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ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Não há biquíni (português) como o primeiro. Mariana e Rita assinalam dez anos de Cantê

Cantê, a marca que abriu caminho a dezenas de outras etiquetas nacionais de "swimwear", faz dez anos. Conversámos com as fundadoras sobre imitações, projetos e um negócio em crescimento.

Reconheceu-se cedo o pioneirismo de Mariana Delgado e Rita Soares. Em junho de 2017, decorridos seis anos desde o lançamento da primeira coleção, o Observador atestava que as duas amigas tinham “inventado” o biquíni português. Não era exagero — existe um antes e um depois da Cantê em Portugal, país até então de olhos postas na moda de banho (ou swimwear) importada e com pouca prática no manuseamento de licras.

Em dez anos, tudo mudou. “Na altura, não existiam marcas portuguesas e hoje acho que nem consigo contá-las”, admite Mariana, durante a conversa com o Observador. Ambas põem a modéstia de parte e exibem os galões. A Cantê inaugurou um novo capítulo da moda portuguesa, diversificou a oferta (hoje inclui roupa interior, acessórios, uma linha de básicos, vestuário, até a incursão pelo universo dos calções de banho para homem tem regresso marcado para 2021), abriu uma loja no Chiado, ultrapassou todos os nãos, lidou (e ainda lida) com imitações vindas da China e conseguiu crescer em ano de pandemia.

O projeto a quatro mãos (com 5.000 euros de investimento inicial) emprega hoje 14 pessoas e cresce a cada ano que passa. Quando é assim o balanço da primeira década, o futuro só pode ser promissor para as duas empresárias de 35 anos. A data redonda é celebrada dentro de portas. Depois de explorarem paisagens tão distantes como o Brasil e a Tailândia, é Portugal que serve de cenário à campanha deste ano, a começar na Madeira. No ar, fica a intenção de expandir a Cantê para outros mercados, “num futuro breve”, como fazem questão de frisar.

Mariana Delgado, à esquerda, e Rita Soares, as fundadoras da Cantê

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Como era o mercado português há dez anos? E a Mariana e a Rita, quem eram?
Rita: Quando começámos, não tínhamos consciência de como as coisas iam crescer. Somos umas sonhadoras, ainda hoje continuamos a pensar à frente.
Mariana: De certa forma, já acreditávamos que as coisas iam funcionar, só nunca imaginámos que iam ganhar esta dimensão.
Rita: Era uma mistura de ingenuidade e vontade de fazer acontecer. Há dez anos, tínhamos acabado o curso de arquitetura e havia uma crise enorme no país.
Mariana: Tínhamos acabado de fazer uma viagem ao Brasil quando a Rita me veio falar desta ideia.
Rita: E tu não hesitaste nem dois segundos.
Mariana: Pensámos logo que, realmente, era algo que não existia em Portugal. Arriscámos e com a certeza de que ia funcionar.
Rita: Isto numa altura em que nem Instagram havia.
Mariana: Lembro-me de criarmos a página de Facebook. Mesmo o meu pessoal, tinha criado há pouquíssimo tempo. Era outra era.
Rita: Mesmo. Ao mesmo tempo, a forma como crescemos faz com que tenhamos uma resiliência diferente. Fazendo um paralelismo com o último ano, é claro que foi assustador. Chegámos a questionar-nos: “Será que a marca vai acabar?” Mas o facto de termos começado do zero fez de nós lutadoras, soubemos que íamos dar a volta a isto. Além disso, temos uma equipa incrível e que ficou ainda mais unida.
Mariana: Quando isto começou, liguei à Rita e só lhe disse: “Rita, nós agora temos de nos focar em sobreviver”.
Rita: Demorei ali uns bons minutos a digerir. As pessoas olham para a Cantê e acham que foi um percurso super fácil, mas fazer uma coisa crescer e com uma boa estrutura e qualidade dá muitas dores de cabeça.
Mariana: Começámos as duas sozinhas e hoje tempos uma equipa de 14 pessoas a trabalhar a tempo inteiro. Isso dá-nos um arcaboiço que não tínhamos no início e também enfrentamos os problemas com outra maturidade.

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Essa inexperiência inicial nunca vos sabotou?
Mariana: Não. Foi raro o problema que nos deixou ao chão e já nos aconteceram as piores coisas que se pode imaginar. Houve momentos em que achámos que não íamos conseguir lançar a coleção naquele ano, que a Cantê ia acabar. Mas pusemos sempre mãos à obra, ligámos, fizemos. Conseguimos sempre, sem nunca passarmos sequer esse pânico para fora.
Rita: A certa atura, tivemos umas fábrica que, de repente, disse que não ia trabalhar mais connosco porque ia lançar uma marca própria.
Mariana: Isto a poucos meses do lançamento… E era uma marca inspirada na nossa, claro. Olhámos uma para a outra… Quem é que nos ia fazer aquilo? Tínhamos tudo desenhado, tínhamos as licras. Fomos a todo o lado e conseguimos quem nos confecionasse a coleção, em tempo recorde.
Rita: Hoje em dia temos alguns sustos, mas não são a mesma coisa. No ano passado, houve uma fábrica que nos disse que ia ter de fechar duas semanas porque tinha tido um caso de Covid.
Mariana: Graças a Deus, conseguimos gerir as coisas e passar a produção para outra fábrica. Hoje em dia já temos uma estrutura que nos facilita todos estes processos.
Rita: Sentimos que há uma competição saudável entre fábricas, ajudam-se muito umas às outras. Já este ano, uma delas também teve uma situação de Covid, mas arranjou logo um parceiro para poder responder aos nossos prazos.
Mariana: A Cantê já tem um nome no mercado e as fábricas também gostam de poder agarrar as nossas coisas, isso ajuda. Antigamente era uma dificuldade conseguir falar com uma fábrica, a resposta é sempre não. Hoje há orgulho em confecionar Cantê.
Rita: Trabalhamos com fábricas muito grandes, que também produzem para marcas estrangeiras muito conhecidas, mas onde chegam clientes com fotografias da Cantê como inspiração.

"Era uma mistura de ingenuidade e vontade de fazer acontecer. Há dez anos, tínhamos acabado o curso de arquitetura e havia uma crise enorme no país."
Rita Soares

Há claramente um antes e um depois da Cantê, até porque Portugal nunca foi um país associado a swimwear.
Mariana: Foi com esse intuito que a marca nasceu, para criar moda na praia. Na altura, não existiam marcas portuguesas e hoje acho que nem consigo contá-las.
Rita: Tinha acontecido antes noutros países — aparece um negócio que parece ser lucrativo e de repente começa a surgir muita coisa. Mas é isso que faz o mercado.
Mariana: É bom para nós haver concorrência, faz-nos ser mais exigentes. E há uma coisa boa: ninguém se canibaliza. Claro que depois há os cogumelos, como lhes chamo. Mas no que toca às marcas grandes, temos ótima relação com todas elas e temos registos completamente diferentes.
Rita: O facto de haver várias marcas faz com que se fale muito sobre o tema e isso beneficia-nos. Além disso, é o que acontece naturalmente noutros mercados bem maiores do que o nosso. Em Portugal, ainda há a mentalidade do “já me estão a copiar”, mas faz parte. E a Cantê tem, desde o início, uma identidade muito própria. Se calhar de forma inconsciente, fomos criando uma linguagem e percebemos cedo que queríamos que fosse uma marca de lifestyle, isso ajudou-nos a crescer. Pode haver muita concorrência, mas a Cantê é a Cantê. Modéstia à parte, as marcas que vingam no mercado, que consumimos e idolatramos, são marcas que têm uma linguagem muito própria. A Cantê não apareceu a copiar aquela marca estrangeira. Mesmo hoje, olhamos muito para a concorrência internacional e, então com o Instagram, houve uma explosão de marcas de swimwear, americanas, australianas… Imensas influencers estão a lançar linhas próprias, também pela exposição do corpo e pelo culto à volta disso.
Mariana: E já passaram dez anos. Nós fomos crescendo, a marca foi crescendo e amadurecendo connosco. Quando começámos havia uma tendência muito mais infantil, talvez.
Rita: Com 20 e poucos anos, éramos mais infantis do que hoje as raparigas que têm essa idade.
Mariana: Parece que crescem mais rápido. A marca manteve essa essência, mas amadureceu e acabou por abranger um público mais velho. Foi bom nesse sentido.
Rita: Nem é só um público mais velho. Há miúdas mais novas que gostam de linguagens que associamos a um público mais velho.
Mariana: Lá está, gostávamos de coisas mais infantis que hoje em dia as miúdas daquela idade já não gostam.
Rita: Fomo-nos sempre adaptando ao mercado. A Cantê foi sempre um bocado à imagem do nosso gosto pessoal e isso também mudou. A linha de básicos que lançámos no ano passado, por exemplo, foi um reflexo da nossa vontade de ter peças mais minimalistas. No final, a marca tem de responder às várias personalidades da mulher.

Imagens da nova campanha da Cantê, fotografada por Filipe Neto, na Madeira

Falam de uma concorrência saudável, mas também existem projetos que nascem com um intuito menos original, por assim dizer. Como é que isso foi sendo gerido?
Mariana:
Distingue-se sempre.
Rita: No começo, ficávamos incomodadas.
Mariana: E nervosas. Será que ia afetar o nosso mercado? Haveria espaço para tantas marcas? A verdade é que há. A Cantê nasceu primeiro e há logo aí uma adoração pela marca com a qual é difícil competir. E sabemos sempre distanciar-nos dessas marcas, acho que se vê bem o que é Cantê e o que não é.
Rita: Sabemos o que é construir uma marca e todo o esforço financeiro que isso acarreta. Há dez anos, lançámos a primeira coleção com um budget muito pequeno. Acho que hoje esse budget não seria suficiente para lançar nenhuma marca, as pessoas têm uma exigência visual e estética completamente diferente. Então, conseguir hoje fazer igual à Cantê é muito mais difícil. Sabemos quanto custou criar a nossa imagem.
Mariana: É muito difícil alguém posicionar-se no mercado ao lado da Cantê ou de outra marca com a mesma dimensão e isso distancia-nos sempre.
Rita: Mas existe uma preocupação. Temos tido várias cópias chinesas e isso sim é um problema, nosso e de muitas marcas. Ao mesmo tempo é um elogio, se fosse mau não era copiado.
Mariana: Normalmente, só copiam o que vende bem. O frustrante é pensar que estamos um ano inteiro a trabalhar para lançar uma coleção e que eles em dois meses têm cópias nossas cá fora e ainda usam as nossas fotografias de campanha. É um filme, advogados a toda a hora. Fecham a página, mas abrem uma nova com outro nome passado dois ou três dias e é isto, sistematicamente. E a qualidade é péssima. Já encomendámos para ver e o XS era do tamanho de um L, a licra não é a mesma, as cores não são iguais, não veste da mesma maneira.
Rita: Acerta altura, até as nossas fábricas ficaram preocupadas com a forma como conseguem fazer isto em tão pouco tempo e tão barato. E ainda recebemos mensagens a dizer que andávamos a enganar as pessoas, a produzir na China e a vender em Portugal.

E é fácil agir judicialmente nesses casos?
Mariana: Não porque não conseguimos patentear as coisas. Basta mudar uma cor ou o formato de uma folha num estampado e já não é uma cópia. É complicadíssimo. Só conseguimos apanhá-los quando usam a nossa campanha. Aí são obrigados a fechar página, mas passado uns dias abrem com outro nome. Mas também não é isso que nos prejudica. Temos crescido todos os anos. Não nos podemos queixar do ano passado. Apesar de ter sido super difícil para todos, foi um ano bastante positivo. Crescemos e tivemos uma grande ajuda do nosso atelier que fez um trabalho incrível.
Rita: No começo estávamos assustadas. Reduzimos custos em tudo o que podíamos reduzir, mas depois o ano começou a correr bem.
Mariana: Basicamente readaptámos a estrutura. Acho que até foi bom porque começámos a ver as coisas com outros olhos. Parámos e pensámos no que estava a mais e onde podíamos poupar. No final do verão, já dava para fazer um balanço positivo.

"Foi com esse intuito que a marca nasceu, para criar moda na praia. Na altura, não existiam marcas portuguesas e hoje acho que nem consigo contá-las."
Mariana Delgado

As pessoas desataram a comprar fatos de banho no desconfinamento?
Mariana: Lançámos a coleção a 5 de março e as duas semanas seguintes foram de silêncio. Tínhamos a produção toda, um lançamento já feito — e normalmente há sempre um boom de vendas a seguir — e as coisas estavam paradas. As pessoas estavam todas em pânico, mas depois começaram a ganhar confiança e a precisar de um bocadinho de esperança no regresso à normalidade. E nada como pensar em verão para voltar a sonhar.
Rita: Enquanto marca, tentámos ter o máximo de ideias possível, interagir com as clientes. Claro que com alguns medos da Covid ali pelo meio.
Mariana: Temos sempre os problemas da produção — tivemos de atrasar alguns lançamentos. Fomo-nos adaptando.
Rita: A Cantê só faz dez anos, mas nós já estávamos a entrar numa rotina. As coisas vendiam-se quase sozinhas, não precisávamos de fazer grande publicidade. De repente, com a pandemia, começámos a ter de ter ideias e a inovar.
Mariana: E a chegar mais perto das clientes só online, através das redes sociais.
Rita: Acho que é uma lição para o futuro. Toda a forma como planeámos este ano, meio sem saber como vai correr, já é fruto do que temos passado. Estamos muito mais exigentes, com muito mais ideias, preparamos as coisas com mais antecedência.

Falando em união de equipa: vocês são amigas, sócias…
Mariana: Irmãs, família.

Só vos falta viveram na mesma casa.
Mariana: Às vezes também vivemos.

As duas fundadoras na apresentação da nova coleção da Cantê, em Lisboa

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Como é que gere tanta proximidade?
Mariana: É tão simples, que até é difícil explicar. É uma alma gémea. O que eu não tenho tem a Rita, o que não tem a Rita tenho eu. Quando acontece alguma coisa na minha vida pessoal, fico na dúvida se conto primeiro ao [meu marido] Diogo ou à Rita. Isto facilita muito as coisas. Não há cerimónias, há boa educação. Somos muito amigas e fomos sempre muito unidas. Não sei se é sorte, mas temos quase sempre a mesma opinião. Foram poucas as vezes que tivemos opiniões opostas e quando aconteceu chegámos sempre a um consenso. Nunca nos chateámos.
Rita: É por querermos sempre o melhor uma para a outra, que é o que sentimos em relação à família. E não há rivalidade.
Mariana: Somos muito diferentes, mas essas diferenças encaixam na perfeição. Nos princípios somos iguais, os feitios são diferentes.
Rita: A Mariana é muito mais extrovertida. Sou mais pensativa. É das pessoas com quem mais me rio. Se estamos numa reunião e alguém diz alguma coisa, olho para a Mariana e já me estou a rir. Há muita cumplicidade.

Parece-me que é um dos segredos do sucesso.
Mariana: Sem dúvida. Quantas vezes se ouvem histórias de empresas em que os sócios se chateiam. Isso entre nós nunca vai acontecer precisamente pelo que a Rita disse: até posso não concordar, mas se acho que é importante para ela, vou sempre pôr isso em primeiro lugar. E ela vai fazer exatamente a mesma coisa. Nunca ficámos com nada por dizer de um dia para o outro.
Rita: Mas também somos as primeiras a dizer: “Hoje estás insuportável”.

"O frustrante é pensar que estamos um ano inteiro a trabalhar para lançar uma coleção e que eles em dois meses têm cópias nossas cá fora e ainda usam as nossas fotografias de campanha. É um filme, advogados a toda a hora."
Mariana Delgado

Num ano que continua a ser economicamente adverso, vocês prepararam algumas novidades, a começar por uma nova loja online.
Rita: Já fizemos vários sites, mas neste momento sentimos que o online está cada vez mais exigente. A nossa loja online teve um crescimento bastante grande no ano passado e durante vários meses dependemos desse canal. Tivemos de mudar a nossa forma de trabalhar e de torná-lo mais eficiente e autónomo. E a Covid-19 também veio mudar a mentalidade em relação às compras online. As pessoas arriscaram e perceberam que funciona. O site respondeu bem ao problema do ano passado, mas tínhamos de fazer um investimento para melhorar o site. Respondeu bem ao problema do ano passado.
Mariana: Mas esse é só um detalhe das nossas novidades. São os dez anos da Cantê, quisemos voltar às nossas origens e redescobrir o que é nosso. O tema da coleção é Portugal e para nós foi um desafio enorme voltar a fotografar cá, passado estes dez anos.
Rita: Temos vários cenários. A coleção que estamos a apresentar agora foi fotografada na Madeira, mas a ideia é, ao longo do verão, irmos mostrando vários cenários. Nesta pandemia começámos a olhar mais para nós e a dar mais valor ao que temos. Fomos privados da nossa liberdade e fomos expostos a nós próprios, às nossas decisões, à nossa maneira de ser, à nossa realidade. Muita gente, para conseguir passar por esta pandemia com alguma sanidade, começou a tentar ver as coisas boas que tinha à volta. No atelier, todos fizeram esse exercício e a coleção tinha de refletir isso. Neste, é olhar para o nosso país.

E não ficam por aí.
Mariana: Vamos ter um grande lançamento agora em março. Depois, vamos ter pequenos lançamentos todas as semanas a partir de abril com coleções distintas.
Rita: Pensadas como famílias de produtos. Lançámos uma linha um bocadinho maior de roupa, com biquínis, fatos de banho, acessórios, saídas de praia, roupa…

"A Cantê só faz dez anos, mas nós já estávamos a entrar numa rotina. As coisas vendiam-se quase sozinhas, não precisávamos de fazer grande publicidade. De repente, com a pandemia, começámos a ter de ter ideias e a inovar."
Rita Soares

Que balanço fazem destas apostas fora do swimwear?
Mariana:
Cada vez que lançamos alguma coisa, é um sucesso. É exatamente por isso que estamos a apresentar esta linha de roupa. As coisas esgotam e as clientes ainda pedem mais. Já era uma vontade que tínhamos há imenso tempo e decidimos arriscar este ano.
Rita: Exatamente porque temos uma estrutura que também nos permite ter mais produtos. Às vezes não basta termos vontade, temos de ter tempo para fazer as coisas com qualidade.
Mariana: Só a coleção da My Intimate Cantê é que está atrasada porque a fábrica teve de fechar. Mas vamos lançar.

Como é que têm visto a vossa cliente a evoluir?
Mariana: Acho que amadureceu connosco. Acompanha-nos, se bem que não perdemos a nossa essência e continuamos a ir buscar aquela febre dos 20 anos.

Esse perfil sempre foi muito vincado: a miúda que esperava religiosamente pelo lançamento da coleção para comprar um biquíni Cantê.
Mariana: Continuamos a ter. Mas a marca foi amadurecendo e já apresenta outro tipo de soluções, por isso elas vão continuando connosco.
Rita: E nós tentamos cada vez mais ter coleções variadas, em termos de design, de estampas, de cores, para vários tipos de corpo, para vários tipos de pessoa. A linha de básicos, por exemplo, foi buscar um público mais minimalista.

Imagens da nova campanha da Cantê, fotografada por Filipe Neto, na Madeira

O que é que representa mercado internacional no vosso negócio?
Rita: Ainda não fizemos grande investimento de comunicação no estrangeiro. Neste momento, entre 10% e 15% dos nossos seguidores estão lá fora estrangeiro, o que aconteceu organicamente. A seguir a Portugal, Espanha é claramente o mercado para onde vendemos mais. O investimento que fizemos agora no site não foi ingénuo. Todos os dias estamos a enviar encomendas para o estrangeiro e queremos aumentar.

Portanto, vocês vingaram apenas à conta do mercado português? É algo raro para uma marca de moda.
Rita: Sim e isso claramente foi uma vantagem agora. As marcas que estavam mais dependentes do estrangeiro sentiram muito os efeitos da pandemia. No nosso caso, o mercado interno respondeu super bem, foi mais fácil por isso. Mas sim, a Cantê tem de fazer esse investimento no estrangeiro.
Mariana: E vamos fazê-lo num futuro breve, mas sem esquecer o mercado português. É a nossa base, onde tudo começou.

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