Nos primeiros dias de fevereiro, pouco mais de duas semanas antes de a Rússia invadir a Ucrânia e abrir as portas a uma guerra sangrenta no leste da Europa, um barco saiu à pressa do porto de Hamburgo.
O luxuoso super-iate, batizado com o nome “Graceful”, estava naquela cidade do norte da Alemanha para trabalhos de manutenção — um processo anual pelo qual este tipo de barcos passam, habitualmente durante o inverno, antes de zarparem para as águas mais quentes do Mediterrâneo, do Índico ou das Caraíbas, onde os seus donos milionários passam as férias. Com 82 metros de comprimento, o “Graceful” tem capacidade para alojar 12 hóspedes em seis cabines de luxo e para acomodar uma tripulação de 14 membros, e está equipado com ginásio, spa, biblioteca, piscina interior, pista de dança e até um piano Steinway branco. Porém, este ano, o barco de luxo, fabricado em 2014 por um preço de 100 milhões de dólares, não completou os trabalhos de manutenção e abandonou o porto de Hamburgo à pressa rumo à cidade russa de Kaliningrado — a capital do exclave russo entalado entre a Polónia e a Lituânia, com acesso direto ao mar Báltico.
O “Graceful” não é um barco qualquer: é o luxuoso navio habitualmente considerado como o iate privado do Presidente russo, Vladimir Putin. Embora o Kremlin sempre tenha negado que Putin seja detentor de qualquer fortuna privada (vivendo apenas com o seu salário de Presidente, habitando num apartamento modesto e conduzindo um carro antigo), estima-se que o Presidente russo tenha uma fortuna pessoal de cerca de 200 mil milhões de dólares, incluindo uma mansão multimilionária e o iate “Graceful” — mesmo que nada esteja em seu nome pessoal.
Quando o “Graceful” zarpou de Hamburgo rumo à segurança das águas territoriais russas, Putin ainda não tinha dado ordem para a invasão da Ucrânia, mas a possibilidade já estava mais do que em cima da mesa. A Rússia já tinha mais de 100 mil militares empenhados em exercícios nas proximidades da fronteira com a Ucrânia e a invasão do território ucraniano começava a desenhar-se à medida que o líder russo se inclinava para o reconhecimento da independência das duas regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia.
Igualmente em cima da mesa estavam as ameaças do Ocidente: se Putin decidisse invadir a Ucrânia e declarar uma guerra na Europa, Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia estavam prontos a avançar com sanções económicas contra o regime de Moscovo, incluindo o congelamento de ativos da elite económica e financeira russa — e do próprio Putin.
Perante a forte possibilidade de o confisco de bens e fortunas estar no topo das prioridades do pacote de sanções contra a oligarquia russa, o “Graceful” recebeu ordens para abandonar águas europeias a tempo de evitar cair nas mãos das autoridades alemãs. Outros não tiveram a mesma sorte.
Vários iates retidos em portos europeus — e outros em fuga
O dono daquele iate de luxo atracado em Hamburgo estava certo, ao antecipar as ações seguintes por parte do Ocidente. Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, os EUA, a União Europeia e o Reino Unido lançaram um conjunto de sanções económicas concertadas que incluíram o confisco dos iates e das mansões, bem como o congelamento das contas bancárias de dezenas de oligarcas russos, empresários multimilionários que compõem o círculo mais próximo do regime de Vladimir Putin. Muitos deles não conseguiram resgatar os seus navios de luxo a tempo e, neste momento, vários super-iates russos estão retidos em portos europeus, onde se encontravam para efeitos de manutenção.
É o caso do super-iate “Amore Vero”, um luxuoso navio com 88 metros de comprimento que foi confiscado na semana passada pelas autoridades francesas quando tentava abandonar o porto de La Ciotat, na Riviera Francesa, nas proximidades de Marselha. Segundo a Reuters, o navio, avaliado em cerca de 120 milhões de dólares e com um custo operacional de 12 milhões de dólares por ano, tinha chegado a La Ciotat no início de janeiro para trabalhos de manutenção, e ali deveria ficar até ao dia 1 de abril. Contudo, o “Amore Vero” está agora nas mãos das autoridades francesas. O motivo? O facto de o navio ser uma das principais propriedades do milionário russo Igor Sechin, CEO da petrolífera Rosneft, detida pelo Estado russo, e considerado um dos maiores aliados de Vladimir Putin — motivo pelo qual foi incluído na lista das figuras-chave do regime que estão sob sanções económicas por parte do Ocidente.
O confisco do navio foi anunciado pelo Ministério das Finanças francês depois de as autoridades daquele país terem percebido que o iate estava “a preparar-se para zarpar urgentemente, sem que os trabalhos de reparação estivessem concluídos”.
Mil quilómetros a norte da Riviera Francesa, no porto de Hamburgo, as autoridades alemãs retiveram outro imponente super-iate russo. O “Dilbar”, propriedade do milionário Alisher Usmanov, um dos homens mais ricos da Rússia, aliado próximo de Vladimir Putin e um dos pilares da oligarquia russa, encontrava-se em Hamburgo para a manutenção de inverno e, de acordo com a revista Forbes, foi retido pelas autoridades alemãs uma vez que Usmanov também faz parte da lista de sujeitos sancionados pelo Ocidente. Contudo, as autoridades alemãs negaram qualquer confisco do navio, que tem mais de 150 metros de comprimentos, é considerado o maior iate do mundo em termos de peso bruto e está avaliado em perto de 600 milhões de dólares. De acordo com um porta-voz das autoridades alemãs, citado pela Reuters, o iate não está confiscado, mas não há planos para o devolver ao dono — o que significa que o navio está, para todos os efeitos, congelado no porto alemão.
No Mediterrâneo, as autoridades italianas confiscaram dois outros super-iates pertencentes a oligarcas russos.
É o caso do “Lady M”, um navio de luxo com 65 metros de comprimento e avaliado em 65 milhões de euros que pertence ao oligarca Alexei Mordashov, uma das pessoas mais ricas do mundo e dono da maior empresa de aço da Rússia. O “Lady M” foi confiscado no porto de Imperia, no nordeste da Itália, nas proximidades da fronteira com França e do principado do Mónaco. É também o caso do “Lena”, navio avaliado em 50 milhões de euros que pertence ao oligarca russo Gennady Timchenko, empresário do petróleo, amigo próximo de Vladimir Putin e um dos homens mais ricos da Rússia. O “Lena” encontrava-se aportado em Sanremo, igualmente nas proximidades do Mónaco.
Italy’s police has just seized “Lady M Yacht” – a €65m yacht belonging to Alexey Alexandrovits Mordaschov located in Imperia (Liguria) – in compliance with the recent EU sanctions. pic.twitter.com/8NzqkXH7lE
— Ferdinando Giugliano (@FerdiGiugliano) March 4, 2022
Além dos iates, as autoridades italianas também confiscaram mansões de vários milionários russos — incluindo uma mansão na Sardenha, pertencente a Alisher Usmanov, e outra no Lago Como, propriedade de Vladimir Soloviev, apresentador do canal de televisão estatal russo.
A onda de confiscos de iates já levou muitos outros multimilionários russos a procurar refúgio para os seus preciosos navios de luxo.
Nas últimas semanas, múltiplos super-iates russos foram movidos para regiões do planeta não afetadas pelas sanções ocidentais — de entre as quais se destacam as Maldivas, país insular no Oceano Índico sem acordo de extradição com os Estados Unidos. De acordo com a Bloomberg, vários iates detidos por oligarcas russos já se encontravam aportados ou em navegação nas águas territoriais das Maldivas no início da semana passada. É o caso do “Ocean Victory”, um navio com 140 metros de comprimento e capacidade para 28 hóspedes e 56 membros da tripulação, avaliado em 300 milhões de dólares e detido pelo magnata Victor Rashnikov.
Outro navio que já navegou para o Oceano Índico foi o “Clio”, um super-iate com 73 metros de comprimento, capacidade para 18 hóspedes e 21 membros da tripulação e avaliado em 65 milhões de dólares. Detido pelo oligarca russo Oleg Deripaska, magnata dos alumínios, o “Clio” estava esta semana ao largo do Sri Lanka.
Simultaneamente, o “Nord”, outro super-iate do multimilionário Alexei Mordashov, com mais de 140 metros de comprimento e capacidade para uma tripulação com mais de 40 membros, estava na semana passada ao largo das Seychelles, também no Oceano Índico. Já o “Sea Rhapsody”, propriedade do banqueiro russo Andrey Kostin, presidente do importante banco estatal VTB, estava esta semana a cruzar o Canal do Suez, no Egipto, depois de ter abandonado as águas do Mediterrâneo (estava na Turquia) rumo ao Oceano Índico, com destino às Seychelles. Com 66 metros de comprimento e capacidade para 14 hóspedes nas suas cabinas luxuosas, o navio de Kostin está avaliado em 65 milhões de dólares.
Outros super-iates detidos por multimilionários russos têm merecido atenção internacional nos últimos dias, justamente pela possibilidade de virem a ser visados pelas sanções do Ocidente. É o caso do famoso “Solaris”, o enorme navio de Roman Abramovich. Com 140 metros de comprimento, o “Solaris” tem capacidade para 36 hóspedes e 60 membros da tripulação — e até tem um sistema de defesa anti-míssil. O navio estava, no final de fevereiro, ancorado em Barcelona, mas esta semana já se encontrava em navegação no Mar Mediterrâneo, sem destino publicamente definido. Abramovich não foi incluído nas listas de indivíduos sancionados pelo Ocidente, mas, antecipando essa possibilidade, o dono do Chelsea (e cidadão português desde o ano passado) até já se desfez do clube.
Nos últimos dias, outra história em torno de iates luxuosos chegou às páginas dos jornais: o “Scheherazade”, um enorme navio com 140 metros de comprimento e avaliado em 700 milhões de dólares, está ancorado há vários meses em Carrara, na Toscana, e ninguém sabe quem é o dono. As teorias incluem um milionário do Médio Oriente, um oligarca russo ou o próprio Vladimir Putin — uma vez que a maioria da tripulação é russa e, segundo relatos recolhidos pelo The New York Times, os funcionários europeus são habitualmente dispensados quando o dono está a bordo. O mistério adensou-se de tal modo que, na região, os habitantes já falam habitualmente do navio como “o iate de Putin” — e agora as autoridades estão a investigar a situação.
O ataque aos oligarcas pode ter um impacto real em Putin?
Uma semana depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, quando o Ocidente já se tinha mobilizado para avançar com as primeiras rondas de sanções económicas contra a Rússia, o regime de Putin e a elite económica e financeira que rodeia o Presidente russo, o governo norte-americano anunciou a criação de uma task-force específica para o efeito. Sob o nome “KleptoCapture”, a task-force reúne operacionais das várias agências federais dos EUA e tem como objetivo implementar as sanções e restrições impostas por Washington e pelos aliados europeus.
“O Departamento de Justiça vai usar todas as suas autoridades para confiscar os ativos dos indivíduos e entidades que violem as sanções. Não vamos deixar nem uma pedra por virar nos nossos esforços para investigar, deter e perseguir aqueles cujos atos criminosos permitem ao governo russo continuar esta lei injusta. Deixem-me ser claro: se violarem as nossas leis, vamos chamar-vos à responsabilidade”, afirmou o procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, antes de deixar um aviso direto aos oligarcas russos. “A todos aqueles que sustentam o regime russo pela corrupção e pela evasão às sanções: vamos privar-vos dos vossos refúgios seguros e responsabilizar-vos. Oligarcas, sintam-se avisados: vamos usar todas as ferramentas para congelar e confiscar os vossos rendimentos criminosos.”
A invasão da Ucrânia motivou uma reação contundente por parte dos líderes ocidentais, com Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia a prometer uma verdadeira guerra económica contra a Rússia em retaliação pela guerra armada no território ucraniano. Com a NATO a descartar uma intervenção militar no conflito caso não haja ataques contra um país da Aliança, a resposta do Ocidente tem sido justamente a economia: EUA e Reino Unido já anunciaram que deixarão de importar petróleo russo, a UE cancelou os planos para o importante gasoduto Nord Stream 2 e os líderes ocidentais têm anunciado um conjunto crescente de medidas com o objetivo de isolar a Rússia do resto do mundo — o que já levou a que a moeda russa, o rublo, perdesse 86% do seu valor e está a deixar a Rússia à beira do colapso económico.
Além das medidas de embargo comercial, a guerra económica do Ocidente contra a Rússia está a visar também os oligarcas russos — a elite de multimilionários que compõem o círculo mais próximo de Vladimir Putin e em que se concentra o real poder do regime russo —, através de sanções diretas, incluindo proibições de viagem, congelamento de rendimentos e contas bancárias e confisco de bens. É aqui que entra o confisco dos luxuosos iates dos oligarcas. Porém, terão estas medidas um impacto real no decurso dos acontecimentos? Serão eficazes para demover Vladimir Putin de continuar com a ofensiva militar sobre a Ucrânia? As opiniões dividem-se.
“A classe dos oligarcas é um pilar importante do regime de Putin e está fortemente exposta, porque os seus ativos são detidos no Ocidente — em mansões no sul de França, em condomínios nas propriedades de Trump e em clubes desportivos”, disse à NPR o investigador norte-americano Max Bergmann, especializado nas relações entre o Ocidente e a Rússia. “Cada oligarca deve a preservação da sua fortuna ao Kremlin”, acrescentou, salientando a relevância daqueles multimilionários na manutenção do regime de Putin.
Efetivamente, a elite que domina o regime político da Rússia assenta nas fortunas de um punhado de oligarcas que têm grande parte dos seus ativos no estrangeiro — e muitos vivem, inclusivamente, fora da Rússia. Os iates são apenas a faceta mais visível dessas fortunas, que incluem mansões, participações empresas multinacionais, clubes de futebol, entre outros investimentos que lhes permitem ter um estilo de vida luxuoso no Ocidente, viver com as suas famílias nas grandes capitais europeias e oferecer aos seus filhos uma educação de topo — ao contrário do que acontece com a generalidade da população russa.
“Acredito que as sanções relativas à agressão não provocada da Rússia contra a Ucrânia aumentaram o temor de Deus nas pessoas que sustentam Vladimir Putin e que elas vão, agora, levar as suas preocupações ao ditador russo”, disse ao jornal britânico i o académico Tyler Kustra, professor de relações internacionais na Universidade de Nottingham. “Os iates são muito importantes. Não vamos ser capazes de ir atrás dos ativos que estão escondidos através das camadas de empresas de fachada. Mas estes iates são alvos grandes e óbvios, e dizem aos oligarcas: ‘Estamos a jogar a sério. O vosso amigo Putin está a bombardear cidades, a matar mulheres e crianças, e nós vamos tirar-vos as coisas de que vocês gostam.’”
Para vários especialistas, a pressão económica direta sobre os oligarcas aliados de Putin pode ser eficaz e resultar numa influência direta sobre o regime de Moscovo — e até o confisco dos iates de luxo, mesmo parecendo pouco significativo, pode ter um papel importante no processo.
“É muito simbólico e uma parte disto é a guerra psicológica”, disse à CBS o investidor norte-americano Bill Browder, empresário e ativista anti-corrupção. “Isto tem realmente um impacto. Se não financeiramente, então psicologicamente.”
Quando o Presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou a intenção de ir atrás dos oligarcas, não poupou nas palavras. “Hoje, digo aos oligarcas russos e aos líderes corruptos que calotearam milhares de milhões de dólares deste regime violento: chega. Vamos juntar-nos aos nossos aliados europeus para procurar e confiscar os vossos iates, os vossos apartamentos de luxo e os vossos jatos privados. Vamos atrás dos vossos ganhos gerados de modo corrupto”, atirou Joe Biden.
Para Bill Browder, esta decisão mostra que o Ocidente quer atacar diretamente o estilo de vida dos oligarcas russos, para os vergar. Não são apenas os iates, mas também as casas de luxo, o dinheiro “e a sua capacidade para mandar os filhos para colégios chiques no Ocidente”. “Não estamos prontos para entrar em guerra militar. Por isso, há a expressão: ‘Temos de os combater nos bancos se não podemos combatê-los com tanques.’”, disse Browder à CBS.
A pressão direta sobre os oligarcas russos até parece já estar a funcionar.
Pelo menos dois multimilionários russos, Mikhail Fridman e Oleg Deripaska (um dos que já levaram o iate para o Índico), já se pronunciaram publicamente a favor de um cessar-fogo imediato no conflito. “Nasci na Ucrânia ocidental e vivi lá até aos 17 anos. Os meus pais são cidadãos ucranianos e vivem em Lviv, a minha cidade favorita. Mas também passei muito tempo da minha vida como cidadão da Rússia, construindo e fazendo crescer empresas. Estou profundamente ligado aos povos ucraniano e russo e vejo o atual conflito como uma tragédia para ambos”, escreveu o investidor Fridman numa carta interna partilhada entre os funcionários do Alfa Group, o conglomerado de investimentos a que preside.
Já o oligarca Oleg Deripaska publicou uma mensagem no seu canal do Telegram apelando às negociações de paz “tão rapidamente quanto possível”. “A paz é muito importante”, escreveu o magnata dos alumínios.
Porém, entre os analistas há quem duvide da eficácia de confiscar os iates dos oligarcas na moderação do conflito.
“Acho que sancionar os oligarcas é uma coisa boa de se fazer, mas não é que eles agora vão pegar no telefone e influenciar Putin”, disse ao New York Post o académico norte-americano Chris Miller, professor de História Internacional na Universidade de Tufts e investigador em Washington DC. “No que toca às sanções, o mais importante a fazer é visar toda a economia, os bancos e o setor energético.”
Angus Roxburgh, um antigo correspondente da BBC em Moscovo e antigo consultor do Kremlin, também discorda da abordagem. “Alguns oligarcas russos são próximos de Putin, e alguns deles provavelmente ajudam-no a esconder a sua fortuna em contas offshore. Putin usa-os para financiar projetos que ele precisa que sejam feitos rapidamente, como a infraestrutura para os Jogos Olímpicos de Sochi ou uma ponte para a Crimeia anexada”, escreveu Roxburgh num artigo no The Guardian. “Mas isto é uma relação inteiramente unidirecional. Putin permite-lhes que prosperem sob duas condições: que eles forneçam o dinheiro sempre que ele precisa, e que eles não se metam na política. A ideia de que eles influenciam as suas políticas é pura fantasia. A prova disso é que as sanções regularmente impostas aos oligarcas desde 2014 não fizeram a mínima diferença nas políticas de Putin.”
Roxburgh defende, por isso, que os alvos certos para as sanções do Ocidente seriam os membros do conselho presidencial, os serviços de segurança e os responsáveis pela propaganda televisiva do Kremlin — esses, sim, são eixos fundamentais da ação política de Moscovo.
Daniel Fried, um antigo responsável governativo norte-americano que esteve envolvido no desenho das sanções contra a Rússia após a invasão da Crimeia, concorda. À NPR, diz que os oligarcas não têm o mínimo poder ou influência sobre Putin. “Ele controla-os absolutamente. Esmaga-os e eles só existem devido à sua tolerância”, diz Fried. “Ele pode prendê-los, matá-los, e a ideia de que os oligarcas podem exercer qualquer influência sobre Putin é tonta.”