Sim, esta é a maior perturbação que o sistema educativo sofreu em largas décadas. Não, não está tudo perdido. Há aqui uma oportunidade para uma escola há muito desadequada ao mundo moderno em que “o Google sabe tudo”. E por isso os alunos precisam de outro tipo de ensino, de outro perfil de professor, que não construa “robôs de segunda categoria”. E a sociedade de outro perfil de estudantes que já não são “alimentados à colher” pela escola.
Não, “aprender não é um lugar”. E por isso há uma nova palavra que veio para ficar: blended learning ou b-learning, um misto de ensino presencial e à distância. E sim, muitos alunos estão a ficar para trás em tempos de pandemia, sobretudo os de meios mais desfavorecidos e os que já tinham dificuldades na escola. A solução não é acabar com os exames, mas reforçar o apoio a estes estudantes.
Estas são as ideias-chave de Andreas Schleicher, conhecido como o pai do PISA, Programme for International Student Assessment, a ferramenta internacional que há 20 anos mede o nível de conhecimento dos alunos de 15 anos a ciência, matemática e leitura em 75 países.
O alemão de 55 anos está num lugar privilegiado para conhecer o que se passa nas escolas de quase todo o mundo: é o diretor do Departamento de Educação da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) e no final de março publicou juntamente com Fernando Reimers, da Escola de Educação da Universidade de Harvard, um documento com recomendações para os países responderem à crise provocada pelo coronavírus SARS-CoV0-2. O texto surgiu depois de lançar um inquérito a 98 países da OCDE (Portugal não enviou dados mas indicações genéricas do que estava a ser feito para preparar o terceiro período e a aposta no ensino à distância). Em A framework to guide an education response to the Covid-19 Pandemic of 2020, os autores alertam para o enorme efeito negativo que a pandemia vai ter na escolaridade dos alunos e destaca o papel fundamental dos professores neste período.
Nesta entrevista, dada ao Observador pelo telefone, Andreas Schleicher, que não é um paladino do fecho das escolas, lembra os elevados custos sociais e económicos dessa decisão. E avisa que os professores terão de mudar a forma de ensinar em setembro. Nada mais será como dantes. E não é só porque o novo coronavírus ainda estará entre nós.
Como é que esta pandemia global está a afetar o sistema educativo tal como o conhecemos?
A pandemia causou uma disrupção como nada o tinha feito antes. Para os alunos provenientes de meios mais ricos, que têm grande apoio dos pais, motivação para aprenderem por si próprios e acesso a ótima tecnologia, o que se está a passar [com o ensino à distância] pode ter sido libertador e até empolgante. Mas muitos alunos estão a ser deixados para trás, principalmente aqueles que não têm tecnologias para o ensino online, que não têm contacto com os professores, que foram alimentados à colher por eles no passado e não sabem como estudar autonomamente, nem têm automotivação. Estes estão a lutar com problemas difíceis.
Porque é que diz que esta é maior perturbação no sistema educativo?
A pandemia não está só a causar disrupção na educação, está a pôr em causa o nosso modelo de educação, em que um aluno vai a um lugar, a escola, para ser ensinado por um professor. De repente percebe-se que essa abordagem já não funciona. Mas ao mesmo tempo esta crise permite uma série de inovações interessantes. Muitos professores estão a assumir uma maior responsabilidade, empenhando-se em criar instrumentos inovadores de ensino. No fim desta crise muitos alunos irão ter com o professor e dizer: “Sabe, estudei tantas coisas interessantes por mim mesmo!”. Claro que estamos a viver uma profunda disrupção, a maior em termos de oportunidade educativa numa geração, mas estamos também a assistir a muita reconstrução do sistema educativo neste momento.
Está-se a criar um novo modelo educativo, baseado na aprendizagem à distância, dependente da tecnologia e não tanto nas salas de aula?
A tecnologia não é tão decisiva, não é o aspeto definidor do modelo. Este envolve mais co-criação. Os alunos consumidores estão a tornar-se sujeitos ativos no seu processo de aprendizagem e isso é mais importante do que o aspeto tecnológico. O professor já não pode apenas dar um texto pré-fabricado a um grupo de estudantes, tem que desenhar novos cenários e ambientes inovadores de ensino, tem de perceber que alunos diferentes aprendem de maneira diferente e acolher essa diversidade, praticar uma pedagogia diferenciada. O professor tem de conhecer os alunos como indivíduos para os envolver no processo de aprendizagem. Essas são as transformações. A tecnologia, o ensino online, é só uma ferramenta, o método para parte disso.
Mas o que se passa agora não parece ser um sistema de ensino à distância, mas sim um ensino remoto de emergência que serve apenas para mitigar os danos do fecho das escolas.
Em certa medida sim. Num primeiro momento da crise, usámos a tecnologia como um substituto da prática existente e isso não foi eficaz, concordo. Mas atualmente o professor está a focar-se muito mais na sua relação com os estudantes, está a transformar-se em coacher, mentor, tutor. E isto não se trata apenas de ensino online, mas sim de promover o desenvolvimento de novas formas de aprender.
Referiu as desigualdades sociais. Este sistema tem sido muito criticado por as acentuar, desde logo no acesso aos computadores e à internet, por exemplo. Aliás, o Pisa mostrou como em muitos países, incluindo Portugal, nem todos os alunos têm um computador em casa.
Absolutamente. A falta de uma distribuição igualitária de tecnologia está a amplificar as desigualdades na educação. E isto acontece não apenas em Portugal mas em todo o lado. Este não é um fenómeno novo. Esta crise simplesmente aumenta as disparidades, expõe as escolas que estão inadequadas e as desigualdades dos nossos sistemas educativos. Há essa mesma desigualdade nos professores, por exemplo. Em Portugal, os melhores professores, os que estão melhor preparados, ensinam nas escolas mais fáceis. E as mais problemáticas têm de lutar para conseguir atrair os professores mais talentosos. Quando está à frente de uma turma e ensina todos os alunos de forma exatamente igual, isso também é uma desigualdade. A tecnologia aqui segue os mesmos passos dos métodos muito tradicionais de ensino. Mas é verdade que a estrutura dos nossos sistemas de educação tendem a reforçar e não a moderar a desigualdade.
“Se o fecho se prolongar por mais de dois ou três meses, uma faixa considerável de estudantes nunca mais voltará à escola”
Mas a escola sempre foi vista como o maior igualador social, como uma estrutura que tende a esbater e nivelar as desigualdades, e isso agora desapareceu. E até em aspetos simples que não têm a ver com tecnologia. No último relatório do PISA era claro que um em cada 10 estudantes, em alguns países da OCDE, não tinham uma mesa estável onde estudar, ou um espaço tranquilo em casa para o fazer, ou apoio parental, por exemplo.
Nesta crise, os estudantes [socialmente] mais desfavorecidas têm sofrido de várias maneiras. Alguns podem não só não ter um lugar para estudar, infraestruturas tecnológicas, apoio parental ou até o desinteresse ou mesmo a falta de entendimento por parte dos pais da importância da educação. Mas, mais relevante, é que lhes pode faltar o mindset certo. Se a escola foi uma desgraça para o aluno em tempos de paz então ele não vai ser o primeiro a querer estudar por conta própria ou a sentir-se altamente motivado para o fazer quando [o sistema] se quebra. Ou seja, há muitos fatores que se conjugam contra a equidade e a oportunidade.
Segundo dados da UNESCO temos tido 1,3 mil milhões de alunos (três em cada quatro crianças e jovens em idade escolar de todo o mundo) e mais de 60 milhões de professores fora das salas de aula. As escolas não deveriam ter fechado?
Este é um tema muito debatido. E, obviamente, é necessário pesar os benefícios que o fecho das escolas tem para limitar a disseminação do vírus e os danos no bem-estar mental, social e intelectual dos estudantes. Há um conjunto de escolhas que as sociedades têm de fazer que não são nada fáceis. Eu confio nos governos para encontrar o caminho de volta à normalidade o mais rápido possível. E isso significa não voltar necessariamente ao status quo anterior mas encontrar modelos novos e sustentáveis que sejam seguros para os jovens e ao mesmo tempo assegurem que a escola tem o seu papel certo na sociedade.
Ou seja?
A escola não é apenas uma instituição académica. É o centro das nossas comunidades e sociedades. E sobretudo para os estudantes que podem não ter em casa o ambiente social adequado [à aprendizagem] é importante que as nossas escolas estejam a funcionar novamente. É possível ter uma interrupção de dois ou três meses, mas se ela se prolonga por muito mais tempo, então há uma certa faixa considerável de estudantes que nunca mais voltará à escola.
Pensa que não?
Perderam a confiança na escolaridade. Para muitas crianças e jovens o professor é uma parte muito importante das suas vidas. Para muitos, não é apenas um professor, alguém que os ensina, mas um parceiro, uma espécie de contraparte social, e se essa parte desaparece, ele perde confiança, deixa de acreditar no ensino e na educação. Quando as escolas reabrirem, os professores vão ter um papel muito difícil, muito duro, em setembro. Eles vão encontrar muito mais diversidade nas suas classes, não apenas em termos de capacidades de aprendizagem, mas também na forma de pensar dos estudantes. Os professores vão ter uma tarefa muito árdua para pôr o ensino no centro do palco novamente para muitos alunos.
Há pois um custo social do fecho das escolas.
Há um custo social e um custo económico e esse custo é muito alto. Nas primeiras semanas da crise ignorámos muito esse custo a longo prazo. Focámos toda a nossa energia em minimizar os custos de curto prazo. E penso que há muitas justificações para o termos feito mas agora há que olhar para as consequências de longo prazo da crise e mediar o seu impacto, mas também reconstruir a educação de forma a servir as nossas sociedades.
“Os nossos sistemas de ensino tornaram-se muito bons a ensinar robôs de segunda categoria”
A escola não é só um local de aquisição de conhecimento, é também um espaço de socialização, onde se desenvolvem capacidades emocionais e sociais, bem como o pensamento crítico, o domínio-próprio, o esforço constante, a exigência. E estas competências/valores são difíceis de desenvolver à distância, não?
É exatamente isso que vemos nesta crise. Se o estudante aprendeu a gerir sozinho a sua aprendizagem, se adquiriu um conjunto de estratégias para aprender, se tem a motivação intrínseca, a curiosidade, a abertura para o que é novo, então o ensino online é um grande meio para abrir horizontes. Mas se para o aluno a escola é apenas para memorizar certos factos e depois os reproduzir, então o mundo do ensino online não tem muito significado para ele. Esta é uma área onde temos de avançar. O que é muito claro é que o mundo moderno já não recompensa pessoas pelo que elas sabem: o Google sabe tudo. O mundo moderno é sobre aquilo que nós podemos fazer com aquilo que nós sabemos, é sobre as qualidades emocionais de aprender, é sobre empatia, é sobre coragem, é sobre liderança — estas capacidades tornaram-se muito importantes neste mundo. De certa forma, os nossos sistemas de ensino tornaram-se muito bons a ensinar robôs de segunda categoria, pessoas que são muito boas a repetir o que lhes disseram. Nestes tempos, temos de nos questionar de uma forma muito mais clara, como é que educamos seres humanos de primeira categoria. Pessoas que não são substitutos mas que complementam a inteligência artificial dos nossos computadores.
Estava a perguntar-lhe se este tipo de competências sociais e emocionais não são muito mais difíceis de adquirir agora.
Sim. Eu registo essa dificuldade. O ensino online só pode ser uma componente do ensino e este não é um fenómeno transacional em que os estudantes são os consumidores e os professores e os computadores os serviços fornecedores e os pais os clientes. Aprender é sempre um fenómeno relacional. É sobre a relação entre quem aprende e quem educa. É algo profundamente social. Por isso a tecnologia pode ser uma forma de aceder a conteúdos e um meio ótimo para tornar o ensino mais granular, mais personalizado, mais interativo, mais divertido e mais social. Mas o papel do professor não vai ser menos importante no mundo da tecnologia. O papel do professor vai ser muito mais importante do que no passado. Mas vai mudar. Está a mudar. A transmissão do conhecimento torna-se menos importante e o facto de ser um coacher, um mentor, um facilitador, ganha novo relevo. Por isso a tecnologia não vai substituir o ensino, mas vai amplificar o bom ensino.
O papel do professor fica então mais reforçado com esta crise? Os professores terão de mudar em setembro?
Absolutamente. Os estudantes que têm autonomia estão bem, não é preciso grandes preocupações. Mas o mesmo não se passa com os que estão em desvantagem. Para estes, o papel do professor será extremamente mais importante e isso foi uma coisa que esta crise mostrou. Se olharmos para o futuro da educação, vamos ver uma maior procura por professores que vão para lá do seu papel de instrutor.
“Temos que abrir as portas das escolas o mais rapidamente possível”
Nesta crise, como lhe chama, e até pelo que disse antes, os alunos mais novos são os mais afetados. E aqueles que têm exames também, não?
Todos os estudantes que precisam de exames conseguem preparar-se sozinhos e as escolas podem arranjar mecanismos para os ajudar. Não é assim tão difícil manter standards de segurança. Os que mais sofrem são claramente os mais jovens para quem o aspeto social da aprendizagem é mais importante e aqueles para quem a aprendizagem autónoma e independente é mais difícil e para quem o papel do professor é tão central. Estes são os grupos que mais lutam.
Tendo em conta estes grupos, mais o facto de as desigualdades se acentuarem, teriam sido possíveis outras soluções que não o fecho das escolas?
Sim. Temos que abrir as portas das escolas o mais rapidamente que for possível fazê-lo em segurança. E há tantas boas abordagens ao redor do mundo para criar espaços seguros que permitem reconciliar requisitos de saúde com os de educação. Mas o futuro está no blending learning, ou seja, parte do ensino é feito online e outra parte presencial.
Ou seja, depois do e-learning (à distância), o b-learning, o ensino combinado.
Sim. Aprender não é um lugar, aprender é uma atividade e não devíamos estar a perguntar pela escola e outras coisas. Devemos pensar como configurar o espaço, o tempo, a tecnologia de forma a providenciar o melhor ensino para alunos diferenciados. Precisamos de nos tornar muito mais criativos no uso dos recursos educativos em vez de dizer apenas até aqui tivemos a escola e vamos voltar para ela. Isto é muito importante.
Tendo em conta que este é um aspeto de saúde pública, como voltar à escola, como manter o distanciamento social, quando muitas não têm espaço para isso?
Temos de ser muito mais criativos. Teremos de provavelmente ter turmas mais pequenas. E, mais uma vez, ter parte do processo de aprendizagem fora do estabelecimento de ensino, que neste momento é um requisito muito importante. Também temos que ter um entendimento muito claro sobre quais são os riscos para a saúde que as escolas implicam. Há vários estudos que mostram que o fecho das escolas contribuem muito menos para a redução do contágio do que, por exemplo, o autoconfinamento em casa ou o distanciamento social no trabalho. É nestes dois pontos que podemos fazer muito mais a diferença. Temos de manter a perspetiva certa nisto.
“É muito importante que os alunos tenham exames porque senão serão estigmatizados”
Portugal começou nesta segunda-feira o ensino presencial para estudantes do 11º e 12º anos, porque vão ter exames, mas manteve as escolas fechadas para todos os outros, apesar de abrir as creches. O que pensa desta decisão?
Essa é uma decisão que vários países tomaram. É mais fácil organizar os espaços para os alunos mais velhos, eles sabem manter o distanciamento social necessário, sabem respeitar as regras sanitárias. E é muito importante que tenham exames porque de outra forma os empregadores não vão reconhecer as suas competências e eles serão estigmatizados. Esta decisão é muito importante. Há que ter muita atenção com as crianças, os muito pequenos, mas aí é mais difícil conseguir [boas soluções].
Não podíamos ter exames online, sem ter de ir à escola, apesar das dificuldades na correta avaliação?
Sim. Teremos de ser mais criativos aqui também. Neste momento os exames são acrescentados à aprendizagem, talvez no futuro o ensino e os exames estejam mais integrados de tal forma que no final não precisemos de um exame, talvez os meios tecnológicos nos permitam monitorizar continuamente a progressão da aprendizagem. Mas é muito claro que neste momento Portugal, tal como a maioria dos outros países, não está preparado para exames online.
Não está?
Não, não me parece. Não vejo grande alternativa aos exames tradicionais porque o sistema ainda não está pronto para isso.
Voltando atrás, qual é a melhor solução para os alunos que estão em desvantagem? Não reprovarem?
Este é um dilema muito difícil. Por um lado, se simplesmente baixamos o grau de exigência e passamos toda a gente, estamos a desvalorizar o exame para todos, este deixa de significar o que quer que seja. Por isso a avaliação, os exames, têm que se manter rigorosos. A questão não passa por baixar standards. A questão é como apoiar os alunos de forma a minimizar as desvantagens que têm, dar-lhes tempo extra e oportunidades extra nas férias de verão. Dar-lhes apoio extra dos professores. A verdadeira resposta não é acabar com os exames mas dobrar o apoio para os alunos que mais precisam.
Está a referir-se ao apoio à distância ou cara-a-cara?
Estou a falar de apoio cara-a-cara. É muito importante que o professor se ligue a cada um dos seus alunos que lutam individualmente, muitas vezes tudo o que é preciso do professor é que ele consiga orientar, centrar aquele aluno. O sinal de que “eu-me-importo-contigo” é muito mais importante do que gastar horas e horas num ensino cara-a-cara com os estudantes. Este é um grande desafio para os professores.
Não estou a entender. Defende ou não que este apoio seja presencial?
É no sentido de ser pessoa a pessoa, independentemente de ser cara-a-cara presencial ou por zoom. Não se trata de ser transmitido ou não, trata-se de atender às necessidades individuais de cada estudante. Como professor, o que é importante é a relação de um para um.
Pelo que nos tem sido dado a conhecer, nem os sistemas estavam preparados para este sistema de e-learning, nem os professores, nem os alunos, nem as famílias. Isto vai implicar a redução de qualidade da aprendizagem?
Penso que pode olhar para o copo meio vazio ou meio cheio. É claro que os nossos sistemas educativos não estavam preparados. Mas também penso que esta crise também permite e promove muitas ideias inovadoras. Por isso temos de admitir que estávamos mal preparados mas também penso que depois da crise estaremos mais avançados do que antes de ela surgir.
“Sistemas educativos têm de recrutar os professores mais talentosos para setembro”
O próximo ano será um pouco estranho, como disse há pouco. Nas turmas haverá um grande desnível, com alunos bem preparados e outros nem por isso, pelo contrário. Como é que isto se vai resolver?
Os sistemas educativos têm de pensar melhor como atrair e recrutar os professores mais talentosos para as turmas mais desafiadoras e garantir que os alunos que têm mais dificuldades terão também mais apoios. Não podemos ter “um tamanho único que serve para todos”, a oportunidade educativa tem de se tornar muito mais personalizada e individualizada.
Os professores devem então mudar a sua forma de ensinar em setembro, quando o novo ano letivo começar?
Sim, e os alunos vão ter de mudar a forma como aprendem. Os professores precisam de mudar o modo como ensinam e as escolas precisam de ser muito mais inovadoras em desenhar modelos e ambientes de aprendizagem que envolvem mais colaboração. Não é apenas repensar como é que a educação vai mudar, mas sim como os estudantes aprendem e como os professores ensinam e as escolas se organizam.
Já escreveu que aplicamos tecnologia do século XXI com práticas pedagógicas do século XX em modelos de escolas do século XIX. Isso vai mudar?
Sim. Mas agora é tempo de fechar esse fosso. É tempo de complementar as tecnologias do século XXI com a pedagogia e os estilos de ensino do século XXI.
Publicou no fim de março o documento “A framework to guide an education response to the COVID-19 Pandemic of 2020”, em que identifica os aspetos e as áreas a considerar nos planos para garantir a continuidade da educação baseando-se num levantamento de necessidades junto de 98 países. Não encontro indicadores de Portugal.
Não obtivemos respostas de Portugal.