João Ferreira terminou o dia de campanha que dedicou à região do Algarve com um comício de grandes dimensões no centro de Faro durante o qual antecipou os “dez dias decisivos” de campanha até às eleições de dia 26 e desafiou PS, PSD e CDS a prestar “contas ao povo” sobre o que fizeram nos últimos cinco anos no Parlamento Europeu. O candidato pediu ainda ao Governo português que vete a atual proposta da Comissão Europeia para os fundos de coesão, que é “prejudicial para Portugal”.

“Deixamos um desafio: digam o que fizeram, o que lá andaram a fazer estes anos, prestem contas ao povo como nós fazemos todos os dias. Digam como se diferenciam, digam ao que vêm em concreto. É assim que faz política”, disse João Ferreira durante o comício, repetindo aquilo que tem sido a linha central da campanha da CDU: a de apresentar a coligação como a única força política “com provas dadas” em Bruxelas.

Classificando a campanha eleitoral como uma “batalha em torno do esclarecimento e da informação”, João Ferreira insistiu na ideia de que a CDU tem um “assinalável património de trabalho em defesa do país”, materializado não só nos “milhares de perguntas feitas à Comissão Europeia e ao Conselho” e nas “centenas e centenas de propostas” apresentadas, mas também nas vitórias alcançadas com o contributo da coligação PCP-Verdes.

João Ferreira repetiu o ataque que já tem feito nos últimos dias ao PS, PSD e CDS, acusando-os de “virem esgrimir percentagens de execução de fundos” em público. “Se querem dar uma contribuição útil para a execução dos fundos, então que apoiem as propostas feitas pela CDU no Parlamento Europeu, por exemplo para baixar o co-financiamento nacional”, acrescentou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O cabeça de lista da CDU pediu ainda, a partir do Algarve, para que PS, PSD e CDS “digam como é que se posicionaram relativamente aos orçamentos da União Europeia e aos fundos estruturais” e “porque é que votaram favoravelmente os últimos dois quadros financeiros plurianuais”, argumentando que aqueles partidos, “com o seu voto, permitiram que atribuição de fundos a Portugal” ficasse “subordinada” aos “grandes interesses económicos” e não aos “interesses de quem vive em Portugal”.

Falando diretamente aos algarvios, mas estendendo o discurso a todo o país, João Ferreira destacou que o Algarve “e a sua população podem vir a ser dos mais prejudicados com a proposta de orçamento da União Europeia para os próximos sete anos”. E explicou: “É que esta proposta de quadro financeiro plurianual é prejudicial para Portugal, globalmente, porque corta nas verbas a atribuir ao nosso país, mas também porque aumenta a contribuição nacional”. “No caso do Algarve, podemos dizer que este aumento é brutal”, acrescentou.

Durante a tarde, em Silves, João Ferreira já tinha dito aos jornalistas que a proposta atual da Comissão Europeia inclui uma descida da taxa de co-financiamento europeu dos fundos comunitários para a região do Algarve dos atuais 80% para 55%. “O que é que isto quer dizer? Quer dizer que o país, passe a expressão, vai ter de pagar para utilizar fundos da União Europeia, mais do que aquilo que paga agora. Bastante mais do que aquilo que paga agora”, disse o candidato.

E, do púlpito montado no centro histórico de Faro, João Ferreira apelou ao Governo que chumbe esta proposta e perguntou aos outros partidos o que fariam “se se mantiver a atual proposta da Comissão Europeia”. Para logo sentenciar: “O silêncio será entendido como uma fuga e como um não-compromisso com os interesses nacionais”.

Frente a uma audiência muito mais vasta do que a que o tinha ouvido nas duas ações de rua do dia, João Ferreira vincou a proposta de aumento do salário mínimo nacional para 850 euros mensais e repetiu o que já havia dito: que o turismo não pode crescer à custa dos trabalhadores precários do setor e que o Algarve é “um bom destino para passar férias”, mas também tem de ser “bom para viver e trabalhar”.

CDS andou a “apanhar o lixo que não quis proibir”

João Ferreira, que até aqui tinha preferido não entrar em trocas de acusações com as outras candidaturas, deixou desta vez um ataque direto ao CDS. “Ainda há uns dias vimos quem foi fazer campanha para as praias apanhar lixo”, disse o candidato, referindo-se a uma ação de campanha do candidato centrista Nuno Melo na segunda-feira passada.

“Foram os mesmos”, continuou João Ferreira, “que quando votaram a diretiva” sobre a proibição de plásticos no meio ambiente “tiveram oportunidade de contribuir” para a proibição e “não o fizeram”. “Andam agora com as câmaras de televisão atrás a apanhar o lixo que não quiseram proibir”, rematou.