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O jogo de cintura de Sánchez, as metas de Rivera e os recados de Abascal. Os discursos da noite eleitoral em Espanha nas entrelinhas

O líder do PSOE deixou a porta aberta para negociar com todos. Casado passou culpas, Rivera reclamou estatuto de partido de poder e Iglesias chutou para canto. Abascal disparou em todas as direções.

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Na incerteza da matemática de possíveis coligações, todos esperaram até à última para se pronunciarem. Assim, depois do discurso dos partidos dos extremos — Santiago Abascal pelo Vox e Pablo Iglesias pelo Podemos — os restantes líderes dos partidos ditos moderados atropelaram-se a discursar ao mesmo tempo, quando mais de 90% dos votos já estavam contados e a noite eleitoral se aproximava do fim.

Pedro Sánchez, do PSOE, assumiu, naturalmente, o estatuto de vencedor e as televisões deram-lhe primazia. Mas o mais curioso no seu discurso não foram as expressões de regozijo, mas sim as linhas vermelhas que colocou para negociar futuras coligações. A multidão pediu-lhe que ignorasse o líder do Ciudadanos (“Rivera não!”, gritavam), mas Sánchez não se comprometeu. Um governo das esquerdas em Espanha ainda não é, por isso, uma certeza. Pablo Iglesias gostaria que o fosse, razão pela qual colocou em Sánchez toda a responsabilidade no seu discurso — “Às perguntas para Pedro Sánchez responde Pedro Sánchez, não respondo eu”, disse, a certa altura.

À direita, o Ciudadanos e o PP protagonizaram a taça da liderança da oposição, num dérbi onde o partido de Albert Rivera saiu por cima do de Pablo Casado. A Rivera, aliás, não lhe faltou ambição, assumindo-se não só como líder da oposição — apesar de ter menos nove deputados que o Partido Popular —, mas como líder de um partido que mais cedo ou mais tarde será Governo. Já Casado concedeu a derrota, mas preferiu focar-se nas eleições de 26 de maio (que reunirão municipais, autonómicas e europeias) — e não se demitiu.

Santiago Abascal, o líder do partido de extrema-direita Vox e estreante no Congresso dos Deputados, manteve-se fiel ao estilo do partido e atacou tudo e todos: a esquerda e os media, inimigos já conhecidos, mas não só. A “direitita cobarde”, leia-se PP, foi referida três vezes (contra zero menções a PSOE ou Sánchez) e o Ciudadanos foi definido como “cata-vento laranja”. Para além disso, deixou uma promessa: defender as bandeiras do partido no Congresso e fiscalizar o próximo Governo, sobretudo na sua ação com os independentistas.

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O texto do discurso está em itálico e a interpretação e o comentário estão a amarelo:

Pedro Sánchez, líder do PSOE

Pedro Sánchez em frente à sede do PSOE. Pela frente tinha uma multidão de apoiantes (Pablo Blazquez Dominguez/Getty Images)

Getty Images

Ouviram: o Partido Socialista venceu as eleições gerais. E, com isso, ganhou o futuro e perdeu o passado

Pedro Sánchez abriu o seu discurso com a ideia principal a que iria voltar mais tarde: a reclamar a vitória do PSOE, que é inegável, e a deixar para trás uma travessia no deserto de dez anos de derrotas em eleições gerais, perante sucessivas vitórias do Partido Popular (PP).

Em primeiro lugar, quero agradecer de coração aos mais de 7 milhões e 300 mil espanhóis que nos deram o seu voto e confiaram no Partido Socialista para liderar o país nos próximos quatro anos. Obrigado, do coração. Também acho que hoje, com quase 75% de espanhóis e espanholas a exercerem o seu direito ao voto, demonstrou-se que esta é uma grande democracia. Espanha tem uma democracia sólida, de qualidade, em que participam milhões de espanhóis em defesa da democracia, do futuro, dos direitos e liberdades que conquistámos em 40 anos de democracia. E creio que também é preciso reivindicar a diferença que fez o conjunto de pais da democracia.

O líder socialista aproveita também para destacar a elevada participação eleitoral destas eleições e tocar noutras das teclas a que regressaria mais tarde no discurso, falando para fora de Espanha. A ideia de que “Espanha tem uma democracia sólida, de qualidade” pode ser interpretada como uma mensagem para o estrangeiro de que, apesar da ascensão de um partido de extrema-direita como o Vox, Espanha continua a ser uma democracia saudável.

Nestas eleições, amigos e amigas… [multidão interrompe, gritando “Com Rivera não”] Acho que ficou bastante claro, não?

Começa o processo de discussão sobre qual a coligação que o PSOE quer: virar à esquerda com o Podemos, mas lidando com a dor de cabeça dos separatistas catalães (ERC) e bascos (PNV), ou virar à direita e chegar a entendimento com o Ciudadanos? Aqueles que foram hoje para a porta de Ferraz deixaram claro que preferem a primeira opção, mas Sánchez não se comprometeu com ela, sublinhando apenas que “deixaram claro” o que preferem. Dali a pouco, voltaria ao tema e tudo ficaria mais claro.

De qualquer forma, acho que é importante que reivindiquemos, como primeiro partido do país, a democracia e a defesa dos direitos e liberdades que conquistámos nestes 40 anos. Todos os espanhóis e espanholas enviámos mensagens. Mensagens do que não queremos: não queremos a involução, não queremos a reação, não queremos o retrocesso. Queremos um país que avance em direção ao futuro [multidão grita “No pasarán!”].
Também enviámos uma mensagem clara, nítida e rotunda, à Europa e ao mundo: de que se pode ganhar à reação, ao autoritarismo e à involução. [“Sí, se puede”, gritam os apoiantes do PSOE].

Mais um recado à direita, em particular ao Vox, com Sánchez a sublinhar as credenciais democratas do PSOE — para consumo interno e externo.

A terceira mensagem que enviámos é que os espanhóis querem claramente que o Partido Socialista Operário Espanhol lidere o país nos próximos quatro anos. Tratava-se de ganhar as eleições e governar. Ganhámos as eleições e vamos governar Espanha. Durante toda a campanha dissemos que os três objetivos do próximo Governo socialista eram avançar a justiça social e acabar com a desigualdade de que sofrem tantos no nosso país; em segundo lugar, avançar em convivência e concórdia, que é o que o nosso país precisa, de acabar com a confrontação e a crispação territorial que dominou a política espanhola nos últimos anos; e em terceiro lugar, reivindicar a exemplaridade e limpeza da política e acabar com a corrupção que nos últimos 7 anos dominou.

Sánchez enumera os seus principais objetivos: combate às desigualdades económicas, fim das tensões separatistas e combate à corrupção. Se o primeiro é consensual para toda a esquerda, o mesmo não pode ser dito em relação ao segundo, já que o líder do PSOE parece ter pouca vontade de apoiar os independentistas, com a referência à “crispação territorial” — o que lhe pode custar se precisar de negociar com a ERC para formar Governo. Por fim, o terceiro objetivo, é uma alfinetada clara no PP, abalado pelo escândalo Gürtel e outros.

Para esses três desafios houve uma mensagem do conjunto de espanhóis e espanholas com independência que votaram em duas coisas: que um Governo socialista e eu como presidente seremos o Governo e presidente de todos os espanhóis e espanholas; em segundo lugar, que a partir das nossas ideias de esquerda, da nossa posição progressista, vamos tentar falar com todas as forças políticas que respeitam a Constituição para fomentar a concórdia de que a política precisa [multidão volta a gritar ‘com Rivera não’]. Eu ouvi, eu ouvi. Nós não vamos fazer como eles, que põem cordões sanitários à volta do Partido Socialista. A única condição que vamos colocar é respeitar a Constituição espanhola e avançar a justiça social, com convivência e limpeza política.

Sánchez passa a explicitar melhor a sua política de alianças: sim, o PSOE é um partido de esquerda, mas está disponível para falar com todos os partidos que “respeitem a Constituição”, até aqueles que possam vir de outras áreas políticas. Rivera tinha decretado um “cordão sanitário” em torno do PSOE, mas o socialista não pretende responder com a mesma moeda ao Ciudadanos, virando-lhe automaticamente costas. A referência não agradou à multidão, que voltou a dizer “com Rivera não”. Sánchez respondeu apenas que tinha tomado nota. Mas sublinhou de novo as suas condições para formar Governo: respeito pela Constituição, justiça social e combate à corrupção. Estas linhas vermelhas podem ser problemáticas para negociar com os separatistas, que se insistirem num referendo podem levar com um “não” de Sánchez, que os pode acusar de desrespeito à Constituição.

Isto será a partir de amanha. Hoje quero terminar como comecei: voltando a repetir uma frase que me marcou muito. Diziam que este partido não tinha futuro, que o futuro não nos pertencia. Que a esquerda deste país tinha de se resignar a que o Partido Popular governasse. Que o Partido Socialista só podia querer ser a muleta do Partido Popular. E aqui estamos a reivindicar o presente e o futuro dum partido com 140 anos de História. E com ele, estamos a enviar duas mensagens contundentes: ao conjunto da social-democracia europeia, de que a social-democracia tem muita História mas também tem futuro porque tem um grande presente e Espanha é um bom exemplo disso; em segundo lugar, porque nos ouvem também fora de Espanha e em particular na Europa, que formaremos um Governo pró-europeu para fortalecer e não debilitar a Europa.

Sánchez regressa às ideias que enumerou no início do discurso. O PSOE afinal não está morto e é um partido capaz de vencer, diz. E os sociais-democratas da Europa devem tomar notas disso para conseguirem vencer também. Para além disso, sublinha que com os socialistas o Governo espanhol se manterá pró-europeu, independentemente das forças com quem se venha a coligar.

[Gritos dos apoiantes de “Viva Espanha e viva o socialismo!”] Foi isto que venceu: uma Espanha diversa, que ama a liberdade e que reconhece a sua diversidade. Foi isso que reivindicámos na campanha e vamos construir a partir de hoje.
Hoje é um grande dia, sem dúvida alguma. Mas falta o 26 de maio. Precisamos também de maiorias socialistas, progressistas, nas comunidades autónomas. Ânimo, animo, animo! Tornámos possível que o Partido Socialista passasse a ganhar, vamos construir a Espanha que queremos. Obrigado do coração.

O apelo à mesma mobilização para as eleições de 26 de maio (municipais, autonómicas e europeias), para que o PSOE volte a vencer, é o desejo com que Sánchez encerra um discurso feliz — mas cauteloso.

Pablo Casado, líder do Partido Popular

Pablo Casado (ao centro) discursou na sala de imprensa da sede do PP, mas não respondeu a perguntas dos jornalistas (Samuel de Roman/Getty Images)

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Muito obrigado a todos os meios de comunicação por terem coberto este dia tão intenso. Sou especialista em vir a esta sala em noites complicadas. Quero dizer que está aqui um grande partido, um partido que sabe estar “en las duras y las maduras”.

O líder do PP começa por um tímido reconhecimento de que esta não é uma noite eleitoral feliz para o seu partido, mas também dá o tom: este é um partido que se mantém de pé perante as adversidades — e, por extensão, Casado fará o mesmo. Aqueles que esperam que este seja um discurso que termine com uma demissão podem esperar sentados.

A parte positiva deste dia é o nosso agradecimento aos mais de 4 milhões de espanhóis que continuam a confiar no Partido Popular, que continua a ser o partido líder da oposição e do centro-direita. Permitam-me também que agradeça a todos os militantes, apoiantes, delegados, à direção nacional, ao comité executivo, aos candidatos, aos diretores de campanha, até ao último candidato que deu o melhor de si nesta campanha tão complexa.

Casado não deixa créditos por mãos alheias: o PP pode ter perdido, sim, mas continua a ser o segundo maior partido de Espanha e, portanto, assume o cargo de “líder da oposição” e “do centro-direita”, como quem avisa Albert Rivera do Ciudadanos que não está disposto a ceder-lhe o lugar de mão beijada.

A segunda coisa que quero fazer é felicitar Pedro Sánchez, já tive oportunidade de o fazer pelo telefone. Sempre disse que o Partido Socialista é um partido-chave em Espanha e espero que com este resultado possa chegar a acordos de governabilidade sem precisar dos independentistas. Para o Partido Popular o importante é Espanha. Esperemos que o nosso país esteja à altura das circunstâncias.

Aqui, Casado deixa claro que prefere que Sánchez se alie ao Ciudadanos ou ao PNV com forças mais pequenas do que com os catalães da ERC.

Em terceiro lugar — e eu sou uma pessoa que não foge às responsabilidades — o resultado foi muito mau. O Partido Popular gosta de ganhar e de ganhar sempre e já temos vindo a perder apoio em várias eleições. Por isso, vamos trabalhar com a máxima responsabilidade para recuperar esse apoio e para o fazer liderando o espaço do centro-direita que, como temos vindo a dizer há meses, ao fraturar-se torna-se numa opção dificilmente ganhadora.

O líder dos populares até começa por assumir a derrota (“o resultado foi muito mau”), mas rapidamente coloca as culpas em dois nomes: Ciudadanos e Vox, que para Casado dividiram a direita e prejudicaram o PP.

A fragmentação do centro-direita, face à esquerda que teve mais votos (dependendo de que partidos colocamos à esquerda)… os nossos foram menos. Por isso propusemos na última Junta Eleitoral coligações pré-eleitorais, propusemos em concreto uma coligação com o Ciudadanos no Senado e uma com o Vox no Congresso. O tempo veio dar-nos razão. A capitalização e a proporcionalidade dos mandatos com esta lei eleitoral castigou muito a fragmentação e por isso todos os partidos devem fazer um exercício de análise para ver se valeu a pena — sobretudo nos últimos dias — esse confronto com o Partido Popular, à luz dos resultados.

Aqui Casado dispara mais em direção a Rivera: o líder do Ciudadanos aproveitou os últimos dias, sobretudo nos debates, para atacar o PP. Num dos frente a frente, Rivera relembrou mesmo que “o responsável pelo milagre económico do PP está na prisão”, destacando a corrupção que mancha os populares.

Estas eleições coincidiram com a Semana Santa e a poucos dias de novas eleições autonómicas e europeias. Já tínhamos avisado que isso tinha problemas para realizar a campanha e provavelmente optimizou os resultados da força que estava no Governo. Mas é positivo, porque em menos de um mês voltaremos às urnas e poderemos demonstrar que se nos unirmos o nosso eleitor de centro-direita poderá perceber que a fragmentação só favoreceu um Governo de Pedro Sánchez e provavelmente aqueles que não estão de acordo com um futuro de unidade de Espanha. E talvez passem assim a apoiar os nossos candidatos e a demonstrar que este é um grande partido que cresce ante as dificuldades e que pode ter excelentes resultados no próximo 26 de maio.

Mais uma justificação para o resultado, desta vez com destaque para o calendário. Casado tenta ter jogo de cintura e desviar as atenções do mau resultado pedindo uma mobilização em torno do partido para as eleições próximas de 26 de maio. Resta saber se será bem sucedido, no rescaldo de uma derrota histórica: o PP perdeu dezenas de deputados, não elegeu ninguém no País Basco e levou um tombo na Andaluzia como não via há 30 anos, como exemplos.

Com o mesmo sonho e futuro de sempre, mas a tentar melhorar aquilo em que não estivemos bem e a convencer os espanhóis de  que continuamos a ser a melhor opção para o futuro das suas famílias e para o destino de Espanha. Na próxima quarta-feira, teremos comité executivo e teremos oportunidade de responder a todas as vossas perguntas, depois de uma análise pormenorizada aos resultados. Continuaremos a trabalhar porque temos apenas alguns dias até às próximas eleições. Muito obrigado a todos.

Sem final apoteótico, nem mea culpa sentido, Casado sai, cabisbaixo. O PP teve uma derrota e aponta agora baterias às próximas eleições, pela sobrevivência do partido e a do seu próprio líder. Mas não se alonga na análise nem na estratégia.

Albert Rivera, líder do Ciudadanos

Rivera discursou num palco montado na rua, com bandeiras de Espanha entre a multidão (Eduardo Parra/Getty Images)

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Boa noite e muito obrigado por estarem aqui. A primeira coisa que quero fazer é agradecer a todos vós, a todos os militantes, a todos os delegados, a toda a gente que deixou a pele nesta campanha e neste dia eleitoral, mas também a todos os que estiveram nas mesas eleitorais e a todos os democratas. Hoje os espanhóis foram votar em massa, e, mais importante do que os resultados, é o facto de quando muita gente vota num país, o país se torna mais forte. Muito obrigado por terem ido votar.

Albert Rivera começa com os agradecimentos e as avaliações positivas da praxe à elevada participação. Rapidamente apontará àquilo que quer de facto destacar neste discurso: o resultado do Ciudadanos e a tentativa de se assumir como o verdadeiro líder da oposição, face ao PP.

Mas hoje tenho duas coisas a contar-vos. Eu digo sempre a verdade: uma notícia é boa, a outra é má. Sánchez e Iglesias vão formar Governo com os nacionalistas. Mas há uma boa notícia: há um projeto vencedor, um projeto que aumentou 80% dos seus mandatos comparado com há dois anos. Que há um projeto que acredita em Espanha e que tem futuro. Esta é a casa comum do projeto constitucionalista. Disse-o na campanha e hoje ficou provado. Fomos a segunda força política em quatro ou cinco comunidades, empatámos com o Partido Popular noutras… O Ciudadanos elege-se como a esperança e o sonho de Espanha. Obrigado aos mais de 4 milhões que nos deram o vosso voto, obrigado.

Primeira novidade: o Ciudadanos parece descartar qualquer tentativa de fazer uma coligação com Sánchez, dando-a de barato ao Podemos de Pablo Iglesias. Porquê? Porque se quer assumir como o verdadeiro líder da oposição e, portanto, como partido de poder e não como muleta de outros.

Vamos fazer uma oposição leal à Constituição. Uma oposição leal à economia de mercado, à Europa, à sociedade de bem-estar, aos valores constitucionais, a Espanha. Aos que governam, vamos vigiá-los de perto e vamos fiscalizar este Governo. Para que não ataquem as famílias e a classe média, para que não ataquem os empresários e os trabalhadores, para que vocês tenham uma voz no Parlamento. Os líderes da oposição vão ser a oposição, ao vosso serviço.

Aqui, Rivera deixa claro o seu plano para os próximos anos, caso a coligação PSOE/Podemos seja bem sucedida. Fazer oposição no Congresso dos Deputados, fiscalizar o Governo e defender bandeiras das famílias, da classe média, dos empresários e dos trabalhadores, respeitando a unidade territorial de Espanha.

Este projeto começou há mais de uma década com um grupo pequeno de valentes, com três deputados no Parlamento de Catalunha. Depois demos o salto para a política nacional, vencemos as eleições na Catalunha, governamos na Andaluzia… Hoje somos o refúgio da liberdade, da igualdade, da Constituição, para milhões de espanhóis. Vocês sabem que não prometo muitas coisas, mas hoje prometo-vos uma: hoje ganharam os socialistas e nós demos um salto qualitativo para liderar a oposição e o futuro de Espanha; mas prometo-vos que vamos fiscalizar o Governo, vamos trabalhar no duro e prometo-vos que vamos governar Espanha.

Este é o cerne do discurso de Rivera e é uma afirmação ousada: esqueçam o Vox, esqueçam o Podemos, esqueçam o PP até, porque a política espanhola agora passará a girar em torno de dois partidos, PSOE e Ciudadanos. A força de Rivera quer assumir-se como líder da direita e crê que, tendo em conta os resultados desta eleição, em poucos anos será também vencedora de eleições gerais.

Não quero arrastar-me mais, são muitas horas de trabalho e esforço. Obrigado à minha equipa, que fez a melhor campanha. Fomos uns resistentes. Sabemos o que é lutar, como a sociedade civil. Este é o país que mais se parece com Espanha, com a sociedade civil espanhola. E como gostamos deste país, vamos defender a igualdade e a liberdade em todos os lugares de Espanha. Promete-vos que com um Ciudadanos forte no Congresso, com um Ciudadanos forte em maio nas eleições municipais, autonómicas e europeias — que também vamos ganhar… Agora vamos a Madrid, às europeias, aos municípios. Que ninguém pare a força do Ciudadanos. A cada vez que se abrem as urnas, este partido cresce. Cresceu 80% em menos de três anos e vamos crescer nas autonómicas e nas europeias.

Se o resultado foi bom este domingo, que o seja no final do mês também, pede Rivera. O crescimento tem sido meteórico e, portanto, o catalão quer cavalgar esta onda laranja.

Companheiros, cidadãos e cidadãs que nos veem, hoje começa um projeto vencedor em Espanha. Hoje os espanhóis sabem que, frente a um governo de Sánchez e Iglesias, frente a um governo que se vai esquecer de uma parte de Espanha, há uma parte importantíssima de Espanha que vai estar representada com força e voz no Congresso. Sei que há gente que não está contente com este governo, mas também há muita gente contente porque sabe que em breve vai chegar outro Governo liberal, constitucionalista, europeísta, aberto, moderno, que não divide, que une os espanhóis. Um dia destes haverá em breve um Governo que não olha para a esquerda ou para a direita, mas sim em frente. Um Governo que olha para o futuro e não para o passado. Em breve terão esse Governo. Para isso é preciso continuar e acreditar em Espanha e na vitória. Vamos, Ciudadanos, vamos, Espanha! Obrigado.

E se a declaração já tinha sido feita antes, agora fica ainda mais clara: esqueçam o PP debilitado pela corrupção, esqueçam o PSOE que se irá desgastar com a governação, esqueçam o Podemos em queda e os outros partidos residuais, porque o Ciudadanos quer um partido de poder, quer ser Governo — e quer sê-lo sozinho. E está convicto de que o vai conseguir.

Pablo Iglesias, líder do Unidas Podemos

Pablo Iglesias (à direita) na sede do Podemos, onde falou sobre os resultados e respondeu a perguntas dos jornalistas (CURTO DE LA TORRE/AFP/Getty Images)

AFP/Getty Images

Em primeiro lugar, quero agradecer aos espanhóis pela participação numas eleições que foram históricas. Quero também felicitar os trabalhadores e trabalhadoras públicos que facilitaram o desenvolvimento deste dia eleitoral.
Já felicitei o candidato do Partido Socialista pelo resultado e creio que há duas chaves fundamentais para ler estes resultados eleitorais: o primeiro é que o peso parlamentar do bloco progressista é superior ao do bloco das três direitas. E a segunda chave para entender este resultado eleitoral é algo que temos dito muito e ficámos sozinhos: Espanha é plurinacional e basta ver os resultados em Euskadi e na Catalunha para entender que esta afirmação é óbvia.

Pablo Iglesias inicia o seu discurso seguindo o modelo clássico: agradecimento aos eleitores, aos funcionários e ao vencedor. Depois, olhando para dentro, exalta a vitória possível: não a do Podemos, que tombou dos 67 lugares que tinha no Congresso para apenas 35, mas a do bloco da esquerda, galvanizado pelos 123 deputados do PSOE. Por fim, uma referência aos resultados no País Basco e na Catalunha, com o o bom resultado dos catalães da ERC e o facto de o PP não ter pela primeira vez eleito nenhum deputado no País Basco.

Sobre o nosso resultado, não foi o melhor, mas é suficiente para cumprir os dois objetivos com que começámos esta campanha eleitoral: o primeiro era travar a direita e a extrema-direita, o segundo era formar um Governo de coligação com as esquerdas.

Mais uma vez, Iglesias evita falar numa derrota plena para o Unidas Podemos, destacando a provável coligação com o PSOE. É o tudo ou nada para Podemos, que joga agora a sua sobrevivência na capacidade de influenciar a governação dos socialistas.

A partir daqui é preciso trabalhar muito, trabalhar com muita discrição. Temos de ter muitas reuniões de trabalho, é preciso fazer um programa de Governo e cumpriremos o mandato que nos deram os cidadãos que nos apoiaram para que em Espanha haja um Governo de esquerdas capaz de pôr em prática políticas que defendam as maiorias sociais.
[Em resposta a uma pergunta de um jornalista] Transmiti-lhe [a Sánchez] o mesmo que vos disse, que há que trabalhar para um Governo de coligação das esquerdas. Ficámos de falar e isto levará muito tempo, peço-vos que sejam pacientes e percebam que nas reuniões para formar um Governo é necessária alguma discrição.

Pormenores sobre linhas vermelhas ou possíveis cedências? Iglesias não quer dá-los. “Tempo” e “discrição” são as palavras que repetirá, uma e outra vez, ao longo da intervenção.

[Em resposta a uma pergunta sobre se Sánchez demonstrou vontade de caminhar para um governo de esquerdas] Façam essa pergunta ao candidato do Partido Socialista. Às perguntas para Pedro Sánchez responde Pedro Sánchez, não respondo eu.

O líder do Podemos não esclareceu se o PSOE demonstrou abertura total para negociar apenas com a esquerda ou se o entusiasmo foi morno. No entanto, o mais certo é que, se Sánchez se tivesse mostrado eufórico para governar apenas à sua esquerda, Iglesias talvez tivesse surgido mais eufórico neste discurso. Ao longo da campanha, incluindo nos debates, o líder do Podemos apelou uma e outra vez a Sánchez para se comprometer com um acordo apenas à esquerda, mas tal nunca aconteceu. Pelos vistos, este domingo também não.

Está tudo em aberto, é preciso falar de um programa e de muitas coisas. A primeira coisa a fazer é sentarmo-nos para conversar. Pedi-vos que sejam pacientes. Nós gostávamos de ter tido um resultado melhor e há uma auto-crítica que temos de fazer. Acho que um dos problemas fundamentais do Podemos nos últimos tempos é dar uma imagem da nossa situação interna que creio não estar à altura dos nossos eleitores. Isso notou-se e espero que no futuro isso não volte a acontecer.

É o mea culpa possível. Iglesias admite que o partido não é um dos grandes vencedores da noite eleitoral, mas culpa as divisões internas por isso.

Por outro lado acho que é claro que ocorreu em Espanha uma mobilização eleitoral sem precedentes. E, volto a dizer, as forças progressistas no seu conjunto têm mais força parlamentar do que as direitas; e quem não entende que este país é plurinacional, sinceramente não entende Espanha.

A tentativa de colocar repetidamente o bloco “dos progressistas” contra o “das direitas” é uma mensagem para os partidos de direita, é certo, mas também para Sánchez: como um recado de quem diz ao socialista “nós temos os números suficientes, não é preciso correres para os braços de Rivera”. Os números podem estar lá, mas a negociação está longe de ser fácil. Não exatamente pelo Podemos, mas sobretudo pelos independentistas da ERC, que gostariam de ver indultos aos líderes presos e cedências sobre a realização de um referendo à independência.

[Em resposta a outra pergunta] Há que falar de um programa de Governo e muitas coisas, adiantar acontecimentos não faz sentido. Peço-vos paciência e discrição. Claro que gostaríamos de ter tido um resultado melhor, mas é suficiente para cumprir os nosso objetivos. Desde o último ano que as eleições em Espanha não são tanto sobre vencer, mas sobre convencer. Não são tanto sobre ganhar, mas sim somar. E nós somos uma força política imprescindível para que haja um Governo das esquerdas em Espanha.

Iglesias remata com a ideia de que pouca importa o tombo no número de deputados do Podemos, quando o partido está mais perto do que nunca do poder e de ser verdadeiramente influente na política espanhola. Cinco anos depois da sua entrada no Parlamento, o Podemos pode agora ajudar a ditar um programa governativo e, quem sabe, ter até ministros. Pouco importa que a tendência nas urnas seja descendente, quando o xadrez está reconfigurado desta forma.

Santiago Abascal, líder do Vox

O líder do Vox, Santiago Abascal (no púlpito), falou no palco montado na praça Margaret Thatcher (Gonzalo Arroyo Moreno/Getty Images)

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Iniciámos uma reconquista.
Muito obrigado aos milhares de espanhóis que nos deram o mais importante: a sua confiança. Aos intervenientes, aos delegados, aos 50 mil afiliados do Vox que apoiaram este projeto nos últimos anos — um projeto que não tem os meios dos restantes partidos — obrigado a todos eles porque nos permitiram chegar aqui. Não vamos desiludir-vos.

Santiago Abascal começa com duas ideias-chave. A primeira é a da “Reconquista”, palavra associada à Reconquista cristã na Península Ibérica face aos mouros, e que cai que nem uma luva num partido que se popularizou com uma mensagem anti-imigração. A segunda é a de que o resultado do Vox é particularmente positivo porque este é um partido que se sente discriminado e a correr numa pista “de segunda” face às outras forças políticas.

[Gritos de “Espanha unida jamais será vencida” da multidão] Espanha unida jamais foi vencida. Quero agradecer aos espanhóis de Almería, de Cádis, de Córdoba, de Granada, de Vila Real, de Toledo, de Valladolid, de Barcelona, de Madrid, de Alicante, de Valência, de Badajoz, das Baleares, das Astúrias, de Múrcia, de Sevilha e de Málaga, que terão deputados do Vox no Congresso.
Mas quero também dizer uma coisa mais importante do que este agradecimento: todos os espanhóis que votaram em nós nas províncias que não nos elegeram têm de saber que também estarão representados no Congresso, porque nós viemos para representar toda a nação e criar uma imagem de unidade nacional que contrasta com a dos restantes partidos.

É a primeira das muitas bandeiras do Vox que serão enumeradas ao longo do discurso: a de que a unidade nacional de Espanha é a sagrada, razão pela qual a crítica feroz aos independentistas da Catalunha foi marca de água do partido de extrema-direita.

Quero dizer aos 2,5 milhões de espanhóis que nos apoiaram, quero pedir-vos que continuemos a caminhar juntos. Não pelo Vox, mas por Espanha. Dissemos desde o início que não viemos para eleger estes que aqui estão, nem por esta palavra verde [aponta para o nome ‘Vox’ escrito no púlpito], que achamos totalmente dispensáveis. Viemos sim e estamos sim por Espanha, que é a nossa pátria, é a herança dos nossos pais e o futuro dos nossos filhos — e isso nunca vai mudar. Vocês cumpriram a vossa função e graças a isso agora há uma voz no Congresso, uma voz que não havia, uma força política que em três anos passou de 40 mil votos em toda a Espanha para 2,5 milhões de votos.

Chamam-lhes ultranacionalistas e eles comprovam-no. O Vox quer defender a ideia de Espanha como nação una e mantê-la incorruptível, quer seja contra separatistas, quer seja contra imigrantes ilegais.

Quero também lançar uma advertência aos que estão numa rua ali mais acima e que já estão a tentar culpar-nos pelas suas incapacidades, pelas suas traições e pelos seus medos. A “direitita cobarde” já começou a responsabilizar o Vox pela sua incapacidade de vencer a esquerda. A única responsabilidade que têm é que tiveram 186 lugares e não foram capazes de travar a esquerda. E a responsabilidade que têm é que entregaram as televisões, os meios de comunicação e a educação à esquerda. Isso nunca mais vai voltar a acontecer, graças a 24 deputados que vão representar a vossa voz com a dignidade e a valentia que outros nunca tiveram.

O primeiro ataque, contudo, não é contra a esquerda. Segue direto para o PP, com referência à sede na praça de Génova, a cinco minutos da praça Margaret Thatcher onde o Vox montou o seu palco. Com tantos anos à frente do Governo, em tempos com maioria absoluta, e não foi capaz, no entender do Vox, de controlar o país, tendo entregado setores-chave como os media e a educação “à esquerda”.

Mas não estamos aqui para a complacência. Sabemos que queríamos tanto ter esta voz no Congresso e vocês queriam tanto ter esta representação, por isso é um momento de alegria — mas também de preocupação. Alegria pelos 24 deputados e os seus 2,5 milhões de compatriotas, mas de preocupação porque não foi possível expulsar a Frente Popular. Nós não ganhámos: hoje a Espanha está numa situação pior do que ontem, mas isso também significa que o Vox é mais necessário hoje do que ontem. Mas já há uma garantia, porque o Vox já está dentro do Congresso.

O dia é de vitória pela eleição histórica de 24 deputados, mas também de consternação porque a esquerda venceu as eleições, diz Abascal. A solução? O Vox fazer oposição firme a Sánchez e companhia no Congresso, afirma.

Agradecemos estar aqui e estabelecemos de novo o nosso compromisso.
24 deputados nas Cortes assumirão a sua responsabilidade ao serviço de Espanha.
24 deputados representarão o orgulho de ser espanhol e não permitirão que um deputado rasgue a Constituição ou se ria da nossa bandeira ou tente destruir a unidade nacional.
24 deputados dirão que a unidade de Espanha não se debate nem se discute, mas sim que se defende até às últimas consequências.
24 deputados não permitirão que trocem em Barcelona e que se riam em Bruxelas.
24 deputados dirão que as nossas fronteiras têm de ser defendidas da imigração ilegal e que quem entra ilegalmente na nossa casa tem de ser expulso.
24 deputados perguntarão todos os dias sobre as coisas que preocupam tanto os espanhóis e que já nenhum deputado perguntava ao Governo.
24 deputados nacionais defenderão a liberdade de educação dos pais para que os nossos filhos não sejam doutrinados pelos “progre”.
24 deputados defenderão a liberdade económica do povo espanhol e impedirão com a sua voz que a esquerda e a “direitita” cobarde e a social-democracia de todos os partidos continuem a aplicar duríssimos golpes à classe média, através de impostos abusivos e confiscatórios.
24 deputados não permitirão que se cale metade do povo espanhol, nem que se imponha uma memória falsa, nem que se estabeleçam as “comissões pela verdade”.
24 deputados defenderão o direito à vida nas Cortes.
24 deputados defenderão os interesses e as preocupações da “Espanha vazia”: a tauromaquia, a Semana Santa e o modo de vida de tanta gente.

O líder do Vox enumera todas as bandeiras do partido: o euroceticismo (“impedir que Bruxelas se ria”), o combate à imigração ilegal e ao aborto, a redução dos impostos para as famílias, a oposição às leis da memória histórica do PSOE, a defesa dos valores e das preocupações da chamada “Espanha vazia”, rural, despovoada e tradicional.

Por isso, apesar da preocupação, quero que tenham muito claro que o Vox chegou para dar-vos voz no Congresso.
Uma voz, aliás, que o poderá fazer com muito mais nitidez, porque tem chegado distorcida. No Parlamento nacional haverá uma resistência nacional às posições liberticidas.

É o primeiro piscar de olhos de Abascal na crítica aos media e algumas instituições, que retomará mais à frente, com a crítica à proibição do Vox participar nos debates, por exemplo.

Quero manifestar o nosso profundo respeito pelo resultado eleitoral. Mas nenhuma maioria absoluta habilita uma reforma constitucional que permita um referendo a uma independência. Nenhuma maioria habilita a indultar os golpistas que tentaram destruir a unidade nacional. Nenhuma maioria habilita à rotura da união nacional. Nenhuma maioria habilita a que se realizem eleições para impor uma ditadura progre [progressista, de esquerda]. Utilizaremos todas as armas do Estado, defendendo a ordem constitucional, o Estado de Direito e império da lei que alguns querem que se mude.

Abascal deixa uma mensagem clara: vitória do PSOE é evidente, pode formar coligação com quem entender, mas… qualquer aliança com a ERC não poderá levar a um novo referendo à independência da Catalunha ou a indultos aos líderes separatistas.

Como última reflexão: apesar da demonização da mensagem do Vox, apesar dos insultos sistemáticos que nos foram lançados — e que vos foram lançados por sentirem e pensarem conforme os vossos valores e como vos ensinaram em casa —, apesar da manipulação sistemática da nossa mensagem, por parte dos meios de comunicação, da “direitita” cobarde e do cata-vento laranja e por parte da esquerda, que manipularam a nossa mensagem sem nenhum escrúpulo, apesar da violência que se produziu por todo o território contra o Vox, apesar das pressões à porta das nossas reuniões, apesar de sermos um partido sem mais recursos do que aqueles que vocês nos dão (ao contrário dos outros partidos), apesar de termos sido excluídos dos debates eleitorais dos quais nunca mais poderemos ser excluídos, apesar disso aqui estamos com 24 deputados e produziu-se um milagre. É incrível que com tudo isto chegámos onde chegámos. É o princípio e como diz o nosso companheiro Javier Ortega, Bem-vindos à resistência. Seguimos em frente, sem medo de nada nem de ninguém. Viva Espanha!

Contra tudo e contra todos. Contra os media, o PP (“a direitita cobarde”), o Ciudadanos (“o cata-vento laranja”), a esquerda, a falta de financiamento e apesar da proibição de entrar nos debates por não terem representação parlamentar, o Vox entrou no Congresso e entrou com estrondo. São 24 deputados, uma vitória inegável, mas que fica aquém do que algumas sondagens chegaram a vaticinar. Abascal posiciona-se já para os próximos combates e tenta deixar claro ao seu eleitorado que, apesar da chegada ao centro da decisão, a postura combativa e extremista do Vox não se alterará: “Seguimos em frente, sem medo de nada nem de ninguém.” Para onde? É o que falta saber.
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