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Através de intermediários, Telavive até avisou Teerão de antemão dos ataques

AFP via Getty Images

Através de intermediários, Telavive até avisou Teerão de antemão dos ataques

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Com "um ataque limitado", Israel acerta contas com o Irão e evita escalada. Resposta iraniana é incógnita

Irão promete que "responderá" a ataques de Israel, mas especialistas notam que Telavive quis evitar uma escalada e que retaliação será limitada. Biden modera Netanyahu e evita dor de cabeça a Kamala.

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Foi um “ataque preciso”, comedido e sem atingir as instalações nucleares iranianas. Em contacto permanente com os Estados Unidos da América (EUA), Israel retaliou contra os disparos de rockets e mísseis iranianos a 1 de outubro. O Irão prometeu que responderá, mas não estará a dar grande importância à vingança israelita. “Israel está a tentar empolar o seu ataque fraco“, atirou fonte da Guarda Revolucionária Iraniana à agência Tasmin.

Inimigos desde 1979, data da revolução iraniana, este ataque abre uma nova fase do conflito entre o Irão e Israel — é a primeira vez que Telavive lança um ataque aéreo direto que atinge o território do seu rival geopolítico. “Este é o início de uma nova fase, uma fase perigosa”, admite, ao New York Times, Yoel Guzansky, analista do think tank israelita Institute for National Security Studies. Porém, o especialista ressalva que a “música que ouve do Irão está basicamente a indicar que isto ‘não foi nada'”. Segundo o The Guardian, o ataque israelita deste sábado até está a ser ridicularizado pelos iranianos.

“É possível que os dois lados encerrem esta ronda [de ataques] e que não vejamos uma retaliação iraniana — ou se sim, será limitada”, conjetura ainda Yoel Guzansky. Assim sendo, parece que Israel fez tudo para não irritar o rival e dar-lhe a sensação de que ficou por cima. Como noticia o jornal Axios, através de intermediários, Telavive até avisou Teerão de antemão dos ataques, que atingiram numa primeira fase os sistemas de defesa aéreos e, numa segunda e terceira ronda, os locais em que o Irão fabrica e desenvolve drones e armas.

O que se sabe sobre o ataque israelita ao Irão, na madrugada deste sábado

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Um desses intermediários foram os Países Baixos. Horas antes do ataque “tardio” — como reconheceram as Forças de Defesa de Israel (IDF, sigla em inglês) —, o ministro dos Negócios Estrangeiros neerlandês escreveu na sua conta pessoal do X (antigo Twitter) que falou com o seu homólogo iraniano “sobre a guerra e sobre as tensões na região”. “Pedi-lhe restrição. Todas as partes devem trabalhar em conjunto para prevenir uma escalada”, sublinhou Caspar Veldkamp, numa publicação às 17h16.

Irão diz que tem o “direito” de responder. Mas retaliação pode aumentar a tensão

Israel acertou contas com o Irão e dará por encerrada a sua retaliação. Por sua vez, ainda que esteja a desvalorizar o “ataque fraco” que causou duas vítimas mortais, o regime iraniano já assinalou, num comunicado, que “tem o direito” de reagir e “tem a obrigação” de se defender: “O Irão sublinha que irá utilizar todas as capacidades do povo iraniano para salvaguardar a sua segurança e os seus interesses fundamentais”. “Não há dúvidas” de que Teerão vai responder de forma “apropriada, dura, proporcional e bem calculada”, destacou ainda uma fonte iraniana à agência Tasmin.

Mas o Irão também expressou, no comunicado emitido este sábado, que reafirma as “suas responsabilidades em relação à paz e à segurança da região”. Ou seja, Teerão promete que vai responder aos ataques de Telavive, mas deixa no ar que serão limitados e que nunca levarão a um conflito regional. Como escreve a Sky News, esta pode ser uma “oportunidade para uma ‘descalada’ nesta guerra de mísseis que pode conduzir a região a um conflito militar total”.

A responsabilidade está agora nas mãos do Irão. Já Israel respondeu ao “regime do Irão e aos seus representantes” que têm “atacado” o país “implacavelmente”: “Como qualquer outro país soberano no mundo, o Estado israelita tem o direito e o dever de responder”, afirmou, num vídeo, o porta-voz das IDF, Daniel Hagari, acrescentando, horas depois, que foram atacados “alvos militares” e que a “missão tinha sido concluída com sucesso”.

No entanto, Daniel Hagari deixou um aviso às autoridades iranianas em caso de retaliação iraniana: “Se o regime do Irão cometer o erro de começar uma nova ronda de escalada, seremos obrigados a responder. Aqueles que ameacem o Estado de Israel e procurem uma escalada regional, vão pagar um preço elevado”. E o porta-voz das IDF ameaçava que Telavive tem “capacidades e vontade” para “agir de forma decisiva”: “Estamos preparados em termos ofensivos e defensivos”. 

Os aliados de Telavive também têm apostado na mesma mensagem de Israel: o Irão deve evitar uma escalada. Através do porta-voz do Conselho de Segurança Nacional Sean Savett, os Estados Unidos pedem o “fim deste ciclo” de ataques sem haver uma “escalada”. “A resposta foi um exercício de autodefesa e evitou especificamente áreas populosas e foi focada apenas em alvos militares”, argumentou o responsável norte-americano, destacando que Washington “tem o objetivo de acelerar a diplomacia e desescalar as tensões no Médio Oriente”.

No mesmo sentido, o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, defendeu que Israel tinha o “direito de se defender contra a agressão iraniana” e pediu ao Irão para “não retaliar“, pedindo “restrição” a todas as partes em conflito. “Vamos continuar a trabalhar com os aliados para desescalar a situação em toda a região”, assinalou.

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Céus de Teerão este sábado de madrugada

AFP via Getty Images

Uma retaliação mal medida do Irão pode levar a uma resposta de Israel — mas desta vez mais severa e com implicações para todo o Médio Oriente. Após uma noite “histórica”, Danny Citrinowicz, membro do think tank e especialista do Atlantic Council, frisa que o mundo está “mais próximo do que nunca de uma guerra entre Israel e o Irão que pode causar uma guerra regional”.

Danny Citrinowicz nota que a “barreira de medo” que os israelitas sentiam ao atacar o Irão colapsou esta madrugada. A dissuasão pode ter terminado, ainda que, pelas declarações públicas dos dirigentes israelitas, não haja intenção de escalar. Porém, prossegue o especialista, a “intensidade e a letalidade da resposta iraniana” à ofensiva deste sábado de Telavive “vai clarificar se a barreira de Teerão começar uma guerra total também não se quebrou” ou se o “Irão vai responder de uma maneira em que executa a sua retaliação mas sem levar a um conflito maior”.

Há várias formas de o Irão executar a sua retaliação sem começar uma guerra. Por exemplo, Robert Clark, analista militar do Yorktown Institute, refere à Sky News que a resposta de Teerão pode surgir através das suas milícias em redor de Israel. “Acredito que quase certamente haverá uma resposta iraniana, mas talvez através dos seus proxies” — como o Hamas em Gaza, o Hezbollah do Líbano ou os Houthis do Iémen. O mesmo especialista considera muito improvável um cenário em que as autoridades iranianas enviem “mísseis balísticos e de cruzeiro” para Telavive ou Jerusalém, como aconteceu a 1 de outubro.

epa11683860 A general view of the capital city of Tehran, Iran, early 26 October 2024. Israel Defense Forces (IDF) spokesman Daniel Hagari stated on 25 October that the 'Israel Defense Forces is conducting precise strikes on military targets in Iran'.  EPA/ABEDIN TAHERKENAREH

Céus iranianos esta noite

ABEDIN TAHERKENAREH/EPA

Biden controla danos de um grande ataque israelita e de uma nova guerra antes das eleições

Israel manteve o suspense durante semanas e demorou para reagir contra o Irão. Durante este tempo, havia uma certeza: o ataque seria antes do dia 5 de novembro, data das eleições presidenciais norte-americanas. Os EUA continuam a ser o maior aliado de Telavive, sendo que a vitória do candidato Donald Trump deverá significar uma viragem na gestão da política externa dos Estados Unidos — e a relação entre o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e o republicano nunca foi propriamente fácil, apesar da defesa do ex-Presidente à causa israelita.

Ao mesmo tempo, o atual Presidente, Joe Biden, quis evitar um cenário de guerra total no Médio Oriente, que poderia prejudicar a campanha da sua vice-presidente, a democrata Kamala Harris. A Casa Branca esteve, assim, em permanente contacto com o executivo israelita, se bem que tenha realçado que não participou no ataque deste sábado de madrugada.

Segundo contou um dirigente norte-americano à CNN internacional, Joe Biden “encorajou” Benjamin Netanyahu a “desenhar” uma retaliação que “prevenisse ataques futuros contra Israel”. Além disso, após o ataque iraniano de 1 de outubro, a Casa Branca deu luz verde ao envio de sofisticado sistema de defesa aéreo THAAD para Israel, de forma a salvaguardar os céus israelitas e a servir como importante fator de dissuasão a Teerão.

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Joe Biden conseguiu moderar Benjamin Netanyahu e evita dor de cabeça à candidata à presidência, Kamala Harris

AFP via Getty Images

Na opinião de Ellie Geranmayeh, especialista em política iraniana no think tank European Council on Foreign Relations, haverá uma “sensação de alívio no Irão” e no Médio Oriente, já que os EUA conseguiram “moderar Benjamin Netanyahu” de uma vingança mais cruel contra o Irão. “Mas o medo é que esta moderação seja temporária e apenas se mantenha até as eleições dos Estados Unidos”, avisa a mesma analista ao New York Times.

Apesar de todas as ameaças iranianas de retaliação, a situação agora é menos tensa no Médio Oriente. Israel obteve a sua vingança, que não causou grande impacto no regime iraniano. Mas um erro de cálculo na resposta iraniana pode levar Israel a reagir com mais força, principalmente se ocorrer depois das eleições norte-americanas.

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