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"Hoje, dizer-se que não se é feliz é uma vergonha. Se não somos felizes é por culpa nossa"

A indústria da felicidade está avaliada em 4,3 biliões de dólares. Mas "essa obsessão representa novas formas de narcisismo", diz Edgar Cabanas, um dos autores de "A Ditadura da Felicidade".

Autoajuda, coaching ou mindfulness são exemplos das soluções apresentadas pela indústria da felicidade, avaliada em 4,3 biliões de dólares, o que corresponde, por exemplo, a 20 vezes o tamanho da economia portuguesa ou a quatro vezes o valor de mercado de empresas como Apple ou Microsoft. Esta é a indústria que nos incentiva a procurar as respostas para os nossos problemas a um nível emocional, psicológico, e que nos distraí de questões sociais, políticas e económicas ao nosso redor, dizem Edgar Cabanas e de Eva Illouz, autores do livro “A Ditadura da Felicidade”, da Círculo de Leitores, obra que pretende explicar como “a ciência da felicidade controla a nossas vidas”.

Quem são os autores do livro "A Ditadura da Felicidade"?

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Edgar Cabanas é doutorado em Psicologia pela Universidade Autónoma de Madrid, professor na Universidade Camilo José Cela, em Madrid, e investigador associado no Max Planck Institute for Human Development, em Berlim.

Eva Illouz é professora de Sociologia e Antropologia na Hebrew University of Jerusalem e na École des Hautes Études en Sciences Sociales em Paris, além de colunista do diário israelita Haaretz e ainda autora de diversos livros.

Em entrevista por escrito ao Observador, o espanhol Edgar Cabanas explica que no mercado são vendidas soluções “simples e individuais para problemas bastante complexos e estruturais”, que nos fazem acreditar que temos o controlo sobre a nossa própria felicidade. É um círculo vicioso, diz, porque em muitos casos “esses produtos da felicidade não só não resolvem os problemas que prometem resolver, mas também geram novas formas de desconforto”. Falamos de sentimentos de frustração e de culpa, mas também de uma busca obsessiva pela felicidade. “Essa obsessão representa novas formas de auto-absorção e narcisismo.”

Mais problemático é a ideia dos rankings de felicidade que alguns países fazem — incluindo instituições como a OCDE — com uma agenda “oculta”: “É uma maneira de continuar a dizer que tudo está bem, que o sistema funciona, que as políticas económicas neoliberais estão corretas e que, apesar das crises, da desaceleração económica, da desigualdade ou da pobreza, as pessoas estão muito felizes.” Exemplo disso, destaca, são casos em que a felicidade é usada para justificar a desigualdade económica, das vezes em que se afirma que esta é positiva para as classes mais baixas porque as motiva a crescer e a alcançar o sucesso. “Chamaram a isso de ‘fator de esperança'”, acusa.

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E será que nas sociedades ocidentais há pressão para sermos felizes? “Dizem-nos que ser feliz é muito fácil. Se não somos, é apenas por culpa nossa, porque fizemos algo de errado. Assim, temos tendência a dizer que somos mais felizes do que realmente somos. Como não ser feliz parece ser a pior coisa que podemos fazer com as nossas vidas, somos forçados a sê-lo — ou, pelo menos, a parecer.”

O livro está à venda por 17,70 euros. @DR

No livro escrevem que a felicidade tem vindo a assombrar o nosso imaginário cultural. Desde quando e de que forma?
A busca pela felicidade é um dos horizontes culturais e políticos mais enraizados na imaginação coletiva norte-americana desde a sua independência. De facto, o tema da felicidade tem sido enormemente recorrente e proeminente em numerosos movimentos religiosos, artísticos, intelectuais e populares nos Estados Unidos. Também na universidade, onde a psicologia humanística teve um papel fundamental. No entanto, não foi até o ano de 2000, quando a busca pela felicidade se tornou, pela mão da psicologia positiva, um projeto científico. Ao tornar-se num objeto de estudo científico, a felicidade foi considerada algo objetivo, neutro e desprovido de qualquer carga cultural, ideológica e moral. Isso contribuiu para a sua expansão e globalização progressiva, tanto na esfera académica como na popular. Mas o tempo mostrou que a felicidade está longe de ser algo neutro ou objetivo. Pelo contrário, ainda está carregada de ideologia, valores morais e culturais (e até de espiritualidade da Nova Era) caracteristicamente norte-americanos, ainda que já não o pareça.

Atualmente, a felicidade é mais um “produto” que nos é vendido?
Não é apenas “um” produto, mas sim “o” principal produto de toda uma indústria de felicidade e bem-estar que hoje está avaliada em mais de 4,3 biliões de dólares, sendo uma das indústrias mais influentes e lucrativas do mundo. Esta indústria inclui toda uma gama de serviços e mercadorias, como a autoajuda, o coaching, o mindfulness, cursos de inteligência emocional ou até mesmo aplicações para o telemóvel (como o Happify), que prometem às pessoas aumentar sua felicidade, bem-estar e desenvolvimento pessoal de maneira fácil e simples.

"A felicidade é 'o' principal produto de toda uma indústria de bem-estar que hoje está avaliada em mais de 4,3 biliões de dólares, sendo uma das indústrias mais influentes e lucrativas do mundo, que inclui toda uma gama de serviços e mercadorias, como a autoajuda, o coaching ou o mindfulness."

Como funciona esta “indústria da felicidade”?
Os produtos da felicidade prometem soluções simples e individuais para problemas bastante mais complexos e estruturais. A mensagem de que qualquer um pode ser feliz independentemente das suas circunstâncias, de que qualquer pessoa tem o poder para superar os seus problemas, sejam eles quais forem, de forma individual, é certamente uma mensagem tentadora, devido à sensação de controle e poder que isso gera. Mas resolver os problemas para os quais esses produtos prometem solução (por exemplo, ansiedade ou stress no trabalho) requer muito mais do que técnicas simples de gestão emocional, porque esses problemas não são apenas psicológicos, mas sobretudo económicos, políticos e estruturais. Nesse sentido, problemas como a ansiedade ou a depressão no trabalho são mais bem explicados por condições de trabalho precário do que por questões de (suposta) má gestão emocional e, portanto, para resolvê-los é necessário agir sobre essas condições e não sobre os indivíduos em particular.

Quais são os perigos desta “indústria”? 
Como disse, os produtos da felicidade prometem soluções simples para problemas complexos. A questão não é apenas o facto dessas soluções simples não resolverem os problemas que prometem remediar. A questão é que elas [as soluções] assumem que a total responsabilidade para resolver os problemas é da própria pessoa, fazendo-a acreditar que todos têm o poder ou a capacidade de sair de situações adversas. Mas não é assim tão simples, e acreditar nisso também pode gerar muita frustração e sentimento de culpa naqueles que depositam suas esperanças nesse tipo de receita.

Mas não há um lado positivo como, por exemplo, a emancipação das minorias e a revolta pelo body shaming?
Isso não foi alcançado pela indústria da felicidade, são conquistas políticas de todos. Uma coisa é a indústria capitalizar esses movimentos para seu próprio benefício, outra muito diferente é eles deverem-se a ela.

"Problemas como a ansiedade ou a depressão no trabalho são mais bem explicados por condições de trabalho precário do que por questões de (suposta) má gestão emocional e, portanto, para resolvê-los é necessário agir sobre essas condições e não sobre os indivíduos em particular."

Que papel tem a crise económica global de 2008 nisto tudo?
A mensagem de que qualquer um pode ser feliz, independentemente das suas circunstâncias, é mais atraente quanto menores são as hipóteses reais de mudar essas mesmas circunstâncias. A crise de 2008, da qual continuamos a sofrer, aumentou a impotência, a incerteza, a instabilidade e a precariedade. Quando o único consolo que parece sobrar é procurar dentro de nós as chaves para os nossos problemas, esses discursos e mensagens proliferam e penetram nas pessoas. Sem dúvida, quando olhamos para os dados, podemos ver como o mercado de felicidade cresce exponencialmente a partir de 2008. Um exemplo disso é o mindfulness, cuja presença desde 2008 multiplicou por dez.

A Psicologia Positiva é responsável pela criação desta “obsessão pela felicidade”?
Sim, a psicologia positiva é um dos movimentos que, sem dúvida, contribuiu para estabelecer a felicidade como uma procura obsessiva. O pior, no entanto, é que a psicologia positiva contribuiu muito para espalhar a ideia de que a felicidade é algo universal, algo pelo qual todo o ser humano aspira e algo que pode ser estudado cientificamente e objetivamente. Mas não é só isso. Ela também garantiu que seria responsável por encontrar as chaves para felicidade. No entanto, 20 anos depois de aparecer no cenário académico, não temos as chaves prometidas, nem temos a certeza de que a psicologia positiva possa ser considerada uma ciência. Na melhor das hipóteses, a psicologia positiva é uma ciência muito fraca, por isso devemos encarar com cautela tudo o que esses psicólogos nos propõem como “descobertas” ou “evidências científicas”.

Edgar Cabanas, um dos autores de “A Ditadura da Felicidade” ©DR

Foi a Psicologia Positiva que meteu este conceito no topo das agendas académica, social, política e económica de muitos países?
Sim. Ao apresentar a felicidade como algo científico e, portanto, objetivo e universal, a psicologia positiva contribuiu grandemente para que muitos entendessem a felicidade como algo neutro e bom em si mesmo e que, portanto, poderia ser usado como um indicador confiável de progresso social e económico de um país.

A Psicologia Positiva propõe-se a definir a felicidade de maneira científica e mensurável? Como é possível medir-se um conceito tão abstrato?
O problema é que não há consenso sobre como medir a felicidade. Não há métodos confiáveis ou válidos. Também não existem métodos acordados pela comunidade científica. A única coisa que há são promessas e conjeturas, ao contrário de fatos científicos comprovados.

Como se engloba a Psicologia Positiva na Psicologia dita tradicional?
A psicologia positiva disse que queria romper com o que chamou de “psicologia tradicional”. Mas isso não passou de uma estratégia de marketing. A psicologia positiva não difere em nada da psicologia convencional (reducionista, positivista). Além disso, eles não acrescentaram novas propostas teóricas ou metodológicas, e os novos conceitos que trouxeram foram bastante criticados e questionados. Psicologia positiva não é a nova psicologia.

"Ao apresentar a felicidade como algo científico e, portanto, objetivo e universal, a psicologia positiva contribuiu grandemente para que muitos entendessem a felicidade como algo neutro e bom em si mesmo e que, portanto, poderia ser usado como um indicador confiável de progresso social e económico de um país."

Defendem que se deve rejeitar por completo a Psicologia Positiva?
Não cabe a nós decidir, mas à comunidade científica como um todo. O que fazemos é analisar um fenómeno em profundidade, destacando questões que não são conhecidas ou que das quais se fala pouco. Também analisamos as consequências psicológicas e sociais dessa ideia de felicidade, como ela se tornou num produto de consumo e quem beneficia mais e menos com isso.

Qual a relação entre felicidade e individualismo?
Vai além de uma simples relação. A felicidade, conforme conceituada pelos chamados cientistas e especialistas em felicidade, é muito individualista: baseia-se na ideia principal de que a felicidade depende apenas de nós mesmos, que ser feliz é simplesmente uma questão de atitude e vontade pessoal. É a noção de felicidade norte-americana por excelência, como já assinalei.

A disseminação da felicidade e do individualismo servem, a vosso ver, pressupostos ideológicos?
Sem dúvida. Há casos em que a felicidade foi usada para justificar a desigualdade económica, afirmando que a desigualdade é positiva para as classes mais baixas, porque as motiva a crescer e a alcançar o sucesso. Chamaram a isso de “fator de esperança”. Certamente, isso é mais ideológico do que científico, pois todos os dados sólidos a esse respeito apontam precisamente o contrário: ou seja, que a desigualdade está intimamente relacionada com doenças mentais e físicas, como ansiedade, depressão, stress, e até com baixo desempenho cognitivo e alto risco de suicídio. Usar a felicidade para justificar que a desigualdade não é [assim] tão prejudicial é apenas um dos exemplos que colocamos no livro sobre a relação entre felicidade e ideologia.

"A felicidade, conforme conceituada pelos chamados cientistas e especialistas em felicidade, é muito individualista: baseia-se na ideia principal de que a felicidade depende apenas de nós mesmos, que ser feliz é simplesmente uma questão de atitude e vontade pessoal."

Porque é que interessa às sociedades ocidentais fazer rankings de felicidade?
É uma maneira de continuar a dizer que tudo está bem, que o sistema funciona, que as políticas económicas neoliberais estão corretas e que, apesar das crises, da desaceleração económica, da desigualdade ou da pobreza, as pessoas estão muito felizes. Aqui estão dois problemas fundamentais: o primeiro é que não existe um método confiável e válido para quantificar a felicidade. Apesar do que dizem os chamados especialistas, não há consenso sobre como a felicidade é medida, nem está claro que ela possa ser mensurada objetivamente (um exemplo disso é que nem mesmo os rankings são consistentes entre eles). O segundo problema é que países com claras deficiências ao nível dos recursos humanos, com altos índices de pobreza, desigualdade, suicídio e mortalidade infantil, como a Índia ou os Emirados Árabes, usam a felicidade para suprir as suas deficiências políticas. Por exemplo, de acordo com um dos mais recentes rankings de felicidade, os Emirados Árabes Unidos ficaram em 28º lugar no mundo, acima de países como Itália ou Portugal: isso significa que se os seus cidadãos estão felizes, a desigualdade, a pobreza ou a violação dos direitos humanos não é, afinal, assim tão má?

A busca pela felicidade, assente no individualismo, deixa-nos cegos aos problemas estruturais das sociedades em que vivemos?
Sim. E também nos induz a uma perigosa sensação de conformidade. As mensagens que nos levam a preocuparmo-nos connosco, em vez de nos preocuparmos com que nos rodeia, facilitam a aquiescência. Elas promovem a ideia de que para alterar as coisas temos de olhar para dentro de nós mesmos e mudarmos a nós próprios. Mas isso não muda nada, apenas nos adaptamos às mudanças. O mundo interior não é um lugar através do qual possamos alcançar qualquer conquista social e política significativa.

É uma manobra de distração ou até de manipulação?
É uma visão do mundo, um estilo de vida consumista e individualista que nos anestesia, que nos promete uma sensação de controle e empoderamento quando, na verdade, nos culpa e responsabiliza pelos nossos sucessos e fracassos. É um discurso que funciona através da persuasão: a indústria da felicidade, os especialistas e os outros gurus dizem-nos que está cientificamente comprovado que procurar a felicidade é para o nosso próprio bem. Mas não é a nossa própria felicidade que acabamos a perseguir, mas aquilo que a indústria sugere que busquemos (principalmente para que dependamos dos produtos que nos oferece).

"Há casos em que a felicidade foi usada para justificar a desigualdade económica, afirmando que a desigualdade é positiva para as classes mais baixas, porque as motiva a crescer e a alcançar o sucesso. Chamaram a isso de 'fator de esperança'." 

Existe pressão para sermos felizes?
Hoje, alguém dizer que não é feliz ou que não é feliz o suficiente tende a sentir vergonha, como se isso fosse um sinal de fraqueza pessoal ou o resultado de uma vida emocional mal gerida da nossa parte. Dizem-nos que ser feliz é muito fácil e, portanto, se não somos, é apenas por culpa nossa, porque fizemos algo de errado. Assim, temos tendência a dizer que somos mais felizes do que realmente somos. Como não ser feliz parece ser a pior coisa que podemos fazer com as nossas vidas, somos forçados a sê-lo — ou, pelo menos, a parecer.

A constante busca pela felicidade está deixar-nos infelizes, ansiosos e/ou depressivos? Se sim, é verdadeiramente um círculo vicioso?
Exatamente. Mas vai além disso: em muitos casos, os produtos da felicidade não só não resolvem os problemas que prometem resolver, mas também geram novas formas de desconforto. Já antes falei dos sentimentos de frustração e de culpa, mas a busca pela felicidade também gera uma obsessão excessiva connosco mesmos, com a [ideia de] autenticidade, com o controle do pensamento e das emoções, com o crescimento pessoal. Essa obsessão representa novas formas de auto-absorção e narcisismo.

Ser feliz é mesmo a nova normalidade? Como viviam as pessoas antes disto?
As pessoas não viviam tão obcecadas com sua própria felicidade. Entendiam que a felicidade tinha que ver com circunstâncias pessoais, com sorte ou com fortuna. Chegava-se ao fim de uma vida, olhava-se para trás e valorizava-se tudo o que tinha sido feito de certo e de errado. Hoje, a felicidade é algo que parece depender unicamente de nós mesmos e que alguém pode ser feliz aqui e agora, a todo momento.

 
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