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As mulheres começaram a desaparecer na primavera de 1988, mas até os alarmes soarem ainda haviam de passar alguns meses.
Eram todas toxicodependentes, algumas prostitutas, e se umas se mantinham próximas das famílias — várias tinham até filhos pequenos —, outras viviam completamente à margem. O que significa que, se as primeiras foram dadas como desaparecidas, as outras nem isso — e ninguém deu pela falta delas.
Depois, apesar de viverem todas na zona de New Bedford, uma cidade portuária no estado americano do Massachusetts que é uma espécie de “Little Portugal”, tantos são os imigrantes portugueses e lusodescendentes ali concentrados, nem todos os relatórios de “missing person” foram preenchidos na esquadra local.
Algumas das mulheres foram dadas como desaparecidas pelas famílias ou namorados nas esquadras de outras cidades da vizinhança. E, como os registos ainda não estavam todos informatizados, não houve cruzamento de relatórios de desaparecimento — nem noção de que se estaria a passar algo de estranho.
Pura e simplesmente, para as autoridades, não havia um problema. E também não passou necessariamente a haver quando o primeiro corpo foi encontrado, no fim de semana do 4 de Julho desse mesmo ano.
Foi uma mulher, que seguia sozinha de carro na Route 140, em direção ao norte do estado, que descobriu o cadáver, a pouco mais de 20 quilómetros de New Bedford, nos arredores da cidade de Freetown. Estava caído no chão a escassos metros da berma da autoestrada mas já meio embrenhado no mato, seminu, com um pedaço de tecido enrolado à volta do pescoço e em avançado estado de decomposição.
Apesar do choque, a mulher não teve dúvidas de que estava perante um crime. Não havia telemóveis e a estrada na altura era uma espécie de deserto — aliás, só por isso é que tinha parado ali, depois de quilómetros em busca de uma casa de banho. Mesmo assim, conseguiu dar o alerta e descrever à polícia o local exato onde tinha encontrado o corpo.
O que não significa que os holofotes se tenham finalmente virado para New Bedford e para o preocupante caso das mulheres que andavam a desaparecer da cidade.
Nesta altura, o caso continuava a não existir, explica ao Observador a jornalista Maureen Boyle, que, à época, cobria assuntos relacionados com crime e justiça para um jornal local, o Standard Times, e estava há quatro anos a viver na cidade.
Pior do que isso: também nesse fim de semana, de festa em todo o país, aconteceu outra fatalidade, que fez virar todas as cabeças noutra direção e monopolizou a atenção de autoridades e imprensa, à partida já a meio gás, por causa das festividades associadas ao Dia da Independência.
“Houve um acidente muito trágico em New Bedford, no qual a polícia estatal também esteve envolvida. Um barco virou-se com uma família a bordo e várias pessoas morreram afogadas, incluindo uma criança. Grande parte da atenção, incluindo a atenção dos media, foi para o sul. Um corpo sem identificação encontrado à beira da autoestrada não mereceu muita atenção da imprensa”, recorda Boyle, que quase 30 anos depois, em 2017, viria a publicar um livro sobre o caso.
“A vítima estava seminua, não tinha identificação e o corpo estava muito decomposto. A causa da morte foi considerada estrangulamento, porque ela tinha um sutiã enrolado à volta do pescoço, mas a polícia não sabia quem ela era. E para se descobrir quem é o assassino, é necessário saber quem é a vítima, só assim se pode seguir o rasto dele.”
Um erro de cálculo na autópsia e uma pilha de corpos e crimes por resolver
O médico legista estimou que, tendo em conta o avançado estado de decomposição do corpo, o crime teria de ter acontecido há bastante tempo. O mais certo é que a mulher tivesse sido assassinada antes do início do inverno anterior, talvez entre dezembro de 1987 e janeiro de 1988.
Na altura, a polícia de Massachusetts estava a começar a passar para o sistema os relatórios de pessoas desaparecidas, mas ainda havia muita informação por digitalizar. A primeira coisa que os investigadores fizeram foi cruzar as características da mulher encontrada na Route 140 com os relatórios preenchidos justamente nesse intervalo de tempo, entre dezembro do ano anterior e janeiro seguinte.
Foi um erro que atrasou a investigação em meses — e poderá ter tido o efeito de condenar uma série de outras mulheres à morte, já que os desaparecimentos só haviam de parar em setembro de 1988, diz a jornalista Maureen Boyle. “Só meses depois é que perceberam que a mulher tinha desaparecido na primavera. O mês de julho foi muito, muito quente, o que acelerou a decomposição.”
Debra Medeiros, assim se chamava a primeira vítima encontrada, no início de julho, à beira da Route 140. Tinha 29 anos e estava desaparecida desde o final de maio. O namorado, com quem tinha discutido na última vez em que estiveram juntos, deu conta disso às autoridades no dia 27 desse mês, mas só em dezembro de 1988 é que o cadáver seria finalmente identificado.
Nessa altura, a polícia já tinha em mãos uma pilha de corpos e de crimes por resolver. Ao todo, entre março e setembro de 1988, foram onze as mulheres que desapareceram da zona de New Bedford. Duas delas nunca seriam encontradas.
Todas as outras foram sendo descobertas ao longo dos meses seguintes junto a autoestradas da região, invariavelmente nuas ou seminuas e com sinais evidentes de estrangulamento. O autor dos homicídios havia de ser batizado pela polícia e pela imprensa como o “New Bedford Highway Killer”, o “Assassino da autoestrada de New Bedford”. Até hoje, nunca foi encontrado.
[Já saiu o terceiro episódio de “A Caça ao Estripador de Lisboa”, o novo Podcast Plus do Observador que conta a conturbada investigação ao assassino em série que há 30 anos aterrorizou o país e desafiou a PJ. Uma história de pistas falsas, escutas surpreendentes e armadilhas perigosas. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube. E pode ouvir aqui o primeiro episódio e aqui o segundo.]
“Sabem, acho que temos aqui um problema. Isto não pode ser uma coincidência”
Debra Medeiros, Nancy Lee Paiva, Mary Rose Santos, Sandra Botelho, Dawn Mendes, Rochelle Dopierala, Debroh Lynn McConnell, Christina Monteiro, Debra DeMello, Marilyn Roberts e Robin Rhodes. Eis os nomes e apelidos — mais de metade deles portugueses — das onze vítimas conhecidas do assassino em série de New Bedford.
Entre julho de 1988 e abril de 1989, os cadáveres foram-se acumulando, mas a polícia não juntou logo todos os pontos. A jornalista Maureen Boyle recorda que a primeira pessoa a perceber que alguma coisa de muito errado se estava a passar foi John Dextradeur, o detetive de New Bedford que recebeu a queixa de desaparecimento de Nancy Paiva. “Quem fez a queixa foi o namorado dela, que é um indivíduo que, digamos, nunca entraria de bom grado em esquadras de polícia. Tinha um historial e tanto. O detetive Dextradeur reconheceu-o, achou muito estranho, fez um relatório e iniciou uma investigação. Procurou, mas não chegou a lado nenhum. Foi então que começou a olhar para outros relatórios de pessoas desaparecidas.”
Nesta altura, o cadáver de Nancy Paiva, 36 anos, mãe de dois filhos, já tinha sido encontrado, junto à estrada interestadual 195, em Dartmouth, cidade vizinha de New Bedford. Aconteceu praticamente como com o primeiro corpo, cerca de duas semanas mais tarde: dois motards com vontade de ir à casa de banho pararam na berma e, metros mais à frente, descobriram a mulher, completamente nua e com sinais evidentes de estrangulamento. Ainda assim, o detetive Dextradeur só viria a dar-se conta disso meses mais tarde, em dezembro, quando o corpo foi formalmente identificado.
Apesar de ter tentado averiguar se aquela mulher ou a encontrada em Freetown poderiam ser a desaparecida de que andava à procura, não teve resposta das outras polícias. “Não pegaram no caso, não deram importância ao assunto nem às mulheres desaparecidas. E o detetive Dextradeur estava limitado, por muito que acreditasse que os casos podiam estar relacionados — não estavam na sua cidade, não estavam sob a sua jurisdição”, conta a jornalista.
“Quando descobriu que havia uma série de mulheres desaparecidas, todas toxicodependentes e com o mesmo perfil — eram mais ou menos parecidas, pequenas, baixas, só havia uma exceção, uma mulher que era mais pesada —, pensou: ‘Há aqui alguma coisa que não está bem. Será possível que todos estes desaparecimentos estejam relacionados?’”.
O caso disparou nessa altura, mas não sem intervenção superior. No estado de Massachusetts, explica Maureen Boyle, é à polícia estadual, que está um nível acima dos departamentos de polícia locais, que cabem todas as investigações de homicídios. “Por isso, o detetive foi ao gabinete do procurador distrital e disse-lhes: ‘Sabem, acho que temos aqui um problema. Temos um determinado número de mulheres desaparecidas. Foram encontrados dois corpos na autoestrada. Isto não pode ser uma coincidência. Há uma boa hipótese de tudo isto estar relacionado’.”
No dia 29 de novembro de 1988, com a devida autorização das autoridades do vizinho Connecticut, chegou a New Bedford um agente da polícia estadual — com um cão especialmente treinado para encontrar cadáveres.
As buscas começaram pela manhã, junto à interestadual 195. Antes de o sol se pôr, o animal deu sinal pela primeira vez: tinha sido encontrado mais um corpo, o terceiro, de uma mulher que tinha sido dado como desaparecida em setembro. Justamente dois meses depois de John Dextradeur ter começado a investigar e a avisar as esquadras da vizinhança de que andava alguém à solta a raptar e assassinar mulheres.
A ajuda do cão farejador de cadáveres que veio do estado vizinho
Era o final do ano de 1988. Na altura, nem todas as impressões digitais estavam registadas em bases de dados — em Portugal, por exemplo, quando as vítimas do Estripador de Lisboa começaram a aparecer, quatro anos mais tarde, esses registos ainda eram todos feitos em papel e armazenados em gavetas. Mas o estado de Massachusetts tinha começado recentemente a trabalhar nessa transição, a partir dos registos feitos num par de cidades, incluídas num projeto-piloto.
O cadáver encontrado junto a uma rampa de acesso à autoestrada também estava em estado avançado de decomposição, meio imerso numa espécie de charco, numa zona extremamente húmida. Mas uma das mãos da vítima tinha ficado de fora — e estava intacta.
Depois de registarem as impressões digitais, as autoridades introduziram a informação no sistema. E tiveram, não uma, mas duas correspondências: uma delas numa das cidades incluídas no projeto-piloto, outra noutro estado vizinho, Rhode Island.
“As impressões digitais vieram com dois nomes diferentes”, revela a jornalista Maureen Boyle. “Pediram uma fotografia, que teve de ser enviada por correio. Quando a receberam, descobriram que a vítima era Dawn Mendes, uma mulher que tinha dado um nome falso numa das vezes em que tinha sido presa, por prostituição e drogas. Tinha desaparecido de New Bedford em setembro, quando estava a caminho da quinta da mãe, para um batizado.”
Dawn Mendes tinha 25 anos. Foi a última mulher a ser dada como desaparecida em New Bedford e a primeira cujo corpo foi identificado pela polícia. A partir daí, diz Maureen Boyle, que à data já estava em cima do caso, a história ultrapassou todas as barreiras regionais e a cidade foi colocada no mapa de todos os estados dos EUA. “Foi uma loucura. Assim que o cão começou a procurar e encontrou o corpo de Dawn, os meios de comunicação social de Boston e de Providence e o New York Times chegaram. Todas as estações de televisão estavam lá quando se tornou claro que se estava a passar qualquer coisa. Não é todos os dias que um promotor público pede ajuda a outro estado. Muito menos que pede que um cão farejador de cadáveres o ajude a encontrar corpos.”
À medida que foram percorrendo as autoestradas da região, os cadáveres foram sendo encontrados — só os restos mortais de Marilyn Roberts, de 34 anos, e de Christina Monteiro, de apenas 19, nunca foram recuperados.
A partir desse momento, e sem qualquer certeza de que os crimes tivessem sequer parado, a investigação entrou na fase seguinte e concentrou-se em encontrar o culpado.
“Investigaram toda a gente, desde pescadores, sobretudo pescadores que chegavam ao porto sazonalmente, a criminosos sexuais condenados. Olharam para todas as pessoas que frequentavam prostitutas na cidade. Olharam para membros da polícia. Olharam para membros da Guarda Costeira, porque havia um navio da Guarda Costeira que estava ancorado no porto de New Bedford. A dúvida era porque é que os crimes só tinham acontecido durante aquele período de tempo, e depois pareciam ter parado”, recorda Maureen Boyle. “Investigaram as pessoas que tinham sido presas depois de setembro. E também as pessoas que tinham abandonado a zona depois de setembro: onde estavam nessa altura?; o padrão estava a repetir-se nesses locais? Além disso, estavam sempre a receber dicas do público. Incluindo muitas mulheres que telefonavam a dizer que os ex-maridos ou ex-namorados poderiam ser o assassino. 1988 e 1989 foi uma época péssima para ser um ex.”
Outra das hipóteses que esteve sempre em cima da mesa, diz a jornalista, é a de que o assassino poderia ter fugido para Portugal — o que também ajudaria a explicar o fim súbito das mortes. Anos mais tarde, quando as notícias sobre os crimes do Estripador de Lisboa chegaram a New Bedford, acrescenta Maureen Boyle, houve inevitavelmente quem pensasse que o Assassino da Autoestrada tinha voltado a matar, agora do outro lado do Atlântico. E é aí que esta história se cruza com o novo Podcast Plus do Observador, “A Caça ao Estripador de Lisboa”.
“Vários investigadores estavam a analisar isso, a tentar perceber se poderia ser uma possibilidade. No entanto, o tipo de assassínio era ligeiramente diferente. Se fosse a mesma pessoa, teria realmente havido uma enorme escalada na forma de matar. O assassino de New Bedford não parecia ser alguém com tanta capacidade de planeamento, e não era tão perverso. Foi tudo muito mais pessoal, para se estrangular um indivíduo, é preciso olhar para ele. O esfaqueamento também é muito pessoal, mas é um tipo de homicídio muito mais cruel.”
Dois grandes suspeitos, zero acusações
Justamente em novembro de 1988, Kenneth Ponte, um conhecido advogado de New Bedford, que até já tinha sido interrogado pelo detetive Dextrateur, resolveu sair da cidade e mudar-se para a Florida.
Os sinais de alerta começaram imediatamente a tocar. Ponte, que antes de entrar na faculdade de Direito tinha chegado a ser detido por consumo de heroína, não só tinha namorado com uma das vítimas como tinha ligações a várias outras. “Ou as tinha representado, ou era amigo delas, ou tinha sido visto com elas. Ele tinha algum historial. Em particular, com uma das vítimas, uma mulher chamada Rochelle, que, a propósito, nunca chegou a ser dada como desaparecida e a certa altura viveu com Ken Ponte. Por isso, quando ela desapareceu, tornou-se suspeito”, conta a jornalista Maureen Boyle.
“Ele já se tinha recusado a cooperar com a investigação. Quando deixou o estado e se mudou para a Florida, foi outro alerta para a polícia. Era um indivíduo muito, muito estranho. Com cerca de 19 ou 20 anos tinha sido viciado em heroína, e foi preso por posse de droga. Recebeu ajuda, deu a volta à vida, tornou-se advogado e, durante um período de tempo, pelo menos à superfície, parecia estar a sair-se bem. Mas depois, nos anos 80, a cocaína chegou ao mercado e ele ficou viciado. Algumas das mulheres que conhecia dos tempos em que era viciado em heroína é que lhe compravam cocaína. Ele era advogado, não queria que ninguém soubesse o que andava a fazer.”
Ao longo de toda a investigação — que ainda hoje, mais de 35 anos depois, se mantém em aberto —, não houve outro suspeito mais forte.
A dada altura, chegou mesmo a ser constituído um grande júri de investigação; uma espécie de procedimento preparatório para um eventual julgamento. Kenneth Ponte, também ele de origem portuguesa, foi intimado a testemunhar. “Havia o receio de que algumas das potenciais testemunhas pudessem morrer, uma vez que algumas delas eram consumidoras ativas de droga. As autoridades tinham medo que se esquecessem ou tivessem uma overdose. Estavam a investigar não só Ken Ponte, mas também vários outros suspeitos”, explica a jornalista. “Ele recusou-se, outra vez, a colaborar. E acabou por ser indiciado por um crime de homicídio em primeiro grau.”
Rochelle Dopierala tinha 28 anos e, quando foi espancada até à morte, estava a viver em casa do advogado Kenneth Ponte. Não tinha mais nenhum sítio para onde ir. Ponte, que depois de ter chegado à Florida já tinha sido acusado por uma ex-namorada de agressão e tentativa de sufocamento, foi imediatamente detido e transportado de volta para New Bedford.
Onze meses mais tarde, quando o caso foi arquivado por falta de provas, a polícia já tinha outro suspeito na mira. Tony DeGrazia tinha sido identificado por uma série de prostitutas, invariavelmente toxicodependentes, de New Bedford. Era um homem corpulento, com nariz de boxeur, que, à vez, as tinha forçado a ter relações sexuais e, depois, sufocado, com as mãos, em alguns casos até à inconsciência.
O novo procurador distrital, eleito entretanto, considerou que Tony DeGrazia era um suspeito mais plausível do que Kenneth Ponte. Mas, revela Maureen Boyle, também este homem nunca chegaria a ser julgado pelos homicídios das onze vítimas do New Bedford Highway Killer.
“Infelizmente, Tony não pôde ser acusado porque morreu. Suicidou-se um dia antes de as acusações contra Ken Ponte serem retiradas.Na altura, pensou-se que ele se tinha suicidado porque sabia que ia ser acusado das mortes. Mas a ex-namorada dele, por quem ele era obcecado, disse-me que acredita que não teve nada a ver com isso. Diz que ele se suicidou porque ela lhe disse que ia casar com outra pessoa. E a verdade é que ele tomou uma série de medicamentos e foi encontrado morto no quintal dos pais dela.”
Quase três décadas depois dos crimes, em setembro de 2017, Maureen Boyle publicou um livro sobre a investigação ao assassino em série — Shallow Graves: The Hunt for the New Bedford Highway Serial Killer. Outros sete anos mais tarde, a jornalista mantém-se atenta ao caso e continua em contacto com as famílias de algumas das vítimas. Acredita que, mais cedo ou mais tarde, o culpado vai ser encontrado.
Ao contrário do que acontece em Portugal, em que os crimes de homicídio prescrevem ao fim de 25 anos, nos Estados Unidos os casos mantêm-se sempre em aberto. “Recuso-me a acreditar que alguém possa sair impune de um homicídio. Recuso-me completamente. E, depois, há o karma. O que vai, volta, e eu acredito firmemente que o assassino será identificado. Se ele estiver morto, saberemos quem é. Se estiver vivo, será levado a julgamento.”