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Sophia e Einstein chegaram a ser estrelas da Web Summit há alguns anos.
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Sophia e Einstein chegaram a ser estrelas da Web Summit há alguns anos.

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Sophia e Einstein chegaram a ser estrelas da Web Summit há alguns anos.

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

E vão sete. De Sophia ao metaverso, como os temas e oradores da Web Summit mudaram ao sabor das tendências

É a sétima edição da Web Summit em Lisboa. Ao longo dos anos, os temas abordados na conferência tecnológica alteraram-se, com o objetivo de acompanhar as grandes tendências.

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Desde 2016 que o Parque das Nações, em Lisboa, está habitualmente mais movimentado nos primeiros dias de novembro. Esta é a sétima edição da Web Summit em Lisboa, a cimeira dedicada a temas da tecnologia e empreendedorismo, mas que também traz vários oradores do mundo da política, do entretenimento ou do desporto.

Este ano, são esperados 70 mil participantes no evento, longe da ambição de Marcelo Rebelo de Sousa, presença assídua na Web Summit, que tinha esperança de na edição deste ano conseguir juntar 100 mil pessoas.

Alguns temas mantêm-se constantes na programação de cada um dos eventos, principalmente na questão das startups, mas noutras áreas, principalmente no palco principal, há que acompanhar as tendências da atualidade. Se há uns anos o tema forte estava ligado a questões de desinformação e privacidade, em 2022 a atenção vira-se para as criptomoedas, metaverso e para como a guerra está a afetar vários setores.

Paddy Cosgrave. “O meu trabalho é organizar a Web Summit, as instalações são o trabalho de outra pessoa”

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Em 2016, Trump foi o ausente mais presente em Lisboa

No primeiro ano em que a Web Summit assentou arraiais em Lisboa, após os primórdios em Dublin, na Irlanda, os destaques de oradores eram compostos por responsáveis de empresas como o Facebook, Amazon, Cisco ou ainda por Sean Rad, o co-fundador da aplicação de encontros Tinder. Contava-se ainda com a presença de celebridades como o músico Ne-Yo ou o ator Joseph Gordon-Levitt.

O primeiro ano da Web Summit em Lisboa ficou marcado pela coincidência com os resultados das eleições presidenciais norte-americanas, que deram a vitória a Donald Trump, a 9 de novembro de 2016. Devido à forte presença de norte-americanos, tanto entre os oradores como entre os participantes, o desfecho das eleições pairou em muitas das conversas nos pavilhões da FIL e não escapou às intervenções nos palcos.

Nesse ano, muitas das conferências no palco principal foram marcadas pelo fenómeno ‘Presidente Trump’. Conforme relatou o Observador num dos artigos da edição desse ano, num dos momentos da conferência Dave McClure, o líder da incubadora 500 Startups, não poupou nas asneiras, levantou-se e até incentivou a plateia que enchia o palco principal a gritar contra Trump. “Stand the f*ck up“, entoou na altura.

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A atenção à sustentabilidade e os pedidos de mais regulação

No segundo ano do evento em Lisboa ganharam presença os temas ligados à sustentabilidade e também os claros pedidos de regulação nas plataformas tecnológicas. Em 2017, por exemplo, António Guterres, já no cargo de secretário-geral das Nações Unidas, veio apelar à necessidade de ir além do Acordo de Paris, num ano em que também houve Al Gore, antigo vice-presidente dos Estados Unidos no palco da Web Summit, responsável pelo documentário “Uma verdade inconveniente”.

Al Gore na Web Summit, em 2017.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Também foi nesses primeiros anos que se começou a dar atenção aos temas da privacidade e à regulação das grandes tecnológicas, com uma forte presença de Comissários Europeus. Margrethe Vestager, por exemplo, a responsável pela pasta da Concorrência e um nome temido pelas big tech, tornou-se uma presença assídua na conferência.

Atualmente, a presença da Comissão Europeia está bem mais esbatida. Este ano, há apenas um nome da Comissão Europeia na lista de oradores: Fabrizia Benini, um dos nomes na instituição europeia que está ligada a plataformas digitais.

A viragem para os whistleblowers e o foco na desinformação

O terceiro ano da Web Summit em Lisboa, em 2018, trouxe a notícia de que a cimeira ficava em Lisboa por mais dez anos. Também foi o ano da maior polémica com um orador: a política francesa Marine Le Pen. O facto de a política de extrema direita ter sido convidada gerou controvérsia meses antes do evento e o convite acabou por ser retirado.

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Esse foi o ano em que a Web Summit teve um número mais expressivo de conversas e intervenções ligadas às fake news, ainda no rescaldo do escândalo de privacidade Cambridge Analytica, que rebentou meses antes. Começou a discutir-se intensamente como a desinformação nas redes sociais teve um papel em momentos políticos como o brexit, as eleições dos Estados Unidos ou nas presidenciais brasileiras, que deram a vitória a Jair Bolsonaro. Era tempo de discutir como as plataformas sociais podem ter influência na democracia e se ainda é possível conter este fenómeno. “Podemos parar as fake news?” ou “a sua privacidade está comprometida, o que é que ainda pode fazer” tornaram-se títulos familiares.

Foi também aí que a organização da Web Summit começou a apostar em whistleblowers – em português, denunciantes. Paddy Cosgrave trouxe ao palco Christopher Wylie, o ex-diretor de investigação da Cambridge Analytica, que denunciou o escândalo de privacidade onde se descobriu que foram apresentadas informações manipuladas a milhões de utilizadores do Facebook. Curiosamente, um ano antes, tinha sido a vez de Alexander Nix, CEO da agora defunta Cambridge Analytica, estar presente na conferência.

A intervenção de Wylie ficou marcada por recados duros às tecnológicas. “O Facebook recusa-se a assumir responsabilidade. Não há regulação, não há autoridade. Quando vou à polícia, passo o primeiro dia a explicar como é que isto funciona. Não é engraçado que a nossa polícia não saiba lidar com crimes de dados”, disse o denunciante em 2018.

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Este denunciante foi o primeiro de uma lista que continua a aumentar. Em 2019, veio à Web Summit Brittany Kaiser, que trabalhou na Cambridge Analytica e que se tornou na figura principal do documentário “The Great Hack”, sobre como as plataformas digitais estão a manipular a sociedade. Também já Edward Snowden, que revelou em 2013 o esquema de vigilância massiva levado a cabo pela americana NSA, ou Frances Haugen, que no ano passado denunciou o “Facebook Files”, passaram pela Web Summit. Em 2022, é a vez de Mark MacGann, o “whistleblower” da Uber, revelar o que o levou a denunciar a empresa de mobilidade.

Web Summit: Primeiro dia da Web Summit, no MEO Arena, em Lisboa. Intervenção de Frances Haugen, The Facebook Whistleblower. Whistleblower Aid Lisboa, 1 de novembro de 2021. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Frances Haugen na Web Summit de 2021.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

A tendência da robótica e a presença em tempos habitual da Sophia

Nos primeiros anos da Web Summit em Lisboa, havia uma presença que se tornou habitual: a robô humanóide Sophia. Desenvolvida pela Hanson Robotics, tinha direito a destaque no palco principal da Web Summit. Foram pelo menos três anos seguidos de Sophia na Web Summit. Nos primeiros anos, era visível a curiosidade em torno desta robô – que acabou por esbater-se.

Ao longo das edições, foi possível ver alguma evolução nas intervenções de Sophia. Ou estava mais rápida a responder, já tinha cabelo ou até vestimentas novas. Numa das edições, em 2017, Sophia veio com um amigo, o robô Einstein, desenvolvido pela mesma empresa. Escreveu-se muito sobre como a inteligência artificial tinha permitido que Sophia e Einstein tivessem uma conversa em palco. Um ano mais tarde, Sophia apresentava o público da Web Summit o “namorado”, o Han.

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O tema da robótica salta menos à vista atualmente. A única presença de um robô entre os “oradores” deste ano é a de ElliQ The Robot, um equipamento de companhia desenvolvido pela Intuition Robotics. O que é que se passou com a Sophia? Provavelmente ficou na Arábia Saudita, onde já é cidadã desde 2017.

A atenção crescente ao mundo dos influenciadores digitais

Têm direito a um palco próprio na Web Summit deste ano. Diariamente, conseguem chegar a milhões de pessoas todos os dias através das redes sociais. Com a consolidação do estatuto “influencer”, estes criadores de conteúdos começaram a ganhar uma atenção crescente na Web Summit.

2018 foi o primeiro ano em que os criadores de conteúdo receberam mais atenção com a conferência “influencing the influencers”, que juntou Eyal Baumel (na altura CEO da Yoola, agora Presidente), Reza Izad (cofundador da produtora Studio 71) e Alice-Azania Jarvis (à época editora da revista Elle britânica, agora no The Times).

No ano seguinte a tendência mantinha-se com dois nomes que este ano voltam a Portugal, para mais uma conferência conjunta. O youtuber Casper Lee e Ben Jeffries, CEO da Influencer — uma plataforma que oferece às marcas “transparência de dados em torno das campanhas de marketing” de criadores de conteúdo. Através do site oficial da Influencer, a empresa diz que facilita aos profissionais do digital “encontrar campanhas, produzir conteúdos e receber pagamentos”.

Em 2022, o mergulho nas criptomoedas e no metaverso

A edição da Web Summit deste ano tem nomes sonantes como Mark McGann, o denunciante da Uber, ou Mykhailo Fedorov, vice-primeiro-ministro e responsável pela estratégia digital da Ucrânia. A guerra lançada pela Rússia na Ucrânia tem, certamente, impacto na cimeira tecnológica. Ainda assim, os temas com maior destaque este ano são as criptomoedas, o metaverso e a cibersegurança.

Numa altura de grande expansão das plataformas de criptomoedas e neste que é um criptowinter, a Web Summit traz a Portugal Changpeng Zhao (CZ), fundador e CEO da Binance, uma das maiores plataformas de criptomoedas. O tema está na ordem do dia, semanas depois de o Governo português ter apresentado na proposta do Orçamento do Estado para 2023 um regime de tributação para os criptoativos, que prevê uma taxa de 28% em sede de IRS para mais-valias de ativos detidos até um ano.

As pessoas de todo o mundo estão, de acordo com a Web Summit, a diversificar as suas finanças com criptomoedas como Bitcoin e outros ativos digitais não centralizados, o que inclui os NFT (token não fungível), que são um verdadeiro fenómeno.

Os mundos virtuais onde os utilizadores são representados por avatares também são tendência depois de grandes empresas, como Meta e Microsoft, falarem sobre o tema. Aliás, foi a 28 de outubro de 2021 que a Meta anunciou a mudança de nome, com Mark Zuckerberg a estar convicto do potencial do metaverso. Uma semana depois realizou-se a Web Summit desse ano, por isso, apenas agora é possível verificar os efeitos destes mundos digitais na cimeira.

Além de criptomoedas e metaverso, a própria organização admitiu que a cibersegurança é um dos temas fortes da edição deste ano, que fica marcado por vários ataques informáticos a grandes empresas em Portugal como a Vodafone ou a Sonae.

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