João Ferreira continua no sul de Portugal, esta sexta-feira no distrito de Beja para um dia de campanha dedicado ao ambiente, às alterações climáticas e à agricultura. O dia começou na Vidigueira, autarquia liderada pela CDU, para apresentar o programa desta sexta-feira: “Para a CDU, mais do que usar [as alterações climáticas] como tema de campanha, interessa incorporá-lo na nossa intervenção quotidiana”.
Antes de uma visita às instalações da câmara municipal e a várias iniciativas autárquicas no centro da vila, João Ferreira falou aos jornalistas apresentando as cinco medidas que a CDU propõe no seu programa eleitoral no âmbito do ambiente e alterações climáticas.
Uma das propostas, explicou, é “alargar o âmbito da diretiva das emissões industriais”, que atualmente exclui os gases de efeito de estufa (incluídos no mercado do carbono), para que passe também a incluir estes gases. Outra é generalizar os passes sociais intermodais, atualmente nas áreas metropolitanas, a todo o país. Esta foi, segundo João Ferreira, “a medida de maior alcance nos últimos anos” nesta área — e a proposta é “generalizar esta medida a todo o país e levar mais longe a redução de tarifas”. Uma medida que, garante, tem de ser acompanhada do “reforço de meios para absorver os passageiros”.
A CDU defende ainda a dinamização da produção e do consumo locais, levando a cabo uma “alteração profunda da Política Agrícola Comum” que favoreça “não modelos de agro-exportação de cariz intensivo”, mas sim “modelos de produção e consumos locais”. Além disso, João Ferreira quer que se criem “condições para que progressivamente o Estado recupere o controlo sobre o setor energético”. O candidato da CDU esclareceu que “o dinheiro existe” e que o que é preciso é “reorientar a atividade das empresas para o bem comum” em vez de para a “maximização dos lucros dos donos privados”.
João Ferreira, da CDU, está no distrito de Beja para um dia dedicado ao ambiente. Quer que as alterações climáticas não sejam apenas tema de campanha, mas preocupação do quotidiano. #Europeias2019 #EE2019 pic.twitter.com/RodjDWV6MB
— Observador (Eleições) (@OBSEleicoes) May 17, 2019
João Ferreira voltou a referir-se esta manhã à proposta de criação de um Observatório Europeu da Seca, “cuja sede seria em Portugal, numa região do interior”, e que pudesse “estudar os efeitos previsíveis das alterações climáticas”, já que “Portugal é um dos países que mais tem sido afetado pela seca”.
Depois da visita à Câmara Municipal e a várias iniciativas autárquicas — para onde foi levado pelo presidente da autarquia, Rui Raposo (fazendo derrapar o programa do dia e atrasar o almoço que se seguia) —, João Ferreira visitou os estaleiros municipais e falou com os trabalhadores para os assegurar da importância de votar nas Europeias. “Como sabem, vamos ter eleições para o Parlamento Europeu. Cada um vai ter de decidir quem vão ser os deputados” portugueses, explicou João Ferreira a cerca de duas dezenas de trabalhadores da autarquia.
João Ferreira, da CDU, esta manhã nos estaleiros municipais da Vidigueira (Beja), a garantir que "está muito enganado" quem pensa que as #Europeias2019 "têm pouco a ver com a nossa vida aqui todos os dias" #EE2019 pic.twitter.com/4tkEVtR2VF
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“Há quem pense ainda que estas eleições têm pouco a ver com a nossa vida aqui todos os dias, que é lá longe, para o Parlamento Europeu. Está muito enganado quem assim pensa. Hoje são lá tomadas decisões no Parlamento Europeu que têm a ver com a nossa vida todos os dias”, sublinhou João Ferreira.
PS juntou-se a PSD e CDS “para impedir mais avanços”
Já com atraso, por causa das visitas inesperadas que o demoraram na Vidigueira, João Ferreira chegou à vila da Cuba para um almoço na Sociedade Filarmónica e acabou por discursar enquanto muitos apoiantes ainda tinham o prato cheio de bacalhau com natas e de carne de porco à alentejana. No essencial, João Ferreira usou a curta intervenção para repetir ideias: o que já tinha dito de manhã sobre as preocupações ambientais da coligação, e o que já tinha dito nos dias anteriores sobre PS, PSD e CDS.
O candidato começou por lembrar as vitórias da última legislatura, para as quais reclama o contributo essencial dos partidos que compõem a CDU, e por acusar o PS e a direita de não terem deixado que mais fosse feito. “Se não avançámos mais foi porque o PS, que não deixou de se juntar ao PSD e ao CDS na Assembleia da República para impedir mais avanços, se submeteram ao longo destes anos a determinações e imposições da União Europeia, que são contrárias aos interesses do país”, disse o candidato.
Insistindo na defesa da soberania e na defesa do país antes da União Europeia, João Ferreira regressou ao exemplo da ferrovia para voltar a desafiar os partidos a clarificar a sua posição sobre a atual proposta de orçamento comunitário — que corta em 7% os fundos de coesão destinados a Portugal. “Se vier um orçamento para ser votado no Parlamento Europeu com cortes para Portugal, como votam?”, perguntou de novo João Ferreira ao PS, PSD e CDS. “Decidam-se”, atirou, para depois criticar a forma como os fundos têm sido distribuídos dentro da UE: “Para a Alemanha o que faz falta é ligações entre países. Pudera, já têm a rede ferroviária deles toda feita. Mas a nós faz-nos falta.”
Voltando a assegurar que a CDU não teme comparações (“pelo contrário, façam essas comparações”), João Ferreira assegurou a uma sala cheia que são os deputados da coligação que mais têm feito, entre os portugueses, no que toca a interpelações e perguntas às instituições europeias.
CDU continua à espera de resposta ao desafio que fez aos partidos
Várias horas depois do almoço em Cuba, João Ferreira chegou a Beja — com quase meia hora de atraso — para uma arruada pelo centro da cidade para aflorar o segundo tema do dia: a agricultura. O candidato da CDU parou durante o percurso para dizer aos jornalistas que “a legislatura que agora se vai iniciar no Parlamento Europeu será uma legislatura de reforma da Política Agrícola Comum (PAC)”.
“Há um conjunto de modificações que, do nosso ponto de vista, se impõem”, sublinhou João Ferreira, acrescentando que é preciso “garantir que as desigualdades em termos de pagamentos da PAC que hoje existem entre países e dentro de cada país acabam definitivamente”. “Nós continuamos a ter países na União Europeia que recebem duas, três ou mais vezes” em pagamentos pela PAC “do que recebe um agricultor português”.
João Ferreira voltou a falar do repto que lançou aos partidos da direita e ao PS, para que dissessem como se irão posicionar face a um orçamento comunitário que siga a atual proposta da Comissão Europeia e corte os fundos de coesão destinados a Portugal em 7%. “Nenhum dos partidos nos respondeu de forma clara ao desafio que lançámos”, disse o candidato da CDU, sublinhando que continua “à espera” e que o silêncio também será interpretado como resposta.
Esta noite, João Ferreira discursa no Centro de Exposições de Serpa, onde decorre um jantar com quase duzentos apoiantes da coligação que marca o encerramento da passagem da caravana da CDU pelo Alentejo.