A resposta é óbvia: os portugueses estão a passar muito mais tempo em casa — e menos no trabalho, no supermercado, em restaurantes, na farmácia, em parques, na praia ou até no trânsito. E como é que a Google sabe isto? Através de dados de localização.
A empresa tecnológica analisou os novos hábitos de mobilidade em 131 países, entre eles Portugal, a partir dos dados de utilizadores que usam um smartphone e que têm as definições de localização ativadas. Os resultados mostram um cenário completamente diferente às tendências de movimentos antes da pandemia do novo coronavírus. Em Portugal, por exemplo, as idas a restaurantes, cafés, centros comerciais, parques temáticos, museus, bibliotecas e cinemas foram as que sofreram uma maior queda: há menos 78% de movimentos registados nestes espaços. Também a mobilidade em transportes públicos diminuiu 77%. Há ainda dois indicadores que refletem claramente o estado do país: há menos 58% de idas ao trabalho e mais 26% de movimentos registados em casa.
A Google já tinha divulgado um primeiro relatório sobre Portugal — numa plataforma que criou para o efeito e na qual estão também informações de outros países — com dados recolhidos entre 26 de fevereiro e 29 de março e que já mostravam uma clara queda no movimento no país. Agora, o relatório mais atualizado vai até 11 de abril e, a partir dele, já é possível perceber que os portugueses estão ainda mais em casa e menos no trabalho. Em contrapartida, já se nota uma maior tendência de idas a supermercados, farmácias, transportes públicos — números que, ainda assim, são muito diferentes dos registados antes da pandemia.
Plataforma da Apple: Portugal foi o décimo país que mais diminuiu deslocações com a pandemia
À semelhança da Google, também a Apple fez uma análise mundial às deslocações dos clientes dos iPhones: Portugal foi dos países que, em média, mais reduziram a deslocações desde 13 de janeiro. Está em décimo lugar, atrás de países como Espanha, Itália e França.
A Google disponibiliza dados de movimentos em seis situações em cada um dos 18 distritos do continente, dos Açores e da Madeira. Pode consultá-los aqui.
Aveiro
É nos transportes públicos que o distrito de Aveiro regista uma maior quebra de movimentos: a população anda menos de autocarro e de comboio em 80% face ao período antes da pandemia.
Açores
Os Açores representam a zona do país onde mais se deixou de andar de transportes públicos, com uma queda de 85% — o mesmo valor registado em Évora.
Beja
Tal como Portalegre, não há dados suficientes relativamente a movimentos em transportes públicos, no distrito de Beja. Mas esta foi a zona do país onde as pessoas mais se deslocaram ao trabalho — apesar de uma queda de 45%.
Braga
É o distrito onde se registou uma diminuição de 35% de idas a supermercados e farmácias — ainda assim este é o valor mais baixo do país.
Bragança
A população de Bragança é a que menos ficou em casa, quando comparada com a dos restantes distritos — apesar de, ainda assim, se ter registado um aumento de 18% dos movimentações em casa.
Castelo Branco
Tal como os Açores, Braga e Viseu, Castelo Branco registou uma diminuição de 76% de idas a restaurantes, cafés, centros comerciais, parques temáticos, museus, bibliotecas e cinemas. Ainda assim, é a quebra mais baixa registada no país.
Coimbra
É o distrito do país onde as pessoas mais deixaram de ir a parques: foi registada uma diminuição de 83% de deslocações a estes espaços.
Évora
Tal como Vila Real, Évora é o distrito onde as pessoas mais ficaram em casa durante a pandemia: um aumento de 31% de registos de localizações na residência.
Faro
No distrito mais a sul do país, registou-se uma diminuição de 83% de deslocações em transportes públicos — o mesmo valor registado em Santarém.
Guarda
A população da Guarda tem registado mais 25% de localizações em casa e menos 49% de deslocações ao trabalho.
Leiria
Tal como a Madeira, o distrito de Leiria é uma das zonas do país onde mais se deixou de ir a parques, praias, jardins públicos ou praças.
Lisboa
Depois da Madeira, é Lisboa a ficar em segundo lugar como a zona do país onde a população mais deixou de fazer deslocações ao trabalho.
Madeira
A Madeira foi onde a população mais deixou de ir a zonas de comércio e lazer, a supermercados e à farmácia, mas também onde mais se deixou de fazer deslocações ao trabalho.
Portalegre
Em Portalegre, não há dados suficientes relativamente a movimentos em transportes públicos.
Porto
O Porto registou uma queda de 60% de deslocações ao trabalho e um aumento de 29% de localizações em casa.
Santarém
O número de deslocações para o trabalho caiu 50% no distrito de Santarém. Ali, também há menos 78% movimentos em transportes públicos.
Setúbal
Tal como Coimbra, Setúbal registou uma diminuição de 39% de idas a restaurantes, cafés, centros comerciais, parques temáticos, museus, bibliotecas e cinemas.
Viana do Castelo
O distrito de Viana do Castelo — a par da Madeira — foi onde se registou uma maior quda de movimentações em supermercados e farmácias.
Vila Real
Em Vila Real, registou-se uma queda de 51% de deslocações ao trabalho. Ao mesmo tempo, há mais 31% de localizações registadas em casa.
Viseu
O distrito do país onde as pessoas mais continuaram a andar de transportes públicos foi Viseu. Ainda assim, foi registada uma quebra de 52%.