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A CES (Consumer Electronic Show), uma das maiores feiras internacionais de tecnologia, chegou ao fim. Este evento decorre todos os anos em Las Vegas, no Estados Unidos da América e é considerado o momento de arranque para quem quer saber todas as novidades tecnológicas para cada ano. Nesta edição de 2019, ficou uma certeza: as grandes empresas continuam a marcar presença, mas os grandes anúncios ficam para outros eventos ao longo do ano, feitos pelas próprias marcas.
Há tradições que podem estar a acabar, mas, mesmo assim, houve muitos gadgets, robôs e um olhar real sobre o impacto que a ligação de Internet 5G vai ter, ao mostrarem-se os primeiros produtos que, já em 2019, vão conseguir ligar-se ao futuro das telecomunicações. E há uma novidade: houve uma comida que, pela primeira vez, foi considerado um produto tecnológico.
Depois de termos escrito sobre o o que esperar no início da semana, deixamos o principal da edição de 2019. Leia abaixo (se estiver curioso com o que mais marcou o ano passado, pode rever aqui).
5G, 5G e 5G. Porque nunca se repete demasiado o que vem aí
Na indústria tecnológica, há uma expectativa que continua em voga e a CES mostrou-a: o 5G vai ser grande. Esta tecnologia, que vai ser a vanguarda das próximas infraestruturas de telecomunicações, não vai só mudar o mercado de smartphones, vai mudar a comunicação entre todo o tipo de aparelhos tecnológicos. Eletrodomésticos, computadores e carros são alguns dos produtos que vão ser impactados pela nova Internet móvel que, além de mais rápida, promete menos latência (o tempo de comunicação entre dispositivos). Na CES, raro foi o produto que se pode ligar à rede e que não mostrou estar preparado para o que aí vem.
Espera-se que existam apenas 25 operadoras no mundo — nenhuma é portuguesa — que comecem a funcionar já com este espectro de rede em 2019. Para mostrar isso, a Verizon, uma das maiores empresas de telecomunicações americanas, anunciou na CES que o Moto Z3 vai ser o primeiro dispositivo a aceder ao 5G. Foi o suficiente para a concorrente da Verizon, a AT&T, dizer que já tem equipamento com 5G numa atualização de software de equipamentos (spoiler: foi um truque de publicidade enganosa que levou a inúmeras críticas). Na CES, a Samsung também se juntou a este barco rumo ao 5G e revelou o primeiro protótipo de um smartphone da marca que vai recorrer a esta tecnologia.
8K e ecrãs dobráveis
Sim, em cada edição da CES é recorrente falar de robôs e muitos gadgets, mas há também outra certeza: novidades no mundo das televisões e novos ecrãs. Lembra-se do 4K? Pois, o 8K, já demonstrado na feira concorrente da CES, a IFA, esteve presente em Las Vegas. Marcas como a LG e a Samsung continuam na vanguarda do que é o futuro da imagem, com a última a juntar esta nova definição de imagem a um novo modelo de televisão para substituir os OLED, os MicroLED. Sim, as televisões 8K ainda são caras (milhares de euros, mínimo) e não há conteúdos suficientes criados com esta capacidade de imagem. Contudo, isso também era um problema com o 4K e não impediu outras empresas, como a Sony, de mostrarem na CES os modelos que já têm preparados para chegar ao mercado.
Falando em ecrãs: agora, além de terem melhor definição, dobram-se. A LG mostrou isso com a primeira televisão 8K que se ‘enrola’ para dentro de um móvel. A tecnologia não é novidade — já tem sido notícia noutras edições deste eventos –, o que é, além da definição da imagem, é este conceito de ecrãs que se dobram estar a chegar também aos smartphones. A Royole foi a primeira empresa a anunciar este tipo de equipamento e logo de seguida, a Samsung, em 2018, mas é em 2019 que querem que chegue ao mercado. Prova disso é terem mostrado o Royole Flexpai já ter sido demonstrado na CES com a Samsung a afirmar que o dobrável “Galaxy X” não vai tardar a chegar.
Carros (e motas) ousados, que andam sozinhos e autónomos
A Hyundai mostrou um conceito de carro que tem pernas, a Harley Davidson revelou a sua primeira mota elétrica e a BMW utilizou realidade virtual para mostrar um modelo que só sai em 2021. A CES cada vez mais é também uma feira automóvel e as principais empresas fizeram questão de o demonstrar. A condução autónoma, com a inteligência artificial nos controlos, subiu também a palco.
O que o evento mostrou é que estamos cada vez mais perto de ver carros e motas verdadeiramente autónomos (a tecnologia que já está disponível ainda implica sempre mínimo controlo humano). Não acredita que vem aí esta revolução na indústria automóvel? Até a Mercedes, que tardava a chegar a este mercado, aproveitou a CES para anunciar o Mercedes-Benz CLA 250, o primeiro carro semi-autónomo da marca.
Carne para vegetarianos
A CES 2019 ficou marcada por, pela primeira vez, um produto comestível ter sido considerado tecnológico e ter podido, por isso, ser apresentado no evento. É um hambúrguer que teoricamente tem sabor a carne, mas é feito de plantas. Chama-se Impossible Burger 2.0 e é a solução para o comentário: “até era vegetariano, mas gosto tanto de carne”.
O hambúrguer marcou o evento de tal forma que as principais publicações de tecnologia referiram o produto tecnológico como o que mais gostaram da CES, como refere a Forbes. A partir de fevereiro, alguns restaurantes nos Estados Unidos da América já vão começar a vender este produto conseguido graças “ao triunfo da engenharia alimentícia”, como já é referido.
Porque a saúde ganha com a tecnologia
A CES tinha como promessa para 2019 dar mais espaço à saúde, e fê-lo. Segundo a Consumer Technology Association, organizadora do evento, comparado a 2018 houve mais 25% expositores dedicados ao sector da saúde neste evento tecnológico. Foi o suficiente para, este ano, se conhecerem produtos como uma máscaras de olhos para dormir que disfarçam o ressonar através de vibrações para o nariz, como revelou o CNET, ou um exoesqueleto robótico para facilitar o andar que se pôde experimentar, como conta o TechCrunch.
[No vídeo é possível ver os robôs apresentados pela Samsung e o exoesqueleto robótico]
https://www.youtube.com/watch?time_continue=102&v=tpP0eTF8QXM
Depois de a LG ter mostrado na IFA um destes exoesqueletos auxiliares robóticos, que quer tornar os humanos mais ciborgues, a Samsung ripostou com o GEMS. Vantagem? Houve pessoas que puderam experimentar, ao contrário da IFA em que só se podia ver e não tocar no da LG. As primeiras impressões afirmam que a tecnologia tira tensão dos músculos e facilita o andar.
A Samsung mostrou ainda o Bot Care que, à semelhança do Baymax da Disney, é um companheiro robótico para monitorizar a saúde do utilizar, como medir a tensão arterial. No final, ficou uma CES que quer mostrar mais o lado mais humano da tecnologia que tem permitido avanços como as radiografias ou pacemakers ajudar muitas pessoas.
A Apple está em crise e já entra na CES, indiretamente
A Apple pode ter começado o ano com perdas de mais de 10% em bolsa e uma mensagem do presidente executivo, Tim Cook, a dizer que as vendas vão baixar. Contudo, mesmo continuando a ser a única grande empresa tecnológica que não marca presença na CES — no passado, nos tempos áureos da feira nos anos 2000 até 2012, este era “o evento” da Microsoft e, muito por isso, a Apple fazia questão de ter o seu evento sozinha — a maçã fundada por Steve Jobs fez-se falar bastante. Como refere o TechRadar, “mesmo sem estar, a Apple teve a sua melhor CES”.
“O que acontece no seu iPhone, fica no seu iPhone”, leu-se num grande cartaz. Podia ser apenas um trocadilho com a frase publicitária da cidade que acolhe o evento: “O que acontece em [Las] Vegas, fica em Vegas”. Contudo, foi mais do que isso. Foi uma forma de a Apple se afirmar como uma empresa que protege os dados dos utilizadores contra todas as outras. Verdade ou não, foi uma forma de a Apple marcar presença e ser falada nestes dias, mas não foi a única.
Pela voz de marcas de televisores como a Sony, a LG, a Vizio e a Samsung, soube-se que o serviço de streaming para aparelhos da Apple, o AirPlay 2, vai funcionar nestas televisões. E foi mais longe num passo único para uma empresa que sempre quis controlar os dispositivos em que disponibiliza o seu software: a Samsung vai ter uma app do iTunes nos seus televisores inteligentes. Ou seja, mesmo sem estar, a Apple fez-se presente.
Robôs que são nossos amigos. Sim, como no filme Inteligência Artificial
O que é uma feira de tecnologia sem robôs? Isso mesmo, é só triste. Fizemos a afirmação no artigo de antecipação desta edição da CES, e a feira foi mais longe no combate à tristeza pelos robôs. Chama-se Lovot e tem um objetivo: ser amado. Não, não é um cão. É um peluche robô da empresa japonesa Groove X que foi apresentado na CES.
Começaram por ser as colunas inteligentes a fazer companhia digital a humanos há poucos anos, com os assistentes digitais Alexa, da Amazon, a Siri, a Apple, e o”Ok Google”, da Google, e agora a indústria tecnológica está a aplicar o mesmo princípio a peluches. Podia ser um episódio de Black Mirror, mas o Lovot é real. Tem três câmaras e um microfone no topo da cabeça e foi desenhado para criar laços emocionais. O sistema de inteligência artificial reconhece até mil pessoas e responde ao toque, principalmente a abraços. Não fala, mas faz sons e pisca os olhos.
Este não foi o único robô a pensar em quem está mais sozinho. Outras empresa como a Fuseproject ou a Qooba também mostraram novos destes robôs companheiros. Conetam-se à Internet e são como pequenos animais de estimação, só que dá para desligar e se se esquecer de carregar não é grave.