Rúben Ribeiro, filho de um antigo futebolista que passou pelo Varzim, nasceu no Porto com preferência clubística azul e branca mas foi ganhando outros amores numa carreira iniciada nas escolinhas do Penafiel, onde o pai tinha o seu negócio, e que teve passagens por Boavista, Leixões, Penafiel, Beira-Mar, P. Ferreira, Gil Vicente ou Rio Ave. E desde miúdo, quando deixou a escola, frequentou um curso de mecânica ou ajudou o pai a entregar publicidade porta a porta, que sabe bem o que a vida custa. Teve momentos melhores e piores, como quando andou seis meses sem poder jogar, a correr na praia à noite e a chorar por não fazer o que gostava. Em Vila do Conde brilhou. E brilhou tanto que, aos 30 anos, chegou a um grande. Com um par de treinos, foi lançado como titular por Jorge Jesus e destacou-se na receção ao Desp. Aves, a meio de janeiro. Hoje, se quisermos encontrar um exemplo paradigmático da confusão que se vive no Sporting, o médio ofensivo surge logo à cabeça.
Quando se estreou em Alvalade, Rúben Ribeiro parecia um miúdo. Andava encantado. Com o facto de ter sido logo opção mal chegou, com o apoio dos adeptos, com os parabéns dos companheiros pela assistência para o primeiro golo desse jogo de Bas Dost, com a “defesa” que o presidente, Bruno de Carvalho, fez dele através do Facebook logo após o encontro (“Tantos sportinguistas que não aprendem! Ah e tal o Rúben não é jogador para o Sporting… Tenho muitas dúvidas… Nem para o banco serve… Bem vindo leão! Foi uma entrada na equipa com o pé direito!”, escreveu). Ganhou depois a Taça da Liga, mas foi perdendo espaço nas escolhas iniciais e substituído em Braga aos 90 minutos por Wendel, após ter entrado aos 62′, quando o conjunto verde e branco perdia. Nos últimos dias, tem vivido um verdadeiro turbilhão de emoções, como provavelmente nunca tinha vivido até aqui na carreira.
Apesar de não ter pertencido à primeira vaga de jogadores que partilharam nas suas páginas das redes sociais o comunicado contra as críticas de Bruno de Carvalho após a derrota em Madrid, Rúben Ribeiro juntou-se a esse lote pouco depois, quando o presidente leonino anunciou através do Facebook que todos os contestatários estavam suspensos a partir desse momento. Mais tarde, entre a noite de sexta-feira e a manhã de sábado, acabou por apagar essa publicação, naquele que foi o primeiro resultado de uma série de diligências que estavam a ser feitas por terceiros para acalmar os ânimos entre as partes; depois, perante alguns companheiros, acabou por pedir desculpa pelo ato, admitindo mesmo colocar de novo o texto para provar que nunca foi sua intenção quebrar a solidariedade reinante no balneário num momento crítico para a equipa. Agora, incorre no risco de estar sob alçada disciplinar, por ter sido apanhado fora de horas com Fábio Coentrão numa discoteca, como escreveu o Correio da Manhã.
Em resumo, foi para um lado, foi para outro, fintou e foi fintado. E tudo sendo ele, a par do lateral Lumor, o jogador com menos tempo de Sporting atualmente no plantel. Rúben Ribeiro é pois, por tudo isto, um bom exemplo da instabilidade que se vive em Alvalade. Do particular para o geral, assim está o clube verde e branco após o 6 de abril de 2018 que causou a rebelião que Jesus diz nunca ter vivivo numa carreira cheia de situações complicadas.
Fazemos aqui um resumo em meia dúzia de linhas do que tínhamos contado este sábado a propósito desse dia: em 24 horas, houve as críticas de Bruno de Carvalho a alguns jogadores após a derrota em Madrid, a reação de surpresa de Jorge Jesus quando questionado sobre as mesmas na conferência, a exigência do plantel em reunir com o presidente verde e branco para esclarecimento do que tinha sido dito, um comunicado dos jogadores no seguimento dessa impossibilidade de se defenderem e contestarem o que tinha sido dito, um post no Facebook onde o líder do clube anunciava que todos os contestatários estavam a partir daquele momento suspensos e a possibilidade de avançarem elementos da equipa B para o jogo com o P. Ferreira. Algo que, na verdade, acabou por nunca sequer estar perto de acontecer.
Os jogadores começaram a receber por email notificações do Sporting na noite de sexta-feira. Em todas estava descrito que teria havido uma falta de respeito pelo presidente do clube, sendo que a SIC avançou que algumas eram personalizadas, com outras matérias em causa de situações que se teriam passado anteriormente. Como uma nota de culpa só tem realmente validade se for entregue em mão ou por carta registada, tal medida acabava por, na prática, não valer de nada. Como está hoje a situação? Não há nenhum jogador suspenso, mas foram instaurados inquéritos disciplinares. Assim, o que mudou após mais um dia com reuniões, encontros e inúmeras chamadas e SMS? “A não ser o facto de todos poderem jogar contra o P. Ferreira e nos restantes jogos, e por muito que se escreva, não mudou nada”, resumiu uma das pessoas contactadas pelo Observador para perceber tudo o que se tem passado em Alvalade.
Até às 15 horas de sábado, altura em que grande parte dos jogadores e toda a equipa técnica do Sporting já se encontravam em Alvalade para uma reunião que pudesse selar a paz entre as partes (que acabou por ficar-se por uma mera solução de compromisso, como explicaremos à frente), já tinham existido múltiplas conversas entre Bruno de Carvalho, Jorge Jesus, o team manager André Geraldes, jogadores, empresários e, no caso do presidente, sócios e ex-dirigentes mais próximos. De tal forma que, ainda antes da reunião, já começavam a surgir mensagens a circular que garantiam não haver jogadores suspensos para o encontro do P. Ferreira. Mais uma vez, preparava-se impedir a autêntica bola de neve que foi crescendo na sexta-feira para algo entretanto derretido e que mais não seria do que uma precipitação passada. Veio a reunião e, menos de meia hora depois, os piores cenários esfumaram-se.
Bruno de Carvalho foi o último a chegar a Alvalade e, para espanto de muitos jogadores, começou a reunião num tom exaltado como se tivesse havido uma paragem no tempo entre aquele momento e a altura em que lhes chamou “meninos amuados” e “miúdos mimados” através do Facebook. O presidente leonino puxou dos galões hierárquicos, defendeu que nunca faltou com nada à equipa, reforçou que não admitia ofensas como aquelas que viu no texto partilhado pela maioria do plantel e que não retirava nada do que tinha dito, ao mesmo tempo que focava atenções nos dois capitães, Rui Patrício e William Carvalho. Os jogadores mantiveram também a sua posição de força, destacaram que deram e vão continuar a dar tudo em nome do clube e voltaram a pedir para que o presidente se retratasse. Pelo meio, terá havido o tal telefonema para o líder da principal claque, a Juventude Leonina. A intenção de Bruno de Carvalho era uma: assegurar a todos que nunca tinha instigado ninguém a criticar ou ameaçar jogadores, como foi deixado no ar e chegou a ser noticiado. Jorge Jesus, mais uma vez, voltou a colocar-se numa espécie de mediador do processo.
Antes da hora (re)marcada (18h00), Jorge Jesus iniciou uma conferência de imprensa com apenas cinco perguntas e respostas em oito minutos. Não fugiu às questões, mas também não se abriu muito. Tentou, sobretudo, blindar tudo e todos do ruído exterior que não parava de crescer. E seguiu para a Academia, em Alcochete, onde já estavam todos os atletas, fazendo ver novamente a Bruno de Carvalho que ainda era possível terminar a época da melhor forma e que no final logo se trataria do que houvesse a resolver. O tom de nova reunião, que terá sido novamente curta (o presidente verde e branco entrou pouco antes das 19 horas e saiu por volta das 20h30), foi mais calmo, mas as posições ficaram na mesma, com a garantia de focar atenções nos jogos que faltam. Daí que quer as publicações de Bruno de Carvalho, quer os textos dos jogadores continuem nas respetivas páginas nas redes sociais.
As conversas que se iam ouvindo nos jogos das modalidades realizados no Pavilhão João Rocha (que, neste tipo de contexto, acabam por ser bons barómetros para apurar a sensibilidade do universo verde e branco) acabaram por não confirmar aquilo que se viu no Estádio José Alvalade este domingo à noite, frente ao P. Ferreira: aqueles que não gostaram da atitude de Bruno de Carvalho com os jogadores foram bem mais do que se pensava, apesar dos comunicados emitidos pelas claques Juventude Leonina e Directivo Ultras XXI (onde se destacava que o mais importante não eram os dirigentes nem os jogadores que vão passando, mas sim os sócios e adeptos que ficam). “Há quem ache que ganhou alguma coisa, mas no final perderam quase todos”. E o quase só existe por causa de uma figura: Jorge Jesus.
O treinador acabou por ganhar créditos no meio de todo este turbilhão de emoções e dedos apontados ao longo dos últimos três dias. Por um lado, nunca deixou de estar com Bruno de Carvalho, frisando que todas as estruturas têm uma hierarquia e que a mesma é para ser respeitada; por outro, conseguiu ter essa atitude sem beliscar a relação com os jogadores, com quem foi mantendo sempre o contacto e que apoiou no balneário, na passada sexta-feira, no primeiro treino após Madrid e a propósito da pretensão que o plantel tinha em falar com o presidente nesse dia para discutir o conteúdo das declarações escritas no Facebook após a derrota com o Atlético por 2-0 na Liga Europa. Pelo meio, foi também o maior “vencedor”: pode contar com todos os jogadores para os próximos jogos. Ainda assim, o técnico sabe que as coisas não voltarão a ser mesmas entre as duas partes.
Do lado dos jogadores, existe a convicção entre os pesos pesados que se chegou a um fim de linha. Em alguns casos, o episódio é apenas o eclodir do desgaste da relação que se vinha a sentir há mais tempo, mas existem pontos que adensaram a insatisfação em Alvalade, nomeadamente a onda de críticas, insultos e ameaças que sentiram após a publicação do texto que criticava as declarações de Bruno de Carvalho. Há notícias que dão conta da viagem de Gunther Neuhaus, empresário de Bas Dost, a Lisboa na próxima semana, o mesmo se passando com Alexander Bonnot, agente de Mathieu, que mesmo não se deslocando a Portugal está a estudar as possibilidades de mercado (isto sem falar em Rui Patrício e William Carvalho, capitães e elementos com mais anos de clube). No entanto, e para já, o plantel entende também que a melhor resposta que pode dar a tudo isto é dentro de campo, não só com o P. Ferreira mas sobretudo frente a Atl. Madrid (Liga Europa) e FC Porto (Taça de Portugal).
Depois, chegamos a Bruno de Carvalho. Tem o seu lugar em perigo? Longe disso. Vai sair em breve? Também não. Corre o risco de nunca mais ter uma presidência igual no Sporting como até aqui? Provavelmente.
Como já tínhamos explicado na altura da Assembleia Geral para aprovação dos estatutos e do novo regulamento disciplinar do clube, qualquer análise que se faça ao Sporting precisa ter sempre uma premissa à cabeça: uma coisa é a perceção geral dos sportinguistas, que são adeptos, até podem ir de quando em vez ao futebol, mas não têm por hábito participar na vida social do clube; outra coisa é o pensamento dos sportinguistas que são sócios, que seguem não só o futebol mas também as modalidades e que fazem questão de ir às reuniões magnas e aos atos eleitorais. E tudo porque se nos primeiros pode haver uma ideia mais negativa do presidente leonino, nos segundos há uma visão não oposta mas bem diferente, com os eventuais excessos a serem secundarizados face ao trabalho desenvolvido desde que assumiu a liderança em março de 2013 e que permitiu resgatar os leões de uma crise de identidade com repercussões a nível desportivo (a equipa de futebol ficou pela primeira vez no sétimo lugar em 2012/13 e o ecletismo tinha perdido força), financeiro (a SAD estava à beira da falência, com a situação limite de vender um jogador para pagar dois/três meses de ordenados) e social (o número de sócios tinha caído a pique).
Por tudo isto, e por considerar ter as bases “controladas” pela meritocracia, uma eventual saída do clube só poderia acontecer por vontade própria, algo que também não irá acontecer. Ainda assim, esta pode ter sido a crise com maior impacto desde que assumiu a presidência do clube e até na blogosfera, que no caso do Sporting é particularmente ativa e interventiva, se percebe que começam a existir mais críticas do que é normal à atuação como presidente. Exemplos? A constante utilização do Facebook para enviar mensagens que deviam ser tidas dentro de casa e não na praça pública ou a intervenção em direto na CMTV, contrariando aquilo que tinha pedido após a última AG (onde houve quem votasse a favor mas pensando que não havia necessidade de “ultimato”). Às vezes são até coisas pequenas, pormenores, mas como vêm no seguimento de outras ganham maior dimensão.
A renúncia no seguimento de toda a polémica de Jorge Gaspar, vogal do Conselho Fiscal e Disciplinar dos leões, foi notícia este domingo. Numa carta enviada ao presidente da Assembleia Geral, Jaime Marta Soares, o dirigente explicou que, na sua ótica, as posições e decisões tomadas por Bruno de Carvalho “não dignificam o Sporting Clube de Portugal, lesam gravemente a sua imagem pública, prejudicam gravemente a marca Sporting junto dos parceiros comerciais e patrocinadores, causam danos por ora ainda inestimáveis na esfera desportiva e competitiva das equipas e atletas e contribuem ainda mais para retirar o foco mediático de um conjunto de questões bem conhecidas (incluindo algumas de natureza judicial) que inquietam outras instituições desportivas”. No entanto, o impacto da saída em termos internos é diminuta, muito diminuta, até porque Jorge Gaspar transitou do elenco do órgão eleito por método de Hondt em 2013 quando integrava as listas do opositor do atual líder, José Couceiro. E existe a possibilidade de saída de mais elementos, que não do Conselho Diretivo do clube.
Bruno de Carvalho leu os sinais nos fóruns, nos grupos leoninos e também na comunicação, com o exemplo de Paulo Abreu, antigo dirigente do clube que o apoiou no passado e que teceu críticas duras ao comportamento do presidente em relação aos jogadores e a mais algumas situações. E decidiu fazer um comunicado.
A pouco mais de duas horas do início do encontro com os pacenses, o presidente leonino voltou a disparar contra os jogadores, em específico (sem que fossem nomeados) Rui Patrício e William Carvalho, que nem sequer estava convocado para o jogo por lesão. Confirmou que os jogadores seriam alvo de processos disciplinares, falou em manipulação da comunicação (por ter visto algumas partes da reunião nos jornais, algo que o deixou bastante desagradado), apontou o dedo a quem anda há anos a exigir sair do clube e prometeu continuar a falar, se fosse caso disso. Objetivo? Evitar os ténues assobios que ainda ouviu na altura do “confronto” com Marco Silva, no final de 2014, e colocar a tónica de novo na conduta do plantel, por forma a “resguardar-se” no regresso ao banco.
“Durante o dia de ontem, realizaram-se duas reuniões em que, além do presidente, estiveram presentes o team manager, o treinador e os atletas do plantel principal. Coisa estranha, quisemos tratar de tudo em família e dentro de casa, como aliás nos tem sido pedido, e eis que hoje está tudo na praça pública, plantado em todos os jornais, com vários factos deturpados, truncados ou simplesmente aldrabados. E por isso aqui estamos, outra vez, obrigados a repor a verdade do que se passou”, explicou, antes de admitir aquilo que fez as principais notícias este domingo.
“Na primeira reunião, ficaram claras duas coisas: a total lealdade do treinador perante o presidente e quem foram os grandes mentores de toda esta questão, de que fazem parte jogadores que, há anos, exigem sair do clube de todas as maneiras e feitios. Aliás, essa situação ainda foi mais vincada quando, a dada altura, um atleta confrontou o presidente com o facto de que teria ligado no dia anterior ao líder da Juventude Leonina, pedindo-lhe que batesse nos jogadores, num ato que deixou o presidente totalmente indignado. O presidente, recusando este tipo de insinuações, intrigas e manipulações de grupo, que já vêm sendo modus operandi habitual daqueles que, por várias vezes, tentaram desestabilizar o plantel, ligou em frente aos atletas para o líder da referida claque. Não sabendo que estava em alta voz perante toda a equipa, desmentiu categoricamente esse atleta, e os colegas puderam perceber o nível de manipulação a que se chega dentro deste balneário”, contou.
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“Não podemos compactuar com joguinhos de ‘bastidores’ internos, prejudicando os grupos e com atitudes de ‘ameaças e pressões’ a colegas, sobretudo quando já havia uma reunião marcada para hoje, após o jogo, acordada por todos: presidente, treinador e atletas. Isto tem sempre na sua base a tentativa de esconder insucessos e promover na opinião pública um novo sentimento de revolta, cujos mentores terão aprendido a fazer, certamente, com as lições que tiveram durante o célebre e triste episódio protagonizado por alguém que, com uma agenda própria, tentou, com relativo sucesso, virar os sportinguistas contra o seu presidente”, disse, aludindo a Marco Silva.
As coisas acabaram por correr ao contrário: ovações para os jogadores, assobios para o presidente. Inclusive com pedidos de demissão, que tiveram mais eco no início do encontro do que quando voltaram a ser tentados nos minutos iniciais da segunda parte. Se dividirmos por bancadas o Estádio José Alvalade, tivemos os insultos mais da bancada nascente e poente, os assobios e lenços brancos mais da central e o apoio da sul. E um dado curioso, que aqui tínhamos referido no sábado: ao contrário do que aconteceu na receção ao Rio Ave por falha de comunicação, como defenderam os jogadores, desta vez todos fizeram o simbólico gesto do coração na fotografia antes do início do encontro para dar outra força a uma campanha da Fundação Sporting. Agora que pela primeira vez caiu a tarja da unanimidade no reinado Bruno de Carvalho, onde estará o norte para o futuro?
Na flash interview, Rui Patrício defendeu que os adeptos estão sempre com os jogadores. “São uma grande ajuda e é por eles que damos o máximo. Estamos aqui para trabalhar e dar o máximo em prol do Sporting. Trabalhamos para fazer as coisas perfeitas, mas sabendo que nem sempre as coisas correm como queremos. Somos um grupo unido e sabemos que o que temos de fazer é trabalhar. Vamos lutar até ao fim pois estamos em três competições. Neste clube temos de lutar por títulos e vamos fazê-lo”, salientou. Avançou Jorge Jesus e teve uma mensagem ainda mais forte. “Nunca tinha passado por uma situação destas. Tinha de defender o clube e foi isso que fiz. Eu é que estive sempre do lado dos jogadores. Sabia que o mais importante era que tinha de haver jogo com os melhores. Só com a polícia em campo é que não jogávamos! Processos disciplinares? Também não percebo muito. Supostamente com processos, repare na dignidade destes jogadores, jogaram em nome do Sporting. Vamos refletir e defender os interesses do Sporting”, destacou. Até na escolha (ou aceitação) do guarda-redes para falar houve uma mensagem. Bruno de Carvalho, confrontado com o facto, não considerou que dizer que estava com os jogadores significasse que estaria contra si; no entanto, há quem pense que o treinador ajudou a isolar mais o presidente.
Apesar das fortes dores nas costas que sentiu no final do jogo, e que o deixaram visivelmente limitado na saída para o túnel de acesso aos balneários, Bruno de Carvalho entendeu que, assim como tinha de dar a cara no banco esta noite, também deveria abordar tudo o que se passou nas bancadas ao longo da mesma. Dessa conferência saíram três certezas: 1) não é por causa dos assobios que vai colocar o lugar à disposição ou mesmo abandonar a liderança, estando decidido a cumprir os três anos de mandato que tem pela frente apesar da “ingratidão e memória curta” que sentiu por parte dos adeptos; 2) está atento às movimentações que têm sido feitas nos bastidores numa vertente mais “política”, tentando chamar a jogo quem o queira enfrentar numa Assembleia Geral também por saber que, por muita organização que exista, não há ninguém com suficiente “peso” que lhe possa fazer frente; 3) não irá baixar a guarda em relação à guerra com os jogadores, mesmo que tenha ficado agora por algumas frases aparentemente sem nenhuma mensagem mas que tinham muita substância nas entrelinhas, como aquela que repetiu por mais do que uma vez onde dizia que “só teria uma camisola que era a do Sporting”. “Alguém me imaginaria com outra camisola que não fosse a do Sporting? O resto deixou à vossa consideração”, reafirmou.
Bruno de Carvalho: “Se querem a minha demissão há um sítio próprio”
Nesta altura, são mais as perguntas do que as respostas em relação ao futuro imediato do Sporting. Como continuará a ser a relação entre o plantel e o presidente? Como será a receção dos adeptos caso o líder do clube volte ao banco na próxima quinta-feira, na partida com o Atl. Madrid? Como tentará a “oposição” ao atual número 1 capitalizar o primeiro momento em que a unanimidade de 90% que saiu do sufrágio eleitoral e da última Assembleia Geral foi pela primeira vez colocada em causa? Os resultados desportivos terão um peso significativo para as respostas, mas há uma certeza: Bruno de Carvalho não pretende sair e deixar a meio o projeto idealizado.