786kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

i

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Costa desvia rota de Sócrates e Tancos com furacão dos Açores

Socialista numa Almada sem chama e com Sócrates a surgir como tema. Costa desviou-se, dizendo que o único tema fora da campanha que lhe interessa é outro furacão... o dos Açores.

Artigo em atualização ao longo do dia

As últimas autárquicas trouxeram Almada ao sapatinho de António Costa, uma vitória algo inesperada dada a hegemonia comunista na autarquia desde o 25 de abril, mas a relação recente não parece ter muita chama. A arruada dessa tarde cumpriu os mínimos, para o PS, mas serviu, pelo menos, para o socialista responder às perguntas dos jornalistas, desviando sempre a rota dos temas quentes, já que o “único tema” que lhe interessa fora da campanha é o furacão dos Açores.

José Sócrates foi — pela sua detenção em 2014 — um furacão para o PS, nomeadamente para António Costa que nesse mesmo fim-de-semana ia a votos para a eleição como líder do partido. Agora, quando questionado sobre o artigo onde o ex-líder do PS vê na acusação de Tancos uma “ilegítima motivação política”, Costa desvia para o furacão. “Esse é um tema fora da minha campanha e fora da campanha o único tema que me preocupa é que, neste momento, há um furacão muito ameaçador e é dever da República manifestar toda a solidariedade com os Açores”.

Sócrates: caso Tancos teve “evidente e ilegítima motivação política”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Desvio feito, a meio da Rua Cândido dos Reis, ponto de encontro desta arruada onde chegou a estar montado um pequeno palco, no fim da rua — habitualmente onde o líder sobe nas arruadas mais intensas (foi assim em Santa Catarina) para falar a quem ali se junta — que foi desmontado, por ordem da diretora de campanha Ana Catarina Mendes, quando o líder socialista se aproximava do local. O ambiente não ia muito além do séquito socialista que costuma juntar-se a estas ações de campanha, com bandeiras, para o acompanhar no passeio.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

A relação não vai tão quente como aquela que nos últimos dias parece reinar entre PS e Presidência com teorias de conspiração a correrem de parte a parte sobre a acusação do caso Tancos. Mas Costa garante que não há problemas com Belém. “As relações institucionais deste Governo são sempre construtivas positivas”, garantiu o socialista quando questionado sobre o estado da relação com Marcelo. “Foi o Governo que melhores pontes conseguiu estabelecer”, reforçou ainda garantindo que a relação São Bento/Belém “nunca mudou e nem poderá mudar. A última coisa que os portugueses desejam é um conflito institucional e a melhor forma de garantir isso é dar força ao PS”. Um desejo ou um aviso para a relação futura? Certo é que na segunda-feira, em entrevista à RTP, o socialista disse que ia ” procurar esquecer tudo o que de lamentável tem acontecido nos últimos dias nesta matéria” referindo a existência de “intrigas” que, frisou, “envolvem até o Presidente da República e são absolutamente lamentáveis”.

Centeno entra na campanha para tentar desviar PSD de Tancos

Durante a manhã, exatamente à mesma hora que António Costa se preparava para falar, em Lisboa, depois de uma reunião com a Associação da hotelaria, restauração e similares de Portugal (AHRESP), a pouco mais de 2 km, na sede do PS, Mário Centeno apresentava o golpe do dia da campanha socialista: atacar as contas do programa eleitoral do PSD. Centeno tentava tomar a dianteira daquela que já é conhecida pela luta de Centenos e acusava o PSD de ter feito previsões macroeconómicas, em julho, que são “materialmente impossíveis” e há “4,750 milhões de euros” por explicar. Só recusa é debater com o Centeno de Rio (foi o próprio que se referiu assim ao seu porta-voz para as finanças), por este não ser candidato nestas legislativas. Lança antes o desafio a Rio.

Costa deixava, assim, para o ministro das Finanças, ali na qualidade de candidato a deputado pelo PS, as contas de um argumento político usado por Mário Centeno logo no comício de abertura da campanha oficial, na terça-feira em Lisboa, ao falar de “promessas vãs e irrealistas” quando se referia aos programas dos adversários nestes eleições. Agora fez as contas e durante uma conferência de imprensa na sede do partido, Centeno garantiu que as contas do PSD estão mal feitas, significariam “o regresso aos [orçamentos] retificativos — porque este cenário tem de ser retificado — e aos défices excessivos — porque a economia, perante a incerteza destes cenários, vai entrar em dificuldades”. Resultado, segundo Centeno: “Pelo menos 4.750 milhões de euros no éter destas contas, que é necessário explicar”.

O candidato socialista garante que, na proposta do PSD, “a receita cresce desproporcionadamente face ao crescimento da economia” e que há “muitas promessas sobre investimento público, sobre a evolução dos salários públicos e prestações sociais que não casam com a despesa do cenário económico do PSD“. Para Centeno, são “promessas vãs face à dimensão financeira projetada” pelos sociais-democratas.

“Com menos PIB, o PSD promete uma receita que é 10% superior”, lamentou Centeno. “Alinhando a receita com o crescimento económico da média de instituições independentes, faltam 3.900 milhões de euros e, mesmo com o crescimento irrealista, a receita total do PSD está sobrevalorizada em 2 mil milhões de euros”, acusou ainda.

Já do lado da despesa proposta por Rui Rio, o candidato socialista entende que “está subfinanciada em 2.750 milhões de euros”. Depois do último frente-a-frente entre Costa e Rio, o líder do PSD  tinha desafiado o ministro e candidato do PS a aceitar um debate com o porta-voz do PSD para as questões financeiras, Joaquim Sarmento, mas Centeno responde que só debate neste contexto com outros candidatos, coisa que Sarmento não é.

“Quando nos apresentamos a eleições, apresentamo-nos como candidatos a deputados e, portanto, se houver algum candidato a deputado do PSD, em particular o dr. Rui Rio, que queira debater estas questões comigo, não terei nenhuma dificuldade em fazê-lo”, disse Mário Centeno, que depois ajustou a declaração: “Em eleições, os líderes debatem com os líderes, os candidatos debatem com candidatos”.

O PSD previu em julho um crescimento de 1,6% em 2019 e 2,0% em 2020 se os sociais-democratas governarem. Nos anos seguintes, o crescimento teria uma aceleração adicional, para 2,2% em 2021, 2,4% em 2022 e 2,7% em 2023. Os sociais-democratas partiram do cenário base para 2019 elaborado pelo Conselho das Finanças Públicas (+1,6%) e aplicou para os anos seguintes o efeito das medidas que pretende aplicar se tiverem a maioria na próxima legislatura.

Questionado porque é que, ao contrário de 2015, o PS não aponta desta vez um cenário macroeconómico detalhado, Mário Centeno responde que não há alterações na tendência, que já estava presente no Programa de Estabilidade para 2019-2023. O documento enviado pelo Governo para Bruxelas em abril prevê um crescimento económico de 2,1% em 2018 (acabaria por ficar em 2,4% após a revisão do INE), 1,9% em 2019 e 2020, 2,0% em 2021 e 2022, e 2,1% em 2023.

A conferência de imprensa de Mário Centeno surge dias depois da revisão das contas feita pelo INE, que adicionou sete décimas ao PIB de 2017 (para 3,5%) e três décimas ao de 2018 (para 2,4%).

Costa leva caderno de encargos da AHRESP com uma questão que “preocupa particularmente”

Pela mesma hora, António Costa passava por uma reunião da AHRESP onde recolheu o “caderno de encargos” da associação para a próxima legislatura. O líder socialista, que estava acompanhado do ministro da Economia Pedro Siza Vieira (que não é candidato a deputado nestas legislativas) conteve-se sem falar uma única vez da baixa do IVA da restauração — uma bandeira que agita sempre que fala do setor –, ainda assim não deixou de sublinhar que este é “um dos mais importantes parceiros económicos” e o setor “deu um contributo decisivo para a recuperação da economia do país”. Ao encontro foi acompanhado por Pedro Siza Vieira, que colaborou na elaboração do programa do PS na área da economia, ele que no Governo é ministro desta área.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

O candidato socialista prevê, por isso mesmo, que este se mantenha um “setor fundamental para o futuro da economia” e promete “trabalhar muito intensamente” com os representantes da restauração, nomeadamente sobre uma questão que “preocupa particularmente” que é a “do arrendamento e a necessidade de assegurar uma posição de equilíbrio contratual que garanta a não desvalorização do património, mas também a estabilidade dos arrendamentos comerciais“. Costa fala mesmo na necessidade dar conforto aos inquilinos para que não andem “permanentemente com o credo na boca porque não sabem o dia amanhã”. É preciso, diz, que  “o mercado fique livre para especulação”. Num encontro com representantes do comércio e serviços, antes da campanha começar, Costa já tinha prometido intervir nesta área se ela não se auto-regular.

Costa diz ser um “capitão feliz” com dois “pontas de lança” e um “armador de jogo”

Isto além da preocupação com atualização dos salários num setor onde “ainda têm um peso muito importante os trabalhadores com salário mínimo”. E a ideia do socialista passa por “encontrar um acordo para a próxima legislatura que permita a atualização salarial programa”. Aliás, Costa dá mesmo o exemplo do que “correu muito bem” da anterior legislatura em matéria de salário mínimo, que foi “ter tudo definido quanto ao valor”, isto “permitiu previsibilidade” e “essa tem de ser seguramente uma prioridade. Temos de saber o mais cedo possível qual será o salário mínimo para 2020, 2021, 2022 e 2023”.

Esta tarde, o líder socialista passará por Almada e terminará o dia em Coimbra com um comício onde estará presente o histórico socialista Manuel Alegre. Nesse comício, além dos dirigentes socialistas locais, discursará também a cabeça de lista pelo distrito, Marta Temido (que é ministra da Saúde).

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora