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Reportagem no centro de atendimento da Linha SNS 24 em Lisboa, 18 de dezembro de 2020. A covid-19 marca um antes e depois na vida da linha SNS24 e dos seus profissionais de saúde, que além da luta para vencer a pandemia tentam também superar o cansaço de nove meses de chamadas sem tréguas. Em 2020, o centro de contacto do SNS foi obrigado a reinventar-se e já superou os 3,67 milhões de chamadas, mais do dobro em relação ao ano passado. (ACOMPANHA TEXTO DE 25/12/2020) JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA
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Perda de gosto e do paladar já não é um sintoma que apareça com tanta frequência com a variante Delta

JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Perda de gosto e do paladar já não é um sintoma que apareça com tanta frequência com a variante Delta

JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Dor de garganta e pingo em vez de tosse e perda do paladar: variante Delta e vacinação mudam sintomas, mas linha SNS24 insiste nos mesmos

No despiste à Covid-19, o SNS24 elenca sintomas como "tosse" e "perda de cheiro". Mas especialistas dizem que variante Delta e vacina mudaram sintomatologia. Despiste torna-se mais difícil.

“Se tem tosse, ou febre, ou perdeu o cheiro, olfato, sabor ou paladar, marque 1”. Esta é a resposta  automática que os utentes ouvem quando ligam para a linha do SNS24 e querem fazer um despiste a um possível quadro de infeção à Covid-19 quando não tiveram um contacto de risco prévio. Os sintomas apresentados integram um guia que as autoridades de saúde utilizam para perceber se alguém apanhou a doença e que também está no site do SNS24. Tudo isto poderá complicar o despiste à doença e tornar mais difícil cortar cadeias de transmissão.

No entanto, os especialistas ouvidos pelo Observador dão conta que a sintomatologia da Covid-19 se alterou parcialmente com a variante Delta — que já apresenta uma prevalência superior a 95% em todas as regiões de Portugal — e que as indicações transmitidas pelo SNS24 estão desatualizados. “Há algumas diferenças”, nota o virologista e diretor do iMED, João Manuel Gonçalves, que salienta que um dos principais sintomas que agora se verificam com mais frequência associados ao SARS-CoV-2 é “o pingo no nariz”. 

Ao Observador o virologista aponta que a “perda de gosto e do paladar” já não é um sintoma que apareça com tanta frequência com a variante Delta, bem como não é tão comum haver “tosse”. Os únicos sintomas que se têm mantido transversais ao longo das diferentes variantes “são as dores de cabeça e a febre”.

Catarina Alves, que trabalha na coordenação da ARS Norte e lida diariamente com utentes, corrobora ao Observador as palavras do virologista. A enfermeira garante que “há um ano havia sintomas diferentes” como “febre, cansaço, diarreia, dores abdominais e alteração do cheiro e do paladar”. Agora, apesar de “as dores de cabeça continuarem no topo das queixas”, a profissional de saúde refere que os sintomas mais frequentes associados à Covid-19 são “dores de garganta, obstrução nasal e pingo no nariz”.

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Questionado sobre a possibilidade de haver alteração nos sintomas ao ligar para o SNS24, a DGS indicou ao Observador “não haver planos para já” de os mudar, recusando adiantar mais pormenores. Questionado pelo Observador, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, que fazem a gestão da linha SNS24, remeteram respostas para a DGS.

Sintomas também são mais ligeiros entre os vacinados

Para além da variante Delta, ainda há mais um problema que, com o avançar da vacinação, se poderá complicar ainda mais: o facto de os inoculados poderem ficar infetados com sintomas mais leves e poder ser mais difícil detetar a infeção.

“Os sintomas que se têm observado e descrito não são tão exacerbados nos vacinados”, diz João Manuel Gonçalves, referindo que a “febre é significativamente mais baixa”, assim como não costuma haver uma evolução da doença para quadros mais críticos. Ainda assim, salienta que o “pingo é transversal” — quer em vacinados, quer naqueles que não tomaram qualquer dose do imunizante.

A vacina serve como um “boost” para proteger contra a doença, explica o virologista, mas alerta para o facto de a imunidade surgir apenas “15 dias após a inoculação”. Até passar esse período de tempo, os sintomas da infeção por Covid-19 são “semelhantes àqueles que se encontram nos não vacinados” e as eventuais complicações decorrentes da doença também são idênticas.

Também Catarina Alves realça que os “vacinados têm sintomas mais ligeiros”, como “dor de garganta”, “pingo” e “episódios esporádicos de febre”. E a enfermeira também indica que o “perfil” dos infetados mudou: “São pessoas mais novas com uma vida social ativa”. Apesar da idade, os membros destas faixas etárias “desenvolvem quadros clínicos mais graves”.

"Os vacinados têm sintomas mais ligeiros, como dor de garganta, pingo e episódios esporádicos de febre".
Catarina Alves

Maria João Amorim, virologista do Instituto Gulbenkian de Ciência, assinalou ao Observador que a “grande maioria das pessoas vacinadas não vão ser infetadas”, mas coincide com a versão da enfermeira e do virologista: os que forem apanharem a doença “desenvolvem sintomas de forma ligeira”, como “febre” ou “dores de garganta”, e não deverão padecer de quadros clínicos mais severos.

“A vacina funciona de duas formas”, afirma a especialista. A primeira passa por proteger contra o desenvolvimento de doenças severas; a segunda consiste em evitar a transmissão da doença e neste aspeto as vacinas não são cem por cento eficazes. “Há pessoas de idade que não têm tanta capacidade de produzir anticorpos e o sistema imune ano está tão equiparado para responder a uma vacina”, explica, havendo por isso a possibilidade de a doença se transmitir entre inoculados.

Sintomas mais ligeiros tornam despiste mais difícil

A mudança da sintomatologia origina que se torne “mais difícil para os enfermeiros na linha SNS24 dissociar sintomas da Covid-19 com outras doenças por serem sintomas compatíveis a alergias”, defende Catarina Alves, que exorta o SNS24 a mudar a sintomatologia apresentada na resposta automática, que agora é mais “abrangente”.

A enfermeira assume que os sintomas apresentados no SNS24 podem revelar-se um “problema” para os utentes e acabar por confundi-los. “Há a tendência de as pessoas desvalorizarem, acharem que são alergias ou uma constipação, ainda para mais apresentando estes sintomas”, afirma. Isso “dificulta a testagem, o diagnóstico e o posterior isolamento” se se confirmar tratar de um caso positivo.

“A situação ainda é mais difícil de gerir porque se torna mais complicado cortar cadeias de transmissão”, assume Catarina Alves, que sublinha que, quanto mais rapidamente se isolar os casos positivos, regista-se uma “menor transmissibilidade”.

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