Discurso de vitória
Este foi o maior movimento político de todos os tempos. Nunca houve nada deste género neste país. Vamos ajudar o nosso país a curar-se. Temos um país que precisa de ajuda, que precisa muito de ajuda. Vamos corrigir as nossas fronteiras, vamos corrigir tudo no nosso país.
Nos primeiros segundos do discurso, Trump mencionou um tema-chave das eleições presidenciais: o controlo de fronteiras. O candidato republicano à presidência dos EUA tinha prometido deportar imigrantes se fosse reeleito, a começar na cidade de Springfield. E será para cumprir.
Fizemos história por um motivo esta noite. Ultrapassámos obstáculos que ninguém achou possível e é agora claro que conseguimos a melhor coisa política possível. Olhem para o que aconteceu! É uma vitória política que o nosso país nunca viu.
Apesar de a contagem ainda não estar totalmente fechada, Donald Trump assumiu categoricamente a vitória das eleições presidenciais norte-americanas, ainda antes desse triunfo ser matematicamente definitivo (mas quase irreversível).
Quero agradecer ao povo americano por me eleger como 45º Presidente e 47º Presidente. A cada cidadão: vou lutar por vocês, pela vossa família e pelo vosso futuro. Todos os dias vou lutar por vocês com cada suspiro do meu corpo. Não vou descansar até termos a América forte, segura e próspera que as nossas crianças merecem, assim como vocês. Esta é uma vitória magnífica para o povo americano que nos vai permitir fazer da América grande de novo.
Trump faz referência ao famoso slogan da campanha, “Make America Great Again”, evocando o primeiro mandato presidencial e dando como certo este segundo.
Ganhámos estados como a Carolina do Norte. Adoro estes lugares. Geórgia, Pensilvânia, Wisconsin. Estamos agora a ganhar no Michigan, Arizona, Nevada e Alaska, o que vai resultar em ganharmos pelo menos 315 votos eleitorais. É mais fácil fazer o que as estações [de televisão] fizeram, [mas] não havia outro caminho, não havia outro caminho que não o da vitória.”
Ao saudar os eleitores dos estados decisivos — a que os americanos chamam swing states —, cujos votos fazem pender o resultado de uma vitória presidencial, Trump lançou farpas à cautela dos meios de comunicação social em declarar uma vitória antes de todos os votos estarem contados. Trump deu desde logo o regresso à Casa Branca como certo.
Também ganhámos o voto popular, o que é ótimo. Ganhar o voto popular foi muito bom, digo-vos. É um grande sentimento de amor… Há um grande sentimento de amor nesta grande sala, com pessoas inacreditáveis ao meu lado. Estas pessoas foram incríveis, fizeram esta jornada comigo. Vamos fazer-vos orgulhosos do vosso voto. Espero que olhem para trás um dia e pensem: foi um dos grandes momentos da minha vida quando votei neste grupo de pessoas.
O multimilionário nova-iorquino aludiu a um triunfo do voto popular, que na altura também ainda não era certo. Em 2016, apesar de conquistar a eleição para a Casa Branca, Trump perdera o voto popular para Hillary Clinton.
A América deu-nos um mandato sem precedentes e poderoso. Recuperámos o controlo do Senado e isso é bom. As corridas ao Senado no Montana, Nevada, Texas, Ohio, Michigan, Wisconsin e Pensilvânia foram todas vencidas pelo movimento MAGA (Make America Great Again). Em cada um desses casos trabalhámos com os senadores e foram campanhas difíceis. O número de vitórias no Senado é absolutamente incrível. Ninguém esperava isto. Quero agradecer-vos muito. Temos ótimos senadores e ótimos novos senadores. E parece que vamos manter o controlo da casa da Câmara dos Representantes”.
Trump assume surpresa com o resultado no Senado (“ninguém esperava isto”) e mostra-se confiante em manter a maioria na Câmara dos Representantes.
Quero agradecer a Mike Johnson, que está a fazer um ótimo trabalho. Quero também agradecer à minha bela mulher, Melania Trump, a primeira-dama, que tem o maior best-seller no país, conseguem acreditar?
Trump menciona o polémico livro de memórias lançado por Melania Trump. O candidato afasta-se depois do púlpito e dirige-se à mulher. “Anda cá, querida”, pode ouvir-se. Dá-lhe um beijo no rosto e volta ao microfone, elogiando o trabalho de Melania e afirmando que a mulher “trabalha muito para ajudar as pessoas”, no que pode ser entendido como uma referência a uma das principais revelações feitas neste livro. A ex-primeira dama conta como influenciou Donald Trump a abandonar uma política de imigração ao abrigo da qual as crianças imigrantes eram separadas dos pais na fronteira dos Estados Unidos com o México.
Quero ser o primeiro a congratular o vice-presidente eleito dos Estados Unidos, JD Vance, e à absolutamente linda e extraordinária mulher, Usha Vance. Ele é mesmo um tipo combativo, não é? Digo-lhe para ir para o campo inimigo, que são certas estações de televisão. Muita gente diria: ‘Tenho mesmo de fazer isso?’. Ele é o único tipo que vai e as arrasa por completo. Acabou por ser uma boa escolha. Recebi algumas críticas ao início, mas sabia que tinha um grande cérebro, o melhor possível, e adoro a família. Acho que vamos ter uns quatro anos fantásticos.
No elogio ao seu número dois, JD Vance, a quem acabará depois por passar brevemente a palavra, Donald Trump refere-se a estações de televisão como o “campo inimigo”. É mais um ataque do ex-Presidente norte-americano aos órgãos de comunicação social, que acusa repetidamente de “fake news”. No passado, Trump já classificou os jornalistas como “inimigos do povo”. O candidato presidencial menciona Vance como “vice-presidente eleito”, assumindo uma vez mais a vitória como certa antes de o ser.
Vamos virar o nosso país ao contrário e fazer alguma coisa muito especial. Perdemos isso, essa coisa especial. É o maior país do mundo, de longe. Vamos fazer tudo para recuperar isso tudo de volta. Conseguimos fazer isso. Vamos ter de fechar as fronteiras. Queremos que as pessoas venham para cá, mas têm de vir legalmente.
Trump insiste na importância do controlo de fronteiras, agora separando os casos em que as pessoas entrem de forma legal no país.
Temos uma nova estrela. Uma estrela nasceu. Elon [Musk]. Ele é um tipo fantástico. Estávamos sentados juntos hoje. Ele tinha passado duas semanas em Filadélfia, em partes diferentes da Pensilvânia, a fazer campanha.
O discurso de vitória rapidamente se transformou no que poderia ser mais um discurso típico de um comício republicano. Desafiado pelo público, que gritava “Elon [Musk]”, Trump falou sobre o lançamento do foguetão pela SpaceX e sobre Elon Musk, discorrendo sobre a pintura do foguetão e agradecendo ao dono do X (antigo Twitter) o apoio durante os últimos meses. Esta interpelação do público reforça o que já tinha sido noticiado: Trump dispensou o teleponto e discursou com um aparente elevado nível de improviso.
Quero agradecer aos milhões de trabalhadores americanos que sempre foram o coração deste movimento. Já passámos por muita coisa juntos e hoje apresentaram-se em números recorde para conquistar uma vitória provavelmente como nenhuma outra. Foi algo especial e vamos devolver-vos tudo. Vamos virar isto ao contrário rapidamente. Este vai ser recordado como o dia em que os americanos recuperaram o controlo do seu país.”
Donald Trump terminou o discurso agradecendo aos milhões de americanos “que sempre foram o centro deste movimento”, e sugere uma perda de “controlo” no mandato de Joe Biden, que foi o seu sucessor na Casa Branca.
Esta campanha foi histórica em tantas formas. Construímos a maior e mais abrangente e mais unificada coligação. Nunca viram nada como isto na história da América. Jovens e velhos, homens e mulheres, rurais e urbanos, tivemos todos a ajudar-nos esta noite. Vieram de todos os cantos: afro-americanos, hispano-americanos, ásio-americanos, árabes-americanos, muçulmanos-americanos. Tivemos toda a gente e foi lindo. Cidadãos de todos os contextos unidos em torno do bom senso. Somos o partido do bom senso. ”
Donald Trump sugere que conseguiu colher votos de todos os quadrantes e que foi um eleitorado diverso o que lhe concedeu a vitória.
Queremos ter fronteiras, queremos ter segurança. Queremos que as coisas estejam boas, seguras. Queremos uma boa educação, queremos um exército forte e, idealmente, não o queremos usar. Não tivemos guerras durante quatro anos. Excepto que combatemos a ISIS em tempo recorde. Mas não tivemos guerras. Disseram: “Ele vai começar uma guerra”. Não vou começar uma guerra, vou parar as guerras.”
Trump frisa o facto de, durante o tempo em que esteve na Casa Branca, entre 2017 e 2021, o cenário internacional estar mais pacificado. O candidato republicano tem sido crítico das somas avultadas de ajuda militar e financeira dos Estados Unidos ao Governo ucraniano. Nos últimos meses, Trump afirmou repetidamente que iria resolver a guerra entre a Rússia e a Ucrânia “em 24 horas”, mas nunca explicou como o faria.
Muitas pessoas me disseram que Deus poupou a minha vida por um motivo. Essa razão foi para salvar o nosso país e restaurar a grandeza da América. Agora vamos cumprir essa missão juntos. Vamos cumprir essa missão. A tarefa não vai ser fácil, mas vou trazer a energia, o espírito e a luta que tenho na minha alma para o trabalho que me foi confiado. Não há trabalho como este. É o trabalho mais importante no mundo. Tal como fiz no primeiro mandato, vou governar segundo um modo simples: promessas feitas, promessas mantidas. Vamos manter as nossas promessas. Nada me vai impedir de manter a minha palavra convosco, as pessoas. Vamos tornar a América segura, forte, próspera, poderosa e livre outra vez.
O ex-presidente dos Estados Unidos menciona o ataque que sofreu em julho na Pensilvânia e sugere que Deus poupou a sua vida para salvar a América. Trump escapou por pouco de ser atingido na cabeça, em Butler, por uma bala que o apanhou de raspão na orelha direita, num comício.
É tempo de pôr as divisões dos últimos quatro anos para trás, é tempo de nos unirmos. O sucesso vai juntar-nos. Vamos por o nosso país em primeiro lugar. Juntos vamos fazer América ótima outra vez, para todos os americanos. Não vos vou desiludir. O futuro da América vai ser maior, melhor, mais rico, seguro e forte do que alguma vez foi. Que Deus vos abençoe e que Deus abençoe a América.
Trump termina com uma nota de união num discurso em que, mesmo sem resultado oficial conhecido, dá antecipadamente como certa a vitória.