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Militares ucranianos perto de Chasiv Yar

AFP via Getty Images

Militares ucranianos perto de Chasiv Yar

AFP via Getty Images

Chasiv Yar. A fortaleza ucraniana que a Rússia quer conquistar até 9 de maio — e que pode ser a "chave" para controlar o Donbass

Ponto mais quente da guerra é em redor de Chasiv Yav. Rússia intensifica esforços para controlar cidade, o que lhe permitiria derrubar os últimos bastiões de Donetsk. Kiev espera por ajuda de EUA.

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Uma localidade deserta e parcialmente destruída. Com recurso a imagens captadas por drones, a Associated Press pinta esta quinta-feira um panorama “apocalíptico” de Chasiv Yar, uma cidade que a Ucrânia tenta manter sob seu controlo, apesar de uma intensa ofensiva russa. As chefias militares de Moscovo têm um objetivo: ocupá-la até 9 de maio, dia em que se celebra o feriado Dia da Vitória para celebrar o triunfo soviético durante a Segunda Guerra Mundial na Rússia. O Presidente russo, Vladimir Putin, quererá apresentar esta conquista como um trunfo e prova da vantagem do país na “operação militar especial” que começou a 24 de fevereiro de 2022.

Para além do simbolismo de 9 de maio, a tomada de Chasiv Yar seria uma importante vitória estratégica para Moscovo. Localizada a elevada altitude, a cidade (que numa tradução de português para ucraniano significa “ravina calma”) pode abrir caminho para outras conquistas da Rússia. Neste momento, é encarada por Kiev como uma “fortaleza” que impede outros avanços russos no Donbass, a região que Vladimir Putin já assumiu que quer controlar.

O analista militar ucraniano e antigo coronel Serhiy Hrabsky descreveu ao New York Times que a possível tomada da cidade pela Rússia seria como “chave” que ia “abrir os portões a batalhas longas e exaustivas” para a Ucrânia. Por sua vez, Viktor Kevliuk, especialista em assuntos militares, frisou ao Financial Times que Chaisv Yar é o “centro da gravidade da linha defensiva na região” no Donbass.

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A destruição em Chasiv Yar

Anadolu via Getty Images

Não é de estranhar, assim, o recente empenho russo em controlar a localidade de 18 quilómetros quadrados e onde habitavam cerca de 12 mil pessoas (nestes últimos tempos, apenas residem aproximadamente 700 pessoas, por conta dos conflitos). Segundo revelou Nazar Voloshyn, o porta-voz do comando militar oriental das Forças Armadas da Ucrânia, Moscovo tem “20 a 25 mil homens a tentar invadir Chasiv Yar e os seus arredores”. Mais: as forças leais ao Kremlin levam a cabo cerca de 100 bombardeamentos por dia na cidade.

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“A situação em redor da cidade é difícil”, lamentou Nazar Voloshyn, ainda que tenha garantido que a situação ainda se mantém “controlável”. Porém, poderá não ser por muito tempo. De acordo com um relatório do think tank norte-americano Instituto para a Guerra (ISW, sigla em inglês) de dia 30 de abril, a Rússia estará a intensificar as operações ofensivas em redor de Chasiv Yar. Ainda que assumam ser uma tarefa difícil, as Forças Armadas russas querem cumprir a meta de a controlar até 9 de maio. E sabem que, neste momento, têm uma vantagem operacional, que pode desvanecer-se com a chegada do recém-aprovado material de guerra dos Estados Unidos da América (EUA).

Chasiv Yar: a fortaleza defensiva cuja conquista pode ter um efeito dominó

A conquista de Chasiv Yar pode ter um verdadeiro efeito dominó nos territórios ucranianos ameaçados pela Rússia. Em declarações ao Politico, Nazar Voloshyn diz que se os “ocupantes russos conseguiram capturar esta cidade, terão uma oportunidade para lançar uma ofensiva” nas localidades próximas de “Kostiantynivka, Druzhkivka, Kramatorsk e Sloviansk”. “Essas cidades são os últimos bastiões da região de Donetsk que estão sob o controlo da Ucrânia.”

Servindo como uma verdadeira fortificação para travar os avanços russos, Chasiv Yar, a ser conquistada, daria azo a que as tropas russas avançassem para Kostiantynivka, passando depois para Druzhkivka e depois para Kramatorsk e Sloviansk, crê Nazar Voloshyn. Daquelas quatro, a primeira é que possui o valor estratégico mais importante, uma vez que é uma localidade onde as tropas de Kiev se organizam para defenderem o Donbass. Existe ali também uma linha de caminhos-de-ferro que liga o norte e o sul daquela região, que integra as províncias de Donetsk e Lugansk.

Este linha de comboio em Kostiantynivka “é a espinha dorsal do fornecimento” militar no leste da Ucrânia, afirma Serhiy Hrabsky. Se a infraestrutura for controlada pela Rússia, isso coloca as tropas ucranianas numa posição mais complicada para se reabastecerem em todo o Donbass — incluindo com equipamentos de guerra do Ocidente —, podendo ser simultaneamente usada pela Rússia a seu proveito.

A conquista de Chasiv Yar “oferece às forças russas as perspetivas mais imediatas para avanços operacionais significativos”, corrobora o Instituto para Guerra. Assumindo que existe uma “ameaça credível” de a Rússia tomar a localidade, o think tank norte-americano ressalva, sem embargo, que não será controlada “rapidamente”. Por conseguinte, a meta de 9 de maio será bastante ambiciosa, mesmo com o esforço russo.

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Rússia já tentou atacar estação de comboios de Kostiantynivka em fevereiro de 2024

SOPA Images/LightRocket via Gett

Um canal e uma batalha “longa” a que a Ucrânia tentará responder

Analistas militares russos, citados pela Reuters, também acreditam que a tomada de Chasiv Yar não será fácil. O antigo conselheiro militar do Kremlin, Sergei Markov, vaticina uma uma batalha “longa” e antecipa que demorará mais ou menos o “mesmo tempo” que a de Bakhmut, palco de intensos de combate desde o início de dezembro de 2022 até maio de 2023.

O correspondente de guerra russo Alexander Kots considera que, antes de entrar em Chasiv Yar, é necessário “cercar a cidade” para que existam vários “pontos de entrada” na localidade. “Isto é necessário, de forma a espalhar as forças de defesa do inimigo na cidade e forçá-las a moverem-se constantemente em diferentes direções, sob fogo contínuo”, explicou.

Também o vice-líder dos serviços secretos da Estónia, Toomas Väli, recusou a ideia de que as tropas da Rússia vão conseguir controlar a cidade até 9 de maio. “Vendo que eles só percorreram dez quilómetros desde Avdiivka, provavelmente não vão chegar [naquela data] a Chasiv Yar a este ritmo. E controlar a localidade toda será difícil, porque será um cenário de guerrilha urbana, como em Avdiivka. Conquistar Avdiivka e Bakhmut levou meses”, sustentou o responsável estónio.

"Vendo que eles só percorreram dez quilómetros desde Avdiivka, provavelmente não vão chegar [a 9 de maio] a Chasiv Yar a este ritmo. E controlar a localidade toda será difícil, porque será guerrilha urbana, como em Avdiivka. Conquistar Avdiivka e Bakhmut levou meses."
Vice-líder dos serviços secretos da Estónia, Toomas Väli

Neste momento, como explica o Financial Times, a Rússia ainda se mantém concentrada em conquistar as vilas de Bohdanivka e Ivanivske, nos arredores de Chasiv Yar. Essencial para entrarem e conquistarem a localidade, as tropas de Moscovo terão de atravessar um canal de 30 metros de largura construído na época soviética. E isso é um trunfo para Kiev no terreno.

Em declarações à agência de notícias ucraniana Interfax esta quinta-feira, Nazar Voloshyn desmentiu alguns rumores que tinham surgido e garantiu que as forças russas ainda não “atravessaram o canal”. “Os invasores russos usam a política de terra queimada e estão a tentar destruir todos os nossos pelotões e pontos de defesa para que [os ucranianos] não tenham nenhum local para se defenderem”, explicou o responsável militar, acrescentando: “A segunda linha de defesa está a ser reforçada. As forças de defesa estão prontas para lutar contra o inimigo”.

A ajuda norte-americana, um possível bálsamo para a Ucrânia

Devido à elevada altitude da cidade e ao canal, a Ucrânia possui uma ligeira vantagem no terreno. Porém, essa vantagem pode não ser suficiente, caso a Rússia decida intensificar as ações ofensivas na região. Neste momento, Moscovo estará numa corrida contra o tempo, segundo o Instituto para a Guerra: “As forças russas tentarão conquistar o máximo de território possível antes da chegada do apoio norte-americano, que vai melhorar as capacidades defensivas ucranianas nas próximas semanas”.

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O canal de Chasiv Yar

Global Images Ukraine via Getty

É nesta janela de oportunidade que a Rússia espera conquistar Chasiv Yar. O comandante de um batalhão de drones ucranianos na cidade, Yuri Fedorenko, sublinhou ao Financial Times precisamente que os “inimigos entendem que a Ucrânia não tem tantas aeronaves, sistemas de defesa aérea, munições e veículos blindados como eles”, daí haver espaço de manobra para uma ofensiva mais dura.

Porém, há algo que pode mudar o jogo para o lado de Kiev, frisa Yuri Fedorenko. A Rússia também entende que os parceiros da Ucrânia “tomaram uma decisão muito importante”, nomeadamente os Estados Unidos, cujo Congresso aprovou recentemente um pacote de 61 mil milhões de dólares (cerca de 57 mil milhões de euros). “Receberemos em breve as armas que precisamos. Por isso, no próximo mês e meio, o inimigo vai fazer a maior pressão possível”, assinalou o responsável militar.

Na opinião de Nazar Voloshyn, os russos não deverão provavelmente alcançar o objetivo de controlar Chasiv Yar, muito menos tão cedo. Mesmo assim, as batalhas pelo controlo da localidade preveem-se intensas, principalmente nos próximos tempos. A Ucrânia contará, porém, com uma vantagem que pode alterar o jogo: equipamentos de guerra norte-americanos. Até que cheguem ao terreno, os ucranianos vão são ser obrigados a aguentar e suster a ofensiva russa.

 
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