789kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

i

Getty Images

Getty Images

O que se passa no Reino Unido? 10 respostas sobre a crise que Boris tentou desvalorizar e que agora ameaça o governo

Há cinco meses, Boris Johnson promoveu um deputado acusado de assédio. As alegações voltaram na semana passada e o primeiro-ministro enfrenta uma debandada no governo. Afinal, o que está a acontecer?

    Índice

    Índice

O verão quente que eclodiu no coração da política britânica continua a dissolver o governo de Boris Johnson e a ameaçar a liderança do Executivo. Não só Boris perdeu dois ministros, que apresentaram a renúncia na tarde de terça-feira, como já no início desta noite demitiu ele mesmo um governante que assegurava ser-lhe fiel. Isto, já depois de dezenas de outros membros do governo, sobretudo secretários de Estado, terem virado costas à equipa.

O fim da nova novela britânica não está sequer no horizonte: Boris Johnson continua pressionado a sair, insiste em manter-se no poder e chegou mesmo a desvalorizar a revolução que já provocou quase 40 demissões. Mas é preciso recuar cinco meses para encontrar o primeiro episódio da nova crise política britânica: aquele em que o primeiro-ministro promoveu um conservador que era acusado de assédio sexual.

O castelo de cartas começou a desmoronar-se a 29 de junho, dia em que o novo vice-presidente do grupo parlamentar e tesoureiro da Casa Real esteve numa festa do Partido Conservador no Carlton Club e foi acusado de ter apalpado duas pessoas, uma da quais um deputado, sem consentimento.

De onde veio a onda de demissões no governo britânico?

A gota de água que desencadeou a onda de demissões no governo do Reino Unido foi a revelação de que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, promoveu Chris Pincher a um cargo governamental de poder mesmo depois de o Executivo ter sabido que havia uma denúncia de assédio sexual contra o conservador e várias queixas de outros deputados sobre a conduta do político.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O castelo de cartas começou a desmoronar-se a 29 de junho, dia em que o novo vice-presidente do grupo parlamentar e tesoureiro da Casa Real esteve numa festa do Partido Conservador no Carlton Club e foi acusado de ter apalpado duas pessoas, uma das quais um deputado, sem consentimento.

“Estava com a minha bebida na mão e foi então que ele desceu com a mão e agarrou o meu rabo. E depois moveu lentamente a mão ao longo da minha virilha. Paralisei um pouco e tudo acabou em cerca de dois ou três segundos”, descreveu uma das alegadas vítimas.

Quando apresentou queixa à “whip” Sarah Dines, que terá assistido ao assédio, esta terá questionado a pessoa sobre a sua orientação pessoal. “O que é que isso tem a ver?”, questionou o homem, confirmando de seguida que era homossexual. Sarah Dines terá respondido: “Bem, isso não facilita as coisas”. Depois apresentou o caso a presidente do grupo parlamentar dos “whips” conservadores, Chris Heaton-Harris.

Um “whip” é um deputado que que assegura a disciplina de voto e policia a conduta dos restantes parlamentares do partido. Chris Heaton-Harris, a quem Sarah Dines se dirigiu após receber a denúncia, é o líder dessa equipa no grupo parlamentar do Partido Conservador e abriu uma investigação logo a 30 de junho àquele que era o seu número dois desde fevereiro.

Chris Pincher adiantou-se e pediu a demissão na última quinta-feira, justificando o comportamento que assumiu na quarta-feira anterior com o consumo excessivo de álcool. “Na noite passada bebi de forma excessiva. Envergonhei-me e envergonhei outras pessoas e isso é a última coisa que pretendo fazer. Peço desculpa a si e a todos os implicados”, escreveu o vice-presidente do grupo parlamentar a Boris Johnson.

Só que o caso adensou-se quando se ficou a saber que em fevereiro, na mesma altura em que Chris Pincher foi promovido pelo primeiro-ministro, os “whips” já tinham recebido uma denúncia de assédio sexual de um deputado conservador e vários alertas de outros parlamentares sobre a conduta do político. A queixa e as reações dos deputados foram encaminhadas para a unidade de ética do gabinete do primeiro-ministro, o que motivou um adiamento da nomeação de Chris Pincher. Mas ela acabou mesmo por se concretizar.

No dia seguinte à demissão de Chris Pincher, o gabinete de Boris Johnson afirmou que o primeiro-ministro não sabia de quaisquer acusações de assédio sexual cometidas pelo novo vice-presidente do grupo parlamentar quando este tomou posse. Mais tarde, fonte oficial de Downing Street corrigiu estas afirmações dizendo que, afinal, Boris Johnson só não sabia de acusações “específicas” contra Chris Pincher.

Só na segunda-feira passada é que o governo admitiu finalmente que Boris Johnson sabia das alegações contra Chris Pincher aquando da sua nomeação. Ela avançou, ainda assim, porque as denúncias “ou estavam resolvidas ou não avançaram para uma queixa formal”, justificou fonte oficial. Numa entrevista dada na última terça-feira de manhã, o primeiro-ministro britânico pediu desculpas: “Acho que foi um erro e peço desculpas por isso. Acho que, em retrospetiva, foi a coisa errada de se fazer”.

Boris Johnson admitiu que tentou dar “o benefício da dúvida” a Chris Pincher, cujo apelido terá motivado um trocadilho criado pelo próprio primeiro-ministro: “Pincher de apelido, Pincher de natureza”. É que, numa tradução literal, “pincher” pode ser interpretado em português como “beliscador” — e as queixas que recaem sobre o polémico conservador fazem sempre referência a apalpões não consensuais praticados por Chris. Mesmo questionado diretamente sobre a expressão, Boris Johnson sempre se recusou a assumir ou a desmentir a autoria da suposta piada.

As histórias de assédio de Chris Pincher, o conservador na origem de mais um escândalo no governo de Boris

Desde que Chris Pincher se demitiu, tornando-se no epicentro de mais uma crise no seio do governo britânico, outras alegações de assédio sexual vieram a público. Uma delas foi a de Mark Dabbs, um ativista e maratonista que diz ter sido alvo de avanços não solicitados por parte de Chris Pincher quando os dois se encontraram num evento para angariação de fundos a favor de um hospital em 2018.

É que esta não foi a primeira vez que Chris Pincher foi acusado de cometer avanços sobre terceiros sem o consentimento das vítimas. Em novembro de 2017, quando Theresa May estava à frente do governo, Chris Pincher abandonou os cargos que assumiu, novamente em fevereiro, porque foi acusado pelo ex-atleta e ativista Alex Story de assédio sexual. Uma investigação interna do partido ilibou Chris Pincher da acusação e Boris Johnson acabou por recuperá-lo para o governo em julho de 2019, primeiro como secretário de Estado para os Negócios Estrangeiros e depois como secretário de Estado para a Habitação.

Desde que Chris Pincher se demitiu, tornando-se no epicentro de mais uma crise no seio do governo britânico, outras alegações de assédio sexual vieram a público. Uma delas foi a de Mark Dabbs, um ativista e maratonista que diz ter sido alvo de avanços não autorizados por parte de Chris Pincher quando os dois se encontraram num evento para angariação de fundos a favor de um hospital em 2018: “Ele tocava-me e sugeria algumas coisas. Quando saímos e tirámos uma foto, ele começou a passar a mão no meu traseiro”.

Que ministros se demitiram até agora?

Até agora, dois ministros já anunciaram que vão sair do Executivo. O primeiro a apresentar a demissão foi Sajid Javid. Na carta de renúncia que enviou a Boris Johnson e que depois tornou pública nas redes sociais, o ministro da Saúde demissionário considerou que “o tom que se estabelece como líder, e os valores que se representa, refletem-se nos colegas, no partido e, em última instância, no país”. Os conservadores “nem sempre foram populares, mas sempre foram competentes em agir pelo interesse nacional”, pode ler-se no mesmo documento: “Infelizmente, nas atuais circunstâncias, o público está a concluir que agora não somos nem uma coisa, nem outra“.

Vaga de demissões no governo de Boris Johnson: “Não podemos continuar assim”

Nove minutos depois, o ministro das Finanças também anunciou que iria retirar-se do governo. Rishi Sunak sublinhou na carta de demissão que “o público, com razão, espera que o governo seja conduzido de forma adequada, competente e séria”. “Estou triste por deixar o governo, mas cheguei relutantemente à conclusão de que não podemos continuar assim”, termina a carta enviada a Boris Johnson. A saída de Rishi Sunak não simboliza apenas a queda de um dos mais importantes ministros do governo britânico: é que o governante, que alegou “falta de confiança” no chefe do Executivo, tem-se assumido como um importante crítico de Boris Johnson e um potencial sucessor na liderança do Partido Conservador.

Até ao momento, estes foram os únicos ministros a apresentar a demissão. Mas a lista de renúncias continua a aumentar desde que os governantes das Finanças e da Saúde abandonaram o Executivo na terça-feira. Até à hora da publicação deste artigo, 42 membros do governo apresentaram a sua demissão — incluindo Rishi Sunak e Sajid Javid —, quase todos secretários de Estado. O Observador está a atualizar a lista ao minuto no artigo que pode consultar aqui.

Onda de demissões. Quem fica e quem sai do governo de Boris Johnson?

Há ministros demitidos por Boris Johnson?

Mesmo entre todas estas renúncias, Boris Johnson tomou iniciativa de demitir ele mesmo um ministro: Michael Gove, que detinha a pasta da Habitação. A confirmação veio de fonte oficial do líder do Executivo, a quem o agora ex-ministro terá dito que, embora mantivesse a lealdade a Boris, o seu tempo no governo tinha terminado.

A tensão começou a escalar ao longo desta tarde quando vários ministros britânicos começaram a reunir-se na residência oficial do primeiro-ministro, enquanto este participava no Comité de Ligação, com o intuito de apelar a Boris Johnson para abandonar o cargo. A Sky News apelidou o grupo de ministros de “delegação”, o The Telegraph classifica os governantes de “rebeldes recém-criados”.

Quem vai substituir os ministros que se demitiram?

Os sucessores dos ministros que se demitiram foram conhecidos logo na primeira noite após a renúncia. No Ministério das Finanças, Rishi Sunak foi substituído por Nadhim Zahawi, que até àquele momento era o ministro da Educação. A pasta do ensino será assim assegurada por Michelle Donelan, que até agora era a secretária de Estado das Universidades. No Ministério da Saúde, Steve Barclay deixou de ser chefe de gabinete de Boris Johnson para assumir o lugar de Sajid Javid.

Ainda não se sabe quem vai agora assumir o cargo de chefe de gabinete em Downing Street. Nem quem vai substituir Michael Gove na pasta da Habitação.

Isto significa que o governo de Boris Johnson vai cair?

Boris Johnson insiste que não se vai demitir, mas está a ser pressionado para sair. E essa pressão vem não só do partido que preside, como do próprio governo que lidera. A tensão começou a escalar ao longo desta tarde, quando vários ministros britânicos começaram a reunir-se na residência oficial do primeiro-ministro, enquanto este participava no Comité de Ligação, com o intuito de apelar a Boris Johnson para abandonar o cargo. A Sky News apelidou o grupo de ministros de “delegação”, o The Telegraph classifica os governantes de “rebeldes recém-criados”.

Deste grupo de ministros faz parte Nadhim Zahawi, o ministro das Finanças nomeado há menos de 24 horas. A ele juntam-se também Priti Patel, ministra do Interior; Grant Shapps, ministro dos Transportes; Simon Hart, ministro de Gales; Brandon Lewis, ministro da Irlanda do Norte; Anne Marie Trevelyan, ministra do Comércio Internacional; Kwasi Kwarteng, ministro dos Negócios; Kit Malthouse, ministro do Crime e Policiamento. De acordo com o The Telegraph, Michelle Donelan, a nova ministra da Educação, também estivera na reunião.

Michael Gove, ministro da Habitação e da Comunidade, não esteve em Downing Street com a restante “delegação”, mas reuniu com Boris Johnson durante a manhã — e veio a ser demitido já na noite desta quarta-feira. A ministra da Cultura, Nadine Dorries, também foi vista a entrar na residência oficial do primeiro-ministro, mas questionada sobre se estava em Downing Street para pressionar Boris Johnson a sair, respondeu: “Certamente que não”. Graham Brady, que chefia o executivo do Comité de 1922 — o grupo parlamentar do Partido Conservador na Câmara dos Comuns britânica — também estivera no local para se reunir com Boris Johnson.

Na segunda-feira, entre as 14h e as 16h de Londres, o Comité de 1922 vai a eleições para eleger um novo executivo. Se os escolhidos forem opositores de Boris Johnson, eles podem alterar uma regra do Partido Conversador que, tal como está descrita neste momento, impede o primeiro-ministro de ser alvo de uma moção de censura até junho de 2023.

Fontes de Downing Street consultadas pelo The Times dizem que o primeiro-ministro está a reunir-se com cada um dos ministros individualmente para sondar quais mantêm confiança no líder do Executivo. Alguns deles terão adiantado ainda na terça-feira à noite ou já esta quarta-feira que queriam abandonar o Executivo, mas Boris Johnson respondeu que queria receber a demissão cara a cara. O mesmo jornal está a contar que os membros do governo leais ao primeiro-ministro estão a aguardar pela reunião com Boris Johnson numa zona diferente da dos membros que defendem a demissão do chefe do governo.

Mesmo que Boris Johnson sobreviva à pressão que os ministros lhe estão a aplicar nas reuniões desta quarta-feira, na próxima semana pode haver uma nova tentativa de retirar o primeiro-ministro do poder. Na segunda-feira, entre as 14h e as 16h de Londres, o Comité de 1922 vai a eleições para eleger um novo executivo. Se os escolhidos forem opositores de Boris Johnson, eles podem alterar uma regra do Partido Conversador que, tal como está descrita neste momento, impede o primeiro-ministro de ser alvo de uma moção de censura até junho de 2023.

Na formulação atual, como Boris Johnson sobreviveu ainda no mês passado a uma moção de censura — relativa às festas em Downing Street no período mais crítico da pandemia —, ele só poderá ser submetido a outra em junho de 2023 após a Comissão receber 54 cartas de deputados (15% do grupo parlamentar) a solicitá-la. Mas os opositores de Boris Johnson propõem uma alteração a essa regra: se 25% do grupo parlamentar alegar que não tem confiança no líder conservador — o que corresponde a 90 cartas —, então uma moção de censura pode ser desencadeada imediatamente.

Como é que Boris Johnson está a reagir à nova crise?

Desvalorizando as saídas anunciadas desde terça-feira. Na intervenção inicial que abriu as hostes no debate semanal na Câmara dos Comuns, e que constituiu também o primeiro discurso público do primeiro-ministro desde que a onda de demissões atingiu o Executivo, Boris Johnson disse mesmo, entre risos do próprio e apupos dos outros, que “hoje é um grande dia”.

Não por causa dos desenvolvimentos que se esperavam ao longo de quarta-feira à conta da nova crise política no Reino Unido, como seria expectável, mas por causa de um corte nos impostos que beneficiará 30 milhões de britânicos. Aliás, o primeiro-ministro mencionou (como sempre faz, mas desta vez com uma gargalhada) as reuniões que manteve com os ministros ao longo da manhã. Só nada disse sobre como dois deles foram nomeados havia pouco mais de 12 horas porque os antecessores abandonaram o governo.

“Francamente, o trabalho de um primeiro-ministro em circunstâncias difíceis quando lhe foi entregue um mandato colossal é continuar“, defendeu Boris Johnson: “É isso que vou fazer”. Mesmo quando foi informado no Comité de Ligação que vários dos seus ministros estavam reunidos em Downing Street para o pressionar a sair, Boris Johnson desconsiderou os avisos: “Isso é o que vocês dizem”.

Quando o tema Chris Pincher foi finalmente mencionado no Parlamento — o que aconteceu logo depois do discurso inicial de Boris Johnson —, o primeiro-ministro asseverou que não se demitiria. Questionado sobre o que seria preciso para abandonar a liderança do Executivo, o líder governamental estabeleceu duas condições: se “sentisse que era impossível para o governo continuar e cumprir o mandato” ou se percebesse que o “desejo de apoiar o povo ucraniano” estava a sair “frustrado”.

Mas não é o caso agora. “Francamente, o trabalho de um primeiro-ministro em circunstâncias difíceis quando lhe foi entregue um mandato colossal é continuar“, defendeu Boris Johnson: “É isso que vou fazer”. Mesmo quando foi informado no Comité de Ligação que vários dos seus ministros estavam reunidos em Downing Street para o pressionar a sair, Boris Johnson desconsiderou os avisos: “Isso é o que vocês dizem”, terá respondido, de acordo com a imprensa britânica.

Já nas respostas que enviou aos ministros demissionários na terça-feira, Boris Johnson evitou o elefante na sala. Ao detentor da pasta da Saúde, o primeiro-ministro confessou que “lamenta” a saída de Sajid Javid, que serviu “admiravelmente” o governo na última década: “Fará muita falta e anseio pela sua contribuição como deputado”. A Rishi Sunak, o agora ex-ministro das Finanças, elogiou o “serviço excecional” que cumpriu “ao longo do período mais desafiante da nossa economia em tempos de paz” e garantiu: “Valorizei enormemente o seu aconselhamento e profundo compromisso com o serviço público; e vou sentir saudades de trabalhar consigo no governo”.

Ministros britânicos estão em Downing Street para pressionar Boris Johnson a sair

Enquanto esse novo líder não for escolhido e não entrar em funções, o primeiro-ministro demissionário costuma continuar a governar o Reino Unido com uma equipa interina, enquanto apoia a rainha Isabel II na escolha de um sucessor. No entanto, se Boris Johnson fizer questão de sair do cargo com efeitos imediatos, é preciso nomear um primeiro-ministro interino. Neste caso, a escolha mais natural neste caso seria Dominic Raab, ministro da Justiça e número dois de Boris.

O que acontece se Boris Johnson se demitir?

Se o primeiro-ministro britânico decidir demitir-se, Boris Johnson tem de comunicar a saída à rainha Isabel II antes de anunciar a renúncia perante o resto do país. É a monarca que depois, aconselhada pelo partido que está no poder, escolhe um novo líder governamental.

Enquanto esse novo líder não for escolhido e não entrar em funções, o primeiro-ministro demissionário costuma continuar a governar o Reino Unido com uma equipa interina, enquanto apoia a rainha Isabel II na escolha de um sucessor. No entanto, segundo as explicações do The Guardian, se Boris Johnson fizer questão de sair do cargo com efeitos imediatos, é preciso nomear um primeiro-ministro interino. Neste caso, a escolha mais natural seria Dominic Raab, ministro da Justiça e número dois de Boris.

Outra possibilidade é Boris Johnson convocar eleições, como disse esta quarta-feira que faria se fosse pressionado a sair. Mas a rainha tem poder para impedir que isso aconteça se considerar que o Parlamento continua “viável”, se entender que as eleições terão um impacto negativo na economia britânica ou se insistir que já há um primeiro-ministro alternativo “credível”.

Quem seriam os sucessores mais prováveis de Boris Johnson?

Rishi Sunak, o ex-ministro das Finanças, é apontado como o principal sucessor de Boris Johnson, sobretudo desde que ganhou popularidade graças aos apoios económicos que apresentou ao longo dos últimos dois anos e meio. Mas essa mesma popularidade tem sido prejudicada pela carga fiscal que fez disparar o custo de vida; pela revelação de que a mulher, embora milionária, fugia aos impostos; e pelo facto de ter participado em festas em Downing Street quando as regras para enfrentar a Covid-19 não o permitiam.

Penny Mordaunt era ministra da Defesa, mas Boris Johnson demitiu-a quando entrou no poder, possivelmente picado pelo apoio que a agora secretária de Estado para a Política Comercial demonstrou a Jeremy Hunt para substituir Theresa May na liderança do Partido Conservador. Hunt é, por sua vez, um possível sucessor: o ex-ministro da Saúde e dos Negócios Estrangeiros assume que ainda ambiciona governar o Reino Unido — e com um estilo diferente (mais moderado) do de Boris Johnson.

Pelo menos desde 1979 que nenhum primeiro-ministro registava tantas demissões de cargos ministeriais em tão pouco tempo. Neste momento, Boris Johnson está a perder ministros e secretários de Estado mais rápido do que Theresa May, que até à última terça-feira batia o recorde dos últimos 43 anos. As demissões que o primeiro-ministro já recebeu ultrapassam já as 36 que Theresa May registou.

Ben Wallace, ministro da Defesa, também ganha pontos como possível sucessor de Boris Johnson no governo britânico por causa do modo como posicionou o Reino Unido nos apoios à Ucrânia; e pela forma como geriu também a retirada do Afeganistão. O facto de não ser tão popular como o atual primeiro-ministro é visto por alguns conservadores como uma vantagem: assim pode abrir-se uma nova era no governo do Reino Unido.

Outra possibilidade é Nadhim Zahawi, que Boris Johnson chamou para substituir Rishi Sunak na pasta das Finanças. Embora fosse ministro da Educação, Nadhim Zahawi é elogiado pela implementação bem sucedida do programa de vacinação contra a Covid-19. Os analistas políticos consideram que o facto de Boris o ter chamado para uma das principais pastas do governo denuncia que o próprio primeiro-ministro quer mantê-lo por perto, neutralizando-o como uma ameaça à sua liderança.

Esta onda de demissões é inédita no Reino Unido?

Não. A ex-primeira-ministra Theresa May também enfrentou uma onda de demissões quando o Brexit provocou desentendimentos no Partido Conservador.

Mas Boris Johnson já fez história: pelo menos desde 1979 que nenhum primeiro-ministro registava tantas demissões de cargos ministeriais em tão pouco tempo. Neste momento, Boris Johnson está a perder ministros e secretários de Estado mais rápido do que Theresa May, que até à última terça-feira batia o recorde dos últimos 43 anos. As demissões que o primeiro-ministro já recebeu ultrapassam já as 36 que Theresa May registou.

Onde está a rainha no meio disto tudo?

Ainda não há qualquer manifestação da rainha Isabel II sobre a crise política que o Reino Unido está a atravessar agora. Mas a monarca e o primeiro-ministro vão reunir ainda esta noite — reunião essa que já estava planeada e que faz parte da agenda de encontros semanais regulares entre a chefe de Estado britânica e o líder do governo.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora