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Dá Licença

Outeiro das Freiras, Santo Estevão, Estremoz. 962 950 540. Quarto duplo a partir de 300€.

Plantado no alto de um monte, virado para a Serra d’Ossa, Evoramonte e Estremoz, e inserido numa reserva ecológica nacional, o Dá Licença nasce da estrutura original das casas onde, em tempos, viveram as freiras do Convento das Maltesas. Mas o que daqui resultou é, sobretudo, o reflexo da história de vida dos seus proprietários: Frank Laigneau e Vítor Borges.

O parisiense Frank esteve à frente de uma galeria durante mais de 20 anos, dedicado a dois nichos artísticos: “Jugendstil”, variante nórdica da Arte Nova francesa, e design Antroposófico, do austríaco Rudolf Steiner. Já o português Vítor começou a trabalhar em psiquiatria e estudou Belas-Artes em Lisboa antes de se dedicar ao universo da moda e a marcas de luxo como Louis Vuitton, Chanel, Armani, Prada ou Hermès.

Perante estes currículos, não poderia faltar bom gosto na decoração. E não falta. Tanto as áreas para descansar como as destinadas a serem partilhadas estão decoradas com peças que vieram da galeria de Frank e da sua coleção privada. São objetos pensados por artistas e trabalhados por artesãos, que partilham importância com um dos mais nobres materiais alentejanos, o mármore. Seja ele de Estremoz ou de Vila Viçosa, está presente em bancadas, lavatórios, banheiras, puxadores e até em mesas de apoio, espalhadas pelas cinco suítes e três quartos, todos com valências diferentes: pátios e jardins privados, terraços e piscinas.

Frank e Vítor compraram o terreno em 2012, mudaram-se em 2016, mas abriram portas apenas em março de 2018. Demoraram-se de propósito porque queriam escolher todos os objetos em função da experiência a proporcionar. Um cuidado que se estendeu ao exterior, em particular na piscina circular recortada na pedra e inserida num jardim de inspiração japonesa e ambiente lunar. Resultou: apetece ficar lá para sempre. Dão licença?

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Cucumbi

Herdade Serra dos Mendes, Barrancão, Alcácer do Sal. 968 610 688. Quarto duplo a partir de 130€.

O nome veio de Angola para morar numa herdade alentejana, e de certa forma as duas geografias estão ligadas aos proprietários. Tozé nasceu no país africano, Catarina é filha do anterior dono da propriedade em Barrancão, entre Alcácer do Sal e Montemor-o-Novo, conhecida como Herdade dos Cravos Vermelhos e que em tempos funcionou como unidade coletiva de produção. Nos últimos anos, o casal cansou-se da vida na cidade, pôs a casa de Lisboa à venda, comprou o terreno e acaba de se mudar para o campo. A mudança vem acompanhada de um projeto quase tão grande como os 110 hectares: ter uma unidade de turismo rural, uma grande produção de ovos biológicos, legumes para abastecer um pequeno restaurante, uma oficina de cerâmica com workshops, uma loja com produtos selecionados, sabonetes artesanais e até uma queijaria com queijos das ovelhas que andam soltas pela propriedade.

A parte do hotel abriu no verão e ocupa as antigas casinhas dos trabalhadores com quatro quartos de casal e três apartamentos (T1 e T2) equipados com cozinha e salamandra. O ambiente de casa de campo respira-se em cada um deles, e toda a decoração – a cargo de Sofia Albuquerque, do Sal Atelier – privilegia os materiais naturais e transmite uma simplicidade cuidada, muito slow living. Uma das peças de assinatura é o candeeiro por cima da mesa da cozinha da casa principal, onde são servidos os pequenos-almoços: está preso num ramo seco tão grande que parece uma árvore inteira e marca o tom de uma divisão toda ela especial. Nessa zona social, feita em open space, há ainda vários recantos para ler um dos livros da Gestalten espalhados pelo espaço ou até dar uns toques no piano, e ainda um alpendre com toldos de palhinha junto à piscina. Quando toda a herdade estiver a funcionar, a ideia é que os hóspedes que estiverem nos apartamentos possam ir de bicicleta servir-se na horta. Cuidado com o cão. Neste caso, com a chihuahua Ginja, por ser tão pequenina.

Villa Extramuros

Estrada das Hortas, Arraiolos. 266 429 506. Quarto duplo a partir de 140€

Ao contrário do que se costuma dizer, François Savatier e Jean-Christophe Lalanne não querem que os hóspedes se sintam em casa. “A ideia é saírem da rotina e terem uma experiência diferente do dia a dia habitual”, defende o casal que trocou Paris por Arraiolos há cerca de dez anos para abrir a villa-hotel Extramuros. Neste caso, a experiência inclui dormir numa casa de arquitetura contemporânea, com um grande pátio central onde são servidos os pequenos-almoços e linhas geométricas que se estendem aos terraços panorâmicos dos cinco quartos.

“A paisagem chama esta arquitetura, o contraste é bonito”, dizem os proprietários, que fazem questão de misturar tradição e modernidade, e de ter algum artesanato local ao lado das muitas peças de designers como Marc Newson e Philippe Starck. “A última coisa que queríamos fazer era um showroom de design. Esta é a nossa casa, com as nossas coisas, as nossas obras de arte, as peças que trouxemos de viagens ou que comprámos aqui.” No conjunto, não é difícil cada hóspede sentir-se dentro dos livros e revistas de decoração que estão espalhados um pouco por todo o lado.

A casa foi construída entre 2008 e 2011, num vale a 20 minutos a pé de Arraiolos, pelo atelier lisboeta Voar Arquitectura, de Jordi Fornelles. Há dois anos, o mesmo arquiteto desenhou as duas cabanas erguidas no olival da propriedade. Vistas de fora, são cubos revestidos a cortiça com um inesperado néon em forma de retângulo. Por dentro, e sobretudo na cabana vermelha, é como se de repente tivéssemos entrado na casa de férias de Charles e Ray Eames: com decoração dos anos 60 e até uma cozinha escondida num roupeiro onde o padrão ondulado, muito sixties, foi feito com mosaico de Estremoz.

Casas Caiadas

Moinho do Barroco, Sabugueiro. 962 616 474. Quarto duplo a partir de 120€, propriedade completa a partir de 380€

Mário Domingues e Paula Cabrito queriam recuperar uma ruína no Alentejo para ir ao fim de semana e saíram-lhes três. Hoje, essas ruínas são as Casas Caiadas, um dos seis melhores retiros do mundo, segundo o Sunday Times Travel e “Most Tasteful Renovation” para a revista Monocle.

As três casas têm características diferentes, mas todas foram alvo do projeto de requalificação do arquiteto Luís Pereira Miguel, com uma coisa em mente: manter a traça alentejana original. Isso explica o teto com barrotes de madeira à vista, a telha antiga e sobretudo a pedra que espreita um pouco por todo o lado, estrategicamente alternada com a cal.

A casa social onde fica a sala de estar, a cozinha e o forno a lenha – e único sítio onde há internet – era um antigo moinho de água, um dos maiores da região. O arquiteto inspirou-se na forma em arco dos canais por onde passava a ribeira vizinha, ainda visíveis, para desenhar a piscina. Toda branca e arredondada, parece azul por causa do reflexo do céu. Sobram duas casas: uma com três quartos e outra toda em pedra, onde antigamente se guardava a palha e que agora dá para um casal. Em todas, a decoração cruza mobiliário antigo restaurado e peças de design, como os pufes do designer João Bruno, que parecem novelos e são feitos com lã de Arraiolos, ou os candeeiros em cortiça da Simple Forms. Neste quadro minimal e ao mesmo tempo acolhedor, que pode ser arrendado em exclusivo por um máximo de 10 pessoas, há ainda galhos a fazerem de cabides, arranjos de flores secas e até o corno de um veado encontrado por Fanica, o rafeiro alentejano do casal. Televisão e rede de telemóvel nem vê-las, o que explica que 80% dos hóspedes sejam estrangeiros à procura de um refúgio tranquilo. E de autenticidade.

Casa Azimute

Estrada Folgada, Caixa Postal 1517, Estremoz. 968 396 999. Quarto duplo a partir de 100€.

E que tal pagar um quarto para passar uma noite ao relento? A proposta pode soar estranha, mas acontece com alguma frequência nesta Casa Azimute. Durante as noites mais quentes, os pátios e terraços privativos de cada um dos seis quartos e suítes transformam-se – se os hóspedes assim o desejarem – em aposentos improvisados no exterior. E não é por falta de ar condicionado, nem de quaisquer outras condições dentro de portas: é mesmo pela temperatura convidativa e pelo céu estrelado, em que as constelações se desenham com uma nitidez invulgar.

O azimute que dá nome ao projeto do casal belga Danny Puype e Andy Didden é o ponto no horizonte mais distinguível à distância: o castelo da cidade branca do Alentejo, Estremoz. Fica a apenas dez minutos de uma viagem que é, apesar de tudo, opcional: quem quiser explorar os 28 hectares de terreno do antigo Monte dos Santos, de portas abertas desde julho de 2017, tem muito por onde se entreter, do refresco na piscina aos passeios de bicicleta pelos trilhos ladeados por sobreiros e azinheiras. Um monte de coisas bonitas.

L’and Vineyards

Herdade das Valadas, Montemor-O-Novo. 266 242 400. Suíte a partir de 297€.

Há oito anos, foram dos primeiros a levar a arquitetura moderna para o Alentejo. E levaram-na em grande, com um projeto contemporâneo da Promontório inspirado nas casas romanas e árabes com pátios e um hotel que desde logo foi falado pelas suas sky suites, onde as enormes claraboias colocadas estrategicamente por cima das camas permitem adormecer sob o famoso céu estrelado da região. A decoração de interiores também tem dedo de arquiteto e foi feita pelo brasileiro Márcio Kogan, recorrendo a várias obras de arte. Já nos exteriores, ninguém passa frio nem calor graças à lareira ao ar livre e ao chuveiro colocados no terraço de cada uma das 22 suítes.

Como o nome indica, estas são terras de vinhas, e há vários programas de enoturismo integrados na estadia, desde provas comentadas a passeios, passando por cursos realizados na própria adega do hotel e massagens no L’and Spa by Caudalie, onde um dos tratamentos exclusivos envolve uma esfoliação com grainhas de uva.

No restaurante, até há pouco tempo conduzido por Miguel Laffan, é agora o chef José Tapadejo o responsável por reinterpretar a cozinha alentejana com especiarias do Oriente, técnicas em voga como a fermentação e até um toque escandinavo.

Casa no Tempo

Herdade do Carvalho, Sabugueiro, Arraiolos. 964 362 816. Quarto duplo a partir de 350€ (mínimo três noites), casa completa por 700€/noite.

Na categoria capa de revista, as casas de João Rodrigues levam a estatueta do Alentejo inteiro. São três na região e todas começaram como destinos de férias da família: as Casas na Areia e as Cabanas no Rio, na Comporta, e esta Casa no Tempo, entre Arraiolos e Montemor-o-Novo. À sua maneira, todas partilham a simplicidade e a ausência de coisas supérfluas, com uma arquitetura integrada na natureza, pensada para desligar, e o grande lema de “ter menos para viver mais”. Se no caso das Casas na Areia os gestos se invertem e é preciso sacudir os pés para sair do quarto, porque o chão é de facto de areia, na Casa no Tempo é possível passear descalço pela tijoleira aquecida no inverno. Respeitar a tradição e a zona onde os edifícios se encontram é outra espécie de lema da empresa Silent Living – que para além destes destinos tem ainda o exclusivo Santa Clara 1728, em Lisboa – e João Rodrigues tem mesmo a regra de não usar materiais que estejam a mais de 30 minutos de distância. No caso da Comporta, reinam o colmo, o caniço e a madeira; no interior do Alentejo são as paredes caiadas e as telhas envelhecidas que se destacam na paisagem de sobreiros. Manuel Aires Mateus tem sido sempre o arquiteto responsável pela recuperação dos edifícios, e em Montemor desenhou não só a lareira mas também a piscina que remete para uma praia no meio do campo. Nesta casa, com capacidade para oito adultos, há quatro suítes espaçosas e quatro bicicletas para passear pela herdade que em tempos pertenceu ao bisavô de João, piloto na TAP.

Com todo o vagar do mundo, há 400 hectares para descobrir, uma imensidão onde começam agora a desenhar-se novos projetos para abrir dentro de dois anos: a Horta no Tempo, um conjunto de seis suítes com sala de provas para degustar e adquirir os produtos da herdade, e ainda uma cabana junto a uma das barragens, “para regressar ao essencial”.

São Lourenço do Barrocal

São Lourenço do Barrocal, Monsaraz. 266 247 140. Quarto duplo a partir de 196€.

Foi uma das herdades mais importantes do Alentejo e em 2016 abriu com um dos maiores projetos da região: um hotel de cinco estrelas incluído na lista dos Small Luxury Hotels of the World, com produção biológica de carne, legumes, vinho, azeite, ervas aromáticas e compotas.

Na verdade, São Lourenço do Barrocal nunca foi só uma herdade. Com capela própria, padaria, cavalariças, carpintaria e escola, o monte alentejano era uma autêntica aldeia onde viviam mais de 50 famílias. Tal como hoje em dia também não é apenas um hotel: pela mão de José António Uva, oitava geração da família proprietária, toda a herdade foi repensada numa lógica de respeito e de partilha, o que começou desde logo na recuperação assinada pelo arquiteto Eduardo Souto de Moura, que lhe valeu o Leão de Ouro da Bienal de Veneza em 2018, e culminou na marca própria à venda na loja.

A um ano de se celebrarem os dois séculos da herdade, os camponeses podem ter sido substituídos por funcionários de camisa branca e um dos celeiros pode ter sido transformado em restaurante – um dos dois a cargo do chef José Júlio Vintém –, mas a rua do Monte continua com edifícios de um lado e doutro, arcadas brancas onde pousam andorinhas à procura de sombra e portas numeradas, que marcam não as casas dos trabalhadores, como antigamente, mas os quartos do hotel. Ao contrário da ideia de um interior sem vida, há um sem-fim de atividades disponíveis sem sequer sair da propriedade, dos passeios nas bicicletas Órbita em que é possível admirar o menir mais alto do país e as vinhas com vista para o castelo de Monsaraz, às visitas guiadas para descobrir a botânica ou a arqueologia da herdade. Não é tudo. Ao longo de 780 hectares, há ainda ateliers para crianças – que têm também uma sala de brinquedos e uma piscina própria –, passeios a cavalo, aulas de pilates ao ar livre, piqueniques na margem
do lago, provas de vinho e tratamentos no spa Susanne Kaufmann com produtos da marca austríaca ou da própria horta biológica. Cinco estrelas que à noite se multiplicam nas sessões astronómicas privadas organizadas com o Dark Sky Alqueva.

Sublime Comporta

EN 261 – 1, Muda, Grândola. 269 449 376. Quarto duplo a partir de 225€

O portão abre muito devagar, quase em câmara lenta, num gesto dramático que de certa forma anuncia a chegada a um outro lugar. Lá dentro espera um mundo luxuoso onde até as plantas – mérito do arquiteto paisagista – estão no sítio. No Sublime, cada detalhe conta e é pensado para viver a natureza com conforto, das bicicletas de passeio da marca holandesa Johnny Loco ao jardim orgânico de onde tanto são retirados os legumes para os restaurantes – três ao todo – como as ervas relaxantes para o spa.

No início era só uma casa de campo construída pelos proprietários (o piloto Gonçalo Pessoa e a mulher Patrícia Trigo), até aparecerem as villas inspiradas nas cabanas de pescadores da Comporta, com piscina privativa e que dão para famílias de todos os tamanhos. Este verão chegou mais uma novidade: as chamadas Bio-Pool Suites, uma homenagem ao vizinho Cais Palafítico da Carrasqueira, em que nove quartos foram construídos sobre uma enorme piscina biológica – limpa pelas próprias plantas aquáticas e sem recurso a químicos –, com direito a um terraço sobre a água de onde é possível mergulhar.

Torre de Palma Wine Hotel

Herdade De Torre de Palma, Monforte. 245 038 890. Quarto a partir de 145€.

Já ouvimos esta história antes: Ana Isabel e Paulo Rebelo andavam à procura de uma casa de férias no Norte do Alentejo. Daí até ficarem com uma herdade com 15 hectares foi um pulinho. Um pulinho à torre central da propriedade, cuja vista desafogada apaixonou este casal de Coimbra, ligado ao setor farmacêutico – ele presidente da Bluepharma, ela proprietária de uma farmácia.

Foi a vista, podia ter sido a história. A Herdade de Torre de Palma é uma das mais antigas da região: dos Romanos a membros da Casa Real Portuguesa, passando por uma ocupação dos trabalhadores pós-25 de Abril, não falta quem tenha andado por ali a cultivar terrenos e a criar animais. O hotel, inaugurado em 2014, não matou essa tradição. Terrenos e animais continuam a fazer parte do dia a dia da Torre de Palma. Em redor do complexo existem vinhas, olivais, hortas biológicas e um centro equestre onde se faz criação de cavalos lusitanos, raça que, alegadamente, terá nascido nesta região.

O projeto do arquiteto João Mendes Ribeiro transformou o que havia de estruturas físicas – a casa do proprietário, as dos trabalhadores e armazéns – num complexo com 19 quartos e suítes, salas comuns, piscina interior e um restaurante (Basilii) que exibe os melhores produtos alentejanos num contexto de cozinha contemporânea, com aspiração a estrela Michelin, pela mão do chef Filipe Ramalho. A adega, inaugurada em 2017, foi feita de raiz. E os vinhos que ali abriga já começam a tornar-se referência. Brinde-se a isso.

Craveiral

Estrada Municipal 501, São Teotónio. 919 300 317 Quarto duplo a partir de 140€.

O carregador de carros elétricos da Tesla lança o mote: no Craveiral, a ideia é respeitar a natureza e viver de forma simples, com o conforto da vida moderna. Localizada em São Teotónio, na costa alentejana, a quinta abriu as portas no verão passado e nasceu da visão do advogado Pedro Franca Pinto, que enquanto assessor jurídico no setor hoteleiro viu muitos exemplos do que não queria fazer. Curiosamente, o carregador da Tesla é dos poucos vestígios tecnológicos à vista. Dentro das 38 casas, equipadas com cozinha e decoradas com peças de design das marcas portuguesas DAM e WeWood, as televisões foram estrategicamente escondidas atrás de uma manta alentejana e é a salamandra que ganha protagonismo.

Ao ar livre, há nove hectares para descobrir, com passadiços de madeira a ligarem os vários edifícios – cada um com os seus alpendres –, duas piscinas, bicicletas para crianças e adultos, uma horta que abastece o restaurante (e as pizas feitas no enorme forno de lenha), e acima de tudo uma fauna simpática que leva o conceito de quinta a peito e que inclui uma família de burros, um casal de porcos, uma cabra e seu filhote, um galinheiro com galinhas e patos, cavalos e ainda gatos e cães a lembrar que o espaço é pet friendly. Tudo isto a 15 minutos da Zambujeira do Mar, 25 se for por estradas de terra batida, nos jipes que também podem ser alugados pelos hóspedes.

Monte do Freixo Poente

Monte Do Freixo Poente, Montemor-o-Novo. 226 242 400. Casa a partir de 345€/noite. Serviço de chef privado: 65€/pessoa com vinhos.

São seis e meia da manhã e alguém bate à janela do quarto. Leve, levemente. Será um sonho? Será room service? Um sonho não é certamente e o room service não bate assim. São bicadas de um pássaro: um inesperado e pontual despertador, que surge no exato momento em que o sol nasce sobre a vasta propriedade do Monte do Freixo Poente. O fenómeno não terá sido combinado entre o pássaro e os responsáveis do alojamento – se tivesse acontecido ao pôr do sol, dir-se-ia que fora um ocaso – mas resultou na perfeição. E em bonitas fotografias.

Aliás, todo o monte, recuperado por José Cunhal Sendim, dono do vizinho L’And, é fotogénico. Por dentro e por fora. As três casas que existiam na herdade foram transformadas numa só, que se arrenda na totalidade (com capacidade para sete pessoas) e que, na construção e decoração, dá primazia a elementos típicos da região: mantas de Monsaraz, tapetes inspirados nas capas dos pastores, bonecas de Estremoz e pavimento em ladrilho de barro de São Pedro do Corval. Divide-se em três suítes, uma enorme sala de estar com direito a lareira suspensa e rotativa e uma kitchenette equipada. São seis e meia da tarde e alguém bate à porta da sala. Desta vez não é um pássaro. É um chef, enviado pelo L’And, que vai começar a preparar o jantar. A vida é boa neste Alentejo.

Monte da Azarujinha

Estrada Nacional 254 – 1, São Miguel de Machede, Azaruja. 969 021 039. Quarto duplo a partir de 75€.

É a típica herdade alentejana, sem ser. Cento e quarenta hectares de planície onde é possível dar um mergulho na piscina desenhada por arquitetos, e de repente, ver ao longe vacas castanhas a pastar. Almerinda Batista Duarte, agora reformada, herdou a propriedade do pai depois de algumas décadas atribuladas, das campanhas de trigo lançadas por Salazar para fazer do Alentejo o celeiro de Portugal, à ocupação durante o PREC. Resultado: em 2014, quando surgiu a ideia de fazer uma unidade de turismo rural a partir do edifício agrícola, havia muito que recuperar.

O projeto de arquitetura foi entregue a Ricardo e Maria Ana Aboim Inglez com a premissa de manter tudo o que havia, o que explica a antiga manjedoura numa das salas, as bacias de barro onde antigamente se amassava o pão integradas na cozinha e a enorme chaminé onde cabem duas cadeiras alentejanas e onde, durante os meses de inverno, se acende a lareira. Ao respeito pela casa centenária, o casal de arquitetos trouxe linhas geométricas e minimais, e trouxe sobretudo luz, com janelões de correr, tetos altos em madeira que foram pintados de branco e um novo edifício retangular onde ficam os cinco quartos. Menos contemporânea, a decoração é feita com objetos e fotografias da família, ou não fosse esta também a sua casa de férias.

Sobreiras

Herdade do Vale das Sobreiras, Mosqueirões, Grândola. 269 109 930. Quarto duplo a partir de 95€.

Foram os sobreiros velhos que ditaram onde o hotel foi implantado, por isso fazia sentido que estivessem no nome. No Sobreiras, tudo foi feito para contornar as árvores existentes, o que explica porque é que os quartos estão espalhados por vários módulos, ou porque é que há troncos a servir de mesas de cabeceira – foram os poucos cortados durante a construção. Para o projeto, inaugurado em 2015, deu jeito a propriedade ser de um casal de arquitetos, Elsa Soares
da Cunha e Miguel Correia, que pensaram tudo de raiz (para não arrancar raízes) e quiseram apostar num espaço simples onde os hóspedes pudessem desfrutar do campo. Devido à estrutura triangular, cada um dos 24 quartos assemelha-se antes de mais a uma casinha, com uma estrutura de postes em madeira que se tornou imagem de marca e que permite que cada varanda consiga ser aberta e ao mesmo tempo resguardada.

Para tirar partido deste Alentejo ondulado, a 10 minutos de Grândola e com vista para a serra, há percursos a pé pela herdade de 25 hectares, bicicletas, uma piscina infinita que aproveita a encosta, campo de ténis e parque infantil para as crianças. Os cães também são bem-vindos, e em breve o casal de arquitetos irá juntar à oferta 10 villas T3 com cozinha e piscina individual, numa zona mais privada da herdade.

Artigo publicado originalmente na revista Observador Lifestyle nº4 – especial viagens (junho de 2019).