Trabalharam nos gabinetes dos governos Sócrates e hoje governam com Costa
Manuel Caldeira Cabral
Ministro da Economia
Nos últimos dias, o atual ministro da Economia veio
tentar fazer a separação de águas relativamente a um antigo ministro da Economia a braços com a Justiça. Manuel Caldeira Cabral veio dizer que não foi assessor de Manuel Pinho, mas só de Teixeira dos Santos, nos governos de Sócrates. Nas declarações que fez na quinta-feira, Caldeira Cabral desfez o que classificou de "equívoco", mas
não disse que antes dessas funções de assessoria colaborou com Manuel Pinho durante o tempo em que este liderou a pasta da Economia, através do Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério. Foi assim, aliás, que entrou num Executivo pela primeira vez, com estudos que lhe eram pedidos por Pinho sobre matérias que o então economista e professor da Universidade do Minho conhecia bem. Depois, Fernando Teixeira dos Santos puxou-o para a assessoria e ficou com ele no segundo Governo Sócrates, nas Finanças. Mais recentemente, em 2013, esteve ao lado do anterior líder do PS, António José Seguro, na preparação do programa do partido para a Economia. Já com Costa à frente do partido, um ano depois, foi convocado para concorrer nas listas do partido e acabou no Ministério da Economia.
Mariana Vieira da Silva
Secretária de Estado Adjunta do Primeiro-ministro
É atualmente o braço direito de António Costa no gabinete de primeiro-ministro, com acesso às reuniões políticas mais restritas e com o papel de coordenar a ação política de todo o Executivo. Mas a proximidade entre os dois só
aconteceu nos últimos três anos. Mariana Vieira da Silva, filha de José António Vieira da Silva, trabalhou pela primeira vez num Governo quando era Sócrates o primeiro-ministro. Foi assessora da ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues, que conheceu no ISCTE, onde se licenciou em Sociologia. No segundo Governo Sócrates, transitou para adjunta do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, José Almeida Ribeiro, passando a trabalhar em São Bento, onde funciona o gabinete oficial do primeiro-ministro. É aqui precisamente que está hoje, mas agora como secretária de Estado Adjunta e uma das figuras em que Costa mais confia.
Tiago Antunes
Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros
Hoje está no centro da produção legislativa do Governo, como secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, mas Tiago Antunes já tinha a experiência dos gabinetes dos Governos de Sócrates, onde esteve do início ao fim como chefe de gabinete dos dois secretários de Estado Adjuntos do primeiro-ministro que por lá passaram. E quando entrou foi logo direto para trabalhar diretamente com a figura mais discreta dos Governos de José Socrates, o seu secretário de Estado Adjunto Filipe Batista. Foi uma figura que raras vezes se viu em público e de quem nunca se ouviu uma palavra — já tinha trabalho com Sócrates no Ambiente, como seu chefe de gabinete. Era reconhecido como um amigo seu. Cumpriu as funções durante o Governo Sócrates I, mas já não entrou no segundo elenco governativo (foi entretanto nomeado por Sócrates para a Anacom), sendo substituído por Almeida Ribeiro. Quem se manteve neste centro nevrálgico do Governo Sócrates foi Tiago Antunes, que muitos anos depois, em 2017 e depois de uma mini remodelação, entrou para o Governo de Costa. Veio diretamente de Bruxelas, onde chefiava o gabinete do eurodeputado Pedro Silva Pereira.
Graça Fonseca
Secretária de Estado Adjunta e da Modernização Administrativa
"O Governo não é uma novidade para Graça Fonseca." É o que dita a biografia da secretária de Estado Adjunta e da Modernização Administrativa que está no site do Governo. E realmente não é. Antes de estar com António Costa neste Governo, Graça Fonseca já tinha estado com ele no Governo de Sócrates, como sua chefe de gabinete na Administração Interna. Depois foi também com Costa para a Câmara Municipal de Lisboa, em 2008, chegando a ter os pelouros da Economia, Inovação, Educação e Reforma Administrativa enquanto o socialista foi presidente. Saiu da Câmara para assumir o lugar de deputada, depois das eleições de 2015, mas, pouco mais de um mês depois de tomar posse no Parlamento, foi chamada para o Governo.
António Mendonça Mendes
Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais
Chegou à Secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais depois de um dos homens de confiança de António Costa, Fernando Rocha Andrade, se ter demitido por ter ido a convite da Galp ver um jogo do euro 2016. António Mendonça Mendes, irmão da secretária-geral Adjunta do PS, é advogado e não tinha propriamente currículo em matéria de fiscalidade. Mas tinha peso político ascendente, sendo o presidente do PS-Setúbal e acumulando uma longa ligação ao partido desde a JS. Foi sobretudo o trabalho político que o fez ser chamado para o Governo de Sócrates, em 2005, sendo chefe de gabinete da socialista Ana Paula Vitorino, que era secretária de Estado dos Transportes. Daí saltou para uma área totalmente diferente, a Saúde, onde foi chefe de gabinete de uma ministra que de política percebia pouco, a médica pediatra Ana Jorge.
João Leão
Secretário de Estado do Orçamento
O atual secretário de Estado do Orçamento também passou pelos gabinetes dos governos socráticos, concretamente pelo segundo, onde foi assessor do secretário de Estado Adjunto da Indústria e do Desenvolvimento, Fernando Medina (que, em 2014, sucedeu a Costa na Câmara de Lisboa). É professor de Economia do ISCTE e em 2010 foi nomeado Diretor do Gabinete de Estudos do Ministério da Economia e por lá ficou ate 2014, trabalhando com o Governo PSD/CDS.
Anabela Pedroso
Secretária de Estado da Justiça
A sua experiência governativa começou nas Finanças, onde era funcionária bem antes de, em 2009 (segundo Governo Sócrates), se ter tornado Adjunta do Secretário de Estado da Administração Pública, Gonçalo Castilho dos Santos. A sua experiência profissional passa sobretudo pela modernização administrativa e inovação do sector público, tendo sido por isso chamada pela ministra Francisca Van Dunem para ser secretária de Estado da Justiça, tendo a seu cargo precisamente as tarefas relativas à simplificação da atividade judicial.
Miguel Cabrita
Secretário de Estado Adjunto e do Trabalho
Já tinha experiência de gabinetes do Ministério do Trabalho, em governos PS, quando chegou ao Governo Sócrates, em 2005, para exercer as funções de Adjunto de Vieira da Silva. Também já era um ativo na política: licenciado no ISCTE, foi um dos promotores do "Movimento Imaginar Portugal”, dinamizado por um grupo de jovens académicos que tinha apoiado a candidatura de Ferro Rodrigues nas legislativas de 2002. Depois disso, o movimento passou a ser um grupo de reflexão política do PS (onde estavam nomes como Fernando Medina ou Pedro Adão e Silva). Entrou no atual Governo novamente pelo ferrista de sempre Vieira da Silva, que o escolheu para secretário de Estado do Emprego.
Cláudia Joaquim
Secretária de Estado da Segurança Social
Mais um nome que tem estado nos governos socialistas sempre ao lado de Vieira da Silva e por sua indicação. Foi assim nos dois governos de José Sócrates, quando foi primeiro assessora do secretário de Estado da Segurança Social, Pedro Marques, e depois sua Adjunta.
Guilherme W. d'Oliveira Martins
Secretário de Estado das Infraestruturas
O vasto currículo académico fez com que este jurista fosse consultor de Fernando Teixeira dos Santos, durante todo o tempo em que este foi ministro das Finanças dos governos de Sócrates. Com António Costa ao comando, Guilherme W. d’Oliveira Martins (filho de Guilherme d'Oliveira Martins, antigo presidente do Tribunal de Contas) passou a secretário de Estado das Infraestruturas.
Paulo Alexandre Ferreira
Secretário de Estado Adjunto e do Comércio
A primeira vez que trabalhou diretamente num Governo foi ao lado de Teixeira dos Santos, como assessor do ministro das Finanças, nos seis anos de Governo Sócrates. O economista foi chamado em 2015 para integrar o Executivo de Costa como secretário de Estado do Comércio.
Ana Mendes Godinho
Secretária de Estado do Turismo
Também passou pelo Governo de Sócrates, mais concretamente pelo Ministério liderado por Manuel Pinho, onde foi chefe de gabinete do então secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, que a convidou em 2005. No Governo Costa, manteve-se no mesmo Ministério, agora liderado por Caldeira Cabral, mas como secretária de Estado daquela mesma pasta.