A comunidade de portugueses na Arábia Saudita vive o momento de maior reconhecimento por responsabilidade do embaixador Cristiano Ronaldo. Ainda assim, no país do Médio Oriente existem outras delegações nacionais. No Al Khaleej está Pedro Amaral. O lateral esquerdo, internacional jovem por Portugal formado no Benfica, deixou o Rio Ave no mercado de inverno após quatro temporadas no clube que com que jogou a pré-qualificação da Liga Europa, desceu e subiu de divisão. Com uma rotina que tem mais pontos de interesse à noite do que durante o dia e em pleno Ramadão, Pedro Amaral vive um período de adaptação a um campeonato que, admite, tem condições para se tornar num dos melhores do mundo.
Já te habituaste a viver num país que pára cinco vezes por dia para rezas?
Ao contrário do que se diz muito na Europa, e eu próprio tinha essa ideia sobre o contexto aqui no Médio Oriente, não é bem parar. Têm as horas das rezas, mas quando chega à hora do treino, por exemplo, nunca temos que parar para rezar. Encontramos sempre um meio-termo em relação a horários para eles poderem ter as suas rotinas sem que isso interfira no trabalho. É perfeitamente adaptável. Estou muito contente de estar aqui e habituado a esta rotina. As coisas aqui acabaram por me surpreender bastante. Nós respeitamos muito a cultura dos próprios árabes.
É a tua primeira vez fora da Europa. Tens que te habituar a lidar com aspetos culturais bastante diferentes. Agora estão no Ramadão…
O Ramadão é uma nova experiência dentro da nova experiência que já tenho. A minha rotina mudou do dia para a noite, literalmente. Com o Ramadão, as horas são diferentes, porque os árabes têm que estar o dia todo sem comer e beber, então os nossos treinos são ainda um pouco mais tarde. Somos profissionais, temos que nos adaptar a isso. Faz parte da cultura, temos que respeitar.
As imagens que nos chegam da Arábia Saudita mostram que o futebol é vivido de forma diferente. Há mais algum aspeto cultural que te tenha surpreendido?
Um aspeto que não conhecia é que eles aqui comem com as mãos. Tivemos alguns almoços e jantares de equipa e os sauditas comem o arroz e o frango com as mãos, sempre com a mão direita – nunca tocam na comida com a mão esquerda – e no chão. Não fazia ideia. Foi a minha primeira experiência a comer no chão e com poucos talheres, mas é engraçado, são coisas que vivemos e que nunca mais nos vamos esquecer.
A Arábia Saudita é um sítio onde te imaginavas a estar? Qual foi o primeiro impacto quando entraste no balneário do Al Khaleej?
Fui muito bem recebido. Tinha aqui o Fábio Martins e os jogadores brasileiros. A equipa técnica é portuguesa. Acolheram-me bastante bem. O grupo é super tranquilo. Os árabes também respeitam muito a nossa cultura. Há um bom ambiente ao contrário do que se pode, às vezes, esperar nestes contextos.
É fácil interagir com os jogadores locais?
Super fácil. Os árabes não são nenhum bicho de sete cabeças. São abertos a brincadeiras, a diálogos, perguntam muitas coisas sobre a Europa, porque também querem conhecer e querem evoluir.
O que é que perguntam?
Fazem perguntas em relação ao campeonato. Sabem que vim da Liga portuguesa e que se fala bastante dos jogadores portugueses. Perguntam-me quais são as principais diferenças entre o campeonato, forma de jogar, como é que são as equipas, a maneira de trabalhar. Ficam chocados quando lhes digo que a minha vida passou do dia para a noite, porque para eles é impensável treinar de manhã. São diálogos construtivos.
Couldn’t ask for a better debut victory and clean sheet! Let’s gooo ???????? pic.twitter.com/YUsxyB372V
— Pedro Amaral (@pedromgamaral) January 20, 2023
Dizes que o campeonato português é melhor ou pior?
Quando me perguntam, digo que é diferente. Em Portugal é mais pensado, é mais tático. As equipas estudam muito o adversário. Se formos reparar, na Arábia Saudita há um número limite de estrangeiros e normalmente as equipas contratam jogadores estrangeiros do meio-campo para a frente, o que faz com que existam inúmeras oportunidades de golo, faz com que o jogo também se parta e exige que se esteja a um bom nível fisicamente. O jogo aqui define-se no detalhe. Em Portugal, entre uma equipa grande e uma equipa média ou que luta para não descer há uma diferença grande em termos de caudal ofensivo e aqui isso não acontece. Um jogo entre uma equipa grande e uma equipa que esteja mais abaixo é um jogo equilibrado. Em termos pessoais, é um privilégio para mim, porque vejo as outras equipas e só há estrangeiros do meio-campo para a frente. É um desafio. Exige que esteja no meu melhor.
Pelas conversas que tens, os jogadores sauditas têm ambições de jogar na Europa?
Eles querem permanecer no campeonato local, mas têm a ambição de chegar a equipas melhores. No Al Khaleej, temos jogadores jovens e nota-se essa ambição de chegarem a patamares mais altos dentro da própria liga. Sentem-se bem aqui, na sua cultura. A exigência é para com eles próprios.
What a important win guys! ????????
Clean sheet ????????♂️✅ @Khaleejclub pic.twitter.com/ikUOeEq9nX— Pedro Amaral (@pedromgamaral) February 18, 2023
O que te motivou a assinares com o Al Khaleej?
O projeto em si. A liga aqui está em crescimento. Toda a gente vê. Estão a fazer crescer a liga ao mais alto nível. Têm condições para isso. O poder financeiro é totalmente diferente da Europa. Isso também é um fator que se tem que ter em conta, temos que ser sinceros. O mister Pedro Emanuel fez muita força para eu vir. Pensei que seria um grande passo sair de Portugal para uma liga que está em crescimento. No próximo ano, o número de estrangeiros por equipa vai aumentar e só por isso nota-se o crescimento que a liga vai ter.
Nessa conversa que tiveste com o mister Pedro Emanuel, o que é que ele te disse, tendo em conta que, como disseste, os jogadores estrangeiros são acima de tudo contratados para jogar em terrenos mais adiantados, o que faz de ti uma exceção à regra?
Ele conhecia-me bem. Nem eu sabia [risos]. Conhecia bem as minhas características e ele queria um jogador com as minhas características. Encaixei-me no sistema tático. Falámos sobre isso. Senti-me motivado para encaixar neste desafio. Os principais fatores foram esses: conhecer-me, fazer-me sentir importante e precisar de mim. Senti muita confiança da parte do mister. Foi importante na minha adaptação à liga. Deu-me muitas dicas em relação ao aspeto tático e ao estudo dos adversários.
Os dirigentes na Arábia Saudita têm uma forma muito particular de atuar, como vimos recentemente com Pepa [soube do despedimento através das redes sociais]. Como é que funciona essa relação?
As pessoas aqui são muito presentes, não te deixam faltar nada, estão sempre preocupadas contigo e com a família. A minha mulher vive comigo e também estão sempre preocupados e perguntam-lhe se lhe falta alguma coisa, se se sente bem. Os dirigentes são muito presentes. Todos os dias vão aos treinos, falam connosco. Não tenho nada a apontar. As pessoas são muito preocupadas com o outro e nota-se muito isso.
O Cristiano Ronaldo, quando veio a Portugal jogar ao serviço da Seleção, disse que estaria a mentir se dissesse que o campeonato da Arábia Saudita era como a Premier League, mas que ia ser uma das melhores ligas do mundo nos próximos tempos. Há esse potencial?
Quando vi essa notícia, identifiquei-me muito. Era uma coisa que já tinha comentado aqui em casa. Acho que os árabes têm muita ambição. Sabem muito bem onde querem chegar com os investimentos e com a projeção que estão a dar à liga. Num futuro próximo, podem conseguir. Não só pelos jogadores que estão a conseguir trazer, mas também pela ambição e visão que eles têm. Estão-nos sempre a perguntar o que é que podem melhorar. Isso é uma virtude, porque se eles querem crescer, é muito mais fácil perguntarem-nos a nós estrangeiros que vimos da Europa o que podem melhorar em termos das condições de treino, de estágio e de viagens para chegarem a esse nível.
Aposto que tens uma cruz no calendário para quando jogadores contra o Al Nassr…
Esse dia está bem guardado aqui no calendário [risos]. Claro que é um jogo especial, mas o nosso clube tem os próprios objetivos. É uma envolvência diferente até ao momento de entrar em campo, mas depois há que ter o foco máximo nos nossos objetivos e pôr de parte quem está do outro lado.
Vês o Cristiano como uma referência? Vai ser um momento do qual vais desfrutar?
O Cristiano não é uma referência só para mim, é uma referência mundial. Enquanto português, sinto-me orgulhoso por partilhar o campo com o melhor jogador do mundo. Claro que vou desfrutar desse momento. Se não estiver concentrado, o Cristiano é capaz de fazer um golo sem eu dar conta. Há que ter o foco máximo no jogo. A vinda do Cristiano Ronaldo vai abrir muitas portas ao jogador português, mas também dá visibilidade à própria liga.
Uma experiência que muitos portugueses têm quando viajam para o estrangeiro é que as pessoas dos outros países acham que Portugal é um país tão pequeno que toda a gente conhece toda a gente e perguntam se privamos com o Cristiano Ronaldo. Sendo tu futebolista, português e jogando na Arábia Saudita já te devem ter feito essa pergunta…
Sim, é a pergunta fácil. Quando veem que o sotaque do inglês não é o sotaque árabe e é mais aprimorado questionam de onde é que somos. Quando dizemos que somos de Portugal, falam imediatamente no Cristiano. Dizem sempre que ele está cá, no país deles, sentem-se orgulhosos com isso.
Não é a tua primeira experiência num país estrangeiro. Estás mais maduro agora do que quando foste para a Grécia?
A Grécia veio numa altura em que acabei o meu processo de formação. Na altura, surgiu essa oportunidade de poder jogar pela primeira vez fora de Portugal. Nesse contexto, senti que foi um passo importante para mim. Cresci muito com a mudança.
Como era o Panetolikos em termos de profissionalismo?
Tinham boas infraestruturas de treino. O próprio estádio também tinha boas condições. Não nos faltava nada. Era uma cidade mais interior. O Panetolikos era o único clube naquela cidade, ou seja, os adeptos também viviam muito o clube e abordavam-nos imenso. O clube deu-nos todas as condições para que as coisas corressem bem.
Quando te mudaste para o Rio Ave desvinculaste-te do clube que te formou. Vila do Conde foi o lugar certo para te começares a desenvolver?
Creio que sim. Foi uma boa decisão da minha parte. O início não foi fácil, apesar de termos conseguido logo, na primeira época assim que cheguei, o apuramento para a Liga Europa com o mister Carlos Carvalhal. Era muito novo. Estava num processo de adaptação à Primeira Liga. As coisas aconteceram sempre em crescendo, tirando o ano da descida. As coisas não são sempre favoráveis. Conseguimos dar a volta por cima. Fazendo uma retrospetiva, foi um momento muito importante na minha vida que me abriu portas na Primeira Liga.
Nesse primeiro ano de Rio Ave, tiveste como concorrentes para a tua posição o Nuno Santos e o Matheus Reis, que hoje são dos jogadores mais cotados para jogarem na esquerda. Eles puxavam muito por ti?
Acima de tudo, o ambiente era bom. A exigência que havia no treino fazia com que toda a gente desse o máximo. O patamar em que o Matheus e o Nuno estão é fruto da qualidade e do profissionalismo. Já naquela altura se notava que eram jogadores de patamares superiores. Foi muito bom ter partilhado momentos com eles. Fez-me crescer.
O Nuno Santos tem uma personalidade de quem te ‘puxaria as orelhas’ se tu não fizesses o que era suposto nos treinos…
[Risos] O Nuno é uma peça especial. Tem o seu feitio, tem a sua personalidade, é muito bom amigo. Mantemos contacto e falamos algumas vezes. É boa pessoa.
Mehdi Taremi entrou nessa equipa e começou a marcar golos como se não se passasse nada. Foi uma surpresa para vocês?
Foi uma grande surpresa quando chegou. Pessoalmente, não sabia quem era. Assim que chegou o primeiro jogo, ele próprio fez a sua apresentação. Vimos que tínhamos ali uma peça-chave na equipa que nos podia ajudar bastante. Conseguimos tirar frutos disso.
Impos-se naturalmente na equipa pela capacidade que tem de ser influente…
É um jogador de patamares superiores. Talvez tenha chegado um pouco tarde à Europa. Se tivesse vindo mais cedo, talvez estivesse noutro patamar. Está onde merece estar. É fruto da qualidade dele, da sua personalidade, é muito exigente com ele próprio.
A equipa tinha também outros jogadores como o Al Musrati. O grupo, em termos de convivência, era tão bom quanto os nomes que o compunham?
Isso notava-se. Tínhamos um bom espírito. Trabalhávamos sempre bem e estávamos alinhados para o mesmo objetivo. As coisas correram bem. O mister Carvalhal teve um papel importante nisso, porque soube aproveitar muito bem a qualidade que tinha em mãos. O mérito também se deve a ele.
Acredito que esse acesso à Liga Europa tenha sido um momento especial.
É sempre bom conseguirmos esse tipo de objetivos enquanto grupo. Sinto-me feliz por ter ajudado o clube e o grupo a conseguir esse objetivo.
Na temporada seguinte, o clube acaba por ser vítima desse sucesso. Num ano qualificam-se para a Liga Europa, no outro descem de divisão de forma inesperada.
As coisas até começaram por correr bem. Fomos passando as pré-eliminatórias da Liga Europa com mérito, tanto na Bósnia com o Borac, como depois com o Besiktas e acabámos por não conseguir o apuramento para a fase de grupos diante do AC Milan naquele mítico desempate por penáltis. A partir daí, é futebol. Não vale a pena enumerar aquilo que correu mal. Foi um ano de aprendizagem para todos.
É fácil lidar com as críticas quando as coisas correm mal?
Enquanto profissionais, temos que estar preparados para lidar com isso. Fez confusão a toda a gente o Rio Ave ter uma descida à Segunda Liga, porque era um clube que sempre esteve a lutar por lugares de Liga Europa. Era um clube super estável na Primeira Liga. As coisas acontecem. O futebol é assim. Acabámos por, na época a seguir, conseguirmos dar a volta por cima.
O jogo com o AC Milan foi decidido com a marcação de 24 grandes penalidades. Apesar do desfecho negativo, foi um jogo especial?
Jogar contra grandes equipas é sempre especial. Estamos expostos ao máximo. É muito bom partilhar o campo com jogadores de altíssimo nível.
Ficaste sem unhas na maratona de grandes penalidades que causou nervos aos adeptos portugueses a torcer pelo Rio Ave?
Senti no final do jogo que não havia clubismos. Muita gente estava a torcer para que o Rio ave passasse a eliminatória. Depois do jogo, deram-nos os parabéns pela forma como tentámos até ao fim. Foi bom sentir isso.
O que é que te manteve ligado ao projeto quando o clube caiu na Segunda Liga?
Tive possibilidades de sair nesse ano. As coisas acabaram por não surgir. O mister Luís Freire falou comigo. Sabia que era uma peça essencial no modelo dele. O sistema tático ia mudar. Ele fez-me ver que, se não saísse, iria ter a confiança dele para fazer uma grande época. Foi uma pessoa muito especial na minha carreira que me deu a mão num momento difícil. Sou grato por isso. Ajudou-me muito em termos pessoais e profissionais.
Foi o treinador que mais te marcou?
Foi um dos treinadores que mais me marcou na minha vida. Devido ao que tinha acontecido, foi o treinador que mais me marcou pela forma como conseguiu tirar o melhor de mim em duas posições diferentes no mesmo sistema.
O Rio Ave desce e sobe logo na época seguinte. Existiu um sentimento de que tinham de remediar o erro da época anterior?
É óbvio. Sentíamos uma responsabilidade extra em termos profissionais de ter que corresponder às expectativas que passavam por fazer subir o Rio Ave de novo à Primeira Liga, lugar de onde não devia ter saído. Essa exigência servia para darmos o máximo todos os dias. Assim foi. As coisas correram bem. O espírito do grupo era super saudável. Toda a gente estava ciente da missão que tinha no grupo. Descer num ano e subir no ano seguinte é uma tarefa muito difícil. Cumprimos na perfeição.
Na campanha da subida à Primeira Liga, há algum momento que guardes com especial carinho?
O último jogo, o da decisão foi muito especial [Rio Ave-Desp.Chaves, 3-0]. Foi muito bom ter sido às 11h da manhã, porque queríamos muito que esse jogo chegasse. O facto de acordarmos e podermos ir logo para o jogo foi muito bom. O ambiente que se viveu em Vila do Conde nesse dia foi muito especial, nunca me vou esquecer. Foi um momento importante. Foi um momento importante nas nossas vidas. Apesar de ser Segunda Liga, é um título. Durante a época, foi tudo especial. Era uma realidade diferente.
O Rio Ave subiu e parece estar estável. Há condições para o clube continuar assim?
Não tenho dúvidas. Acho que o trabalho que se está a fazer tem sido notório. O clube dá condições. Há um bom espírito de grupo. Sempre que consigo, vejo os jogos e falo com os meus colegas. Gosto de os acompanhar. Toda aquela gente vai ter sucesso.
Contra o FC Porto, na vitória do Rio Ave por 3-1, marcaste o primeiro golo na Primeira Liga…
Esse golo vai ficar para a história. Também fiz a assistência para o Aziz. Foi uma grande noite. Marquei de forma natural. Foi um momento feliz.
Apelando à tua nostalgia, recuperemos os tempos na tua formação no Benfica. Gostavas de te ter estreado pela equipa principal?
Claro que sim. Estava sempre muito presente nos treinos com a equipa principal, com o mister Rui Vitória. Fui convocado para um jogo da Taça de Portugal. Foi o único treinador do Benfica que me deu essa oportunidade. Gostava de me ter estreado, mas as coisas são como têm que ser. Não guardo rancor por isso. Estou feliz onde estou hoje e isso também se deve ao Benfica que me deu toda a formação. Estou muito grato por isso.
Esperas que o Benfica seja campeão esta temporada?
Não posso dizer isso. O futebol tem mostrado que, de um momento para o outro, as coisas mudam. Tenho amigos lá e falo recorrentemente com os meus amigos de lá. Sei que as coisas estão a correr bem.
As sensações que eles te passam são boas?
Estão confiantes. A verdade é que estão num bom caminho e os números não mentem.
Na última época na equipa B, foste treinado pelo mister Bruno Lage. É um treinador próximo dos jogadores?
É um treinador muito próximo, muito focado no treino. É um treinador que acredita muito que aquilo que se treina é posto em prática no jogo. É mesmo muito exigente. Na altura, foi muito bom ter partilhado seis meses de competição com ele. Bruno Lage foi exigência numa idade em que ainda estávamos a dar os primeiros passos no futebol profissional e conseguiu tirar o melhor de nós naquela altura. Isso mostra o treinador que é. Mostrou-se também depois na equipa principal.
Ao longo da tua formação no Benfica, cruzaste-te com nomes que figuram nas maiores equipas do mundo. O Gonçalo Ramos e o Florentino estão a ser especialmente preponderantes na campanha do Benfica esta temporada. O papel deles na equipa contribui muito para a posição que ocupa no campeonato?
A formação do Benfica está bem entregue e dá todas as condições. Sou o reflexo disso. Posso dizer que o Florentino é um grande amigo meu. Temos bastante contacto. Estou muito feliz por ele estar a conseguir ter estabilidade. Bem merece. O futuro do Benfica está bem entregue. Há jovens talentos a surgir de enormíssima qualidade.
O Florentino é um jogador muito influente, mas que passa despercebido. Também é assim enquanto pessoa?
É uma pessoa especial na minha vida. Falamos constantemente. Partilhamos muitas ideias sobre o treino e sobre a vida. Aconselhamo-nos muito um ao outro. O Florentino é muito chegado aos amigos próximos e à família. Dentro de campo, revela-se pela sua qualidade, nota-se isso. É um miúdo bastante humilde. Privámos muito na equipa B quando ainda estávamos em fase de crescimento. Desde aí, criámos uma ligação forte. Enquanto amigo, estou orgulhoso.
E o João Félix? Achas que tem dado os passes certos na carreira para atingir o nível mais alto do futebol mundial?
Está à vista de todos. Também partilhei momentos com ele na equipa B. Já se notava que era diferenciado. No momento em que sobe à equipa principal, conseguiu tirar o melhor proveito de si. As coisas acabaram por acontecer naturalmente. Se tomou essas decisões é porque acredita nelas. Está num grande patamar e tem todas as condições para manter esse nível.
Onde te imaginas a médio prazo?
Não faço muitos planos. Não controlamos muitas coisas que acontecem. Estou feliz por ter ingressado na Liga Saudita neste momento em que o campeonato está em constante crescimento. Quero ajudar o clube a atingir os objetivos propostos. Em termos individuais, é continuar a crescer. Ambiciono muito mais. Espero ficar aqui muito tempo.