Olá

872kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno intervém na VII Cimeira do Turismo Português, organizada pela Confederação do Turismo de Portugal (CTP), sob o tema "Turismo é Valor", no dia Mundial do Turismo, Palácio Nacional de Mafra, 27 de setembro de 2024. MIGUEL A. LOPES/LUSA
i

MIGUEL A. LOPES/LUSA

MIGUEL A. LOPES/LUSA

Centeno avisa que a despesa pública cresce como há décadas não se via e aconselha Governo a não sobreaquecer a economia

"As políticas [públicas] devem ser usadas para alisar os ciclos económicos", avisa Mário Centeno, pedindo a "todos os agentes económicos" que aproveitem o atual bom momento para criar "almofadas".

A economia portuguesa continua a viver um bom momento, cada vez mais contrastando com a estagnação que existe em vários países europeus, e, por isso, as políticas públicas – à semelhança das decisões das empresas e das famíliasdevem privilegiar a criação de “almofadas” de poupança, precavendo uma fase menos positiva do ciclo económico. O alerta é de Mário Centeno, que, não resistindo a tecer considerações (indiretas) sobre a negociação orçamental em curso, sublinhou que o Estado não deve tomar medidas que sobreaqueçam a economia – e que possam ter de ser corrigidas mais tarde.

As políticas [públicas] devem contribuir para alisar os ciclos económicos“, ou seja, tornando as recessões menos profundas e aproveitando os momentos bons para construir “almofadas” de poupança, sustentou o governador do Banco de Portugal nesta terça-feira. O que não deve acontecer, avisou o ex-ministro das Finanças, é o Estado tomar medidas que têm como objetivo estimular (ainda mais) uma economia que já está em pleno emprego e, ao mesmo tempo, abdicar de receita fiscal numa altura em que a “despesa pública corrente aumenta como não aumentava há muitas décadas”, pelo menos desde 1992.

A poucos dias da entrega da proposta de Orçamento do Estado na Assembleia da República, Centeno não quis comentar, diretamente, os planos do Governo para baixar o IRC como estímulo ao investimento empresarial – uma medida que, por sinal, é o principal impedimento a que o PS viabilize a proposta que Joaquim Miranda Sarmento irá entregar à Assembleia da República na quinta-feira, 10 de outubro.

Porém, o antigo ministro das Finanças considera que, a longo prazo, o que mais tende a influenciar o investimento das empresas não é o nível de impostos mas, sim, as previsões de procura por parte dos clientes dos bens e serviços que as empresas fazem ou prestam. Esse é o fator principal, sustenta o professor catedrático de Economia, reconhecendo que também é preciso ter estabilidade da política fiscal e estabilidade financeira como “pré-condições”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Centeno candidato a Presidente da República? São "questões do foro pessoal"

Mostrar Esconder

Na apresentação do Boletim Económico trimestral, do Banco de Portugal, Mário Centeno também foi questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de vir a ser candidato a Presidente da República e a resposta foi curta e sintética:

“Sobre as questões do meu foro pessoal elas são do meu foro pessoal, eu sou governador do Banco de Portugal é isso que neste momento faço e gosto de fazer”, afirmou.

Isso significa que Centeno considera que (potencialmente) descer o IRC será um erro, uma medida que pode não produzir os resultados desejados? O governador do Banco de Portugal recusou comentar propostas concreto mas lamentou que sejam, “às vezes, anunciadas medidas sem o respetivo custo, sem se conhecer o respetivo impacto”. “As medidas que os governos tomam devem ter um propósito, devem ser muito bem calculadas e avaliadas”, o que, inferiu Centeno, não estará a acontecer nas propostas que têm sido avançadas publicamente.

Não sendo Portugal um país com grandes quantidades de recursos naturais ou que possa viver dos investimentos de grandes fundos soberanos, explicou o governador do Banco de Portugal, “os impostos são a receita do Estado e são aqueles que queremos para financiar a despesa”. E “como é que se pode fazer as duas coisas ao mesmo tempo: cortar impostos e aumentar a despesa? Essa é a discussão”, afirmou Centeno, acrescentando que é “tão legítimo invocar o IRC, como imposto que se possa cortar, como qualquer outro imposto”. “A questão é como é que se gere o equilíbrio face às exigências que o futuro nos coloca”, concluiu.

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, intervém na apresentação do Boletim Económico de outubro, em Lisboa, 08 de outubro de 2024. RODRIGO ANTUNES/LUSA

Sem especificar, Centeno considera que muitas medidas têm sido apresentadas sem se apresentar o cálculo sobre o impacto.

RODRIGO ANTUNES/LUSA

Os comentários de Mário Centeno foram feitos na apresentação do Boletim Económico de outubro, um relatório trimestral onde o Banco de Portugal atualiza as projeções macroeconómicas para os anos seguintes. Ao contrário do que acontece nos outros três relatórios (os que são divulgados em março, junho e dezembro) o boletim de outubro não inclui projeções para o saldo das contas públicas, pelo facto de o documento ser divulgado em pleno processo de negociação orçamental para o ano seguinte.

Ainda assim, Mário Centeno comentou que a “avaliação da situação orçamental desde junho até hoje não mudou significativamente” e “os riscos que [o Banco de Portugal] apontou nessa altura podem ser transladados para os dias de hoje”. Em junho, o antigo ministro das Finanças tinha avisado que Portugal estava à beira de voltar a ter um défice das contas públicas, apenas com as medidas que já tinham sido anunciadas e aprovadas (tanto pelo Governo como pelos partidos da oposição, à revelia do Governo).

O aviso de Centeno, “sem distinção” para Governo e oposição: há um fosso de pelo menos três mil milhões nas contas para 2025

Preto no branco, o Banco de Portugal escreveu no Boletim Económico que “a redução sustentada do rácio da dívida pública não deverá abrandar o ritmo“, já que essa redução “representa um elemento fundamental para a estabilidade macroeconómica e para o crescimento das gerações presentes e futuras”. O relatório destaca (sobre a política orçamental) que “a sua orientação expansionista em todos os anos do horizonte de projeção, num contexto em que o PIB se encontra acima do seu potencial, gerará a necessidade de um ajustamento posterior numa fase menos favorável do ciclo económico”.

A este aviso escrito, Mário Centeno juntou um alerta em viva voz: Portugal “atingiu um nível de equilíbrio nas contas públicas e quando olha para o futuro não tem, pela primeira vez em muitas décadas, um exercício de ajustamento orçamental”. Por isso, o País “deve preservar essa condição única e da qual beneficiam hoje menos de uma mão cheia de países na Europa”, afirmou o governador do Banco de Portugal.

Economia cresce menos em 2024 e não acelera tanto em 2025

O Boletim Económico divulgado nesta terça-feira pelo Banco de Portugal projeta que a economia portuguesa termine o ano de 2024 com um crescimento de 1,6%, menos do que os 2% avançados em junho.

Parte desta revisão está relacionada com uma alteração das séries de dados usados pelo INE, explica o Banco de Portugal, que também passou a apontar para uma aceleração mais fraca da economia no próximo ano: a anterior previsão de 2,3% era uma das mais otimistas mas, nesta terça-feira, o Banco de Portugal cortou a projeção de crescimento em 2025 para 2,1%.

Economia está a crescer menos em 2024 e não vai acelerar tanto em 2025, diz o Banco de Portugal

Olhando para a frente, o Banco de Portugal antecipa que “o dinamismo do rendimento disponível continuará a refletir uma evolução favorável do mercado de trabalho, com aumento do emprego e dos salários, e o impacto das medidas orçamentais”, prevê o supervisor, acrescentando que “a transição gradual para taxas de juro mais baixas e as entradas de fundos europeus apoiarão um maior crescimento do investimento”.

Por outro lado, “a procura externa dirigida à economia portuguesa acelera no horizonte de projeção, mas a evolução das exportações é condicionada pelo esgotamento do impulso da recuperação pós–pandemia dos serviços, em particular dos associados ao turismo”, acautela o supervisor liderado por Mário Centeno.

O governador do Banco de Portugal destacou, também, um outro indicador que está no boletim económico e que diz respeito à taxa de poupança. Esta deverá superar os 11% (do rendimento disponível), um valor historicamente elevado em Portugal num contexto que é de crescimento e não de contração da economia.

“São valores mais elevados do que tínhamos antes da pandemia, num momento positivo do ciclo económico, de descida das taxas de juro”, considerou o governador do Banco de Portugal, avisando que este “é o momento de as famílias constituírem poupanças como as que foram muito úteis” no passado recente.

Garantia pública no crédito “protege os bancos, não protege as pessoas”, diz Centeno

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.