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Rússia concentra os esforços de guerra nas regiões próximas de Bakhmut, Kreminna e Vuhledar

Anadolu Agency via Getty Images

Rússia concentra os esforços de guerra nas regiões próximas de Bakhmut, Kreminna e Vuhledar

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Novo esforço de guerra russo "não está a correr particularmente bem" e anda "a passo de caracol" — mas Putin "não deve desistir"

NATO e Ucrânia dizem que Rússia lançou uma nova grande ofensiva no Donbass. Ao Observador, especialistas indicam que novo esforço de guerra não está a ser — nem deve ser — "bem-sucedido".

“Não está a correr particularmente bem”, “não parece uma ofensiva a sério”, “há muitas baixas”, “está a dar oportunidades à Ucrânia para preparar a contraofensiva”, anda “a passo de caracol” e não deverá alcançar “os objetivos” de Vladimir Putin. Os especialistas ouvidos pelo Observador são unânimes neste ponto: o recente esforço de guerra não está a correr de feição às forças de Vladimir Putin. Alguns questionam-se se isto será mesmo o início daquilo que se esperava ser uma grande ofensiva de Moscovo.

Apesar de não existir consenso sobre se a Rússia começou ou não uma nova ofensiva, certo é que o Ocidente e a Ucrânia já admitem essa hipótese e norteiam as suas ações em função disso. “Não há sinais de que a Rússia se esteja a preparar para a paz. A Rússia está a lançar novas ofensivas”, declarava esta quarta-feira o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, após uma reunião em que estiveram presentes os 30 ministros da Defesa da aliança militar. Por sua vez, o Presidente ucraniano tem reiterado a ideia de que “o Kremlin está a tentar espremer todo o potencial de agressão possível”.

Neste momento, a Rússia concentra os esforços de guerra nas regiões próximas de Bakhmut, Kupyanks, Kreminna e Vuhledar. O Ministério da Defesa russo e o grupo paramilitar Wagner (que tem tomado as rédeas da guerra em muitos pontos do território ucraniano) têm reclamado algumas pequenas vitórias. A mais recente foi a aldeia de Paraskoviivka, a cerca de sete quilómetros de Bakhmut — que continua a ser o ponto mais quente no confronto entre as tropas de Kiev e de Moscovo.

No entanto, até no seio das forças russas parece haver uma certa consciencialização de que as próximas etapas da guerra não serão fáceis. O líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, admitiu que a Rússia não “celebrará tão cedo” a conquista de Bakhmut, estimando que a localidade possa apenas ser controlada pelas tropas russas em março ou abril. Mas é tudo “muito difícil de prever”, concedeu o chefe da milícia paramilitar, explicando que o novo armamento que a Ucrânia receberá — com destaque para os carros de combate — poderá colocar novas dificuldades a Moscovo.

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O cenário não parece ser animador para as tropas russas, embora estas tenham sido recentemente “pressionadas pelo Kremlin para obterem alguns êxitos”. A imposição apresenta um cariz mais mediático e simbólico do que propriamente estratégico — é que a invasão está quase a completar um ano desde o seu início, a 24 de fevereiro. Como explica ao Observador Pavel Baev, especialista em assuntos militares no Instituto de Pesquisas de Paz de Oslo, Vladimir Putin vai discursar no parlamento russo no dia 21 de fevereiro e exige às chefias militares que sejam “reportados alguns sucessos”. “Os generais estão o fazer o possível para que isso aconteça”, concretiza o cientista político russo-norueguês.

epa10443004 Russian President Vladimir Putin chairs a meeting on the restoration of residential infrastructure in the border areas destroyed during emergency situations, via a video conference at the Novo-Ogaryovo state residence, outside Moscow, Russia, 01 February 2023. Russian President Vladimir Putin instructed to close as soon as possible all issues related to the restoration of housing in the border areas with Ukraine and affected by emergency situations. He noted that the main task is to eliminate the very possibility of shelling the border areas, but 'this is the business of the military department'.  EPA/MIKHAEL KLIMENTYEV / SPUTNIK / KREMLIN POOL MANDATORY CREDIT

No discurso marcado para 21 de fevereiro, Putin vai querer reclamar vitórias

MIKHAEL KLIMENTYEV / SPUTNIK / KREMLIN POOL/EPA

A conquista de que Vladimir Putin se poderia vangloriar perante os parlamentares russo seria idealmente Bakhmut, apesar de o líder Wagner já ter reconhecido que levará pelo menos dois meses para conquistar o território. O think tank norte-americano Instituto para o Estudo da Guerra prevê que, caso a Rússia não consiga controlar da localidade nos próximos dias, serão lançados ataques massivos contra Ucrânia nos dias 23 e 24 de fevereiro. A Ucrânia está mesmo a preparar-se para esse cenário: o conselheiro do Presidente ucraniano Mykhailo Podolyak antevê que três ondas de ataques com mísseis possam atingir o país naqueles dias.

Mais a longo prazo, e mesmo que a Rússia ainda não tenha começado uma ofensiva de larga escala, terão as tropas russas capacidade para levar a cabo ataques militares com sucesso? Os especialistas ouvidos pelo Observador duvidam. Segundo Pavel Baev, o exército russo estará mesmo perto de um “ponto de rutura”, com “reservas inexistentes, arsenais de armamento quase esgotados e o moral a afundar-se”.

A questão da ofensiva: a Rússia começou mesmo uma ou há uma continuação da guerra congelada?

Os primeiros alertas vieram de Kiev, que foi advertindo a comunidade internacional de que estaria iminente uma ofensiva russa. No seu discurso noturno a 1 de fevereiro, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já adiantava que tinha notado um “certo aumento das ações ofensivas dos ocupantes na linha frente”, mais concretamente no leste do país. “A situação está a tornar-se cada vez mais severa”, avisou.

A 2 de fevereiro foi a vez de o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, apontar que o Kremlin estaria a ultimar os pormenores para o início de uma nova ofensiva. As movimentações na fronteira assim o indiciavam. “Oficialmente, anunciaram 300 mil [reservistas], mas, quando vemos as tropas [estacionadas] na fronteira, elas são muito mais.” Uma semana depois, a 9 de fevereiro, as autoridades ucranianas de Lugansk anunciavam que a Rússia já teria oficialmente iniciado a “escalada” no conflito.

Ucranianos dizem que ofensiva russa no leste “já começou”

Inicialmente, o Ocidente parecia desvalorizar os alertas do governo ucraniano, focando-se mais na preparação de uma contraofensiva na primavera que permitisse à Ucrânia recuperar território perdido nos meses após a invasão. Foi apenas na reunião entre os ministros da Defesa da NATO desta semana que os aliados adotaram um discurso mais coerente sobre esta possível nova vaga de ataques.

Prova disso é que o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, assinalou esta quinta-feira, numa conferência de imprensa em Tallinn, Estónia, que a ofensiva está já a desenrolar-se, com a “Rússia a introduzir um grande número de tropas no teatro de operações”. “Espera-se que continue.” No entanto, o responsável militar notou que as forças russas estão “pouco equipadas” e “mal treinadas”, o que já está a causar demasiadas “baixas”.

Ao Observador, Dmitry Gorenburg, especialista na área da política russa no Davis Center, pertencente à Universidade de Harvard, acredita que “é claro” que a Rússia está a operacionalizar “as primeiras fases de uma nova ofensiva” na região do Donbass. “Há algumas indicações de que a ofensiva se possa expandir, especialmente com a possibilidade do uso do poderio aéreo russo”, salienta em declarações ao Observador.

"A Ucrânia enfrenta primeiras fases de uma nova ofensiva. Há algumas indicações de que a ofensiva se possa expandir, especialmente com a possibilidade do uso do poderio aéreo russo"
Dmitry Gorenburg, especialista na área da política russa no David Center pertencente à Universidade de Harvard

Por seu turno, Oxana Shevel, professora ucraniana de ciência universitária na Universidade de Tufts, em Massachusetts (EUA), é mais contundente: “A Rússia começou mesmo uma nova ofensiva.” A docente universitária descreve ao Observador um cenário em que, como Moscovo “não tem recursos para lançar uma ofensiva similar à que lançou em fevereiro [de 2022], quando atacou múltiplos pontos em simultâneo”, esta “nova ofensiva é mais localizada”.

A Rússia abandonou, deste modo, a postura de “recuo” e de “defesa” que mantinha desde setembro de 2022, mês que ficou marcado pela contraofensiva ucraniana e que resultou no controlo de todo o oblast de Kharkiv. Dois meses depois, foi a vez de Kiev conseguir reconquistar Kherson. Agora, diz Oxana Shevel, as tropas russas tentam “avançar em alguns locais”, especialmente nos oblasts de Donetsk e Lugansk, assim como em Kupyanks (em Kharkiv). “Por isso, podemos considerar o início de uma nova ofensiva.”

Já Pavel Baev não tem a certeza de que a ofensiva russa tenha começado, dado que a situação é “confusa” no terreno. “O avanço pouco preparado e uma postura mais de autodefesa nas posições ucranianas bem defendidas no Donbass não parece ser uma ofensiva séria”, considera o especialista.

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Bakhmut é onde dos pontos mais críticos da guerra

Anadolu Agency via Getty Images

A mesma opinião foi expressa por Oleg Ignatov, analista russo do think tank Crisis Group. “Não podemos dizer com certeza” que a ofensiva tenha começado. É certo que a Rússia “não está satisfeita com o atual status quo na linha da frente e quer alterá-la através de uma nova ofensiva”; mas a comunidade internacional não “sabe exatamente qual é o plano da Rússia, nem sabe que escala teria uma nova ofensiva”.

“A Rússia pode tentar quebrar a linha da frente numa área particular, usando um número elevado de tropas”, exemplifica o analista em declarações ao Observador, indicando que Moscovo também pode estar a tentar “esgotar” e levar ao limite as forças de Kiev — como acontece em redor de Bakhmut, num cenário a que se tem assistido desde o início do inverno. “Os dois lados, Rússia e Ucrânia, estão a tentar enganar-se um ao outro, incluindo através do uso dos meios de comunicação sociais, com a perspetiva de que possam atacar de forma inesperada no futuro.”

"Os dois lados, Rússia e Ucrânia, estão a tentar enganar-se um ao outro, incluindo usando os meios de comunicação sociais, para que possam atacar de forma inesperada no futuro"
Oleg Ignatov, analista russo do think tank Crisis Group

Oleg Ignatov aponta também para o facto de 300 mil combatentes terem sido mobilizados de entre as reservas das Forças Armadas Russas. “Estão a ser usados para estabilizar as linhas da frente e para ataques na região de Donetsk, mas então o resto?”, questiona, admitindo, contudo, que o Ministério da Defesa da Rússia até possa colocar em marcha “mais cedo” os planos que delineou nos últimos meses, visto que “não quer esperar que Kiev obtenha armamento pesado do Ocidente”. “Mas isso aumenta a probabilidade de que se cometa erros.”

Com ou sem “ofensiva”, como está a correr o esforço de guerra para a Rússia?

Mal é a resposta mais curta. Três especialistas ouvidos pelo Observador coincidem na ideia de que Moscovo enfrenta imensas dificuldades no terreno, mesmo que já tenha lançado uma ofensiva. “A Rússia não está a ser bem-sucedida”, sentencia Oxana Shevel. “Mesmo onde eles conseguiram avançar, como aconteceu em Soledar e nas proximidades de Bakhmut, é a passo de caracol”, prossegue a especialista, que afirma que as tropas da Rússia também estão a sofrer imensas baixas.

Dmitry Gorenburg tem uma opinião semelhante sobre a ofensiva. “Não está a correr particularmente bem. As tropas russas sofreram muitas perdas em Vuhledar e conseguiram obter apenas ganhos marginais na região norte do Donbass”, sinaliza o especialista da Davis Center.

Mesmo sem uma conclusão clara sobre se a nova ofensiva já começou ou não, Pavel Baev considera que os últimos ataques da Rússia estão a “correr mal”, enfatizando as “perdas massivas” que as tropas russas têm sofrido recentemente. Este último fator, aliado a alguma dispersão no terreno, têm criado “alguma fluidez no campo de batalha”. Essa fluidez “cria oportunidades para que as forças ucranianas possam levar a cabo a contraofensiva, que seria mais difícil se as tropas russas tivessem apenas em posições defensivas”, aclara.

As imagens e vídeos que chegam da Ucrânia parecem confirmar o ponto de vista dos três especialistas. Em Vuhledar, a Ucrânia destruiu, segundo conseguiu apurar o Ministério da Defesa do Reino Unido, citado pela Reuters, “pelo menos 30 veículos de combate”, após um “assalto falhado” pelas tropas russas.

Também em Vuhledar, um sistema de foguetes de artilharia de grande mobilidade HIMARS destruiu um quartel-general de um batalhão separatista pró-Rússia. Uma pessoa acabou por morrer na sequência do ataque.

E ainda na mesma localidade, a CNN internacional conseguiu recuperar imagens do que chamou um “fiasco”, isto é, uma batalha que acabou de forma trágica para a Rússia: tanques capotados, a arder, homens a correr em várias direções, alguns dos quais em chamas e corpos de soldados pelo chão. “Foram abatidos como perus num campo de tiro”, chegou a comentar o ex-ministro da Defesa da República Popular de Donetsk, Igor Strelkov.

“Abatidos como perus num campo de tiro”, lamenta veterano de guerra russo. Como a Ucrânia provoca baixas russas na batalha por Vuhledar

E o futuro desta alegada ofensiva?

O momento atual da guerra pode não estar a correr propriamente bem para a Rússia, mas o futuro não deverá trazer melhores notícias. Oxana Shevel acredita que, apesar de Moscovo até poder “ganhar alguns quilómetros” de terreno, fruto das conquistas, isso não só demoraria “meses” como também “não seria suficiente para alcançar nenhum dos objetivos da Rússia na Ucrânia”.

“Um cenário em que a ofensiva russa pode ser bem-sucedida é muito improvável”, continua a docente universitária. Isso, explica, requereria “uma combinação múltipla de fatores” — que “simplesmente não estão a acontecer”: “O colapso das defesas ucranianas na linha frente, o colapso da moral da Ucrânia e o fim da ajuda do Ocidente.”

"Um cenário em que a ofensiva russa pode ser bem-sucedida é muito improvável"
Oxana Shevel, professora ucraniana de ciência universitária na Universidade de Tufts em Massachusetts

Tendo frisado que uma ofensiva russa pode ainda não ter começado, Oleg Ignatov sublinha que, para “ter êxito”, a Rússia “precisa de ter uma vantagem no número de soldados”. “Ao que tudo indica, a Rússia não tem essa vantagem”, constata. Assim sendo, o analista prevê que a Rússia apenas “possa ter alguns sucessos em certas partes da linha da frente”. Isso será, porém, insuficiente “para alterar o curso da guerra” e para satisfazer as ambições do Kremlin.

O especialista na área da política russa no Davis Center concorda com o ponto de vista de Oleg Ignatov. “Penso que o melhor que a Rússia conseguirá atingir é algum ganho marginal no Donbass”, opina Dmitry Gorenburg, acrescentando que “avanços mais significativos” até podem ser “possíveis” — mas não são “prováveis”.

Como reagirá a Rússia se for confrontada com (outra) derrota?

Oxana Shevel preconiza que esta ofensiva deverá representar mais um fracasso para a Rússia. Ainda assim, Vladimir Putin não deverá desistir de tentar conquistar a Ucrânia — e tentar sobretudo controlar as quatro repúblicas populares de Donetsk, Kherson, Lugansk e Zaporíjia, regiões que Moscovo alega já estarem integradas na Federação Russa, após o resultado de um referendo realizado por forças pró-russa cuja legitimidade não foi validada pela comunidade internacional.

Ukraine's 95th Air Assault Brigade Holds Positions Near Kreminna

Soldados ucranianos em Kreminna

Getty Images

“Infelizmente, é improvável que Putin desista, mesmo que a sua ofensiva paralise”, lamenta a professora universitária, que descreve que o Presidente russo “ainda está em negação”. “Ainda nega a existência de uma nação ucraniana e ainda nega a determinação da sociedade ucraniana em lutar contra a invasão”, expõe Oxana Shevel, que diz que o Chefe de Estado continua a ver a Ucrânia como “uma marioneta manipulada pelo Ocidente”.

Com esta atitude, opina a professora da Universidade de Tufts, Vladimir Putin “continua a agravar o erro que cometeu ao lançar a invasão”. A guerra, antevê a especialista, deverá terminar com uma vitória de Kiev. “O tempo que durará [o conflito] depende de quanto tempo a Ucrânia tem de esperar para receber as armas [do Ocidente] e conseguir expulsar as forças russas” do seu território.

Pavel Baev foca, por seu turno, que um falhanço da Rússia nesta ofensiva seria uma centelha para a Ucrânia, dando mais força à ideia de que Kiev pode, mesmo vencer em toda a linha. “Mesmo um sucesso pequeno das forças ucranianas pode produzir uma forte ressonância e uma grande cadeia de vitórias que as tropas russas não seriam nem capazes de negar, nem contra-argumentar”, salienta.

"Mesmo um sucesso pequeno das forças ucranianas pode produzir uma forte ressonância e uma grande cadeia de vitórias que as tropas russas não seriam nem capazes de negar, nem negar de contra-argumentar"
Pavel Baev, especialista em assuntos militares no Instituto de Pesquisas de Paz de Oslo

E a resposta ucraniana e do Ocidente à nova ofensiva?

Tendo sido a primeira a avisar sobre a eventualidade de uma ofensiva russa, a Ucrânia continua — tal como acontecia no inverno — a concentrar os esforços de guerra na linha da frente do leste, num momento em que também se prepara para a tão aguardada contraofensiva na primavera. Como explicou Pavel Baev, o facto de Moscovo agir primeiro pode ser usado como trunfo — obriga os russos a saírem de um posicionamento mais defensivo.

Se, por um lado, a Ucrânia pode ter vantagens, por outro, a Rússia também espera obtê-las, depois de ter tomado a iniciativa. O novo armamento que o Ocidente entregou nos últimos tempos a Kiev — como os tanques Leopard 2 ou os sistemas de defesa aérea Patriot — ainda não chegou a território ucraniano. Adicionalmente, as tropas de Kiev ainda estão a ser treinadas para conseguir manusear as armas e carros de combate com eficácia.

Para Oxana Shevel, a Rússia está de certo modo de “uma corrida contra o tempo” para conseguir ter o maior sucesso possível na ofensiva, tentando evitar o poderio que a Ucrânia pode obter com o armamento ocidental. Mesmo nessa situação, a especialista avalia como “baixas” as hipóteses de sucesso.

Tank driving training of Slovak servicemen and women

Os tanques Leopard 2 só deverão chegar à Ucrânia no final de março

dpa/picture alliance via Getty I

Ainda assim, a mesma especialista advoga que o envio de armas do Ocidente para a Ucrânia continua a ser necessário — é “crítico” —, de modo a que Kiev consiga ganhar um “momentum” no conflito e “libertar mais território”. A mesma opinião é expressa por Dmitry Gorenburg: “O apoio do Ocidente continua a ser urgente para parar os avanços russos. A Ucrânia continua altamente dependente do fornecimento quer das armas quer das munições dos países ocidentais.”

“A assistência do Ocidente permanece crítica para a Ucrânia”, corrobora Oleg Ignatov. “Quanto mais cedo as tropas ucranianas receberem novas armas e aprenderem a usá-las, mais recursos terão para se defenderem e para contra-atacar”, concluiu o analista russo.

O tempo dirá agora se o avanço inicial russo — trate-se ou não de uma verdadeira ofensiva — conseguirá dar à Rússia um grande sucesso, uma vitória pírrica ou uma derrota. Em qualquer um dos cenários, algo parece certo: Putin não vai ceder tão cedo.

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