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FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

O mês de janeiro foi "um terramoto numa estrutura presa por arames". O que correu mal nos últimos 31 dias de combate à pandemia

Números da Covid-19 mostram que todas as métricas aumentaram este mês. Especialistas dizem que os erros vêm de novembro — alguns do início da pandemia. O Natal foi só a explosão da bomba-relógio.

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Uma “tempestade perfeita”, um “fenómeno imparável”, “um desastre” e uma “coisa terrível”. É assim que os especialistas ouvidos pelo Observador descreveram os últimos 31 dias de combate à crescente epidemia de Covid-19 em Portugal. Ao longo do mês de janeiro, o número de novos casos duplicou, o número de pessoas sob vigilância das autoridades de saúde também, tal como a saturação do Serviço Nacional de Saúde e a quantidade de óbitos por Covid-19 está perto disso.

Mais: os internamentos subiram quase 136% de 1 a dia 31 de janeiro — e só em cuidados intensivos, a subida foi de 78%. Aliás, quase 45% das mortes por Covid-19 em Portugal ocorreram em janeiro. E de todos os contágios detetados em Portugal desde março até agora, 42,6% foram diagnosticadas nos últimos 31 dias.

O que pode ter corrido tão mal? Deitámos tudo a perder em tão pouco tempo? Ou o problema vinha de trás? Os especialistas são unânimes: houve uma tempestade perfeita. Tempestade que se formou muito antes do Natal, ganhou força com a falta de medidas na época natalícia, aumentou com a variante inglesa e a “campanha de marketing da vacinação” e para a qual até a depressão Filomena contribuiu.

A falta de aconselhamento científico ao governo

“Não sei porque é que é tão difícil compreender isto”, desabafa Constantino Sakellarides, médico epidemiologista e professor catedrático da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade de Lisboa. Em conversa com o Observador, o especialista aponta um erro que acredita prolongar-se por toda a pandemia de Covid-19 e que agora revela as suas consequências: o Governo não está a receber aconselhamento científico adequado.

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As reuniões no Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde) não contam, diz ele. São “como audições a técnicos qualificados” em “benefício dos decisores políticos” — “os cientistas apontados pelo governo reúnem-se, expõem os seus pontos de vista, fundamentam-nos com dados concretos — mas, no fim, cabe ao Executivo sintetizar toda a informação que recebeu e governar com base na forma como a interpretou”, explica depois.

As reuniões do Infarmed não contam são "como audições a técnicos qualificados" em "benefício dos decisores políticos" — "os cientistas apontados pelo Governo reúnem-se, expõem os seus pontos de vista, fundamentam-nos com dados concretos — mas, no fim, cabe ao Executivo sintetizar toda a informação que recebeu e governar com base na forma como a interpretou"
Constantino Sakellarides, médico epidemiologista e professor catedrático da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade de Lisboa

Só que isso não chega, avisa Constantino Sakellarides: “Para haver aconselhamento, estas e outras pessoas têm de se juntar, reunir os dados, analisá-los em conjunto, trocar argumentos, chegar a uma síntese do estado da arte e fazer elas mesmas uma recomendação”. “Não é aos políticos que cabe fazer a síntese da informação científica”, argumenta o epidemiologista. “É aos cientistas”.

Um bom exemplo de aconselhamento científico (ainda que com lacunas) é o do Reino Unido, aponta. O principal órgão responsável por comunicar ao Governo o melhor conhecimento científico sobre determinadas matérias aos decisores é o Scientific Advisory Group for Emergencies (SAGE), composto por um conjunto de comissões técnicas que aconselham o Executivo.

A relação entre a assessoria científica e o poder político não é pacífica. Por exemplo, os líderes do SAGE são membros apontados pelo Governo — daí que outros cientistas sem relações ou filiações políticas se tenham reunido noutro grupo, o Independent SAGE, para comunicar ciência também ao público. Todas as sextas-feiras a partir das 13h30, o grupo independente de cientistas faz uma comunicação pública sobre o estado da situação epidemiológica.

Mesmo com estas tensões pelo meio, o esquema de aconselhamento científico britânico tem uma vantagem: “Cientistas e políticos responsabilizam-se pelo que dizem. Se algo falhar, sabe-se a origem do erro”, descreve Constantino Sakellarides. Por cá, os moldes em que a reunião com o Infarmed ocorre são “mais confortáveis” e “conferem mais poder e liberdade” aos políticos. Mas “não é próprio das democracias avançadas”.

Prova disso foi o ruído em torno do encerramento das escolas, aponta. O primeiro-ministro António Costa afirmou que não havia consenso na comunidade científica sobre o alívio epidemiológico que a suspensão das aulas presenciais iria ter — e que, perante a incerteza, decidiu prosseguir com as escolas abertas. Mas “ele não pode dizer isso”, critica o médico, “porque só ouviu alguns cientistas, não obteve nenhum documento com o estado da arte e com recomendações descritas de forma consensual“.

A falência da rede responsável pelos inquéritos epidemiológicos

De cada vez que as autoridades de saúde identificam um caso positivo de infeção pelo novo coronavírus, são postas em funcionamento as rodas dentadas que fazem funcionar a rede de saúde pública: entrevista-se o novo infetado para tentar perceber a origem do contágio, lista-se com quem é que ele contactou antes de entrar em isolamento, telefona-se aos casos suspeitos para tomar medidas (inclusivamente a realização de testes) e segue-se a evolução de todas estas pessoas.

O problema é que, nos locais onde o número de casos positivos aumenta muito, a rede que garante estes inquéritos epidemiológicos falha: os casos positivos não são contactados a tempo, os casos suspeitos continuam a circular na comunidade e a contagiar terceiros e, por isso, a transmissão não se controla. Por isso é que, segundo Constantino Sakellarides, se assiste aos níveis de incidência registados neste momento.

"O problema é que, nos locais onde o número de casos positivos aumenta muito, a rede que garante estes inquéritos epidemiológicos falha: os casos positivos não são contactados a tempo, os casos suspeitos continuam a circular na comunidade e a contagiar terceiros e, por isso, a transmissão não se controla. Por isso é que, se assiste aos níveis de incidência registados neste momento"
Constantino Sakellarides, médico epidemiologista e professor catedrático da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade de Lisboa

A rede deu sinais de falência ainda em dezembro, quando um grande número de casos positivos e suspeitos se queixou na demora em ser contactado pelas autoridades de saúde — às vezes duas a três semanas –, mas o problema prolonga-se até agora. E quando isso acontece, “as nossas estimativas de incidência são subestimadas porque não são realmente medidas, o que faz com que percamos a conta à transmissão e deixemos de estimar com rigor onde anda o vírus”.

Constantino Sakellarides também encontra sinais da incapacidade em acompanhar os inquéritos epidemiológicos (que aumentaram em número quando os novos casos também dispararam) e na estranha estabilização do número diário de novos casos — um fenómeno para que o epidemiologista Manuel Carmo Gomes já tinha alertado e que chamou de “falso planalto”: “Um plano desta natureza, e muito alto, poderá ser um símbolo de ruturas na rede de saúde pública”.

A benevolência na época natalícia

Mas as coisas já não estavam bem mesmo antes de os portugueses se sentarem à mesa para cear na véspera de Natal. Francisco Antunes, infecciologista do Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, condena que “os governantes não tenham entendido o problema que estávamos a viver antes do Natal“, com a esmagadora maioria do território nacional com mais de 240 novos casos por 100 mil habitantes e o número de mortes demasiado elevado.

Para Tiago Correia, professor de Saúde Internacional do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, o problema do alívio das medidas em final de dezembro começou muito a montante do Natal, com a “ilusão” de que a segunda vaga estava controlada e que a terceira vaga não estava no horizonte. “A incidência estava a baixar ao longo do mês de dezembro, estávamos melhores, mas isso nunca nos levou para um nível comparável aos outros países europeus“, aponta o especialista.

Porque, mesmo assim, o aumento dos contágios já se podia antecipar: Rui Nogueira, médico de saúde geral e familiar, explica que já se assistia a um “reboliço de Natal” com a corrida às compras — mesmo nas manhãs em que houve encerramento mais cedo do comércio, e depois nas duas semanas antes do Natal — e um relaxamento generalizado das medidas individuais de proteção, com menos pessoas a cumprir escrupulosamente a utilização de máscaras, o distanciamento físico e a desinfeção regular das mãos.

Por isso, quando o Natal chegou, foi apenas o catalisador de uma bomba-relógio prestes a explodir. O problema não foi apenas os ajuntamentos que a época motivou, mas acima de tudo a mobilidade (com a não limitação de circulação entre concelhos) que permitiu juntar pessoas de várias faixas etárias, e de vários pontos do país, colocando em risco os mais vulneráveis.  “Não havia força política por parte do Governo para declarar medidas restritivas no Natal”, analisa Tiago Correia, recordando, contudo, que mesmo a oposição social-democrata concordou com o alívio natalício. Mas “ao governo cabe tomar decisões independentemente da sua popularidade”.

"Quando o Natal chegou, foi apenas o catalisador de uma bomba-relógio prestes a explodir. O problema não foi apenas os ajuntamentos que a época motivou, mas acima de tudo a mobilidade que permitiu juntar pessoas de várias faixas etárias, e de vários pontos do país, colocando em risco os mais vulneráveis" 
Tiago Correia, professor de Saúde Internacional do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa

A testagem que ficou muito aquém

Perante uma rede de saúde pública fragilizada semanas antes do Natal, os casos que vieram a seguir só pioraram a situação. Francisco Antunes argumenta que tinha sido necessário aumentar a capacidade de testagem para identificar os casos assintomáticos e mantê-los isolados, prevenindo assim o que seguiu e já era previsível que se seguisse. Cerca de metade dos contágios ocorrem na fase pré-sintomática da doença ou é desencadeada por pessoas assintomáticas. Esse é, portanto, o “calcanhar de Aquiles” da nossa batalha contra o SARS-CoV-2.

Ora, a intensificação da testagem devia ter acontecido ainda antes do Natal, quando se preparava esse alívio relativamente às medidas de mitigação. Carlos Antunes, engenheiro da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa que tem vigiado a evolução da epidemia em Portugal e pelo mundo, confirma ao Observador que houve um relaxamento dos critérios que determinam quem deve e não deve ser testado: “É preciso fazer mais para se encontrar mais assintomáticos”.

A comunicação sobre o início da campanha de vacinação

Rui Nogueira arrisca-se a dizer que este efeito terá sido “ainda mais prejudicial” que a benevolência natalícia: a cobertura do início da campanha de vacinação contra a Covid-19, que colocou políticos dea mostrar ampolas e os primeiros médicos em tronco nu, prontos a recebê-las. “No primeiro domingo a seguir ao Natal começamos a falar de uma solução, de uma luz ao fundo do túnel”, critica o médico. E “mesmo uma esperança”, só que contribuiu para uma “falsa sensação de segurança”, acredita ele.

Este efeito terá sido "ainda mais prejudicial" que a benevolência natalícia: a cobertura do início da campanha de vacinação contra a Covid-19, que colocou políticos a mostrar ampolas e médicos em tronco nu, prontos a recebê-las. "No primeiro domingo a seguir ao Natal começamos a falar de uma solução, de uma luz ao fundo do túnel", critica o médico. E é mesmo uma esperança, só que contribuiu para uma "falsa sensação de segurança".
Rui Nogueira, médico de saúde geral e familiar

Tiago Correia fala de uma “verdadeira campanha de marketing” e de uma “publicidade institucional” em torno das vacinas da Pfizer/BioNTech distribuídas em Portugal ainda antes do fim do ano. “O poder político deu através das vacinas uma mensagem de esperança na batalha contra o vírus, mas isso relaxou as pessoas quando a comunidade cientifica pediu cautela“, descreve o especialista.

A tempestade Filomena

Políticas e políticos à parte, a natureza impôs uma dificuldade ao combate ao novo coronavírus: as baixas temperaturas que castigaram a Península Ibérica ainda antes do segundo confinamento português, lembra o médico Rui Nogueira. Os ambientes frios e húmidos são aqueles em que os vírus respiratórios (incluindo o SARS-CoV-2) melhor proliferam e isso também pode justificar o aumento da incidência.

As informações enviadas pelo Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA) ao Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) demonstram que o país esteve desde a semana do Natal até a meio de janeiro sob temperaturas abaixo do normal para esta altura do ano, sendo um dos inícios de Inverno mais frios dos últimos anos. A tempestade Filomena, que se estabeleceu na segunda e terceira semanas de janeiro e que até trouxe neve ao Alentejo, foi o culminar das temperaturas baixas.

Não é nada que cause estranheza a Rui Nogueira: é precisamente nesta época gelada de janeiro que as pneumonias gripais costumam atingir o pico de casos, embaladas pelas temperaturas negativas e pela humidade no ar. Num ano em que a gripe parece desaparecida do mapa e em que as preocupações se voltam para a Covid-19, a altura do frio voltou a coincidir com uma subida galopante de infeções e de quadros severos da doença.

Políticas e políticos à parte, a natureza impôs uma dificuldade ao combate ao novo coronavírus: as baixas temperaturas que castigaram a Península Ibérica ainda antes do segundo confinamento português, lembrou o médico Rui Nogueira. É que os ambientes frios e húmidos são aqueles em que os vírus respiratórios (incluindo o SARS-CoV-2) melhor proliferam e isso também pode justificar o aumento da incidência.
Rui Nogueira, médico de saúde geral e familiar

A explosão da nova variante inglesa

Foi neste cenário que Portugal se viu a braços com um novo problema: a variante do SARS-CoV-2 identificada originalmente em Inglaterra, até 71% mais transmissível que a anterior estirpe dominante e, segundo os últimos dados, possivelmente mais perigosa. Mas todos os especialistas ouvidos pelo Observador sublinham que o país não podia ter sido apanhado de surpresa por ela: ainda antes do Natal, sabia-se que a nova estirpe já circulava pela Europa e que era uma questão de tempo até chegar ao nosso país. As primeiras notícias sobre ela são de bem antes da época natalícia, vários países decidiram mesmo fechar na altura as fronteiras com o Reino Unido, enquanto Portugal procurou que os portugueses retidos chegassem a tempo das festas.

E também já se conhecia o seu elevado grau de transmissibilidade  — tanto que, à conta disso, o primeiro-ministro Boris Johnson tinha recuado no alívio das medidas previstas para o Natal e tinha feito alertas públicos. Tiago Correia acredita que essa tinha sido a altura correta para fechar as fronteiras com o Reino Unido, não somente um mês depois: “Chegámos a um absurdo, a certa altura, em que era mais fácil sair do país, do que sair de casa“, compara o especialista em saúde pública.

E também já se conhecia o seu elevado grau de transmissibilidade  — tanto que, à conta disso, o primeiro-ministro Boris Johnson tinha recuado no alívio das medidas previstas para o Natal e feito alertas públicos. Tiago Correia acredita que essa tinha sido a altura correta para fechar as fronteiras com o Reino Unido, não somente um mês depois: "Chegámos a um absurdo, a certa altura, em que era mais fácil sair do país do que sair de casa"
Tiago Correia, professor de Saúde Internacional do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa

Francisco Antunes afirma que o Governo pode ter sido iludido ao concluir que, mesmo que mais transmissível, a variante não parecia à época ser mais letal. Só que “esqueceu-se que, mesmo assim, mais casos positivos traduzem-se em mais internamentos e em mais pessoas nas unidades de cuidados intensivos“, critica o infecciologista. Todos concordam que fechar as fronteiras mais cedo com Inglaterra, obrigar à realização de testes para entrar no país (sob pena de voltar para a origem) e aumentar a testagem podia ter ajudado a suportar a evolução da epidemia.

A resistência em fechar as escolas

Veio finalmente o confinamento obrigatório, mas cuja comunicação “revelou um desnorte” do Executivo, classifica Tiago Correia: para o especialista em saúde internacional, a imposição de novas medidas, que se foram intensificando, com poucos dias de diferença entre elas “é tomar medidas em cima do joelho, é correr atrás do prejuízo”.

O encerramento das escolas foi um exemplo desses, diz. Francisco Antunes afirma que se esperou demasiado tempo para se encerrar as escolas; e vai mais longe quando resume que tudo o que se fez em meados de janeiro devia ter sido feito no início do ano: “Foi este atraso, este impasse, que pôs toda a floresta a arder”, metaforiza o infecciologista. O melhor, acrescenta, tinha sido deixá-las fechadas a seguir ao primeiro período e reabri-las mais tarde, impedindo assim que pais e alunos, depois do Natal, em que muita gente tinha estado junta, espalhasse ainda mais o vírus.

O encerramento das escolas foi um exemplo desses. Francisco Antunes afirma que se esperou demasiado tempo para se encerrar as escolas; e vai mais longe quando resume que tudo o que se fez em meados de janeiro devia ter sido feito no início do ano: "Foi este atraso, este impasse, que pôs toda a floresta a arder", metaforiza o infecciologista. O melhor tinha sido deixá-las fechadas a seguir ao primeiro período e reabri-las mais tarde.
Francisco Antunes, infecciologista do Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

Por essa altura, no entanto, já a situação estava descontrolada: a onda tinha crescido até níveis tão elevados que só um confinamento de longa duração poderá agora surtir efeito; e mesmo o cumprimento rigoroso das regras de confinamento não chegarão para reabrir o país nos próximos dias, semanas ou talvez meses. O mês de janeiro fecha então com “um terramoto numa estrutura que já estava presa por arames”, resume Francisco Antunes.

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