Promover o crescimento sustentável e a inovação empresarial. Esta é a proposta do Programa Portugal 2030. Ao todo, estão previstos cerca de 4,5 mil milhões de euros destinados a apoiar a competitividade de empresas privadas e público-privadas, num período compreendido entre setembro de 2024 e agosto de 2025.

Este programa é implementado através de 12 programas, que se dividem em:

– Quatro de âmbito temático: Pessoas 2030, dedicado à Demografia, qualificações e inclusão; COMPETE 2030, dedicado à Inovação e transição digital; Sustentável 2030, dedicado à Ação climática e sustentabilidade; e Mar 2030;

– Cinco Regionais: correspondentes às NUTS II do Continente – Norte 2030, Centro 2030, Lisboa 2030, Alentejo 2030 e Algarve 2030;

– Dois das Regiões Autónomas: Açores 2030 e Madeira 2030;

– PAT 2030: Programa de Assistência Técnica;

– A estes acrescem os Programas de Cooperação Territorial Europeia em que Portugal participa.

Mas que impacto tem, em concreto, o Portugal 2030 para as empresas portuguesas? Quais os incentivos realmente importantes e de que maneira se podem preparar para eles? Foi precisamente para simplificar todas estas questões que teve lugar, no dia 24 de outubro, a talk: “PT2030: Incentivos mais relevantes para as empresas”, uma iniciativa entre o Observador e a Yunit Consulting, e que contou com a presença de Eduardo Silva, Diretor de Operações na Yunit Consulting; Gorete Lopes, CCO & Board Member Techframe e CEO Digital Valley Portugal; e Susana Maia, Chief Marketing Officer na Newhotel Software.

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O primeiro passo foi perceber, de forma resumida e numa linguagem simplificada, que linhas existem neste momento no PT2030 dedicadas a empresas. Foi Eduardo Silva quem nos explicou: “Acaba por ser um sistema complexo, com vários concursos, onde cada um deles tem critérios de elegibilidade específicos, seja do projeto, seja do promotor. Por isso, só com uma análise pormenorizada é que conseguimos perceber exatamente onde é que conseguimos encaixar as empresas, com base nos seus projetos de investimento”, começa por dizer.

“A boa notícia é que o Portugal 2030 é muito semelhante aos seus antecessores e traz-nos aqui linhas de financiamento para as empresas quase em todas as dimensões em que elas precisam de investir”. O Diretor de Operações na Yunit Consulting partilha que existe um programa temático quase exclusivamente direcionado às empresas e que é composto por cinco incentivos: “um, que fomenta muito aquilo que é a competitividade empresarial e aqui temos três tipologias: o investimento produtivo, a internacionalização e a qualificação. Depois temos um segundo sistema de incentivos que é diretamente ligado à investigação e desenvolvimento. O terceiro sistema de incentivos, mais a nível local, chama-se base territorial, é gerido pelas CIM – Comunidades Intermunicipais e estamos a falar de projetos com investimento de inovação produtiva, mas de pequena dimensão. Temos um quarto sistema de incentivos e isto é uma novidade também, que é a transição climática e energética, um investimento de substituição pura em equipamentos mais sustentáveis, mais amigos do ambiente. E, por último, temos recursos humanos”.

Na perspetiva das empresas, tanto Gorete Lopes como Susana Maia, partilharam a experiência de submeter uma candidatura e aproveitaram a oportunidade para falar um pouco mais de alguns projetos. “Nós, no Portugal 2020, fizemos um projeto com a Yunit que estava relacionado com o Graphical Search Engine, chamava-se GSE. Com o PT2030 já temos dois projetos aprovados que estão em execução, um deles está a ser desenvolvido em copromoção em território de baixa densidade”, palavras de Gorete, seguidas da colega de painel: “Acabámos de entregar o projeto para expandir a nossa exportação e conseguir chegar a novos mercados a países onde, efetivamente, ou já temos alguma penetração, ou queremos crescer e aumentar a nossa exportação”, afirmou Susana Maia.

Ao falarmos em projetos, torna-se inevitável não trazer para cima da mesa o tema das candidaturas. Sendo o PT2030 um programa, à partida, tão complexo, é importante compreender quais são os fatores críticos de sucesso, na lógica da candidatura. Afinal, o que é que o projeto tem, ou deve ter, de forma atingir o objetivo pretendido?

“Eu focava aqui três pontos que, para nós, são essenciais: desde logo uma estratégia adequada e coerente entre o que é o projeto e o que é a empresa, aquele que é o seu caminho. Depois, preparar o projeto com antecedência. E depois é preciso conhecer as especificidades dos sistemas de incentivos. Para termos um exemplo, foi feito um estudo no Portugal 2020, a cerca de 20 mil candidaturas. Metade delas não foi sequer considerada elegível”, esclarece Eduardo Silva, sendo complementado pelas palavras de Susana: “Eu acho que aqui é importante a empresa ter muita consciência do próprio processo. Ou seja, poder ser ambiciosa, mas ter a consciência de que é exequível. Ter por trás uma estratégia, o seu modelo de negócio muito bem definido. E depois, ter equipas internas que possam acompanhar o processo e que estejam habilitadas e capacitadas para gerir estes processos, porque, uma vez implementado, é preciso gerir, acompanhar, verificar se está dentro da timeline que foi definida e perceber se a estratégia está a ser cumprida. É muito importante ter este equilíbrio entre aquilo que é efetivamente a estratégia e aquilo que é a ambição que a empresa quer”.

Ao longo de toda a conversa, ficou claro que o conhecimento especializado no que à candidatura diz respeito torna-se crucial para evitar alguns erros que poderão tornar-se críticos na hora da seleção. A questão da estratégia foi apontada como crítica e um passo fundamental que não deve ser descurado em qualquer momento. “Acho que é importantíssimo o planeamento da estratégia, porque, sem esses objetivos, não faz sentido fazer este percurso. A empresa deve efetivamente capacitar-se com empresas que tenham a devida competência no mercado para as orientar e acompanhar, e para corrigir eventuais erros na candidatura”, sublinhou Susana, acrescentando: “Eu aconselharia que as empresas consultassem empresas como a Yunit, e que fizessem esse acompanhamento com profissionais que estão habilitados para os orientar nesta jornada de candidatura, mas, sobretudo, terem objetivos muito claros, bem definidos, com planeamento e com equipas preparadas”.

Com o tempo a terminar, chegou também a altura de deixar definidos alguns conselhos práticos e que, na perspetiva dos oradores, pudessem de alguma forma ajudar empresas num processo de candidatura. A par com a estratégia, veio o propósito. Para Gorete Lopes, torna-se fundamental que se avance para uma candidatura, apenas “se fizer sentido com aquilo que é o caminho do nosso negócio”, mas não só. A ajuda de uma consultora externa pode ser o que faltava para um resultado de sucesso.

Já para Eduardo Silva, a par com todas as sugestões partilhadas pelas colegas, é importante avançar. “Os sistemas de incentivos existem e são para ser usados. Se olharmos para o mercado, hoje em dia, com a competitividade que existe, eles podem fazer a diferença. (…) Quando alguém nos diz: eu tenho aqui um projeto, eu vou fazer isto, com ou sem apoio…são esses os projetos que devem ser apoiados. Devemos olhar para estes incentivos como catalisadores”, remata.

No fundo, alinhar, planear e garantir são as palavras de ordem para um Programa que se propõe a instigar o tecido empresarial português. Em caso de dúvida, a procura por uma ajuda especializada pode fazer a diferença num processo que se quer, cada vez mais, acessível.