Foi o segundo dia da IFA, um dos maiores eventos eletrónica de consumo do mundo (e o maior da Europa). Este sábado foi o dia com maior afluência esperada pela organização, pois foi o primeiro aberto a todos os visitantes. Ao todo mais de 250 mil visitantes vão passar pela IFA até dia 5 de setembro para visitar os pavilhões das várias empresas tecnológicas. Deixamos aqui as principais notícias e as várias novidades que vimos neste segundo dia de feira.

A tecnologia que marcou a IFA 2018 foi o 8K. A edição deste ano teve a LG e a Samsung a divulgarem os seus primeiros televisores com esta qualidade de imagem que quer substituir o 4K. “Lembram-se dos filmes do ‘Regresso ao Futuro’, com os ecrãs a cobrirem as paredes todas? Estamos quase lá”, afirmou Jens Heithecker, presidente executivo da IFA. Mas não são as únicas novidades: a inteligência artificial e as colunas de som inteligentes também estão por aqui. Prova disso foi a apresentação desta sexta-feira da Huawei, que revelou a AI Cube. Além de dar música em alta definição e ter a assistente digital da Amazon, a Alexa, é também um router Wi-Fi.

“Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da magia”

Foi com esta frase do escritor de ficção científica Arthur C. Clarke que Jens Heithecker subiu ao principal palco de conferência da feira de tecnologia. Heithecker tinha uma missão, inaugurar o segundo dia de abertura da feira (o primeiro ao público em geral, e não só a expositores, parceiros e jornalistas) e apresentar o último orador principal a falar no palco de conferências da IFA 2018, Daniel Rausch, vice-presidente do Smart Home da Amazon, e um dos “pais” da assistente digital de sucesso da empresa, a Alexa.

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O responsável máximo da IFA não teve rodeios e referiu os “problemas de privacidade e segurança que as assistentes digitais [e as colunas inteligentes]” trazem. Receios de agências governamentais e as empresas utilizarem estes novos aparelhos para ouvir o que se fala dentro da casa dos utilizadores não são novas, mas Heithecker constatou um facto: mesmo com receios, as assistentes digitais já estão a mudar a vida das pessoas (e estão em dezenas de milhões de casas). O alemão deu um exemplo claro em palco, como as primeiras palavras de uma criança filha de amigos seus foram: “Alex pay”. O bebé estava a tentar dizer “Alexa Play”, porque é o que ouvia os pais dizer à coluna para tocar as suas músicas preferidas. Para o bebé, era quase como magia a tecnologia, referiu.

Depois desta introdução, Daniel Rausch teve direito à palavra. Foi a segunda apresentação que fez. Sexta-feira, na conferência da Huawei e no anúncio surpresa do AI Cube, também subiu a palco. O tema foi “Falar para o futuro: como a voz está a expandir e a melhorar as experiências do quotidiano”. Rausch falou da Alexa e do mercado das colunas inteligentes em que a Amazon é líder não só com as suas colunas inteligentes mas com inúmeras empresas que estão a implementar a tecnologia nas suas colunas de som. Mas como surgiu a ideia de se criar uma coluna com voz que responde a questões e é capaz de se ligar a aparelhos da casa para desligar luzes, subir o som da televisão e até abrir a porta? “O objetivo foi criar um computador como o do Star Trek”, contou. 

Testámos a Alexa e a Ok Google. Não nos apaixonámos, mas estivemos perto

“Uma das principais razões porque os consumidores gostam da Alexa é a sua personalidade”, explicou Rausch. No início a voz era mais mecânica e só respondia a pedidos diretos. Contudo, depois de a equipa do executivo da Amazon perceber que as pessoas diziam às colunas coisas como “adoro-te”, “canta-me os parabéns” ou “conta-me uma piada”, começaram a desenvolver a assistente digital que, atualmente, está a ser utilizada em dezenas de milhões de colunas inteligentes de som. Depois falou dos desafios em adaptar a Alexa a outras línguas. “Não é só traduzir, é também compreender a cultura”, disse. Para já a Alexa está disponível — oficialmente — em inglês, alemão e japonês (nos Estados Unidos, no Reino Unido, na Alemanha, no Japão, na Irlanda e no Canadá). Até ao final do ano a Amazon vai estender a tecnologia a mais línguas e países, revelou: Nova Zelândia, França (francês), Espanha e México (castelhano).

Rausch ainda falou das mais de 50 mil skills (aplicações) disponíveis para os aparelhos que suportam a assistente digital Alexa e como “inúmeros parceiros”, como a Vestel e a Bosch, referiu, estão a aplicar a tecnologia nos seus produtos. “A Alexa permite uma interação com a tecnologia verdadeiramente mãos livres” foi a mensagem deixada na conferência dedicada a este mercado de assistentes digitais que está a emergir.

IFA, Berlim, dia 1. Huawei faz parceria com a Amazon (e leva a Alexa)

Vimos robôs que cortam a relva e falámos com uma startup portuguesa

A IFA tem como sinónimo tecnologia de consumo, mas também inovação. Durante o segundo dia desta feira fomos ver de perto os robôs Cloi que já estão em 14 aeroportos na Coreia do Sul a ajudar os seres humanos. Esperava-se que a marca mostrasse em ação o wearable robô, mas esse esteve só em exposição. Apesar disso, vimos em funcionamento um destes aparelhos futuristas que querem facilitar o dia a dia: um robô que corta a relva (como mostrámos no vídeo em direto no Facebook).

Estamos na IFA, em Berlim, com robôs que carregam malas, dão informações, limpam o chão e cortam a relva

Posted by Observador on Saturday, September 1, 2018

Ainda durante o segundo dia da feira, o último em que o Observador está em Berlim, na IFA, tivemos a oportunidade de ver o que andam as marcas com ADN português a fazer neste evento. Empresas como a Flama e a AirFree marcaram, mais um vez, presença com os seus aparelhos tecnológicos. No primeiro caso, pequenos eletrodomésticos como grelhadores e robôs de cozinha, no segundo, purificadores de ar inovadores que queimam as bactérias do ar em vez de as filtrar. Mas nem todos os portugueses vieram para este evento com empresas já com relevante presença no mercado. Prova disso é a EGG Eletronics. A startup de Tiago Venda Morgado falou ao Observador, noutro direto, sobre a ficha tripla inovadora com que quer mudar o mercado de extensores elétricos (e resolver aquele problema de falta de espaço para quem tem de pôr muitos carregadores numa “tripla”).

Estamos na IFA, em Berlim, com a startup portuguesa que criou a tomada elétrica do futuro

Posted by Observador on Saturday, September 1, 2018

O que se pode ver pela IFA

Nesta fotogaleria deixamos alguns dos milhares de produtos espalhados pelos 160 mil metros quadrados que ocupam os 26 pavilhões da IFA. Há espadas da Star Wars, Ferraris de fórmula 1, eletrodomésticos e muitos robôs.

12 fotos

Mesmo com as principais notícias da IFA 2018 já reveladas nos primeiros dias do evento, este continua até dia 5 de setembro, focado nos distribuidores que vão à feira conhecer os produtos das empresas tecnológicas.

*O Observador está em Berlim, na IFA, a convite da LG Portugal