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Mário Mourão assume a liderança da UGT, sucedendo a Carlos Silva
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Mário Mourão assume a liderança da UGT, sucedendo a Carlos Silva

ANA MARTINGO/OBSERVADOR

Mário Mourão assume a liderança da UGT, sucedendo a Carlos Silva

ANA MARTINGO/OBSERVADOR

Mário Mourão, o sindicalista do PS e quadro do BES habituado a guerras internas (e que vai liderar a UGT)

Ex-deputado do PS, recusou apoiar o último orçamento de Sócrates. Há 17 anos a liderar o 2.º maior contribuinte da UGT, enfrentou guerras internas. Sucede a Carlos Silva, mas escolha não é consensual.

Novembro de 2010. O PS preparava-se para submeter o Orçamento do Estado para 2011 ao crivo da Assembleia da República, numa altura em que os efeitos da crise financeira chegavam a Portugal e a crise política era iminente. Mário Mourão, então deputado socialista, diz que “não estava em condições” de votar favoravelmente o documento, que foi aprovado com a abstenção do PSD (mas que praticamente não veria a luz do dia — o chumbo do PEC IV, meses depois, levaria à queda do segundo Governo de José Sócrates).

“Se votasse a favor estava a ir contra os meus princípios. Não estou a dizer que aquilo não era necessário, mas era um programa duro que afetava muitos trabalhadores e famílias. Informei o líder parlamentar que não podia votar”, conta ao Observador, 11 anos depois. Ainda pediu que o substituíssem, mas sem sucesso. A solução que encontrou foi apresentar uma declaração de voto, já que o grupo parlamentar impôs disciplina na votação.

Nessa declaração, Mourão, hoje com 64 anos, era implacável nas críticas ao Orçamento, que considerava “mau”, embora admitisse que se não fosse viabilizado, o país mergulharia “numa situação ainda mais grave” e abriria “as portas às escâncaras para que o Fundo Monetário Internacional aí viesse em velocidade e em força” (o que acabaria por acontecer com a intervenção da troika).

Mourão caraterizava as medidas de aumento das receitas como “francamente tíbias”, acusava o Governo de falta de “coragem política para conseguir uma maior justiça fiscal” e considerava “inaceitável” a redução dos salários do Estado, incluindo o “congelamento indiscriminado” das pensões e o “agravamento da carga fiscal”.

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A oposição interna ao documento não foi bem aceite no PS e, a partir daí, Mourão não voltou a ser deputado, embora ainda tenha chegado a concorrer em legislativas, sempre em lugares não elegíveis. Virou-se, por isso, para o cargo de presidente do Sindicato dos Bancários do Norte (hoje Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro de Portugal), a que já presidia antes, desde 2005.

Mário Mourão

Mário Mourão, 64 anos, é há 17 anos presidente do Sindicato dos Bancários do Norte

LUSA

Seguindo as pisadas do amigo Carlos Silva, também ele quadro bancário, Mário Mourão chega agora à liderança de uma das maiores centrais sindicais do país, a UGT. A escolha não foi consensual, mas o próprio desvaloriza e diz que é a democracia interna a funcionar.

É que, pela primeira vez na história da central, houve dois candidatos à presidência da tendência socialista da central, que elege, por inerência, o candidato a secretário-geral. Em novembro, os socialistas da UGT foram chamados a escolher entre Mourão e José Abraão — também ele socialista, presidente da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP). A votação foi renhida e a separar os dois candidatos estiveram apenas 43 votos (em 287 votantes).

Mourão rejeita que isso signifique que a UGT esteja “dividida”, mas opiniões recolhidas pelo Observador junto de fontes da central revelam que a escolha não foi bem vista por uma fação. Dois dirigentes expressam ao Observador surpresa por terem visto Mário Mourão ser o nome escolhido por Carlos Silva para a sucessão, não poupando no tom das críticas. Desde logo pela postura “discreta”, vista por alguns como um entrave à visibilidade da central. O sindicalista chuta para canto e promete luta — mesmo que isso signifique ir para a rua, algo que a UGT se tem abstido de fazer nos últimos anos.

O quadro do BES que chegou a concorrer contra a lista socialista

Mário Mourão nasceu no Porto a 14 de abril de 1958, mas foi ainda criança para Angola com os pais, onde viveu até ao 25 de Abril. Foi na ex-colónia que começou a trabalhar no Banco Pinto & Sotto Mayor, cerca de meio ano antes de regressar a Portugal. Primeiro em Lisboa; a partir de 1979 no Porto, onde estava a família — e onde ainda hoje vive (em São Romão do Coronado, na Trofa).

Em Portugal, a carreira fez-se no Banco Espírito de Santo (hoje Novo Banco, do qual ainda é quadro), dando os primeiros passos na “secção de telex”. Rapidamente se junta à comissão de trabalhadores e, daí, também seria uma questão de tempo até saltar para a atividade partidária, no final dos anos 70. Tinha 22 anos.

“Comecei a participar nas reuniões da comissão. Naquela altura o banco parava por causa dos plenários dos trabalhadores e isso despertou-me interesse. Fui participando em reuniões dentro do banco e partidárias. Eram tempos em que a atividade sindical era muito intensa. Comecei a entusiasmar-me e inscrevi-me na Juventude Socialista”, conta. Foi um dos “primeiros socialistas” no BES a fazer uma lista da tendência sindical socialista. Também por essas alturas, juntou-se à Juventude da UGT, era Torres Couto secretário-geral.

O pós-25 de Abril foi uma altura de ganho de força e influência dos partidos dentro das comissões de trabalhadores um pouco por todo o país, uma influência que ainda hoje se mantém em várias empresas.“Assumidamente socialista”, chegou a concorrer com Carlos Silva contra a lista da tendência socialista da comissão de trabalhadores do BES por discordar da linha seguida. Os dois amigos juntaram forças numa outra lista que agregava várias tendências, incluindo comunistas, socialistas e outras fações da esquerda. A divisão com a tendência socialista não duraria muito. “Depois lá nos unimos outra vez”, recorda.

Os braços dos partidos ainda mexem nas empresas. Trabalhadores organizam-se pelo cartão de militante

Aliás, a ligação ao PS manteve-se forte, na comissão nacional ou no secretariado da federação distrital do Porto. Em 2009, torna-se deputado pelo círculo eleitoral do Porto e nesse lugar mantém até ao chumbo do PEC IV, que levou à queda do governo de Sócrates.

Concertar posições distintas dentro do sindicato, não fora dele

Mário Mourão participa pela primeira vez numa eleição para o então Sindicato dos Bancários do Norte (SBN) em 1988, quando estava na comissão de trabalhadores do BES. “Convidaram-me a integrar a lista para a direção do sindicato. Fizemos uma lista de sociais-democratas e socialistas e ganhámos”, explica. Requisitado a tempo inteiro, tornou-se tesoureiro do sindicato em outubro desse ano.

Continuou dedicado ao SBN até um hiato de 1997 e 2000, em que apenas se dedicou ao banco, mas volta em 2001 e é eleito presidente em 2005. Dois anos depois é Carlos Silva quem chega à presidência de um dos sindicatos “irmãos” — o Sindicato dos Bancários do Centro (SBC). Os dois viriam a participar em reuniões conjuntas entre os sindicatos, antes da crise que virou as estruturas representativas dos bancários da central umas contra as outras.

Carlos Silva, que escolheu Mourão como seu sucessor, gaba-lhe o espírito “interventivo e ativo” primeiro na comissão de trabalhadores do BES, depois no SBN. Ao Observador, o secretário-geral cessante diz que o amigo inscreveu uma “dinâmica conciliadora no sindicato”, depois de “alguns anos” de “lutas sindicais internas que foram muito agudas”. Isso é visível, acrescenta, na tentativa de juntar sindicalistas de diferentes orientações e tendências políticas numa candidatura única e nos órgãos sociais do sindicato.

Mas se essa opção merece elogios de uns, há quem não a veja com bons olhos. “Há ali ideias e objetivos que de maneira nenhuma se podem juntar. Isso condiciona toda a atividade sindical, muitos têm de abdicar de todos os seus princípios apenas para ter um mandato com alguma paz, sem contestação nem oposição”, aponta ao Observador um ex-dirigente da UGT, que trabalhou com Mourão.

Mário Mourão e Carlos Silva assumiram as lideranças dos sindicatos numa altura de reestruturação da banca, com despedimentos e as consequências, para o bem e para o mal, da digitalização. “Gostava de lhe dizer que os nossos sindicatos cresceram muito no país, mas isso não é verdade. Sobretudo o setor bancário sofreu de uma forma muito amarga a reestruturação imposta na banca, devido também à digitalização da economia, a inovação do setor foi muito forte. E depois em 2008 foi a falência do Lehman Brothers. Mas conseguimos manter os nossos sindicatos na liderança do movimento sindical português, dos pontos de vista financeiro e do movimento sindical, mas sobretudo dos benefícios que os sindicatos congregam para os beneficiários”, diz Carlos Silva, que salienta que Mourão “reforçou a oferta de benefícios sociais e de assistência médica dos SAMS (Serviço de Assistência Médico-Social) — um subsistema de saúde só para bancários, gerido pelos sindicatos, com benefícios que chegam aos 80% de comparticipação em intervenções cirúrgicas e medicamentos.

António Costa e Mário Mourão na inauguração da Pinheiro Manso - Residência Sénior, lançada pelo SBN na Boavista, com mensalidades acima dos 1.600 euros

LUSA

Os dados mais recentes do SBN mostram essa perda de associados ao longo dos anos. O relatório e contas de 2020 revela que, entre 2014 e esse ano, o sindicato perdeu 2.073 associados (1.751 ativos e 322 reformados), para um total de 12.035 bancários. Em quotizações, angariou em 2020 mais de 2,3 milhões de euros (2.321.628 euros) — é o segundo maior contribuinte da UGT, depois do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas —, o que dá uma média de 192,91 euros por associado. Em 2014, os valores estavam respetivamente em 2.690.877 euros, numa média de 190,73 euros.

Carlos Silva e Mário Mourão participaram também, como presidentes do SBC e SBN, respetivamente, nas negociações para a criação de um único sindicato nacional que agregasse todas as estruturas representantes dos trabalhadores “verticais” — o do Norte, do Centro e do Sul e ilhas —, e outros dois sindicatos dos seguros, um acordo que seria “histórico”, apelida um dos envolvidos no processo. A mesma fonte atribui a Mário Mourão a não concretização dessa união. “Há muitos anos que se diz que o sindicalismo precisa de ser reinventado, mas a verdade é que quando se vai dar passos nesse sentido, há pessoas que saltam foram. Foi o caso de Mário Mourão”, critica.

A ideia era agregar sindicatos para fazer face à redução do número de trabalhadores que a banca enfrenta, numa lógica de “mais vale um sindicato forte do que vários sindicatos pequenos”. “A única maneira de os sindicatos terem alguma força é juntarem-se, não manterem-se divididos”, refere um dos envolvidos, que acredita que houve resistência para essa união por “interesses” de  alguns dirigentes.

“Juntar sindicatos levaria à perda do número de sindicalistas porque também há uma diminuição do número de sindicalizados. A direção seria menor, haveria menos diretores. Quem tomou esta decisão sabia que tinha de fazer isto com desprendimento pelo poder, porque mais tarde ou mais cedo haveria de chegar a altura de sair”, indica. A união foi a votos nos sindicatos e só os bancários do Norte a chumbaram, com 95% dos votos. Mas a mesma fonte que participou nas negociações acredita que a forma como a direção do SBN conduziu o referende foi feita para tender à votação desfavorável. Até a localização da sede em Lisboa e não no Porto foi usada como argumento para convencer os indecisos. “Tudo isto acabou por agravar a partição do sindicalismo na banca”, conclui.

Sindicatos irmãos de costas voltadas

São várias as declarações públicas que dão conta da discordância em relação à união dos sindicatos dos bancários. Num artigo publicado na revista da Febase (Federação do Setor Financeiro, que inclui o SBN), em vésperas do referendo, em novembro de 2018, a direção do sindicato, liderada por Mário Mourão, alertava que a criação de uma estrutura única “só pode justificar-se com razões sólidas e claras para todos os associados e que suplantem as da continuidade e revitalização do SBN”. “(…) Do que se trata é verdadeiramente da extinção ou não do sindicato, e, no caso do sim, da integração (do património e dos associados que optem por isso) num NS [Novo Sindicato Nacional], com sede em Lisboa.”

“É enganador e incompreensível confundir esta única e grave questão, com uma pergunta sobre o alargamento territorial do sindicato e/ou a possibilidade de admitir nele outros trabalhadores! Não foi isto que se previu nem justificava anos de reuniões, de reflexões e conclusões!”, lê-se. Por isso, a direção sugeriu que o boletim de voto contivesse “com clareza a alternativa NÃO ou SIM à extinção do SBN, com a consequente manutenção deste ou, no caso do sim, o seu desaparecimento definitivo e integração no NS a criar”.

Segundo noticiou a Lusa em 2018, o problema apontado por dirigentes e sócios do SBN era que, tendo o sindicato as suas finanças equilibradas, a fusão só iria beneficiar as estruturas sindicais que estavam a passar por dificuldades. Aliás, no mesmo artigo na revista da Febase, a direção do SBN dizia querer conhecer a situação financeira de cada um dos sindicatos que seriam fundidos, sendo necessária uma “auditoria a todos os parceiros”, o que não aconteceu.

Embora fosse favorável a uma união dos sindicatos, Carlos Silva recusa atribuir culpas ao fracasso da ideia e aponta como justificação a diversidade de opiniões dentro do SBN. “As direções não são feitas por um homem ou uma mulher. São cinco sindicatos com cinco presidentes que, dentro e à sua volta, têm umas dezenas, para não dizer centenas de opiniões, que têm de ser ouvidas. Não se constrói nada se não for num clima de unidade e essa unidade não existiu durante algum tempo. Aqui não há que atribuir culpas a ninguém”, responde.

Mourão também recusa que a resistência tenha sido só da sua parte. “Cada um dos sindicatos fizeram um referendo aos sócios. Eu tenho de ouvir os órgãos do sindicato e no Norte 95% dos associados disseram que não. E eu nunca iria contra uma decisão soberana dos associados.” Mas porque não concordou o sindicato com a ideia da união? Mário Mourão não se alonga. Diz que “havia situações que não estavam claras” e admite que “o processo não foi conduzido da melhor forma”.

“A certa altura, os dirigentes achavam que não era o momento de fazer um sindicato único. Os associados, por uma larga maioria, disseram não à fusão e nós limitámo-nos a acatar.” O não ganhou e, nessa sequência, o SBN até tornou o seu âmbito nacional — passando a chamar-se Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro de Portugal.

A ideia acabaria por cair por terra e deixar animosidades dentro da UGT, que se mantêm até hoje. “Muitos reconheciam que o projeto era vantajoso, tornava o sindicalismo e a UGT mais fortes, em vez de andarmos ali a disputar terreno uns aos outros. Estaríamos todos orientados no mesmo sentido porque alguns sindicatos da UGT são hoje concorrentes entre si”, diz uma fonte envolvida no processo.

Uma certa fação também não terá perdoado a Mourão o que diz ser uma “aproximação” do SBN ao Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB), que, diz a mesma fonte, tem tirado filiados aos sindicatos “verticais”. No que ao SAMS diz respeito, “dão mais benefícios a quem está no ativo, que precisa menos de cuidados de saúde, e não aos reformados, que precisam de mais”.

O secretário-geral da União Geral de Trabalhadores (UGT), Carlos Silva, fala aos jornalistas após uma audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa (ausente da fotografia), no Palácio de Belém, em Lisboa, 04 de agosto de 2021. MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Carlos Silva foi eleito em 2013 como secretário-geral da UGT. Sai agora por considerar que não tem o apoio suficiente do PS

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

“Mário Mourão fez acordos de não agressão com o sindicato dos quadros. Tradicionalmente, os três sindicatos verticais iam juntos para as negociações, isso deixou de acontecer”, refere. O último acordo coletivo, por exemplo, já foi assinado pelo SBN de forma independente. Mário Mourão aponta uma justificação: “não havia um entendimento saudável”.

Surpresa ou escolha natural?

Há 17 anos à frente do SBN, Mário Mourão ainda hesita quando a pergunta é do que mais se orgulha dentro do sindicato. Fala do “património” — a sede, na Rua de Cândido dos Reis, no Porto é propriedade do sindicato —; da negociação, em 2011, da integração dos bancários na Segurança Social, depois de um acordo tripartido entre Governo, bancos e sindicatos; da galeria no Porto para os bancários pintores poderem expor; de um grupo de teatro para crianças e jovens; torneios desportivos; publicação de livros escritos por associados.

Carlos Silva vê no percurso uma justificação para a escolha de Mourão, que considera “natural”. “Reforçou o sindicato durante ambientes antagónicos contra os trabalhadores e até contra a contratação coletiva, os bancários do norte mantiveram a sua pujança. Portanto, é natural que muitos de nós, entre os quais eu, tenhamos olhado para Mário Mourão como uma solução de futuro dentro da própria UGT”. É, acredita, “o único candidato que neste momento reúne condições”.

Embora pudesse, Carlos Silva optou por não se recandidatar à liderança da UGT por considerar que não tinha o apoio suficiente do PS e, em particular, de António Costa — chegou a desafiar o primeiro-ministro a esclarecer se tinha algum problema com ele. Foi o próprio Carlos Silva quem lançou o nome de Mário Mourão dentro da sindical, ainda antes de Mourão ter vencido Abraão nas eleições internas da tendência socialista. Essa tomada de posição antes do sufrágio causou desconforto nalguns dirigentes, que viriam a apoiar José Abraão.

Carlos Silva desafia António Costa a dizer-lhe se tem um problema com ele. “UGT pode fazer pagar caro esta humilhação”

Essa mesma vertente diz que viu com surpresa a escolha de Mourão por ser “pouco visível”, mesmo apesar de ser presidente de um dos maiores sindicatos do país. Um dirigente diz mesmo: “Não se reconhece em Mário Mourão competências cívicas para assumir esta função, é apagado” e acredita que com Mourão haverá uma continuidade do status quo, com a manutenção de “pessoas que podem não querer voltar ao posto de trabalho quando terminam a atividade sindical”.

Carlos Silva defende-o em várias frentes: “Há figuras que mantêm uma liderança forte, sendo discretos ao mesmo tempo. Não precisa de grandes intervenções públicas para merecer a distinção dos seus pares. Por isso digo que é discreto sem ser exuberante”. Até porque, defende, “o setor privado não precisa de andar nas parangonas da comunicação social”.

Dentro da UGT, há ainda quem aponte o facto de o SBN ser o segundo maior sindicato da UGT — o segundo que mais contribui, por ter quotizações mais altas e mais filiados — como um dos motivos para a escolha de Mourão, que teria assim o apoio e a lealdade de um dos sindicatos mais fortes.

“Agregar” o sindicato e ir para a rua

Carlos Silva prefere não dizer que espera com Mário Mourão uma “continuidade” do seu “legado”, mas antes uma “continuidade do legado da UGT”. “Temos uma forma muito particular de entendimento sindical da defesa dos trabalhadores, não temos outros padrões de outras organizações. Felizmente por isso é que existe democracia e estamos satisfeitos como estamos. Naturalmente, queremos sempre mais e é dentro deste espírito que, independentemente da continuidade ou não das pessoas, o que importa é a continuidade do projeto sindical que se chama UGT”.

Embora rejeite divisões, Mourão também diz que quer unir a central. “Aquilo que disse quando ganhei foi que a partir daquele momento eu ia agregar e não desagregar. Duas candidaturas é a coisa mais natural e saudável”, diz, elogiando o opositor, José Abraão, como um “grande sindicalista que a UGT não pode dispensar”.

Mourão admite que o “estilo” será diferente do de Carlos Silva, mas assegura que vai manter a “matriz” da UGT: do diálogo e da concertação. “A UGT vai continuar a ser o que os associados quiserem, nunca se vai desviar de ser uma central do diálogo e de compromisso. Se for preciso ir à rua a UGT estará na rua”.

Ir à rua não tem sido hábito comum para a UGT, ao contrário da CGTP. E Carlos Silva admite que não quer ver necessariamente uma UGT mais interventiva nesse campo. Mas Mário Mourão não concorda: as manifestações “não podem deixar de estar em cima da mesa quando as reivindicações não dão resultado”.

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