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A screen grab of Volodymyr Zelensky delivering a speech to
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O presidente ucraniano anunciou este domingo de madrugada que, enquanto durar a lei marcial, a atividade destes onze partidos vai estar suspensa

SOPA Images/LightRocket via Gett

O presidente ucraniano anunciou este domingo de madrugada que, enquanto durar a lei marcial, a atividade destes onze partidos vai estar suspensa

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O partido do compadre de Putin, o do blogger exilado em Espanha e a ligação a assessor de Trump. Conheça os 11 partidos suspensos na Ucrânia

Foram 11 os partidos políticos suspensos na Ucrânia por ordem do presidente Zelensky. Dois deles foram fundados por homens que o ocidente aponta como possíveis escolhas de Putin para o seu lugar.

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Volodymyr Zelensky anunciou este domingo de madrugada, na sua habitual comunicação ao país, que passam a estar proibidas em território ucraniano todas as atividades de uma série de onze partidos políticos, que, segundo ele, de alguma forma têm ligação à Rússia ou até diretamente a Vladimir Putin.

“Dada a guerra em larga escala travada pela Federação Russa e as ligações de algumas estruturas políticas com este Estado, toda e qualquer atividade de vários partidos políticos é suspensa durante a lei marcial”, anunciou o presidente da Ucrânia, para depois elencar as onze organizações que a partir de agora deixam de poder existir legalmente. Saiba quais são.

Plataforma de Oposição – Pró Vida

Em toda a lista, é o partido com maior representação no parlamento ucraniano — com 44 de 450 deputados — e o mais diretamente ligado a Vladimir Putin, ou não fosse Viktor Medvedchuk, seu fundador, empresário dos media e da energia, amigo próximo do presidente russo.

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Putin é padrinho de Darina, a filha mais nova de Medvedchuk, um milionário de 67 anos cuja fortuna a Forbes avaliou no ano passado em mais de 560 milhões de euros. Juntos, os dois homens, que se conhecem há pelo menos duas décadas, costumam partilhar férias e camarotes em corridas de Fórmula 1 e torneios de sambo, um desporto muito semelhante ao judo.

Ainda a invasão da Ucrânia pela Rússia não tinha sido efetivada, os serviços secretos americanos já apontavam a Plataforma de Oposição pela Vida, Medvedchuk e outros dos seus correligionários como os potenciais homens de mão de Putin, capazes de formar governo caso Zelensky fosse deposto.

Putin é padrinho da filha de Viktor Medvedchuk (à esquerda na foto)

TATYANA ZENKOVICH/EPA

Apesar de recusar rotular o partido como pró-russo, Medvedchuck foi sempre favorável à aproximação política e económica dos dois países, tendo sido mesmo, em 2014, após a anexação da Crimeia, alvo de sanções por parte dos Estados Unidos, por “contribuir para a situação atual na Ucrânia” e por liderar uma organização que “se envolveu em ações ou políticas que minam os processos ou instituições democráticas na Ucrânia”.

Com os bens congelados na Ucrânia desde fevereiro de 2021 e em prisão domiciliária desde maio desse ano, acusado de traição, por suspeita de financiamento de grupos separatistas e apropriação de recursos estatais na península da Crimeia, Medvedchuck terá fugido do país assim que a Rússia invadiu a Ucrânia — ou até antes disso. Ainda não foi encontrado.

Partido de Shariy

Foi em 2019, um mês e meio antes das eleições para o parlamento ucraniano, que o blogger Anatoliy Shariy, com 2,93 milhões de subscritores no YouTube, criou o partido político a que decidiu dar o seu próprio nome. Mais de 326 mil pessoas, 2,23% do eleitorado, votaram no Shariy — mas não em Anatoliy, inelegível porque na altura vivia fora da Ucrânia há mais de cinco anos.

Desde 2012 que o blogger, que chegou a trabalhar como jornalista em revistas femininas e para o tabloide russo Moskowskiy Komsomolets, vive em Espanha, como requerente de asilo. Considerado pró-Kremlin, Shariy disse várias vezes que saiu do país depois de lhe ter sido movido um processo por agressão e acusou as autoridades e o governo de perseguição.

Apesar de ser crítico do presidente ucraniano pró-russo Viktor Yanukovich, deposto em 2014 na Revolução da Praça Maidan, Anatoliy Shariy fez várias críticas ao movimento que levou à queda do regime de Yanukovich e também foi duro com os governos que se lhe seguiram, que considera pró-ocidentais.

No início de fevereiro deste ano, o fundador do Partido de Shariy, de 43 anos, foi acusado de alta traição, de promoção de discurso de ódio e de organização de manifestações pró-Kremlin e convocado para prestar declarações no âmbito desse processo. Como não compareceu, foi inscrito, um dia após o início da invasão russa, na lista de cidadãos procurados pelas autoridades ucranianas.

Nashi

Fundado em 2018 por Yevhen Murayev, um dos aliados de Viktor Yanukovich, o Nashi é a terceira vida política deste ex-deputado ucraniano — que é também o proprietário do canal de televisão pró-russo Nash, que ainda antes da invasão foi sancionado pelo governo de Kiev.

Assumidamente pró-Kremlin, Murayev, nascido há 45 anos em Kharkiv, junto à fronteira com a Rússia, fez parte do partido Bloco de Oposição e em 2016 fundou o Pró Vida, que dois anos depois se fundiu com o partido de Viktor Medvedchuk. Tem sido apontado pelo Reino Unido como o homem que Putin tenciona colocar no lugar de Volodymyr Zelensky — ele nega, o Kremlin não comenta.

No ano passado, acusou Zelensky de estar sob controlo do mundo ocidental, sugeriu que a Ucrânia podia estar a planear recuperar à força o território detido pelos separatistas russos no Donbass e alertou: arrastar a Rússia para uma escalada nesse sentido “ia levar à morte de milhares de ucranianos de um lado e de outro da linha de demarcação”.

“Zelensky é um refém e está a ser chantageado pelo MI6, pela CIA, por um deles. Amanhã podem forçá-lo a lançar uma ofensiva contra o Donbass, o que conduzirá a uma guerra em grande escala”, disse.

Bloco de Oposição

Fundado em 2014 a partir da junção de seis partidos ucranianos que não aprovaram a Revolução da Praça Maidan, o Bloco de Oposição é assumidamente pró-russo e foi reorganizado por Paul Manafort, o ex-diretor de campanha de Donald Trump condenado por crimes de conspiração com a Rússia para a manipulação dos resultados das presidenciais que opuseram o candidato republicano a Hillary Clinton em 2016.

Foi Manafort que, pessoalmente, aprovou as listas de candidatos a deputados do Bloco de Oposição em 2014 — 29 foram eleitos. Mais do que isso: terá sido o próprio ex-consultor de campanha do Partido Republicano, entretanto condenado a sete anos de prisão efetiva, quem escolheu o nome do partido. “Ele pensou que para reunir o maior número de pessoas que se opõe ao atual governo, tinha de evitar referências concretas, e tornar-se apenas um símbolo de oposição”, analisou ao New York Times o analista político ucraniano Mikhail B. Pogrebinsky.

Paul Manafort (à direita na foto), ex-diretor de campanha de Donald Trump, ajudou a reorganizar o partido ucraniano Bloco de Oposição

Chip Somodevilla/Getty Image

Oposição de Esquerda

Será dos movimentos menos ativos da lista, ou praticamente extinto, e foi um dos inúmeros partidos de esquerda que emergiram no país depois de o Partido Comunista da Ucrânia ter sido banido. Fundado por intelectuais de esquerda e pela chamada ala pós-trotskista do partido, chegou a ser especialmente ativo em Kiev e em Odessa, mas a nível nacional nunca teve grande expressão.

Apesar de apoiar a parte política inerente ao pedido de adesão da Ucrânia à UE, por considerar que proporcionaria a “extensão da democracia, o aumento da transparência das autoridades e a limitação da corrupção” no país, o movimento foi sempre contra os trâmites económicos do acordo. Será a “integração dos nossos oligarcas no sistema económico da UE”, cita um estudo do sociólogo Volodymyr Ishchenko para o grupo composto pelo Partido da Esquerda Europeia e pela Esquerda Nórdica Verde no Parlamento Europeu.

União das Forças de Esquerda

Fundado em dezembro de 2007 por Vasyl Volha, no mesmo ano em que foi afastado do Partido Socialista da Ucrânia, a União das Forças de Esquerda é, apesar do nome, uma espécie de partido de um homem só. Sendo que esse homem é o político e empresário que, em 2004, então com 36 anos, foi o mais novo candidato às presidenciais no país, ganhas por Viktor Yushchenko.

Durante a presidência de Yushchenko, Vasyl Volha foi chefe da comissão estatal de regulação dos mercados de serviços financeiros. Em 2011 foi detido e uns anos mais tarde foi condenado a cinco anos de prisão por ter tentado aceitar um suborno — mas os seus bens permaneceram intocados.

Um dos objetivos do partido que foi agora banido era o empoderamento das comunidades locais. Outros eram tornar a Ucrânia neutra geopoliticamente e fazer do russo a segunda língua oficial do país.

Derzhava

Em ucraniano significa “Estado”, já em russo “Derzhava” quer dizer “poder”. O facto de existirem dois partidos com esse nome, um em cada país, não será coincidência.

O Derzhava ucraniano foi fundado em 1999 e depois da chamada Revolução Laranja, entre 2004 e 2005, coligou-se com o Partido Socialista Progressista da Ucrânia. Já o russo foi dissolvido nesse mesmo ano de 1999 (existiu durante quatro anos apenas).

Partido Socialista Progressista da Ucrânia

Fundado em 1996 por Natalia Vitrenko, uma dissidente do Partido Socialista da Ucrânia, o partido agora proibido é assumidamente pró-Kremlin — e faz parte da All-Russia People’s Front, a coligação política fundada por Vladimir Putin em 2011.

No primeiro dia da invasão russa da Ucrânia, escreveram os media ucranianos, Natalia Vitrenko saiu para as ruas e instou todas as pessoas que estavam a abandonar as suas casas e o país a voltarem para trás. “Há informações oficiais do Ministério da Defesa da Federação Russa de que a população civil não sofrerá. Só as infraestruturas militares é que vão ser destruídas porque as autoridades ucranianas deixaram a situação arrastar-se até à tragédia.”

Partido Socialista da Ucrânia

É um dos partidos mais antigos da Ucrânia — foi criado em outubro de 1991, depois de o Partido Comunista da Ucrânia ter sido banido e desde 2014, com a saída do fundador Oleksandr Moroz, que atravessa uma crise de liderança, que o deixou de fora das eleições legislativas desse ano.

Em 2019 o Partido Socialista da Ucrânia voltou a apresentar-se às urnas, mas só com dois candidatos, que não foram eleitos.

Partido Socialistas

O partido Socialistas foi fundado por 2015 pelo socialista Vasyl Tsushko, que, nessa ocasião, foi eleito presidente. Tsushko chegou a ser ministro dos Negócios estrangeiros e da Administração Interna da Ucrânia, tendo também sido o presidente do supervisor da concorrência entre 2010 e 2014.

Em 2016 renunciou ao cargo e, depois da passagem de Leonid Kozhara pelo cargo, a presidência do partido foi assumida, em 2019, por Yevhen Anoprienko. Nessa altura tinha 20 estruturas regionais.

Segundo dados disponíveis na internet, não confirmados, este partido apoia os acordos de Minsk. O site do partido está em baixo.

Bloco Volodymyr Saldo

Durante anos, Volodymyr Saldo foi presidente da autarquia de Kherson, estratégica cidade portuária no sul da Ucrânia que foi uma das primeiras, depois da invasão de 24 de fevereiro, a cair sob o domínio russo.

Foi nessa altura, durante a sua presidência, que a Russian World Foundation, uma organização fundada em 2007 com o intuito de promover a língua e a cultura russas que rapidamente se terá assumido como um dos principais veículos da propaganda do Kremlin fora do país, se instalou na Universidade de Kherson.

Fundado em 2019, nessa mesma cidade, o Bloco Volodymyr Saldo é um pequeno partido regional cujo presidente, apesar do que o nome poderia fazer prever, não é o próprio político e economista (que em 2016 chegou a ser acusado de rapto na República Dominicana), mas Iryna Khrunyk.

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