“Sempre tomei decisões tendo em mente os melhores interesses do clube. Continuo comprometido com esses valores. É por isso que agora confio aos curadores da Fundação de caridade do Chelsea a administração e os cuidados do Chelsea. Eles estão atualmente na melhor posição para cuidar dos interesses de clube, jogadores, funcionários e adeptos. Durante os meus quase 20 anos de propriedade do Chelsea, sempre considerei o meu papel como responsável, cujo trabalho é garantir que sejamos tão bem sucedidos quanto podemos ser hoje, bem como construir o futuro enquanto desempenhamos um papel positivo nas nossas comunidades”.

Ainda antes de começar a ser questionado, Roman Abramovich deu uma primeira resposta a todos os efeitos da invasão da Rússia à Ucrânia e respetivas consequências ao afastar-se da administração dos londrinos – tanto que, na final da Taça da Liga em Wembley frente ao Liverpool, as manifestações de apoio à Ucrânia já passaram ao lado do proprietário dos blues, havendo um novo foco que passava por Alisher Usmanov, outro bilionário russo que teve uma participação importante no Arsenal até 2018 e que se preparava para fazer uma oferta “irresistível” para ficar com o Everton, algo que entretanto terá também caído de vez.

Abramovich tentou esvaziar a pressão. Não conseguiu. E nem mesmo o facto de ter participado nas primeiras negociações de paz entre Rússia e Ucrânia aliviou esse cenário até porque a figura que nos últimos anos geriu o clube, quando o bilionário estava proibido de entrar em Londres, permanece com as mesmas funções, no mesmo posto e com as mesmas responsabilidades (Marina Granovskaia). Quase uma semana depois do início da invasão russa, o inevitável está a acontecer: o Chelsea vai mesmo ser vendido.

“Gostaria de abordar toda a especulação na comunicação social nos últimos dias em relação à participação que tenho no Chelsea. Como referi anteriormente, sempre tomei decisões defendendo os interesses do clube do coração. Perante a situação atual, tomei a decisão de vender o clube, decisão que considero ser a melhor para os interesses do clube, dos adeptos e dos funcionários, assim como dos patrocinadores e dos parceiros”, confirmou Roman Abramovich num comunicado emitido ao final da tarde no site dos blues.

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“A venda do clube não será acelerada e vai seguir o seu processo. Não vou pedir qualquer empréstimo para ser recompensado. Tudo isto nunca foi um questão de negócio ou de dinheiro para mim mas sim de pura paixão pelo jogo e pelo clube. Além disso, instruí a minha equipa para desenvolver uma fundação de caridade para fazer reverter o dinheiro. A fundação será para benefício de todas as vítimas da guerra na Ucrânia. Isso inclui dar fundos que são críticos para suprir as necessidades mais urgentes e imediatas das vítimas, bem como ajudar a longo prazo no trabalho de recuperação”, acrescentou ainda o russo.

“Foi uma decisão muito difícil de tomar e é com uma grande dor que deixo o clube desta forma. Ainda assim, e mais uma vez, acredito que defende os melhores interesses do clube”, concluiu.

O The Telegraph já tinha avançado esta terça-feira que existia pela primeira vez a possibilidade de alienação da participação que Abramovich tem do clube perante tudo o que está a acontecer, algo que numa primeira instância tentou evitar mas que agora vê como um cenário necessário – e até a luxuosa mansão que tem em Kensington Palace Gardens deverá ser vendida, sem que se perceba a capacidade que terá ou não depois de aceder a esse dinheiro, tendo em conta os bloqueios e congelamentos de contas a centenas de oligarcas russos próximos do presidente do país, Vladimir Putin. Agora, existe já um nome pronto para avançar.

O bilionário suíço Hansjorg Wyss foi um dos quatro contactados pela intermediação do negócio, que está a ser feita por um banco sediado nos EUA, e vai avançar com uma proposta concreta. Não havendo ainda qualquer valor público, sabe-se apenas que um acordo ficará sempre acima dos dois mil milhões de euros, valor atual da dívida do clube com Abramovich, e que o russo já chegou a recusar anteriormente uma oferta de 2,6 mil milhões de euros pelo Chelsea. O proprietário apontará para um montante acima dos 4,5 mil milhões de euros, de acordo com o The Telegraph, valor muito distante da oferta ponderada.

“Tal como outros oligarcas, ele está em pânico. Abramovich está a tentar vender todas as suas propriedades em Inglaterra. Também se quer ver livre do Chelsea rapidamente. Eu e mais três outras pessoas recebemos uma oferta esta terça-feira para adquirirmos o Chelsea. Tenho de esperar agora quatro ou cinco dias. Nesta altura está a pedir demasiado. O Chelsea deve-lhe 2,4 mil milhões. Não sabemos o preço exato da venda mas consigo imaginar-me a começar no Chelsea com alguns parceiros. Terei de analisar primeiro todas as condições. Posso assegurar apenas o seguinte: não vou fazer nada sozinho, se comprar o Chelsea será num consórcio com mais seis ou sete investidores”, comentou Hansjorg Wyss ao jornal suíço Blick.

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