O Relatório Mundial da Felicidade, publicado esta quarta-feira, descreve o equivalente a uma “crise de meia idade precoce” nos mais novos, com os Estados Unidos da América (EUA) e a Europa Ocidental à frente na tendência de infelicidade das novas gerações. Há vários motivos a contribuírem para o declínio dos indíces de bem-estar nos jovens., com o porta-voz em saúde pública dos EUA a apontar o dedo às redes sociais como um dos principais fatores.

Ao jornal britânico The Guardian, Vivek Murthy alerta que, em média, os jovens passam cinco horas por dia nas aplicações e um terço dos adolescentes fica acordado até à meia-noite durante a semana por causa do telemóvel. Nesse sentido, o médico insiste na necessidade de regular o acesso dos adolescentes às redes sociais, de forma a reduzir os perigos associados.

O editor do estudo mundial, Jan-Emmanuel De Neve, pede uma “ação política imediata”, considerando a “queda desconcertante” na felicidade dos jovens. O decréscimo acentuado do bem-estar juvenil “contradiz a noção bem estabelecida de que as crianças começam mais felizes antes de entraram numa curva decadente”, assinala o investigador.

O barómetro anual, divulgado neste dia internacional da Felicidade, que mede os índices de bem-estar em 140 países — e que volta a colocar a Finlândia no topo enquanto Portugal fica em 55º. lugar no geral e em 46º. no dos jovens — , não justifica por completo as causas das estatísticas, mas os números que afetam os países mais desenvolvidos surgem num contexto de pandemia, guerras internacionais e uma crise climática.

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Nos dados comparados dentro do período de 2006 — 2022, as regiões com piores tendências de decréscimo de felicidade são o Médio Oriente e o Norte de África, o Sul Asiático, a América do Norte (onde se inclui os Estados Unidos e o Canadá), a Austrália e a Nova Zelândia e a Europa Ocidental.

Inversamente, os países da África Subsariana, da América Latina e do Sudeste Asiático e da Europa Central e de Leste registam as melhores tendências de crescimento do bem-estar dos mais novos — com o leste e o centro europeu a registar o maior grau de satisfação mundial das pessoas na faixa dos 15 anos.

Segundo o estudo, a felicidade na infância e na adolescência é um dos melhores indicadores para a satisfação na vida adulta. Aliás, diz o relatório que o bem-estar na juventude está relacionado com maiores rendimentos, com inteligência, saúde e auto-estima.

O Relatório Mundial da Felicidade mede o bem-estar subjetivo através da auto-percepção da amostra. A Finlândia lidera pelo 7.º ano consecutivo o ranking de felicidade global, seguindo-se a Dinamarca e a Islândia. Mas o primeiro lugar nos jovens vai para a Lituânia.

Os países com piores índices de felicidade geral são o Líbano e o Afeganistão. Portugal ocupa o 46.º lugar nos índices de felicidade jovem e o 55º. no ranking de felicidade geral — um lugar acima do registo dos últimos anos. À frente ficam o Vietname, Filipinas e Coreia do Sul e a atrás Hungria, Paraguai e Tailândia.

Os portugueses estão mais infelizes. É preciso chegar ao 56.º lugar do Relatório Mundial da Felicidade para nos encontrar

O relatório alerta para a importância dos anos da infância e da adolescência, descrevendo-os como uma “janela de oportunidade única” para uma intervenção que gera um impacto positivo na sociedade.

Mental é uma secção do Observador dedicada exclusivamente a temas relacionados com a Saúde Mental. Resulta de uma parceria com a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e com o Hospital da Luz e tem a colaboração do Colégio de Psiquiatria da Ordem dos Médicos e da Ordem dos Psicólogos Portugueses. É um conteúdo editorial completamente independente.

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