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Roberta Metsola está em Lisboa e deu uma entrevista ao Observador antes de discursar no Parlamento
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Roberta Metsola está em Lisboa e deu uma entrevista ao Observador antes de discursar no Parlamento

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Roberta Metsola está em Lisboa e deu uma entrevista ao Observador antes de discursar no Parlamento

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Os "meses difíceis" da guerra, o impacto do 'Qatargate' e os elogios a Costa. Entrevista à Presidente do Parlamento Europeu

Ao Observador, Metsola diz que a data de eleições europeias não é a "ideal" por ser perto do 10 de junho. Qatargate? Líder não comenta caso Eva Kaili. No verão entram em vigor medidas anticorrupção.

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Na estrada há dez dias, a Presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, chegou a Portugal esta quinta-feira, dia em que jantou com o primeiro-ministro António Costa, a quem, durante uma entrevista dada ao Observador momentos antes de discursar na Assembleia da República, deixou grandes elogios: “É um político muito experiente e que consegue dominar vários assuntos.”

A um ano das eleições para o Parlamento Europeu, que se deverão realizar entre 6 e 9 de junho de 2024, Roberta Metsola elogiou o “pró-europeísmo” de Portugal. Frisando que escolher a data não foi fácil entre todos os Estados-membros, a Presidente do Parlamento Europeu admitiu que “não é a ideal” para Portugal, uma vez que os eleitores são chamados às urnas em cima do 10 de junho, uma segunda-feira, o que potencia que várias pessoas possam estar de férias — e não votem. “Podia ter sido mais cedo”, reconheceu, acrescentando, contudo, que o voto antecipado pode ter um papel para diminuir a abstenção, habitualmente elevada neste tipo de eleições.

Na entrevista, Roberta Metsola abordou ainda o Qatargate, o escândalo de corrupção que atingiu o Parlamento Europeu e que visou uma personalidade de relevo — a ex-vice-Presidente, a grega Eva Kaili, que pode estar de regresso à instituição dentro em breve, após ter sido libertada da prisão onde esteve durante quatro meses. A líder parlamentar recusou-se a comentar esse cenário, mas garantiu que as primeiras reformas — para evitar que este tipo de episódios se repitam — entrarão em vigor no verão.

Roberta Metsola elogia "pró-europeísmo" de Portugal

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A data das eleições e o voto aos 16 anos

A abstenção é normalmente alta em Portugal, principalmente em eleições europeias. Admite que possa haver um aumento, por conta das datas escolhidas, especialmente tendo em consideração o feriado de 10 de junho?
Primeiro, estou satisfeita com os números contínuos que mostram que os cidadãos portugueses têm sido constantemente pró-europeus de forma maioritária. Todas as gerações, idades, partes diferentes de Portugal… Os números são encorajadores. Sobre a data, não foi fácil e não é a ideal em alguns países, incluindo em Portugal, podia ter sido mais cedo. Infelizmente — ou felizmente —, a forma como a Europa funciona obriga a que se cheguem a consensos. O que esperamos ver, no caso dos cidadãos portugueses, é que votem mais cedo. Esta é uma possibilidade que foi oferecida aos cidadãos do meu país [Malta] e depois, se se quiser votar, votar-se-á e há essa possibilidade.

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Os eleitores belgas e alemães vão votar aos 16 anos. Quão importante é o alargamento do voto aos mais jovens? E considera que isso deve ser implementado em todos Estados-membros?
Sim, para as próximas votações teremos votos de pessoas de 16 anos a quem será dada a possibilidade de participar nas eleições. Da minha experiência, e posso dizer isso do meu país, os números foram muito bons. Esta é uma idade que obriga à elaboração de uma mensagem específica. E é uma das idades em que é mais importante a divulgação dessa mensagem, principalmente devido à desinformação e à sobreexposição às redes sociais.

De que forma?
A informação não é recebida de uma maneira tradicional pelos adolescentes. Precisamos de os encorajar a votar, precisamos de lhes apresentar alternativas, candidatos diferentes, candidatos que falem para eles, porque os partidos políticos não falam com as pessoas com 16 anos como se fala com as pessoas de 25, 35, 45. Também precisamos de garantir que eles votam. Dito doutro modo, que eles se identifiquem [politicamente] na escola com os seus professores — a educação é a chave —, de modo a entender que isto não é um privilégio, mas antes um dever, porque esse dever permite-lhes não só escolher, mas também ser representados por pessoas em quem eles confiam.

Metsola admite que voto aos 16 anos pode ser uma possibilidade no futuro

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A contraofensiva da Ucrânia e o “meses difíceis” que se avizinham

A Ucrânia começou recentemente uma contraofensiva. O que espera que aconteça?
Estamos do lado ucraniano, não vamos deixar o lado da Ucrânia, isso é uma coisa que prometemos a 24 de fevereiro, quando a Rússia invadiu ilegal e brutalmente a Ucrânia. Temos estado na linha da frente do apoio. Os próximos meses serão muito difíceis, há um grande desafio no horizonte, mas em nenhum momento devemos dar à Rússia a possibilidade de pensar que o nosso apoio está a diminuir, porque não há outra alternativa.

Teme que a falta de sucesso na contraofensiva possa, nas próximas eleições, ter um impacto no reforço das forças eurocéticas que propagam uma mensagem contra o apoio à Ucrânia?
Estava preocupada com isso no início da invasão. Havia maiorias fortes [no apoio à Ucrânia], mas estava preocupada com a possibilidade de que essas maiorias se desfizessem. Mas elas resistiram de forma sólida. Sim, os extremos do espectro político — à esquerda e à direita — não estão na mesma linha, mas o centro pró-europeu construtivo é sólido. Considero que faço parte desse centro pró-europeu construtivo.

De que maneira é que se pode combater esse tipo de mensagem?
Os partidos devem fazer campanha de forma resoluta e devem transmitir uma mensagem que contorne falhas ou narrativas populistas fáceis. Sempre procedi desta forma, não é fácil. A forma mais fácil seria dar resposta fáceis a questões difíceis, mas não é isso que a política deve ser. Penso que o próximo Parlamento Europeu vai continuar a ter a mesma configuração que o atual.

E a adesão da Ucrânia à União Europeia? Teme que, se a contraofensiva falhar, possa também haver mais obstáculos?
Para mim, a Europa não é apenas um grupo de países a negociar uns com os outros. É sobre segurança, é sobre valores, é sobre nós entendermos a situação do continente neste momento. A situação não é a mesma quando Portugal se juntou à União Europeia, ou quando o meu país se juntou à União Europeia. A situação atual está cheia de desafios, sejam eles ambientais, energéticos, no domínio da segurança ou sobre a proteção dos nossos cidadãos. E isso significa que, para muitos países na Europa, como a Ucrânia, a Moldávia, os Balcãs Ocidentais, a Europa é a casa. Porque é que deveríamos fechar a porta? Uma Europa maior pode ser melhor não só para os países que se juntam, como também para os restantes.

Seguem-se "meses muito difíceis na guerra", prevê Metsola

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O Qatargate e a não resposta sobre Eva Kaili

O que é o que o Parlamento Europeu tem feito para evitar situações como o que aconteceu com o Qatargate?
Isso foi um momento muito difícil que atingiu a instituição. Para ser clara, isso aconteceu a 9 de dezembro e tomámos decisões imediatas. Primeiro que tudo, face às alegações, removemos os membros alegadamente envolvidos dos lugares que eles ocupavam. Mas mais importante que isso, decidimos adotar medidas, quer aquelas que não tinham sido aplicadas antes de forma ordeira, mas também implementar novas.

Quais?
Quero ver um Parlamento que pode ir para o próximo mandato mais forte, mais eficaz, não apenas na forma como tomamos decisões, como adotamos legislação, mas igualmente garantir que, se alguma coisa como esta aconteça outra vez, o alarme soa antes e há barreiras contra este tipo de práticas. É o que nós estamos a fazer. No verão, vamos concluir o primeiro pacote de reformas e não vamos interromper esse processo. Estou muito orgulhosa do trabalho que estamos a fazer e vou dizer as cidadãos para nos julgarem pela nossa resposta e não pelas atividades alegadamente cometidas por alguns indivíduos.

Como vê um possível regresso de Eva Kaili ao Parlamento Europeu?
A investigação ainda está a decorrer e nem todos os procedimentos foram concluídos. Vou reservar qualquer julgamento e declaração até que isso aconteça.

Metsola não comenta caso da polémica ex-vice-presidente do Parlamento Europeu, Eva Kaili

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Os elogios a Costa, que tem a “Europa no coração”

Jantou ontem com António Costa. Gostaria de lhe perguntar se o primeiro-ministro português tem um perfil certo e a personalidade certa para um lugar de destaque na União Europeia?
Primeiro, tem de perguntar isso a António Costa. Mas o que posso dizer é que reconheço valor a António Costa no Conselho Europeu. É um primeiro-ministro muito experiente, que consegue dominar vários assuntos, que pode falar com toda a gente, alguém que pode levar a Europa mais longe porque ele tem a Europa no seu coração. Ele balanceia os valores políticos dele com a forma como os implementa. Pode dizer-se isso de muitos líderes políticos e de muitos primeiros-ministros, mas poucas pessoas têm essa qualidade. Quer esteja em Lisboa, quer esteja na Europa — Bruxelas ou outro sítio —, ele consegue agregar pessoas à sua volta pelas melhores razões.

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