Era uma vez um rapaz que aguardou ansiosamente pelo fim de um concerto para oferecer uma pulseira da amizade a uma rapariga. Mas as estrelas não se alinharam nessa noite e, desiludido, voltou para casa com a pulseira no bolso. Neste conto dos tempos modernos, o rapaz é a estrela de futebol americano Travis Kelce, duas vezes vencedor da Super Bowl com os Kansas City Chiefs. A rapariga é Taylor Swift, que tinha estado nessa noite a cantar para mais de 55 mil pessoas no Arrowhead Stadium, em Kansas City, na digressão norte-americana da Eras Tour (que também vai passar por Portugal, em maio do próximo ano).
Na pulseira, Travis tinha juntado missangas coloridas para mostrarem o seu número de telefone, na esperança de que a cantora, quem sabe, o tentasse contactar. “Fiquei desiludido por ela não falar antes ou depois dos concertos, por querer guardar a voz para as 44 músicas que canta”, desabafou no podcast New Heights, que apresenta com o irmão, Jason Kelce. “Fiquei um bocadinho chateado por não poder entregar-lhe uma das pulseiras que fiz para ela.”
@newheightshow Anyone know how to get a bracelet to @Taylor Swift? … asking for a friend ???? @Buffalo Wild Wings NEW EPISODE OUT NOW! Link in bio
Fazendo um avanço rápido à história, é difícil não ser apanhado no turbilhão mediático que o casal atraiu nos últimos meses, alavancado num namoro discreto que se vai dando a conhecer em pequenos episódios — ora nos camarotes dos estádios, ora à saída de um restaurante, timidamente, de mãos dadas —, suficientes para alimentar o interesse dos super fãs (os auto-proclamados Swifties, no caso da cantora), que ficam a apontar para o prato, a pedir por mais. Se estão a faltar-lhe algumas bases para compreender a loucura em torno do novo casal sensação, nada tema. Tentaremos aqui juntar um guia compreensivo.
Os mil e um namoros de Taylor Swift
O campo amoroso é, possivelmente, aquele que mais marcou a carreira de Swift, pelos melhores e piores motivos. Se fez dos amores e desamores a principal inspiração para escrever canções que a tornaram mundialmente famosa — sem esquecer, multimilionária —, também foi vítima dessa mesma vulnerabilidade, criticada pela imprensa cor-de-rosa por ter demasiados namorados, por não conseguir segurar um homem, por querer múltiplos homens ao mesmo tempo.
Taylor Swift junta-se ao “clube dos multimilionários”. E a Eras Tour é a grande responsável
“As piadas sobre a quantidade de namorados que tive. A trivialização das minhas composições, como se fossem um ato de uma psicopata louca por homens. A imprensa a assinar por baixo desta narrativa. Tive de fazer com que tudo isso parasse, porque estava a começar a doer a sério“, desabafa no prólogo do álbum “1989 (Taylor’s Version)”, lançado a 27 de outubro.
Ao procurar a frase “Taylor Swift list of” no Google, o motor de pesquisa tenta automaticamente completar a frase com “boyfriends”. Ou, em português, “lista de namorados de Taylor Swift” aparece antes, por exemplo, de “canções” ou de “álbuns”. Com um histórico de companheiros como John Mayer, Joe Jonas, Jake Gyllenhaal, Harry Styles e Calvin Harris, não é de estranhar o interesse que a vida amorosa da artista atraiu ao longo dos anos, mas a abordagem sexista dos media marcou-a profundamente, levando-a a lamentar publicamente o slut shaming (uma prática que define a condenação pública das mulheres pela forma como conduzem a sua vida sexual).
As proporções da loucura em grande escala originaram conjeturas à mínima evidência de proximidade. “Se fosse vista com ele [um homem], era assumido que estava a dormir com ele”, continua, explicando como, a dada altura, deixou de passar tempo com pessoas do sexo masculino, de “namorar, namoriscar, ou qualquer coisa que pudesse ser usada contra mim por uma cultura que diz acreditar na libertação das mulheres, mas que me julgou consistentemente sob os duros códigos morais da era Vitoriana.”
A cheerleader e o capitão da equipa
Quando a (muito discreta) relação de 6 anos com o ator Joe Alwyn chegou ao fim, em março deste ano, Swift teve um breve romance com Matty Healy, vocalista dos The 1975, entre maio e junho. Foi pouco tempo depois de terminarem que, a 26 de julho, Travis Kelce confessou no podcast New Heights ter tentado oferecer-lhe a pulseira com o seu número de telefone.
A pequena confissão acabou por tomar proporções maiores do que poderia imaginar. Em agosto, Andrew Siciliano, jornalista no canal da liga de futebol americano, NFL Network, perguntou-lhe sobre a pulseira durante uma entrevista. “Não vou falar sobre a minha vida pessoal. Sei o que vocês, escritores, querem ouvir, e querem ouvir mais sobre isso, e eu não vou dar-vos nada.”
“É hilariante a tração que isto ganhou”, comentou, por outro lado, no The Pat McAfee Show, em finais de setembro, depois de confessar que tinha “atirado a bola” para “o campo de Swift”: “Disse-lhe: ‘vi-te a rockar no palco do Arrowhead Stadium, se calhar vais ter de vir ver-me rockar o palco no mesmo estádio e decidir qual de nós brilha um bocadinho mais”, provocou, brincalhão, numa referência ao estádio dos Kansas City Chiefs, o mesmo onde Taylor tinha estado a atuar.
Taylor Swift pagou a conta a todos os clientes de restaurante reservado por Travis Kelce
Desafio aceite. O primeiro avistamento da cantora no estádio de Kansas City acontece poucos dias mais tarde, a 24 de setembro, a aplaudir no camarote ao lado de Donna, mãe do jogador. O par foi visto a sair do estádio e, de acordo com uma fã no TikTok, Swift terá pagado a conta a todos os clientes num restaurante local, pedindo-lhes a gerência que terminassem rapidamente as refeições para que as celebridades pudessem jantar em privado com os amigos e família de Kelce. Mais tarde, foram fotografados a dar uma volta de descapotável.
Taylor Swift is HERE for the Chiefs game ???? pic.twitter.com/46SW4gEodz
— FOX Sports: NFL (@NFLonFOX) September 24, 2023
“Uma saudação a Taylor por ter aparecido”, comentou o jogador no episódio seguinte de New Heights. “Foi bastante corajoso. Achei incrível como toda a gente no camarote só teve coisas boas a dizer sobre ela. Sabem, os meus amigos e família. Ela estava linda.” Poucos dias mais tarde, Kelce é fotografado à porta de casa da artista. Na mesma noite, Swift vai jantar com Blake Lively, Sophie Turner e Britanny Mahomes, mulher do quarterback dos Kansas City Chiefs, Patrick Mahomes.
A 1 de outubro, a segunda aparição num jogo de futebol. Desta vez, partilhou a bancada com as mesmas três amigas, Ryan Reynolds, Hugh Jackman e Donna, que é vista a abraçar.
Como que a cumprir uma profecia, o novo romance deu todo um novo simbolismo à letra de “You Belong With Me”, um dos temas mais populares do início da sua carreira, onde cantava she’s cheer captain and I’m on the bleachers (“ela é a capitã das cheerleaders e eu estou na bancada”, em português), comparação reproduzida ao longo das últimas semanas por fãs e imprensa, face às imagens da artista nos camarotes dos estádios, a encorajar, sorridente, o capitão dos Kansas City Chiefs.
Nas bancadas, os fãs começam a segurar cartazes com referências ao romance. “87 + 13 = 100%”, escreve uma fã numa cartolina — o primeiro número é o da camisola de Kelce; o segundo, aquele que Taylor considera o seu “número da sorte”. Noutra, lê-se: “Não sei de vocês, mas eu estou também aqui pela Taylor”. “Vim de Boston pela Taylor Swift”, escreve outro. A própria NFL resolveu brincar com o mediatismo, alterando temporariamente a bio no X (antigo Twitter) para “NFL (Taylor’s Version)”, num piscar de olhos ao nome do mais recente álbum de Swift.
Pela terceira semana consecutiva, a 12 de outubro, Swift não falha o jogo dos Kansas City Chiefs. Nessa semana, o par é visto a jantar no Nobu, em Nova Iorque, antes de aparecer nas gravações ao vivo do Saturday Night Live, ela para apresentar uma atuação musical, ele para entrar num sketch sobre a cobertura obsessiva da NFL em torno do namoro. Na mesma noite, são fotografados pela primeira vez a dar as mãos, à chegada ao Catch Steak NYC para a after-party do programa de televisão da NBC. Na noite, seguinte, são novamente apanhados pelos paparazzi, desta vez à porta do restaurante Waverly Inn.
Considera-se “protetor”. À conversa com o irmão no podcast do costume, explica: “Quando estou num encontro, tenho sempre a sensação de que sou o homem naquela situação.” O namoro é cada vez mais assumido. A 22 de outubro, Taylor vai assistir ao quarto jogo dos Kansas City Chiefs, desta vez com a camisola 87, o número de Kelce. No final, um fã refere-se ao jogador como “o namorado de Taylor Swift”, ao que o último reage com um punho vitorioso no ar. O casal posa junto para uma fotografia no Instagram de Chariah Gordon, namorada de um colega de equipa de Kelce.
“[A relação] está rapidamente a ficar mais séria”, revela uma fonte à revista People. “Eles partilham uma forte ética de trabalho e apreciam bastante a vida e as suas carreiras, fortes valores e laços familiares“, continua, descrevendo o jogador como “querido, pateta e a alma da festa”.
No podcast, Travis Kelce admite ao irmão que joga duas vezes melhor quando Swift está a assistir, acrescentando que a sua prestação é pior quando está por sua conta, ou, em inglês, I’m worse when left to my own devices — uma referência à letra de “Anti-Hero”, tema de “Midnights, décimo álbum de estúdio da artista. As constantes referências e códigos fazem as delícias dos Swifties e, até ver, Travis Kelce está a pontuar em todos os campos. “É difícil compreender o efeito Taylor Swift”, remata, sorridente, o astro da NFL.