Ao contrário do seu grande companheiro intelectual, Mário de Sá-Carneiro pouca divulgação teve junto dos leitores de língua inglesa. Da sua obra, extensa para o período em que foi produzida, apenas alguns contos e a novela A Confissão de Lúcio se encontram traduzidos para inglês. A sua poesia permanecia inédita, à exceção de alguns poemas soltos em antologias de poesia, uma lacuna difícil de entender, mas não única na literatura portuguesa. Só muito recentemente é que o panorama mudou, com a publicação no Reino Unido de uma coletânea de poemas, um primeiro passo numa divulgação mais ampla da obra de Sá-Carneiro no mundo anglófono. A ficha técnica é de ouro: a seleção é de Ricardo Vasconcelos, responsável pela edição crítica da Tinta-da-China, e a tradução de Margaret Jull Costa, a mais conceituada tradutora de português para inglês da atualidade, e de Ana Luísa Amaral, poeta reconhecida e tradutora.
Seven Songs of Decline and other poems, publicado no final do ano passado pela editora inglesa Francis Boutle Publishers, com o apoio do Instituto Camões e da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), inclui poemas produzidos por Sá-Carneiro em vários momentos da sua vida e da sua maturidade literária, em português e em inglês — três textos do seu único livro de poesia publicado em vida, Dispersão, uma grande seleção do seu livro póstumo, Indícios de Oiro, e uma secção de dispersos, que tem alguns dos seus poemas mais experimentais e desafiantes, como “Manucure” ou “Feminina”. A escolha foi feita com o intuito de “apresentar a um público anglófono um escritor que tem uma relação com a modernidade que é muito importante, que é diferente das vanguardas de outros países, mas que partilha do universo das vanguardas”, e não necessariamente para mostrar as várias facetas da obra literária sá-carneiriana, explicou Ricardo Vasconcelos ao Observador. “[Procurei] valorizar esse lado nesta antologia, com poemas que são mais arrojados visual e metaforicamente e até em termos de experimentação, como é o caso de ‘Manucure’.”
O título do volume foi retirado de uma série de poemas de Indícios de Oiro, “Sete Canções de Declínio”, “marcantes no livro”. Foi Margaret Jull Costa quem o escolheu, por considerar que era “simultaneamente chamativo e representativo dos poemas”. “E gostei do paradoxo, quase oxímoro, daquelas duas palavras, ‘canções’ e ‘declínio’, que, aliás, o desenho da capa reproduz muito bem…”, disse, por email, ao Observador. A ideia inicial era outra — Ricardo Vasconcelos pensou em chamar-lhe “Straitjacket”, “Colete de Forças”, um termo usado por Sá-Carneiro nas cartas enviadas a Fernando Pessoa nos meses que antecederam o seu suicídio em Paris. “Nas últimas cartas que escreve a Pessoa, nos últimos meses de vida, ele menciona um título, o ‘Colete de Forças’, que seria uma secção de Indícios de Oiro. Ou que se supõe que seria uma secção de Indícios de Oiro, nunca se chegou a perceber muito bem o que seria”, disse o editor. Numa dessas missivas, datada de 3 de fevereiro de 1916, o poeta escreveu, a propósito de “O Fantasma”: “Não se esqueça de me dizer o valor do estaferminho — e se o hei de ou não aproveitar para os Indícios de Oiro, ‘Colete de Forças’, claro”.
“Ele vai referindo alguns dos poemas, e realmente há um certo tom de uma loucura controlada, de uma loucura verbal, sobretudo. Esse título parecia-me interessante para abranger uma certa perspetiva de poemas que não diziam respeito apenas a essa última fase, mas que poderiam incluir outros desde o início da obra, como o ‘Quasi’, por exemplo. E pareceu-me que para apresentar ao público leitor em inglês, faria sentido ter uma antologia, uma recolha de poemas, em que a linguagem e a imagética fosse mais intensa, em lugar de ter a obra completa”, esclareceu Ricardo Vasconcelos. A imagem do colete de forças faz também lembrar a “estrutura formal rígida, a contenção em termos rítmicos, melódicos e formais” dos poemas de Sá-Carneiro, com “estruturas mais estabelecidas, mas que depois explodem em termos de sentido. Há poemas que têm a ver com questões de loucura. ’El-Rei’, ‘O Fantasma’, ‘Aquele Outro’ — têm muito a ver com essa ideia de alienação de si mesmo, de auto-alienação, mas a forma está lá. Todos estes poemas que acabei de mencionar são sonetos.”
Mas o título “acabou por ficar de lado”. “De facto, em inglês não funcionava muito bem e nessas coisas há que ouvir os tradutores”, admitiu o editor. “Em inglês seria um pouco estranho e iria marcar muito o autor. Uma coisa é publicar um livro em português com o título ‘Colete de Forças’, em que se perceberia que era uma perspetiva da obra de Sá-Carneiro; outra seria publicar a primeira recolha de poemas de Sá-Carneiro em inglês com esse título.” Os leitores portugueses estão familiarizados com a história de Orpheu e de como os fundadores da revista modernista, e sobretudo Sá-Carneiro, foram apelidados de “maluquinhos” pela crítica, pormenores que os leitores de língua inglesa muito provavelmente desconhecem. “Iria marcar para sempre uma visão do escritor como louco, que não era manifestamente o caso.”
Uma tradução “mesmo a meio” entre amigas
Para a tradução dos poemas, Ricardo Vasconcelos pensou imediatamente em Margaret Jull Costa, premiada tradutora que tem sido responsável pelas versões em inglês de alguns dos mais importantes escritores portugueses, como Eça, de Queiroz, Fernando Pessoa ou José Saramago. Decidiu escrever-lhe, “desafiando-a a traduzir a poesia”. “Sabia que ela estava a traduzir poesia por causa das traduções do Pessoa. Não tinha muito ideia dela como tradutora de poesia até recentemente. Resolvi bater à porta.” De “uma maneira até um pouco dissimulada”, sugeriu-lhe que fossem traduzindo um poema por semana, “porque ela tem muitos projetos. Ela disse: ‘Não, não me vou comprometer com isso. Tenho muita coisa para fazer agora’. Então começámos a traduzir aos poucos, um ou dois poemas por semana. De repente, tínhamos já uma antologia”. O especialista em Mário de Sá-Carneiro admite que teve “sorte”. “Bati à porta de uma pessoa que sabia que era a melhor e que teve paciência para me aturar”, afirmou, elogiando a “capacidade de compreensão da língua portuguesa” da tradutora, que é “fenomenal”, e a sua “espantosa” “capacidade de criação poética em inglês”.
Margaret Jull Costa entrou em contacto com Ana Luísa Amaral, poeta, tradutora e amiga, e pediu-lhe ajuda para o projeto. Foi um gesto espontâneo e natural — há cinco ou seis anos que trabalham juntas na tradução da poesia de Amaral, “fazendo traduções que são sempre co-traduções”. “Confio completamente na sua sensibilidade poética e na sua experiência como tradutora do inglês para português. E sabia também que ela adora os poemas de Sá-Carneiro. Sabia igualmente que, dada a dificuldade dos poemas de Sá-Carneiro, iria precisar da sua ajuda”, considerou Jull Costa.
Ana Luísa Amaral comprou o primeiro livro de Mário Sá-Carneiro quando tinha 15 anos e o poeta deixou-lhe um marca profunda na juventude. “O meu primeiro livro de poemas [Minha senhora de quê] tem um poema que se chama ‘Qualquer coisa de intermédio’, que tem uma epígrafe que diz: ‘Eu não sou eu nem sou o outro,/ Sou qualquer coisa de intermédio’ [do poema que começa ‘Eu não sou eu nem sou o outro’]”, recordou. “Adoro Sá-Carneiro. Sá-Carneiro foi o grande poeta da minha juventude. Ponho-o ao lado de Fernando Pessoa e acho que Fernando Pessoa o eclipsou. E não é justo. E a história literária de alguma forma eclipsou Mário de Sá-Carneiro”, defendeu a vencedora do Prémio Vergílio Ferreira de 2021.
A tradução foi feita “mesmo a meio”. Margaret Jull Costa fazia uma primeira versão de um poema, quase literal, que depois enviava a Ana Luísa Amaral, que a revia. Ambas concordam que foi um desafio, “talvez porque a preocupação maior não seja tanto o sentido de cada verso quanto reproduzir aquelas imagens tão estranhas e tão vivas. Nós, as tradutoras, queremos sempre entender mas, na poesia, muitas vezes o entender é secundário e as palavras, o som, o ritmo, as cores são o que mais importa”, apontou a tradutora inglesa.
Para a poeta e tradutora portuguesa, a maior dificuldade teve a ver com a sintaxe. “O problema da tradução é também este: cada língua tem os seus limites. A língua portuguesa tem os seus limites, da mesma forma que a inglesa tem os seus. Só que são limites diferentes. A poesia é sempre uma linguagem de desafio aos limites, que joga com os limites, que vai para lá dos limites, mas, a meu ver, há um momento, um espaço que ela não pode nunca ultrapassar sob o risco de se tornar perfeitamente incompreensível, de cair na incompreensibilidade ou no ridículo. É a questão do ‘Colete de Forças’. A expressão ‘colete de forças’ tem um determinado sentido ou vários. Um leitor português que conhece o modernismo, Sá-Carneiro e o contexto, liga imediatamente ‘colete de forças’ a uma determinados universos, e isto é um bocadinho diferente para um leitor inglês, que liga ‘colete de forças’, a palavra em inglês, a um outro contexto. Os limites da língua inglesa não são os limites da língua portuguesa.”
Isso foi o mais difícil de tudo. “Em português, podemos ir até uma determinada fasquia, mas em inglês não se consegue, não se pode”, o que obrigou muitas vezes a uma reorganização da sintaxe sá-carneiriana. “Por exemplo, quando ele faz jogos sintáticos que são impossíveis de transpor para inglês no mesmo verso, esses jogos sintáticos aparecerem no mesmo poema dois versos ou três abaixo. A subversão está lá, mas está noutro lado, noutro sítio.” Este tipo de solução surge por vezes através da reflexão, mas também “por inspiração”. “À falta de outra palavra, uso esta”, disse Ana Luísa Amaral. “Por isso é que digo muitas vezes que traduzir poesia também é um bocadinho como escrever um poema. É uma espécie de iluminação que a gente tem.”
Traduzir poesia é, para a poeta, “uma coisa maravilhosa”. “Em primeiro lugar, é preciso amar profundamente a nossa língua. A Margaret ama profundamente o inglês e conhece profundamente o inglês. É uma grande leitora e adora o inglês, como eu amo a minha língua, o português. Não é obrigatório que a pessoa saiba exatamente tudo o que diz o original, porque há uma coisa que se chama dicionário e que dá muito jeito. Acho que mais importante do que isso é conhecer muito bem a nossa língua e amar a poesia e tentar adaptar, jogar com as coisas. Acho que a Margaret tem isso. A tradução da poesia é uma coisa muito desafiante e por vezes, eu diria, é quase como escrever um poema.” Mas não é a mesma coisa. “Se o Sá-Carneiro diz que vai comprar batatas, não posso dizer que vai comprar alhos. Tudo é permitido, menos o erro. Acho que esta ideia de que tudo é permitido, da poesia ser espaço da possibilidade, se aplica também à tradução. Foi nesse fio de equilíbrio que nos encontrávamos, a Margaret e eu.”
A experiência de trabalharem em conjunto numa mesma tradução foi tão “extraordinária” que as duas tradutoras decidiram dar-lhe continuidade — Margaret Jull Costa e Ana Luísa Amaral encontram-se atualmente a traduzir uma seleção de poemas escritos por autores portugueses e ingleses. “Traduzo 50 poetas escolhidos por ela para português — mas ela revê as minhas traduções — e ela traduz 50 poetas ingleses para português”, explicou Amaral. A antologia será publicada em Portugal.
A primeira antologia da poesia de Sá-Carneiro em inglês
Seven Songs of Decline and other poems é a primeira coletânea de poemas de Mário de Sá-Carneiro em inglês e foi precisamente com a intenção de preencher “essa grande lacuna” que a ideia da sua publicação surgiu. “Para mim, era muito importante”, começou por admitir Ricardo Vasconcelos. “Trabalho com Sá-Carneiro em termos de prosa e poesia, mas a poesia diz-me muito, e já havia a tradução de quase toda a ficção pela Margaret Jull Costa. Havia essa grande lacuna da publicação da poesia.” É “impressionante”, mas não será a única falha no que diz respeito à divulgação dos grandes escritores portugueses junto do público anglófono. “O Sermão de Santo António aos Peixes, do Padre António Vieira”, saiu há uns 11 anos [em inglês] pela primeira vez”, apontou o editor. Mas como é que se explica que a poesia de Sá-Carneiro, cuja conhecida ligação a Pessoa lhe tem sempre sido favorável em termos de divulgação (mas não necessariamente em termos de reconhecimento de mérito próprio), nunca tenha sido traduzido?
Ana Luísa Amaral considera que uma das razões é precisamente o facto de se tratar de poesia. “A poesia é normalmente um género muito menos traduzido”, começou por dizer, referindo-se não só à poesia portuguesa, mas também à inglesa e norte-americana publicada em Portugal. “Por exemplo, Folhas de Erva de Walt Whitman só foi traduzido há coisa de uns dez anos. Há uns 20 e tal anos, ninguém sabia quem era o Walt Whitman ou a Emily Dickinson em Portugal. A pessoa que falou primeiro em Whitman ou Dickinson foi Maria Irene Ramalho. É curioso, os franceses, as vanguardas francesas, já estavam traduzidas, porque a grande influência em Portugal é francófona. Foi francófona até sensivelmente ao final dos anos 80, inícios dos anos 90, quando os jovens começaram a aprender sobretudo francês. Os jovens agora já não falam francês. Sabem poesia inglesa, conhecem poesia americana, mas não conheciam. Não era só Sá-Carneiro [que não estava traduzido para inglês], era também o percurso inverso.”
Na opinião da poeta e tradutora, a poesia sá-carneiriana afasta-se da poesia inglesa e norte-americana. “A poesia anglo-americana é uma poesia não rimada, com uma musicalidade bastante diferente”, referiu, lembrando que Pessoa, que foi bem recebido junto do público anglófono, “também por outras razões, que têm a ver com tudo aquilo que se fez em torno dele”, teve uma formação inglesa. ”Fernando pessoa sabia inglês e acho que isso entra na sua poesia. Não entra na poesia de Sá-Carneiro”, sugeriu. Outra questão que terá dificultado a receção de Mário de Sá-Carneiro junto dos leitores de língua inglesa tem a ver com o facto de a sua poesia ser muitas vezes identificada com o feminino, até por causa dos vários poemas em que explora esse universo. “É essa a imagem que é passada, a imagem do feminino, de uma sensibilidade pouco máscula. Julgo que isso influenciou também a sua receção. Muito. Estou convencidíssima disso”, disse ao Observador. “Tal como as mulheres foram recebidas na história literária de uma outra forma relativamente aos homens ao longo dos tempos, acho que o mesmo aconteceu com Mário de Sá-Carneiro. É identificado com a delicadeza, mas ele não é delicado. Acho que a palavra está mal aplicada, mas numa leitura superficial é isso [que é interpretado].”
Margaret Jull Costa lembrou também o facto de existir “pouca poesia estrangeira publicada em inglês”, apontando que “Pessoa é uma exceção, mas Pessoa é toda uma indústria”. No caso de Mário de Sá-Carneiro, os seus poemas, dos quais apenas alguns foram traduzidos pelo escritor Ted Hughes, permaneceram essencialmente desconhecidos “porque a poesia inglesa pertence a outra tradição. O futurismo e o surrealismo nunca tiveram muito sucesso na literatura anglófona, com exceções, claro, como Wallace Stevens. O inglês é, genericamente falando, uma língua muito ‘terra-a-terra’, mas também uma língua muito flexível. Basta pensar em Gerard Manley Hopkins, e eu pensei muito nele no processo de tradução”, explicou a tradutora, admitindo que “foi um enorme prazer encontrar/inventar um inglês que pudesse representar fielmente as maravilhas portuguesas de Sá-Carneiro”.
Clive Boutle, editor da Francis Boutle Publishers, que aceitou de imediato o projeto de publicação de um conjunto de poemas de Mário de Sá-Carneiro por ser um “grande admirador” do trabalho de Margaret Jull Costa e por reconhecer Ana Luísa Amaral como uma “poeta formidável”, acredita que a morte precoce do poeta português aos 26 anos poderá ter contribuído para o seu desconhecimento fora de Portugal. “Quando as histórias sobre o período foram escritas, estava há muito morto. Os seus contemporâneos em Paris foram traduzidos para inglês, geralmente nos Estados Unidos da América, mas Sá-Carneiro parece ter sido esquecido.” De tal forma que Boutle, um estudante de arte nos anos 70 que se apaixonou pelos movimentos de vanguarda, como o cubismo e o futurismo, nunca tinha ouvido falar no autor de Indícios de Oiro. “Tenho de admitir que nunca me tinha deparado com ele”, disse, por email, ao Observador. “Os seus poemas tipográficos e sensibilidade modernista lembram-me de Marinetti, Apollinaire e Blaise Cendrars, escritores que moldaram a minha forma de pensar. Como é que nunca me tinha deparado com Sá-Carneiro antes?”
Claro que isso tornou tudo muito mais “atrativo”. “Geralmente é o entusiasmo de alguém que torna um trabalho mais conhecido. Neste caso, temos a Margaret, a Ana Luísa e o Ricardo Vasconcelos.” Um livro como Seven Songs of Decline and other poems encaixa-se também na linha editorial da Francis Boutle Publishers, especializada em literatura de língua estrangeira e que dá especial atenção a idiomas europeus com pouca expressão, como o galego, o sami ou o dialeto da Cornualha, que têm um número relativamente reduzido de falantes. “É engraçado, mas comecei a publicar literatura traduzida porque tinha curiosidade em ouvir outras vozes da Europa, em especial as literaturas esquecidas, e chamar a atenção do mundo de língua inglesa para elas”, admitiu o editor. “É um bocado contraditório, uma vez que o inglês se tornou a língua dominante, mas não há dúvida de que traduzir uma língua pouco falada para inglês dá à cultura prestígio e confiança. Queria dar o meu pequeno contributo no apoio às línguas ameaçadas. Não vendo na Amazon por causa disso.”
O português não é uma língua europeia ameaçada, mas Clive Boutle, que até ao momento só publicou um outro autor português além de Sá-Carneiro, Sophia de Mello Breyner, também numa tradução de Margaret Jull Costa e de Colin Rorrison, garante que a língua portuguesa está para ficar: “Mais literatura portuguesa, por favor!”.