitar os sociais-democratas. Depois de o desejado Pedro Santana Lopes ter desfeito o tabu e ter recusado avançar, a direção nacional de Passos Coelho tomou as rédeas da situação e, dentro do calendário que tinha imposto para si (final de março), confirmou este fim de semana o nome de Teresa Leal Coelho — deputada e vice de Passos no partido. Embora ninguém no PSD assuma que é uma candidatura de recurso e que não é para ganhar, a verdade é que a incerteza que envolveu todo o processo de escolha, nomeadamente em torno do apoio a Assunção Cristas, criou a sensação de que o coelho que Passos iria tirar da cartola era um coelho de topo, e não foi isso que se verificou.
Esta quinta-feira à noite, porém, durante o Conselho Nacional do PSD que se realizou em Lisboa, Teresa Leal Coelho deu a sua primeira conferência de imprensa, para dizer que tem “um bom projeto para Lisboa” que será “concretizado quando for presidente.” E até afirmou, com toda a confiança, e para contrariar as impressões de derrotismo antecipado: “Dentro de meses serei presidente da câmara de Lisboa“. Num dos discursos que fez durante reunião do partido, o próprio Passos Coelho também tentou inverter a perceção de que a candidata era uma espécie de último recurso, ao dizer que a sua amiga “é uma candidata para poder ganhar”.
Teresa Leal Coelho: “Dentro de meses serei presidente da câmara”
Mas metas para Teresa Leal Coelho ninguém arrisca. Na verdade, nenhum dirigente contactado pelo Observador acredita na vitória. A questão será a dimensão da derrota. Que valor é considerado aceitável para a candidata do PSD? A partir de que valor é considerado um desastre? Haverá leituras nacionais se a corrida autárquica não correr bem? Entre as fontes contactadas pelo Observador há quem se mostre convicto de que “é impensável” Assunção Cristas ficar à frente de Teresa Leal Coelho nas urnas — meta que instintivamente todos definem como o limite da “desgraça”. “É impensável. A marca PSD vale mais do que o melhor resultado do CDS”, diz fonte do partido que não quis ser identificada. Mas há, no entanto, quem admita que “há o risco de ficar atrás de Cristas”, embora não seja provável. “O PSD Lisboa é maior do que o CDS por isso acho que fica mais depressa em segundo do que em terceiro”, diz outra fonte.
Então quer dizer que um provável segundo lugar em Lisboa não causa mossa no líder do PSD? Isso depende, e a um ano do próximo congresso do PSD, uma provável derrota nas autárquicas de outubro continua a ser apenas uma fatia de um bolo maior. As outras fatias serão a) as sondagens, pois se as sondagens nessa altura não forem favoráveis a Passos Coelho não é bom sinal; b) o facto de haver ou não um adversário de peso no congresso, uma vez que Rui Rio já deu mostras de que avança, mas nunca se sabe. Ou seja, o sismo não passa apenas por Lisboa, mas se estes fatores se conjugarem, então o epicentro pode mesmo ser Lisboa e o futuro de Passos pode tremer. “Pode acelerar o processo se já estiver degradado”, arrisca o ex-líder do PSD e atual comentador político Luís Marques Mendes ao Observador.
Passos Coelho tem recusado admitir leituras nacionais das autárquicas, mas é certo que já houve líderes do PSD a cair na sequência deste tipo de eleições. O pior resultado alguma vez conseguido pelo PSD em Lisboa (pouco mais de 15%) foi nas intercalares de 2007, era Fernando Negrão o candidato. O partido estava completamente dividido mas, aí sim, pode dizer-se que perder Lisboa custou a liderança a Marques Mendes. “Não foi o único fator, mas pode-se dizer que se tivéssemos ganho a câmara não tinha havido diretas”, diz o comentador, sublinhando que uma eleição deste género “conta sempre” na equação para destronar um líder e eleger outro.
Ferreira do Amaral. A aposta no ex-ministro que perdeu
Depois do caso de 1993 seguiram-se outras situações das chamadas “candidaturas patrióticas”. Nas eleições seguintes, em 1997, novo desafio difícil para os sociais-democratas. Era António Guterres primeiro-ministro há cerca de dois anos — o executivo socialista ainda gozava de estado de graça –, e era João Soares presidente da câmara. Não tinha sido eleito, porque substituíra Jorge Sampaio um par de anos antes, que tinha deixado o lugar vago na câmara para se candidatar à Presidência da República. Ou seja, os ventos sopravam a favor dos socialistas e o PSD tinha de jogar alto para conquistar a capital.
Ferreira do Amaral, 1997
↓ Mostrar
↑ Esconder
Candidato: Joaquim Ferreira do Amaral, candidato pelo PSD+CDS
Adversário: João Barroso Soares
Eleições: Autárquicas de 14 de dezembro de 1997
Resultados em Lisboa: PS ganha com 51,88%, contra 39,26% do PSD
Líder do PSD: Marcelo Rebelo de Sousa
Primeiro-ministro: António Guterres
Desfecho geral: O PS foi o partido mais votado com 38,07% mas apenas conquistou mais uma câmara em relação a 1993, ficando-se pelas 127 câmaras. O PSD, com 32,85% dos votos, teve um bom resultado ao recuperar 11 câmaras em relação a 1993, e igualar assim o score do PS, ficando com um total de 127 câmaras.
Desta vez, ao contrário do que tinha acontecido com Macário Correia, não se partiu para o jogo com os braços cruzados. O nome escolhido foi Joaquim Ferreira do Amaral, ex-ministro das Obras Públicas de Cavaco Silva, e parecia aos olhos de todos uma boa aposta para fazer frente a João Soares. “Quando comecei havia bastantes esperanças de que conseguia ganhar”, conta Ferreira do Amaral ao Observador. Quando aceitou o convite, sublinha, a fasquia colocada pelo partido (então liderado por Marcelo Rebelo de Sousa) e a intenção que o próprio tinha era precisamente “ganhar”. Marques Mendes também se lembra bem de como “Ferreira do Amaral era visto como um candidato forte, tinha saído bem visto do Governo de Cavaco”.
O ponto de viragem, conta Ferreira do Amaral 20 anos depois, foi um pequeno incêndio que houve em Lisboa e que pôs João Soares “vestido de bombeiro a apagar o fogo”. “A partir daí passou a ter uma vantagem teórica mais clara, teve um impulso de popularidade e nós começamos a perceber, até pelas sondagens que iam saindo, que o candidato do PS podia mesmo ganhar”. A eleição foi renhida, mas João Soares, coligado com o PCP e PEV, levou a melhor com 51,88% dos votos, contra os quase 40% de Ferreira do Amaral. “Não foi um mau resultado, mas não ganhei. E tive muita pena — de todas as eleições onde participei foi a que mais me custou a perder, porque era um cargo que gostava muito de exercer e onde acho que teria feito um bom trabalho”, afirma.
Fernando Negrão. O plano B decidido em 48 horas
O verdadeiro candidato que foi a jogo para perder viria a ser Fernando Negrão, em 2013, naquela que foi a campanha mais desmoralizada para o PSD de que há memória em Lisboa. Mas antes disso, antes de ser um caso perdido, Fernando Seara podia ter sido uma aposta ganhadora para o PSD.
Estávamos em 2007 e Carmona Rodrigues, o independente que tinha sido escolhido por Pedro Santana Lopes para o substituir na capital depois de ser indigitado primeiro-ministro, viu-se arguido no caso Bragaparques, relativo à troca de terrenos da antiga Feira Popular em Entrecampos, por terrenos no Parque Mayer da empresa Bragaparques. Na sequência do escândalo, o líder do PSD de então, Marques Mendes, ordenou aos vereadores do PSD em Lisboa que renunciassem ao cargo, o que provocou a queda do executivo camarário e a convocação de eleições intercalares.
Fernando Negrão, 2007
↓ Mostrar
↑ Esconder
Candidato: Fernando Negrão, candidato pelo PSD
Adversário: António Costa (PS), Carmona Rodrigues (independente, apoiado por parte do aparelho do PSD), Helena Roseta (independente, ligada ao PS), Telmo Correia (CDS)
Eleições: Intercalares de 15 de julho de 2007
Resultados em Lisboa: António Costa (PS) ganha com 29,54%; Carmona Rodrigues (independente) fica em segundo com 16,7%; Fernando Negrão (PSD) em terceiro com 15,74%; movimento de Helena Roseta (independente) fica com 10,21% e o CDS perde o único vereador que tinha, com Telmo Correia a conseguir apenas 3,7% dos votos.
Líder do PSD: Luís Marques Mendes
Primeiro-ministro: José Sócrates
Numas eleições intercalares, os prazos são outros e os calendários mais apertados. Mas Marques Mendes tinha uma short list com três nomes e sabia bem quem queria: Fernando Seara. “Juntava-se o útil ao agradável, eu ficava com uma candidatura forte e era sabido que ele, Fernando Seara, queria ser presidente da câmara de Lisboa [era presidente da câmara de Sintra desde 2002]”, lembra ao Observador. Estava tudo acertado e Seara já tinha dito dado o sim.
Mas num instante tudo mudou. Num espaço de sexta-feira para segunda-feira, o “sim” passou a “não” e o PSD de Marques Mendes teve de arranjar um plano B em 48 horas. A história desta “nega” inusitada é contada no livro “Quem disse que era fácil? Os caminhos de António Costa para chegar ao poder”, dos jornalistas Bernardo Ferrão e Cristina Figueiredo. Mas o que tem a nega de Fernando Seara a ver com António Costa? É que Costa ainda não tinha dito que avançava como candidato pelo PS, estando com receio de que se o candidato do PSD fosse Seara, o PSD saísse vencedor.
Pelo menos era isso que diziam as sondagens internas do PS. Segundo se conta naquele livro, José Sócrates pediu a Rui Oliveira e Costa (da Eurosondagem) que fizesse uma sondagem discreta e em modo relâmpago para testar o nome de António Costa e de António José Seguro face a Fernando Seara. O resultado assustou. Costa, na altura ministro da Administração Interna, tinha melhor resultado do que Seguro, mas perdia para Seara por 3 pontos.
A partir daí, tudo se passou muito rápido: Fernando Seara ter-se-á encontrado com o então primeiro-ministro José Sócrates e um ou dois dias depois usa o seu espaço de comentário desportivo na televisão, no programa Dia Seguinte, para anunciar que não é candidato. Quando estava na sala de maquilhagem, segundo contam os jornalistas Bernardo Ferrão e Cristina Figueiredo, terá dito em jeito de desabafo: “A minha mãe telefonou-me e disse-me que não se abandonam cargos a meio“, afirmou, referindo-se ao mandato que estava a completar à frente da câmara de Sintra. Foi assim que Marques Mendes soube que tinha ficado sem trunfo para Lisboa.
O plano B foi Fernando Negrão, que tinha sido ministro da Segurança Social de Santana Lopes, e que era o segundo nome na lista de Marques Mendes para aquelas eleições intercalares. “Num primeiro momento, quando me foi feito o convite havia possibilidade de vitória”, contra Fernando Negrão ao Observador, explicando que o projeto era Lisboa era “aliciante” e que, por isso, aceitou o desafio, mesmo sendo uma segunda escolha.
Com o que o PSD não estava a contar era com o avanço de Carmona Rodrigues à revelia. O ex-presidente da câmara, que tinha sido apoiado pelo PSD, a braços com a justiça, resolveu apresentar uma candidatura independente mesmo em cima do prazo de apresentação das listas, e tudo mudou. “O partido ficou completamente dividido ao meio”, diz Negrão, reconhecendo que apesar de ele ser o candidato oficial do PSD, parte do aparelho estava com Carmona. “Quando aceitei, não tinha noção da forma como Carmona Rodrigues acabaria por conseguir reunir bastante apoio no PSD”, afirma hoje, dez anos depois daquele que foi o pior resultado de sempre do PSD em Lisboa, apenas 15,74% (atrás dos 16,7% de Carmona e bem atrás dos 29,54% de António Costa).
Resultado: os votos da direita estilhaçaram-se, dividindo-se entre Negrão, Carmona e ainda o candidato do CDS, Telmo Correia. À esquerda, a fragmentação também não foi menor: António Costa era o nome do PS, mas Helena Roseta também tinha um movimento de cidadãos e o BE e o PCP tinham candidatos próprios. “Se juntássemos os meus votos com os de Carmona Rodrigues, António Costa não tinha ganho”, resume Fernando Negrão, atribuindo a Carmona as culpas do fracasso desta candidatura que nasceu à partida como uma candidatura de recurso.
Fernando Seara. O “sim” a fundo perdido
Depois de ter dado uma nega a Marques Mendes em 2007, quando tudo soprava em seu favor e as sondagens indicavam que tinha fortes hipóteses de ganhar, Fernando Seara decidiu aceitar concorrer à capital em 2013, quando tudo indicava que seria difícil destronar António Costa. Nessa altura, o dinossauro autárquico que já tinha atingido o número de mandatos em Sintra (três) aceitou concorrer por Lisboa.
Fernando Seara, 2013
↓ Mostrar
↑ Esconder
Candidato: Fernando Seara, candidato pelo PSD+CDS
Adversário: António Costa (reeleição)
Eleições: Autárquicas de 29 de setembro de 2013
Resultados em Lisboa: PS ganha com 50,91%, contra 22,37% do PSD
Líder do PSD: Pedro Passos Coelho
Primeiro-ministro: Pedro Passos Coelho
Desfecho geral: O PS foi o partido mais votado, com 36,36%, e passou a reclamar o título de maior partido autárquico, detendo a presidência de 150 câmaras (uma delas, Funchal, em coligação) contra as 106 câmaras do PSD (20 das quais em coligação).
O início não foi famoso, tal como não foi o resto da campanha. Começou atribulado com uma ação interposta em tribunal para proibir os autarcas que já tinham excedido o número de mandatos de concorrerem por outros círculos, mas Seara acabaria por levar a melhor e a permissão foi concedida. Com António Costa em maré positiva, já que o Governo de Passos Coelho estava em plena troika e, portanto, em maré negativa, faltou entusiasmo numa campanha com poucas hipóteses de ganhar.
Teresa Leal Coelho era a número dois de Fernando Seara e, nas ações de campanha nas ruas, era quem mais puxava pelo partido. “Em 2013 as coisas não correram bem, mas também porque o candidato teve logo o problema inicial da candidatura”, diz uma fonte social-democrata de Lisboa que não quis ser identificada, mas que reconhece que o “entusiasmo e a capacidade de motivar e de agregar” de uma candidatura que à partida não tem expectativa de ganhar depende das “características pessoais” do candidato. E é aí que residem as diferenças entre a candidatura do jovem Macário Correia em 1993, e do experiente Fernando Seara, em 2013.
Certo é que os tempos são diferentes e as motivações são outras. Este ano, a motivação da direita é travar Fernando Medina mas PSD e CDS estão condenados à dispersão dos votos: Assunção Cristas de um lado, Teresa Leal Coelho do outro. Carlos Carreiras, coordenador autárquico do PSD, já disse, em declarações à TSF, que lhe é “indiferente” qual das duas fica à frente, desde que não fique Medina. Mas, ao contrário do que acontece nas legislativas (ou, pelo menos, do que aconteceu nas últimas legislativas), a soma das partes não permite mudar o rosto do candidato a presidente da câmara.