Há um cometa com um quilómetro de diâmetro, feito de gelo e poeiras, cianeto e uma pitada de carbono diatómico, a rasga o céu a 44 quilómetros por segundo perto do planeta Terra este Natal. Chama-se 2I/Borisov, tem uma nuvem de gases e poeiras em redor do núcleo com 15 mil quilómetros e, a cada segundo que passa, perde dois quilogramas de poeira e 60 de água. Vai passar pela Terra a 28 de dezembro, mesmo a tempo de ser um bom candidato a Estrela de Natal deste ano. Depois, em meados de 2020, desaparecerá na infinitude do Universo.
2I/Borisov não é muito diferente dos cometas que compõem a Cintura de Kuiper e a Nuvem de Oort — duas regiões nos confins do Sistema Solar. Mas é dos corpos celestes mais especiais que já se se aproximaram da Terra. É o primeiro cometa interestelar de que há registo a entrar no Sistema Solar. E o segundo objeto “estrangeiro” a visitar-nos, apenas dois anos depois de 1I/Oumuamua.
Não se sabe de onde veio, não se sabe para onde vai depois de passar pela Terra a 28 de dezembro, nem que idade tem. E bem que se tentou descobrir: um trabalho inicial feito em outubro considerou, com base em cálculos numéricos, 650 estrelas que pareciam os mais prováveis locais de nascimento deste corpo celeste interestelar. A melhor candidata era a estrela binária Kruger 60 — duas estrelas anãs vermelhas que orbitam uma em redor da outra, a 13 anos-luz da Terra na direção da constelação de Cefeu. Se assim fosse, 2I/Borisov teria viajado durante pelo menos um milhão de anos até nos vir visitar.
A teoria dos astrónomos era que, mesmo que o 2I/Borisov não fosse originalmente desse sistema estelar, tinha sido catapultado por essa estrela na direção do nosso. Só que rapidamente se descobriu que não era de lá que vinha este segundo visitante interestelar: quando se aprimorou a medição da velocidade do cometa, percebeu-se que a Kruger 60 não poderia ter causado aqueles valores. Em novembro surgiu ainda a hipótese do 2I/Borisov pertencer a umas estrelas na direção da constelação da Ursa Maior, mas tal possibilidade ainda não foi analisada ao detalhe, nem confirmada.
Por enquanto, ninguém tem ideias sobre as raízes do 2I/Borisov. E tudo pode ficar por saber para sempre. No entanto, “o pouco que sabemos já é muito, dada a enorme dificuldade que é realizar observações de espetroscopia ao Borisov com telescópio”, explica ao Observador Nuno Peixinho. Este astrónomo é dos poucos que o conseguiu fazer. Cientista do Centro de Investigação da Terra e do Espaço da Universidade de Coimbra, Nuno Peixinho faz parte de um projeto do Instituto de Astronomia e Astrofísica da Academia Sínica, em Tawain, que tem usado o telescópio com 6,5 metros do Observatório Gemini, no Hawai, para “monitorizar a atividade do cometa Borisov”.
É graças a observações como estas que temos a certeza que estamos perante um corpo celeste que não pertence ao Sistema Solar. “Sabemos que é um cometa interestelar pela análise na sua órbita e da sua velocidade. O cometa não descreve uma órbita fechada elíptica em torno do Sol, mas sim uma órbita hiperbólica, aberta, tendo uma velocidade de entrada no Sistema Solar de 32 quilómetros por segundo”, descreve o astrónomo.
Nenhum objeto no nosso Sistema Solar poderia ter uma velocidade assim tão elevada. “O 2I/Borisov deve ter sofrido o mesmo destino de “muitos cometas e asteroides do nosso Sistema Solar durante as primeiras centenas de milhões de anos após a sua formação”, acredita o ele: “Interagiu com um planeta de grande massa que o catapultou para fora do seu sistema planetário“.
Agora, o cometa está a pouco mais de 300 milhões de quilómetros do Sol e a 293 milhões de quilómetros da Terra. A 28 de dezembro, na maior aproximação ao nosso planeta que fará antes de regressar ao abismo do espaço interestelar, ficará a 289 milhões de quilómetros da Terra, ou seja, a pouco menos que duas vezes a distância entre a Terra e o Sol. Esse momento será visível em Portugal, embora com dificuldade e apenas alguma preparação tecnológica, explica Nuno Peixinho: “Será observável de madrugada em Portugal, mas apenas com telescópios de 12 polegadas [30,5 centímetros] e em zonas do céu muito escuras, ou seja, bem longe da poluição luminosa das cidades”.
A cada dia que passa, o 2I/Borisov fica mais baixo no horizonte em Portugal. E nas três noites de Lua Nova — 25 a 27 de dezembro, quando o céu fica mais escuro — estará a menos de 20 graus acima do horizonte. Mas “não é impossível caso tenhamos umas noites de céu limpo” e um bom telescópio à mão, garante o cientista português. Só tem de estar atento à região entre as constelações da Taça e do Corvo.
Estrelas de Natal à parte, observar corpos celestes como este é importante para descobrir do que são feitos os “‘tijolos’ com os quais se construíram os planetas de outros sistemas planetários”: “Se observar diretamente diretamente planetas à volta de outras estrelas é ainda um enorme desafio para a nossa ciência e a nossa tecnologia, observar asteroides e cometas noutros à volta de outras estrelas ainda está muito para além dos nossos sonhos“, explica Nuno Peixinho.
Já agora, o que era realmente a Estrela de Belém?
É uma interrogação para que nem os astrónomos têm uma resposta — pelo menos por enquanto. Partindo do princípio que algum fenómeno astronómico aconteceu mesmo por altura do nascimento de Jesus, há três teorias em cima da mesa que o podem explicar, contaram os especialistas em astronomia ao Observador no ano passado. A mais sustentada de todas sugere que houve uma conjunção entre três planetas — Marte, Júpiter e Saturno — que podem ter chamado a atenção dos reis magos que se terão guiado pela dita estrela no céu. Teria sido o “Grande Alinhamento”, embora, na verdade, os astros não estivessem verdadeiramente alinhados.
Mas há outras.
A conjunção tripla de Marte, Júpiter e Saturno
Essa é uma proposta do astrónomo alemão Johannes Kepler feita em 1614. Por estarem mais longe do Sol, os planetas Júpiter e Saturno são ultrapassados pela Terra e, nessa altura, parece-nos a nós que estão a andar para trás. É o movimento retrógrado dos planetas no céu. Algures nesse movimento eles podem alinhar-se. Kepler viu isso a acontecer. E calculou que esses dois planetas gasosos estavam próximos um do outro no ano 7 a.C. na constelação de Peixes, explicou Rui Agostinho ao Observador.
Em duas ocasiões em que os planetas tiveram uma conjunção, Marte também estava na constelação de Peixes e extremamente próximo deles. Não estava exatamente alinhado com Júpiter e Saturno mas estava muito próximo, adiantou ainda o astrónomo. “O facto de ter acontecido no ano 7 a.C. bate bem com aquilo que os historiadores dizem acerca do ano de nascimento de Jesus Cristo. Juntando os dados que os historiadores estudam sobre quando terá nascido, esse ano é extremamente plausível”, indica o professor do departamento de física da Universidade de Lisboa, pois não há um ano nem uma data certa sobre o nascimento de Jesus.
Christiaan Sterken, vice-presidente da Comissão C3 da União Astronómica Internacional, dedicada ao estudo da história da astronomia, explicou ao Observador como é que Kepler fez todas essas contas. À época, “quando Kepler ainda vivia na cidade austríaca de Graz, reparou que Júpiter e Saturno iam-se aproximando cada vez mais até que podiam ser vistos a olho nu de forma muito brilhante”, explica Sterken. Ele sabia que Saturno demorava 30 anos a dar uma volta completa ao Sol e que a translação de Júpiter demorava 12 anos. Rapidamente percebeu que, sendo assim, os dois apareciam no mesmo sítio — ou seja, na mesma cidade — a cada 20 anos.
Quando Kepler estava em Praga, a 7 de dezembro de 1603, reparou que estes dois planetas brilhantes se aproximaram tanto um do outro que quase se tornaram “numa única luz celestial muito brilhante” dentro da constelação de Sagitário, descreve Christiaan Sterken: “Mas menos de um ano depois, um terceiro planeta, Marte, chegou-se perto desses”.
Depois uma nova estrela apareceu perto de Marte e de Júpiter. Kepler publicou um livro “De stella nova in Pede Serpentarii” — em tradução livre, “Sobre a Nova Estrela no Pé do Manipulador de Serpentes”. “À tal nova estrela, os astrónomos chamam hoje uma supernova”, esclarece o membro da União Astronómica Internacional ao Observador. Ou seja, três planetas alinharam-se e, para aumentar ainda mais o espetáculo celeste, uma supernova — a SN 1604 Ophiuchi — explodiu na mesma região do céu.
Mas se isto é o que significa, à luz da ciência, a Estrela de Belém, então de que corpos celestes estamos a falar? E quando é que eles se juntaram? Christiaan Sterken explica que os cálculos de Kepler dizem que estas aparições de Júpiter e Saturno acontecem mais ou menos a cada 800 anos. “Além disso, ele tinha lido que o monge Dionísio, o Exíguo, que viveu no século VI, já tinha sugerido que Jesus devia ter vindo ao mundo em 4 a.C.. E Kepler descobriu que dois anos antes disso tinha havido várias conjunções, não em Sagitário mas na constelação de Carneiro”, acrescenta ele.
Segundo o astrónomo David Hughes, Johannes Kepler relatou que Júpiter e Saturno entraram em conjunção três vezes em seis meses, algo que acontece a cada 120 anos: “Uma conjunção desse género ocorrerá a cada 120 anos e uma similar terá ocorrido em 7 a.C.”, concluiu ele no estudo de 1976. Charles Pritchard, um astrónomo britânico do século XIX, confirmou matematicamente que deve ter havido uma conjunção de três planetas na constelação de Peixes a 29 de maio, a 29 de setembro e a 4 de dezembro do ano 7 a.C.. Depois, em fevereiro de 6 a.C., Marte também se aproximou de Júpiter e Saturno e os três formaram um triângulo equilateral, uma situação conhecida por aglomeração de planetas.
Entre o ano 12 a.C. e 70 d.C., houve 200 conjunções de planetas e 20 agrupamentos de corpos celestes, contabilizou o astrónomo Roger W. Sinnott. Apenas seis foram visíveis no Médio Oriente. Dois são especialmente promissores para explicar a Estrela de Belém porque acontecem entre os dois planetas mais brilhantes do céu noturno — Vénus e Júpiter. Uma aconteceu a 12 de agosto de 3 a.C. e foi visível durante a madrugada no oriente, entre as 03h45 e as 05h20, na constelação de Leão. Outra aconteceu a 17 de junho de 2 a.C., quando Vénus e Júpiter se juntaram perto do horizonte. Mas há um problema que pode complicar esta explicação: todos estes fenómenos aconteceram depois da morte de Herodes.
Uma estrela ou um cometa
O segundo fenómeno que pode explicar o aparecimento da Estrela de Belém é um cometa, embora Christiaan Sterken ressalve que “os cometas não costumam ser confundidos com estrelas”. Os cometas são corpos do Sistema Solar compostos de rochas, poeira, gelo, e gases congelados que, quando se aproximam do Sol, passam a exibir uma cauda. Folheando os registos chineses vindos da Babilónia, encontram-se duas referências a um corpo celeste com essas características. E alguns cientistas acreditam que esse sim pode ser o fenómeno da Estrela de Belém.
Uma dessas referências está num livro chamado “Ch’ien-han-shu” ou “História da Antiga Dinastia de Han” e diz: “No segundo ano do período de Ch’ien-p’ing, segundo mês, uma hui-hsing apareceu em Ch’ien-niu durante mais do que dias”. Hui-hsing significa “uma estrela brilhante” e Ch’ien-niu é a constelação que engloba as estrelas Alpha e Beta Capricornii. Além disso, o segundo mês do segundo ano do período de Ch’ien-p’ing equivale ao ano 5 a.C. algures entre 10 de março e 7 de abril. Em suma, a frase pode traduzir-se para: “Durante o intervalo entre 10 de março e 7 de abril de 5 a.C., um cometa apareceu perto das estrelas Alpha e Beta Capricornii e permaneceu visível durante mais do que 70 dias“.
A outra referência está no livro “História dos Três Reis – A Crónica de Samguk Sagi”, que tem os registos astronómicos feitos na península da Coreia. Nesse livro pode ler-se: “Ano 54 de Hyokkose Wang, segundo mês, dia Chi-yu, uma po-hsing apareceu em Ho-Ku“. Neste contexto, Ho-Ku é uma constelação chinesa que inclui a estrela Altair e várias estrelas do sul da constelação de Águia. A palavra po-hsing é uma estrela tão brilhante que parece ter raios ou um cometa sem cauda.
Apesar de a descrição ser promissora para explicar a estrela de Belém que terá levado os reis (ou magos ou reis e magos) a Jesus, aqui é a data que não o é: o dia Chi-yu não existia no segundo mês daquele ano. No entanto, na escrita chinesa, a palavra Chi-yu é muito parecida à palavra I-yu. Se assim for, então o “ano 54 de Hyokkose Wang, segundo mês, dia I-yu” pode traduzir-se para: “31 de março de 4 a.C. uma estrela com raios apareceu perto de Altair”. Isso também está temporalmente alinhado com o nascimento de Jesus, mas existe a possibilidade de serem, na verdade, o mesmo corpo celeste: “Neste caso, o objeto deve ter aparecido próximo à fronteira entre as duas constelações chinesas, daí ter sido localizado entre Altair no norte e Alpha e Beta Capricornii no sul. A estrela teria sido assim posicionada, concluíram, perto da estrela de terceira magnitude Theta Aquilae“, explica uma página de interpretação dos registos.
Como a Bíblia sugere que a Estrela de Belém não esteve sempre no céu — surgiu duas vezes perante os reis magos — esta teoria é plausível: podia ser que, no fundo, a luz do Sol tenha simplesmente ofuscado a luz vinda da estrela durante o dia. No entanto, os cometas também podem aparecer duas vezes no céu mas isso não se sabia à época: “Não era geralmente reconhecido há dois mil anos que os cometas podiam ser vistos duas vezes, uma ao aproximar-se do periélio — onde desaparecia com o brilho do Sol — e outra ao afastar-se dele. Ninguém diria que era o mesmo cometa. Provavelmente pensaria que eram dois cometas diferentes”, explica Colin Humphreys num estudo da Real Sociedade de Astronomia.
A Bíblia também sugere que a Estrela de Belém terá parado a certa altura, à chegada dos Reis Magos ao estábulo onde Jesus estava. À luz da ciência também não é impossível que um cometa pareça estar quieto no céu, dependendo da velocidade a que se desloca e da passagem da Terra por ele. De qualquer modo, essa perceção também pode ter raízes nas investigações científicas da época: “Na época de Cristo, a teoria prevalecente dos cometas devia-se a Aristóteles, que propusera que os cometas eram objetos sub lunares localizados na alta atmosfera. Essa teoria era coerente com o modelo aristotélico de cometas que ficavam por baixo das ‘esferas celestes’, contendo o Sol, a Lua, planetas e estrelas fixas, e presumivelmente também parecia ser consistente com observações visuais de cometas brilhantes que muitas vezes parecem estar próximos Terra”, descreve Colin Humphreys.
Se a Estrela de Belém tiver sido um cometa, um dos candidatos possíveis é o Halley, que passou pela Terra no ano 12 a.C.. “O Halley ficou famoso muito depois porque entre 1066 e 1910 passou novamente muito próximo da Terra e exibiu uma cauda espetacular. A passagem de 1305 fica registada porque o pintor Giotto di Bondone, que pintava frescos e estava a preparar a Capela Arena, fez uma figura da Natividade que tem por cima o cometa Halley. E isso entrou para a história do povo cristão”, contextualiza o astrónomo Rui Agostinho em entrevista ao Observador.
A passagem do cometa Halley pela Terra em 12 a.C. é promissora em termos históricos, mas improvável, avisa contudo Máximo Ferreira, diretor do Centro Ciência Viva de Constância-Parque de Astronomia: “A aparição de um cometa, para além de não se encontrarem coincidências de aparições de tais astros no período em que Jesus terá nascido, encontra ainda fraca possibilidade de ele servir para um anúncio de tão relevante importância quando, na época, os cometas eram encarados como anunciadores de grandes desgraças”, recorda.
Além disso, os registos da passagem do cometa Halley em 12 a.C. não sugerem nenhuma observação tão espetacular como aquela de que São Mateus ou São João falam. É verdade que foi visto duas vezes, tal como sugerido nos textos bíblicos — uma vez a 12 de agosto de 12 a.C. e outra a 10 de setembro do mesmo ano . E também é verdade que passou muito perto da Terra, a apenas 24 milhões de quilómetros. Os chineses descreveram o cometa Halley como uma po-hsing, isto é, um cometa sem cauda. E dizem que não era particularmente brilhante, tanto que a magnitude do Halley ficou-se pela categoria +1 — a Lua Cheia tem magnitude -13 e o Sol tem magnitude -27. Até a Estação Espacial Internacional, com magnitude -6, seria mais visível que o cometa Halley.
A explosão de uma supernova
A terceira teoria mais estudada é a de que os reis magos tenham, na verdade, assistido à explosão de uma supernova, embora “as supernovas deixem sinais no céu e não tenham sido encontrados nenhuns na era de Jesus”, diz o membro da União Astronómica Internacional. Essas explosões são extremamente brilhantes e simbolizam um evento astronómico que ocorre durante os estágios finais da evolução de algumas estrelas. Em alguns dias, esse brilho pode aumentar drasticamente ao ponto de se assemelhar a uma galáxia e permanece visível durante várias semanas.
O problema desta teoria? Não há qualquer registo, bíblico ou pagão, da explosão de uma supernova na época em que Jesus deve ter nascido. Além disso, a existir, essa explosão “não revelou, até agora, quaisquer vestígios, facto que, mesmo a dois mil anos de distância temporal, se deveria verificar atualmente, com os conhecimentos, tecnologias e técnicas disponíveis”, explica Máximo Ferreira.
Em chinês, a palavra referente a uma supernova é k’o-hsing. Quem acredita que foi este o fenómeno observado pelos reis magos argumenta que, apesar da precisão dos registos astronómicos, nem sempre os observadores da época distinguiam uma supernova de um cometa sem cauda, uma po-hsing. Mas de qualquer modo, nem uma coisa nem outra parece ter sido vista entre os anos 20 a.C. e 10 d.C. Na verdade, só há três fenómenos que coincidem com a descrição feita por São Mateus de um astro que se moveu pelo céu e depois parou: o Halley em 12 a.C., que foi visto durante 56 dias, a estrela avistada durante 70 dias entre 10 de março e 7 de abril de 5 a.C.; e um cometa avistado em 4 a.C.. Não se fala em momento algum de uma supernova nem de um cometa sem cauda.
Por agora, tudo não passa de um talvez. Talvez a Estrela de Belém tenha mesmo existido, algo que é bem possível para Máximo Ferreira: “Acredito que a generalidade dos cientistas que se debruçaram sobre este assunto, embora desgostosos por não conseguirem decifrar o enigma, não colocam qualquer objeção a que a citação corresponda a algum fenómeno observado. O facto de não conseguirmos ter a certeza do que foi não significa que não tivesse sido visto e interpretado qualquer fenómeno no céu”, disse ele ao Observador.
E talvez não tenha havido qualquer fenómeno astronómico que tivesse coincidido com o nascimento de Jesus. A comunidade científica continua dividida quanto a isso. “Os cientistas que apoiam a existência sempre deixam em aberto várias possibilidades, enquanto a negação é principalmente expressa como dizendo que não há evidências sólidas que comprovem que houve realmente uma Estrela. A imprecisão dos textos antigos é um problema constante”, conclui Christian Staark da União Astronómica Internacional.