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Quem foi Hryhorii Skovoroda, o poeta e filósofo ucraniano cujo museu foi destruído pelos russos?

Hryhorii Skovoroda, o "Sócrates ucraniano", é considerado um dos fundadores da língua ucraniana escrita e um símbolo de liberdade. O seu museu foi destruído pelas forças russas a 6 de maio.

A 6 de maio, a localidade ucraniana de Skovorodynivka foi atacada por mísseis russos. A pequena aldeia não fica longe de Kharkiv, a segunda maior cidade do país e um dos alvos preferenciais das tropas russas, mas não tem qualquer relevância política ou estratégica. Não existe nas redondezas qualquer base militar, fábrica de armamento ou linha de abastecimento. A sua única relevância reside no facto de ter sido o local de residência de um dos mais importantes filósofos ucranianos e principal figura do barroco na Ucrânia, Hryhorii Skovoroda, cujo 300.º aniversário se celebra em dezembro, e de albergar um museu que lhe é dedicado.

Skovoroda, um poeta e filósofo de origem cossaca, viveu num período em que a Ucrânia pertencia ao Império Russo, mas escolheu escrever alguns dos seus textos no dialeto ucraniano de Sloboda, sendo, por isso, considerado um dos fundados da língua ucraniana escrita. Na sua obra, onde se cruzam questões religiosas e temas socráticos, o que lhe valeu a alcunha de “Sócrates ucraniano”, Skovoroda reflectiu sobre como encontrar a felicidade num mundo onde os bens materiais são mais valorizados do que a questões do espírito, influenciando profundamente a cultura e espiritualidades ucranianas, mas também russas. Um símbolo da identidade ucraniana e da luta pela liberdade, a cara do pensador adorna a nota de 500 grívnias e existem duas universidades que têm o seu nome: uma em Kharkiv, fundada em 1804, e outra em Pereiaslav, a sul de Kiev, criada em 1986. O pequeno museu em Skovorodynivka foi construído em 1972 para celebrar o seu legado, só tardiamente valorizado.

O ataque a Skovorodynivka aconteceu durante a noite. Os mísseis atingiram telhado do museu, que colapsou. O edifício ficou praticamente destruído, informou dois dias depois o governador de Kharkiv, Oleh Sinegubov, nas redes sociais, adiantando que os bens mais valiosos tinham sido retirados previamente do museu e transportados para um lugar seguro. Uma estátua de gesso de Skovoroda sobreviveu ao ataque, que provocou um ferido, o zelador, de 35 anos. Lembrando que este ano se assinalam os 300 anos do nascimento do filósofo e poeta ucraniano, Sinegubov disse, segundo a Reuters, que “os ocupantes podem destruir o museu onde Skovoroda trabalhou durante os últimos anos da sua vida e onde foi sepultado, mas não podem destruir a nossa memória e os nossos valores”.

Preservation of Kyiv monuments

A estátua de Hryhorii Skovoroda na praça de Kontraktova, em Kiev, teve de ser protegida com uma estrutura especial para evitar que fosse danificada pelos bombardeamentos

Future Publishing via Getty Imag

O Presidente da Ucrânia condenou o ataque contra a casa do homem “que ensinou às pessoas o que é a atitude cristã perante a vida e como um indivíduo pode conhecer-se a si próprio” num vídeo divulgado nesse fim de semana, sugerindo que o bombardeamento do museu foi deliberado. “Parece que isto é um perigo terrível para a Rússia moderna: museus, a atitude cristã perante a vida e o autoconhecimento”, declarou Volodymyr Zelensky, de acordo com a CNN. Fazendo eco do incidente, o Presidente citou Skovoroda na mensagem divulgada a propósito do Dia da Vitória, que comemora o fim da Segunda Guerra Mundial e a vitória sobre o nazismo: “Não existe nada mais perigoso do que um inimigo insidioso, mas não existe nada mais tóxico do que um falso amigo”.

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Na mesma mensagem, Zelensky adiantou que desde o início da invasão russa, a 24 de fevereiro, foram destruídos quase 200 lugares do património cultural ucraniano. Uma nova atualização, feita pelo Ministério da Cultura da  Ucrânia a 14 de maio, elevou o número para 300. A região mais afetada é a da Kharkiv, onde fica o museu de Skovoroda, com 90 locais gravemente danificados ou destruídos. Em Donetsk e em Kiev, foram afetados pelos bombardeamentos russos 70 e 62 lugares, respetivamente.

Tem sido sugerido que a destruição destes locais faz parte da estratégia militar russa, mas não existem provas concretas de que a Rússia esteja deliberadamente a atacar o património cultural ucraniano. Contudo, como lembrou a CNN, têm sido registados vários atos de vandalismo contra símbolos culturais em áreas ocupadas pelas forças russas. Na cidade de Borodianka, perto de Kiev, a estátua do poeta Tarás Shevchenko, fundador do modernismo na Ucrânia, foi alvejada e muito danificada. Shevchenko foi exilado por Nicolau I por lutar contra o poder instituído e defender a ideia de uma Ucrânia autónoma e independente.

O professor que deixou o ensino para percorrer o território ucraniano a pé

Hryhorii Skovoroda passou os últimos anos de vida em Skovorodynivka, mas foi numa pequena aldeia da região de Poltava, Chornukhy, que o poeta e filósofo nasceu, a 3 de dezembro de 1722. A sua vida não foi usual. Nascido no seio de uma família de camponeses cossacos, Skovoroda estudou de forma descontinuada na Academia Kievo-Mogilianskaia, em Kiev, entre 1734 e 1753. A instituição de ensino acolhia tanto ricos como pobres e tinha as portas sempre abertas a todos os que quisessem dedicar a sua vida ao conhecimento. Na Academia Kievo-Mogilianskaia, eram ensinadas todas as disciplinas em que o jovem Hryhorii Skovoroda tinha mostrado um interesse precoce — poesia, música, canto e pintura — e ainda hebraico, grego, latim e filosofia. O talento para a música levou-o, em 1741, a São Petersburgo, onde integrou o coro a capella da imperatriz Isabel I durante três anos. A corte não terá impressionado Skovoroda que, de acordo com Valery Shevchuck, abandonou o coro assim que teve oportunidade. Entre 1744 e 1750, integrou a missão imperial russa em Tokai, na atual Hungria, como diretor musical. Durante esse período, visitou, com propósitos educacionais, várias cidades europeias, como Budapeste, Viena e Praga.

Concluídos os estudos, Skovoroda optou por não seguir a vida religiosa e tornou-se professor, primeiro no Collegium de Pereyaslav, onde ensinou Poesia entre 1750 e 1751, quando teve de deixar a instituição após queixas apresentadas por um aluno sobre o programa curricular. Apesar das influências clássicas, o poeta e filósofo entendia a literatura de forma não convencional, o que chocava com o sistema educativo estabelecido. De acordo com Natalia Pylypiuk, autora de um ensaio sobre a poesia e teologia de Skovoroda, o pensador considerava que o verdadeiro poeta devia revelar as mais profundas verdades filosóficas, condenando, por isso, a apresentação de imagens idealizadas dos indivíduos.

É do período de Pereyaslav que data o início da composição dos poemas de Jardim de Canções Divinas, um conjunto estruturalmente díspar, onde nenhuma estrutura estrófica se repete. Na opinião de Valery Shevchuck, a obra terá sido pensada como um “guia prático da arte da poesia”, a partir das ideias de Skovoroda sobre o género. Nesta primeira fase, o pensador compôs também um conjunto de 30 fábulas (as Fábulas de Kharkiv) e trabalhou em traduções de Cícero, Plutarco e Horácio. Segundo a enciclopédia online da Ucrânia, alguns dos seus poemas são bem conhecidos dos ucranianos e fazem parte do folclore da região.

“O que é a vida?”, questionou Skovoroda. “É vaguear. Tenho a estrada à minha frente, sem saber para onde vou ou porquê. Ando sempre entre as estepes infelizes, arbustos espinhosos, fendas montanhosas — e há uma tempestade sobre a minha cabeça e nenhum lugar onde me possa esconder.”

Apesar da importância da poesia nos primeiros trabalhos, Skovoroda, que compôs também música sacra, acabou por abandonar a produção poética e dedicar-se sobretudo à filosofia. Mas só o fez depois de deixar definitivamente o trabalho como professor: em 1769, após dez anos no Collegium de Kharkiv, onde ensinou várias disciplinas, como Poesia, Ética e Grego clássico, cortou os lanços com a instituição, incapaz de se adaptar ao seu modo de funcionamento. Deixando para trás uma vida mais cómoda, Skovoroda tornou-se filósofo e pregador ambulante. Durante 25 anos, percorreu a pé as aldeias do leste da Ucrânia e de algumas regiões russas, escrevendo os textos filosóficos, que só seriam publicados vários anos após a sua morte, e partilhando com quem o quisesse ouvir as noções humanistas que guiavam a sua vida. Porque Skovoroda viveu como pensava: “O que é a vida?”, questionou. “É vaguear. Tenho a estrada à minha frente, sem saber para onde vou ou porquê. Ando sempre entre as estepes infelizes, arbustos espinhosos, fendas montanhosas — e há uma tempestade sobre a minha cabeça e nenhum lugar onde me possa esconder.”

A fase final da sua vida foi assim, uma deambulação constante, sem estadias demoradas em lugar algum. Durante este período, Skovoroda dedicou-se ao estudo, vivendo como um eremita, e cultivando o desapego total pelos bens materiais, que criticou duramente nos textos mais tardios. Essa atitude não deixou de impressionou os seus contemporâneos, embora Skovoroda não fosse caso único na sociedade ucraniana. O poeta e filósofo pertencia a uma esfera social especial, a dos “diáconos itinerantes”, responsáveis pela educação da população nos séculos XVII e XVIII.

Regra geral, estes clérigos viajavam de terra em terra ensinando as crianças nas escolas. Desempenhavam um papel importante na divulgação e produção de livros manuscritos e cultivavam uma sensibilidade literária e poética que levou à criação de um género específico de poesia, a “poesia dos diáconos”. Esta podia ter uma temática religiosa, mas era muitas vezes de género secular e composta por encomenda, em honra de certa pessoa. Os textos costumavam ser humorísticos ou satíricos e podiam abordar questões consideradas obscenas. Os “diáconos itinerantes” mantinham também contacto com o meio musical, uma ligação para a qual contribuía o facto de os músicos viverem muitas vezes no edifício onde ficava a escola local.

Durante três anos, Hryhorii Skovoroda integrou o coro "a capella" da imperatriz Isabel I, em São Petersburgo

Wikimedia Commons

A decisão de Skovoroda de abandonar a sua vida como professor e fazer-se à estrada tem, portanto, deve ser entendida dentro deste contexto social ucraniano específico. Mas Skovoroda não era um “diácono itinerantes” como os outros — como destacou Valery Shevchuck na introdução à obra poética do autor, publicada no Reino Unido pela Glagoslav Publications, o poeta e filósofo era demasiado digno e até austero em comparação com outros professores. Essa austeridade tornou-se a sua marca. Foi transferida para os seus trabalhos filosóficos, maioritariamente escritos entre as décadas de 1770 e 1780, quando o poeta e filósofo tinha entre 50 e 60 anos. Este é o período dos grandes tratados, de influência platónica e estoica, que abordam temas como a felicidade, a liberdade e o autoconhecimento.

Tal como referiu Zelensky na sua condenação ao ataque ao museu em Skovorodynivka, Skovoroda dedicou-se sobretudo à Ética. As suas principais influências eram os filósofos clássicos, sobretudo Platão, e também Erasmo de Roterdão e os pensadores da Europa do leste e da Ucrânia. Isto não é de estranhar — segundo Valery Shevchuck, existe na Ucrânia uma antiga tradição filosófica de bases neoplatónicas que favorece a formação de uma imaginação panteísta, na qual que Deus e a natureza são conceitos semelhantes. A visão que Shevchuck tinha do mundo estava sustentada precisamente nesse conceito. O filósofo não acreditava na existência de um Deus omnipotente, acima do mundo, da natureza e do homem — para ele, Deus era tudo e estava em toda a parte e em nenhum lugar em particular. Era a verdadeira natureza da natureza. Já a natureza era, segundo a sua própria definição, o lugar profundo onde tudo tem origem: “É o princípio que não começo ou fim e é dependente do tempo e do espaço”.

Mas o aspeto decisivo da filosofia de Skovoroda era, à semelhança dos seus predecessores, a atenção dada ao indivíduo e ao seu lugar no mundo. Na sua opinião, cada pessoa devia procurar conhecer-se a si própria, encontrando uma maneira de estar na vida que se adequasse à sua natureza. Isso era a “ciência suprema” e era mais importante do que o conhecimento científico, ao qual os homens se dedicavam sem dominarem a “verdadeira” ciência — a do autoconhecimento. De acordo com V. I. Shinkaruk, Skovoroda foi provavelmente o primeiro pensador do século XVIII em território russo a avançar com a possibilidade de transformar o trabalho numa necessidade suprema e num prazer. O filósofo e poeta acreditava que cada pessoa tem uma tendência natural para uma determinada profissão ou trabalho e que deve dedicar-se ao seu aperfeiçoamento de modo a atingir a felicidade.

As questões da felicidade e da liberdade são centrais na filosofia de Skovoroda, que tinha um aspeto predominantemente prático. Estas estão diretamente relacionadas com o tema do autoconhecimento. A filosofia direciona “todo o seu domínio de atividades para o objetivo de dar vida às nossas almas, nobreza ao nosso coração, claridade aos nossos pensamentos, pois isso é a coisa mais importante de todas”, declarou o pensador. Skovoroda defendia que a obtenção e consumo de bens materiais, cujo apego excessivo criticava duramente, não é a base da felicidade humana, que, para ele, era um estado interior de paz e confiança. O verdadeiro prazer surge de coisas com as quais se mantém uma relação de “afinidade”. O trabalho por pura necessidade ou compulsão ou para enriquecimento não é, assim, desejável — é antinatural e a fonte de tudo o que está mal na sociedade, uma consideração que remete para a estanque hierarquia social da sociedade russa da época.

A filosofia direciona “todo o seu domínio de atividades para o objetivo de dar vida às nossas almas, nobreza ao nosso coração, claridade aos nossos pensamentos, pois isso é a coisa mais importante de todas”, declarou o pensador.

Apesar das origens humildes, Skovoroda recusou sempre servir as classes dominantes, escolhendo uma vida difícil — a da “estrada espinhosa de protesto contra a opressão feudal e burguesa”, apontou o investigador V. I. Shinkaruk, num ensaio escrito a propósito dos 250 anos do nascimento do pensador. Skovoroda morreu a 9 de novembro de 1794, na aldeia de Ivanovka, atual Skovorodynivka, na região de Kharkov. Segundo Shinkaruk, pediu que escrevessem na sua lápide: “O mundo tentou apanhar-me, mas não conseguiu”. Na opinião do investigador, essas palavras refletem certos aspetos da sua atividade e do seu “espírito rebelde”, presentes na sua teimosa rejeição da realidade social e da religiosidade estabelecidas.

O “mundo” que tentou apanhar Skovoroda, não era, na interpretação de Shinkaruk, o mundo natural, mas o mundo das relações sociais, em relação ao qual o filósofo mantinha um saudável pessimismo: “O mundo é um mar de afogados, uma terra de úlceras pestilentas de leprosos, uma jaula de leões ferozes, uma fortaleza de presos”, escreveu. Era um mundo “onde os cegos guiavam outros cegos em direção a um abismo que se abre”.

O filósofo ucraniano que os russos e Vladimir Putin tentam reivindicar para a Rússia

Durante muito tempo, os textos de Skovoroda circularam sobretudo em formato manuscrito. O seu primeiro livro foi publicado quatro anos após a sua morte, em São Petersburgo, e as obras completas em 1861, na mesma cidade. Estas tiveram pouco impacto na divulgação do seu trabalho, que permaneceu relativamente desconhecido durante todo o século XIX, tendo exercido pouca ou nenhuma influência sobre os grandes autores do período. Foi só na viragem do século que a sua obra começou a receber atenção, em parte graças ao trabalho de Dmitry I. Bahaley e Vladimir F. Ern. Os investigadores foram os primeiros a descrever Skovoroda como filósofo. Como apontou Alexey V. Malinov, a perceção do público e da academia acerca do pensador foi variando ao longo dos tempos. Durante a sua vida, por exemplo, era visto como professor e moralista. Para esta ideia contribuiu o facto de Skovoroda nunca se ter considerado um filósofo, embora tenha sido como tal que passou a ocupar um lugar de destaque entre os intelectuais ucranianos e russos do século XVIII.

O museu dedicado a Hryhorii Skovoroda fica perto de Kharkiv. Os bombardeamentos russos deixaram a segunda maior cidade da Ucrânia destruída

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Isso só aconteceu no século XX, quando foi descoberto por uma nova geração de poetas, como Mykola Filiansky, Pavlo Tychyna, Vasyl Barka, Vasyl Stus, Hryhorii Chubai, Ihor Kalynets e Ivan Drach, que viram nele uma fonte de inspiração. O seu estilo poético, ideias e exemplo moral desempenharam um papel importante no renascimento cultural ucraniano e Skovoroda tornou-se um símbolo da identidade nacional e uma figura de destaque dentro da tradição filosófica ucraniana, distinta da russa. Para os russos, Skovoroda tem outro significado — representa o fim do processo de transição da Idade Média para a Modernidade.

Como muitas outras figuras que viveram no Império Russo, Skovoroda tem sido reivindicado tanto por ucranianos como por russos. Como o pensador escreveu maioritariamente na língua russa, foi sempre considerado “aceitável” pelos líderes russos e nunca foi classificado como um “poeta perigoso”, explicou Gasan Guseynov, classicista no Instituto do Leste Europeu da Universidade Livre de Berlim, à Deutsche Welle. O poeta e filósofo usou diferentes línguas nos seus textos, nomeadamente eslavo eclesiástico e um dialeto ucraniano, mas foi em russo que escreveu as fábulas e os tratados filosóficos.

Skovoroda foi apontado por Vladimir Putin como um exemplo de que russos e ucranianos partilham a mesma cultura. Num artigo publicado sobre a unidade histórica dos dois povos, no ano passado, o Presidente da Rússia referiu também o poeta Táras Shevchenko, cuja estátua foi recentemente vandalizada pelas forças invasoras na Ucrânia. O ataque ao museu de Skovoroda chocou particularmente os ucranianos, porque o poeta e filósofo é “um importante símbolo do amor pela liberdade”, destacou Gasan Guseynov. “O bombardeamento atacou o coração humano da nação.”

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