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Ronaldo e o final do Mundial aos 33 anos que levanta mais dúvidas do que certezas sobre o futuro

O futuro de Ronaldo é preto e branco? O Tuttosport diz que sim, como hipótese para a Juventus. Certo é que, na Seleção e no clube, o avançado vai agora decidir o rumo para os últimos anos da carreira.

Enviado especial do Observador à Rússia (em Sochi)

Olhando para a capa do Tuttosport deste domingo, poderíamos dizer de olhos quase fechados que o futuro de Cristiano Ronaldo era branco e preto. De acordo com a publicação italiana, a Juventus estará apostada em garantir o jogador que, curiosamente, apontou um dos melhores golos da carreira em Turim (de tal forma que os próprios adeptos da Vecchia Signora se levantaram a aplaudir, num gesto que foi agradecido pelo avançado), contando com as dificuldades que estarão a existir com a renovação de contrato com o Real Madrid (a última proposta teria sido de 30 milhões de euros por época) e com a presença de Jorge Mendes, “o Tom Cruise dos agentes”, para intermediar o negócio financiado pela poderosa Fiat Chrysler Automobiles. “Ronaldo-Juve: que história!”, titular o jornal desportivo. No entanto, o futuro do capitão nacional é tudo menos branco e preto, no sentido literal — e as próprias palavras do jogador após o jogo com o Uruguai mostram essas dúvidas.

“Agora não é o momento de falar do futuro, treinador, jogadores, de um ciclo da Seleção. Mas tenho a certeza que a Seleção Nacional continuará a ser uma das melhores do mundo, com grandes jogadores, um grupo jovem, com ambição enorme. Estou confiante, estou contente porque sei que a Seleção vai estar sempre na máxima força”, comentou na zona das flashes (na zona mista acabou por não prestar declarações). “Estou muito orgulhoso de representar esta Seleção como capitão. Desfrutei desta competição com todas as pessoas envolvidas neste fantástico trabalho. Batemo-nos bem, apesar de hoje ser um dia triste. Queria dar uma alegria aos portugueses por nos terem apoiado do início até ao fim, tanto aqui na Rússia como nas praças. Temos de pensar neste momento. A competição foi boa a nível coletivo. Estou orgulhoso do meu trabalho, dos meus colegas e da equipa técnica. O balanço que fica não é brilhante mas Portugal é uma excelente Seleção e vai continuar”, completou.

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Olhamos para o futuro de Ronaldo na Seleção Nacional, sobretudo a possibilidade de participar no próximo Mundial, e é algo incerto. Olhamos para o futuro de Ronaldo no Real Madrid, sobretudo a possibilidade de renovar contrato, e é algo incerto. No meio de tanta incerteza, a única coisa que parece ganhar alguma forma é mesmo a possibilidade de ganhar a sexta Bola de Ouro, pelo menos se continuarem a existir os mesmo “critérios” na escolha: até no ano da vitória da Espanha de Xavi ou Iniesta no Mundial de 2010 ou do triunfo da Alemanha de Neuer e Kroos em 2014, o triunfo (seja ele mais ou menos justo) acabou sempre por tocar ao português ou a Messi. Entre os dois, os pratos da balança estavam mais inclinados para o número 7, que acabou a vencer a terceira Champions consecutiva (depois de já ter ganho a Supertaça Europeia e a Supertaça de Espanha), perante a dobradinha nacional do argentino no Barcelona. Nomes com Neymar, Mbappé ou Cavani, mediante consigam ou não ir avançando na Rússia, serão sempre hipótese mas, com estas “regras”, Ronaldo parte na frente.

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A confirmar-se, e muito em resumo, aquele que poderá tornar-se, no final de 2018, o jogador de sempre com mais troféus de Melhor Jogador do Ano, tendo já 33 anos, vai de férias a deixar o mundo em suspenso com as decisões que pode tomar. 

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De um lado, a idade. Do outro, o querer ser bater recordes

“Tem muito para dar ao futebol. Há uma nova competição em setembro [Taça das Nações], uma prova nova e obviamente que queremos que esteja connosco, para ajudar os mais novos a crescer. A equipa tem muitos jovens e é importante ter o capitão presente. E ele sempre disse ‘sim’ nestas horas”, comentou Fernando Santos após a derrota com o Uruguai.

Se recuarmos uns meses e refletirmos um pouco nas entrevistas que o selecionador foi dando antes da convocatória para o Mundial da Rússia, ficou a clara ideia de que, caso Danilo estivesse em condições físicas para ser chamado, a hipótese de levar apenas três centrais para a competição era não só válida como provável. Ou seja, deveriam integrar os 23 eleitos Bruno Alves, com 36 anos; Pepe, com 35; e J0sé Fonte, com 34. O jovem Rúben Dias, que se afirmou este ano no Benfica mas que fez apenas 20 encontros, acabou por entrar na lista, mas se existe uma questão premente em termos de Seleção tem a ver com a renovação que o eixo central recuado sofrerá a breve prazo. No entanto, a presença ou não de Ronaldo pesa mais.

Olhando para elementos como Raphael Guerreiro, Ricardo Pereira, William Carvalho, João Mário, Bruno Fernandes, Gelson Martins, Gonçalo Guedes, André Silva ou Bernardo Silva, Portugal já tem jogadores jovens e com potencial para fazerem um longo percurso na Seleção Nacional atualmente. E nos Sub-21 vemos também que o futuro estará assegurado. No entanto, até razões desportivas à parte, percebe-se que falta aquilo que o capitão é hoje, tendo Pepe como fiel escudeiro: um líder da equipa, um timoneiro nos bons e nos maus momentos, uma fonte de inspiração para que todos elevem o patamar onde se encontram. É verdade que Ronaldo é o melhor do mundo, aquele que como mais nenhum consegue virar ou resolver um jogo sozinho como aconteceu agora com Espanha e Marrocos, mas é também um exemplo para todos os outros.

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Aos 33 anos, o madeirense vive cada encontro com a mesma paixão que tinha há década e meia, quando vestiu pela primeira vez a camisola principal de Portugal. Ainda tem reações extemporâneas, como os protestos após um lance na área do Uruguai nos descontos onde se pediu uma mão que parece ter existido, de Rui Patrício, mas tem uma postura diferente, mais adulta. Há muitos anos que Ronaldo é respeitado pelo que joga, há alguns anos que Ronaldo ganhou o respeito pelo que faz em campo. Os génios nunca têm prazo de validade mas, pela primeira vez, o capitão deixou em aberto o seu futuro também na Seleção, mesmo que não se coloque essa continuidade em causa a breve prazo. Existe a clara noção de que alguns elementos que estão agora nas opções de Fernando Santos ainda precisam de algum tempo para crescerem e atingirem o estatuto de líderes, um pilar fundamental para o sucesso, pelo que a presença do avançado seria a melhor forma de enquadrar o caminho. Além disso, há outro fator fundamental a ter em conta: a vontade que o número 7 tem de bater recordes. Se chegasse ao Mundial do Qatar, em 2022, arriscava-se a deixar alguns registos que poderiam não mais voltar a ser batidos. E isso também pesa.

Prolongar uma era ou abrir uma nova antes da etapa final?

Não é a primeira vez que chegamos a esta altura de férias/início de uma nova temporada e o futuro de Cristiano Ronaldo no Real Madrid está em dúvida. Nem sequer a segunda. No entanto, todos os momentos têm o seu contexto e o deste ano é especial, numa espécie de “fica ou racha” que, a acontecer, só poderá ser mesmo no timing que estamos a atravessar.

Foi percetível que as declarações do avançado após a conquista da terceira Liga dos Campeões consecutiva não foram bem aceites por parte dos responsáveis merengues, que consideraram não ser o momento adequado para as mesmas. Logo nessa noite e sobretudo no dia seguinte, o próprio jogador mudou um pouco o seu discurso, colocando o enfoque total no triunfo histórico que tinha sido conseguido e no agradecimento aos adeptos do clube numa época que não correu bem a nível de Campeonato. As coisas ficaram apaziguadas, mas os problemas que nessa altura existiam não perderam a sua atualidade.

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Muito se falou e especulou sobre a situação de Cristiano Ronaldo na capital espanhola. Sobre o apoio maior ou menos em relação aos problemas que enfrentou com o Fisco espanhol, sobre o facto de ter ficado muito distante em termos dos mais bem pagos do mundo depois da transferência de Neymar para o PSG e da renovação de Messi com o Barcelona, sobre a suposta promessa de revisão contratual que teria sido feita mas nunca cumprida. Uma coisa parece ser certa: há duas equipas com ambições na Liga dos Campeões mas que acabam sempre por ficar na praia, PSG e Juventus, capazes de cometer uma loucura e avançar para a contratação do capitão nacional; por seu turno, o avançado sabe também que ficar no Real Madrid significa terminar por lá a carreira ao mais alto nível, mesmo que depois possa ainda experimentar uma liga fora da Europa.

Esta é a decisão que o Real Madrid, que continua com Neymar debaixo de olho como bandeira de uma nova era, e Cristiano Ronaldo, que poderia estar disposto a aceitar o desafio de tentar voltar a ser campeão europeu por uma terceira equipa depois do que já tinha alcançado pelo Manchester United, terão de tomar nas próximas semanas. Hoje, o avançado já tem planificações e ritmos ao longo de uma temporada diferentes, como se percebeu na gestão que Zidane foi fazendo ao longo da época, mas mantém intactas as qualidades que fizeram dele cinco vezes o melhor do mundo e a principal referência a nível de receitas vindas de contratos publicitários. E viu-se bem isso no Mundial: bastava tocar na bola ou aparecer nos ecrãs gigantes dos estádios de Sochi, Moscovo ou Saransk para tudo mudar. Quem assistiu diria que é algo que não tem preço. Mas tem. E resta saber se quem se aproximará do mesmo será o conjunto merengue ou um dos seus competidores estrangeiros pela Champions.

 
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