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Tim Draper é considerado um dos maiores investidores em startups.
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Tim Draper é considerado um dos maiores investidores em startups.

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Tim Draper é considerado um dos maiores investidores em startups.

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Tim Draper: "Atualmente vemos uma força política que cria e combate a inflação. Nada disso vai acontecer à economia da bitcoin"

Tim Draper, um dos maiores investidores em startups, é um entusiasta da bitcoin e defende-a. E só tem elogios para Elon Musk. Ao Observador explica o conceito "único" da sua universidade de startups.

O nome Draper “é sinónimo de capital de risco”. Há já quatro gerações de investidores que levam Draper consigo. Assim se apresenta a Draper Associates, fundada por Tim Draper, depois de sair da DFJ, criada, por sua vez, em 1985. O seu avô fundou, segundo reza a história, a primeira capital de risco na Califórnia. As pegadas foram seguidas pelas gerações seguintes e mesmo os filhos de Tim Draper já estão na indústria.

O ecossistema Draper, de hoje, é mais que uma capital de risco. Inclui um programa de televisão —  Meet the Drapers (na quinta temporada participou Verónica Orvalho, da Didimo) — a plataforma de formação Draper University e uma rede global de hostels Draper Startup House (está presente em Lisboa), tendo ainda uma empresa de investigação que disponibiliza o índice DII Global, com métricas e indicadores de cada país. Portugal encontra-se na 37.ª posição.

Além do trabalho na indústria de capital de risco, onde se vira em particular para as startups — um dos seus lemas é declarar que apoia missionários e não mercenários –, Tim Draper, com 64 anos, é também conhecido pelo seu entusiasmo em relação à bitcoin (e só tem elogios para Elon Musk. O Observador falou com o investidor e multimilionário (a Forbes contabiliza a sua fortuna em 1,2 mil milhões de dólares) no decorrer da Web Summit. Esteve por Lisboa nos quatro dias da cimeira e já não foi a primeira vez que atravessou o Atlântico até Portugal.

Está na Web Summit os quatro dias. Já viu alguma empresa portuguesa para investir?
Penso que temos investimentos em Portugal.

Este ano já se encontrou com alguma startup portuguesa?
Claro. Eu ando por toda a Web Summit, para trás e para a frente.

Quantos passos já deu? Tem um contador de passos?
(risos) Pelo menos 10 mil por dia… Mas sim olho para as startups portuguesas. Tivemos uma competição no [palco] Q&A com um episódio do Meet The Draper em que entrevistámos cinco empreendedores. Penso que ganhou um empreendedor do Egipto. Mas tivemos também no dia anterior uma competição na Draper Startup House em Lisboa, todos estão nessas instalações.

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Como escolhe as empresas para investir? Quais são as três principais características que têm de ter?
O mais importante é a visão, que tem de ser algo que eu acredite que o futuro vai ser. Será que isto vai ser fantástico para o mundo? Normalmente é [o pensamento] número um. Depois, o número dois é saber se aquelas pessoas são as certas para fazerem o que estão a fazer. Tem de ser a razão de viver deles. E depois se o mercado é grande e global. Só investimos a pensar no mercado global. Bom, às vezes até podem ser  regionais — por exemplo só estarem presentes nos Estados Unidos — mas têm de fazer algo de benéfico, como o MeToo.

Como quer que o mundo seja?
Adoro o progresso e adoro o que pode fazer por nós e como podemos pensar como o mundo pode ser. Os investimentos que vou fazer — bom alguns não consigo antecipar nem adivinhar — são aqueles para os quais espero que o mundo caminhe. Um deles medicina digital. Os serviços de saúde, os diagnósticos podem ser digitais, os contadores de passos, o histórico genético, os resultados das análises, até onde nos sentamos no avião, com quem nos encontramos, onde estivemos, o que comemos, são tudo peças de informação que vão fazer um trabalho melhor a diagnosticar um doente que qualquer médico.

Com base nos dados?
Com base nos dados, sim. E as terapêuticas serão bioquímicas computacionais. No laboratório, com base nos testes de sangue e do ADN, vão testar os fármacos e concluir que talvez um determinado remédio funcione e será específico para a pessoa, receberá um remédio diferente de mim para determinada doença. Por isso, penso que os cuidados de saúde vão mudar. E penso que a indústria espacial e de transportes vai mudar. Elon [Musk] rompeu barreiras.

O hyperloop vai funcionar?
Certamente um dia. Há 50 anos que não havia uma construtora de automóveis bem sucedida e ele iniciou uma empresa com sucesso. E também ninguém tinha criado uma boa companhia de foguetões e ele criou. Desde então vejo imensas oportunidades no transporte e no espaço. Penso que haverá ainda outra área, uma terceira área, à volta da bitcoin, blockchain, contratos inteligentes e organizações descentralizadas. Penso que essas áreas vão conduzir a grandes mudanças na sociedade.

2022 WSJ The Future of Everything Festival

A gravata com o desenho de bitcoins é uma imagem de marca de Tim Draper

Getty Images

“Todos os meus investidores estão a ganhar muito dinheiro”

Tem ideia do número de empresas em que já investiu?
Em toda a minha vida?

Ou quantas tem no portefólio.
Nos portefólios. São vários. É complicado. Cerca de 600 na Draper Associates e provavelmente 2000 na rede Draper Venture Network.

Já perdeu dinheiro?
Recentemente não.

Mas o saldo final é positivo?
Todos os meus investidores estão a ganhar muito dinheiro. Os meus investidores têm um portefólio diversificado, pelo que no final ganham muito dinheiro. Em alturas de alta de mercado (bull) apenas perdemos cerca de 10%, em altura de queda (bear) podemos perder 50 a 60%.

"I love bitcoin! [Adoro a bitcoin]. A bitcoin é a minha favorita, mas há outras criptomoedas que têm grandes perspetivas porque a engenharia é tão boa."
Tim Draper

Estamos agora numa altura de bear market…
Vamos cruzar os dedos [no palco central da Web Summit, Tim Draper admitiu que fica nervoso quando o mercado está em alta, e que o bear market é mais a sua praia — “is my thing“].

Quanto tempo acha que esta baixa vai durar? Não consegue prever o futuro… 
Tento, é o meu trabalho tentar [prever o futuro]. Suspeito que o mercado vai continuar a cair por mais três a seis meses, demorando mais para as companhias não cotadas, que vão recuperar mais lentamente. Foi o que aconteceu no crash das dotcom e foi o que aconteceu em 73/74, quando tivemos uma crise inflacionista.

Tal como agora. Em relação aos criptoativos, continua a investir neste inverno das criptos?
I love bitcoin! [Adoro a bitcoin]. A bitcoin é a minha favorita, mas há outras criptomoedas que têm grandes perspetivas porque a engenharia é tão boa.

Porque é que a bitcoin é a sua favorita?
Acredito que a bitcoin é como a Microsoft, começou apenas como uma plataforma e continuou a fazer crescer os negócios, as folhas de cálculo, as bases de dados, que passaram a ser muito importantes, e então integrou-as na plataforma. Com a bitcoin está a acontecer algo semelhante. A experimentação acontece em muitas criptomoedas, mas quem trabalha na rede bitcoin pensa em NFT, contratos inteligentes, isso está tudo em construção. Tal como aconteceu com a Microsoft, que quando iniciou era apenas uma plataforma e foi construindo em cima dela e criou vários negócios até os colocar na plataforma.  E a bitcoin está a fazer algo semelhante. NFT, Defi [finanças descentralizadas], contratos inteligentes, estão a ser construídos em cima da bitcoin.

Como aconteceu com o Office da Microsoft…
Sim. E a outra razão pela qual gosto da bitcoin é que só haverá 21 milhões e, por isso, nenhum poder poderá criar inflação e baixar o seu valor. Atualmente vemos uma força política que cria e combate a inflação. Nada disso vai acontecer à economia da bitcoin. Por isso estou muito entusiasmado com o que a bitcoin pode fazer. E quando conseguirmos comprar os alimentos, a roupa, a habitação com bitcoins não vamos mais querer deter euros, dólares ou pesos.

Pode ser substituta das moedas fiduciárias?
Sim, penso que não vamos querer mais moedas fiduciárias. As pessoas vão ter de se desfazer dessas moedas porque vão querer estar em moedas que aumentem de valor ao longo do tempo, e vão querer deter aquelas que não estão presas a forças políticas.

A adoção ainda é baixa…
Há 100 milhões de carteiras. Não penso que seja assim tão baixa. Até é muito. E demora muitos anos para que alguma coisa consiga mudar toda a sociedade. Dizem que o Facebook é um fenómeno recente… já tem quase 20 anos! E o iPhone… pense em todas as mudanças que aconteceram e o que podemos fazer com isto [pega no seu telemóvel]. Fiquei sem o meu durante um tempo e fiquei sem saber o que fazer, para onde ir, ou como chamar um Uber.

Ainda não é o mesmo com a bitcoin…
Não, mas vai ser. Bom, quando conseguirmos comprar nas lojas com bitcoin, aí deixará de haver razão para termos moeda fiduciária.

A sua projeção para a bitcoin era para que esta moeda virtual chegasse aos 250 mil dólares no final de 2022 ou início de 2023… mas este ano continua em baixa. Quando se vai iniciar esse novo ciclo?
Uma bitcoin continua a valer uma bitcoin. Vemos as moedas fiduciárias a subir e a descer caminhando lentamente para o zero contra a bitcoin. Penso que é isso que vai acontecer.

Abanão nas criptomoedas. Uma viagem até ao eclipse da Luna

Casos como a Luna/Terra, Celsius e Three Arrow que dano podem fazer ao mercado das criptos?
Não conheço o caso da Three Arrow, mas no caso da Luna foi mal desenhada. Há stablecoins que têm um poder infinito para imprimir moedas e se o tiverem não desaparecem. Mas quando uma stablecoin, a determinada altura, pára [de imprimir] acontecem casos como o da Luna/Terra… deviam ter tido a capacidade de imprimir de forma ilimitada. Alguém não pensou convenientemente quando criaram a moeda.

Foi um erro?
Sim.

No caso da plataforma Celsius já não foi um erro…
Muito diferente. A Celsius tinha clientes que emprestavam para comprar, e não anteciparam a queda da bitcoin, da ethereum, das criptomoedas. E as pessoas tiveram de vender para cobrir os seus empréstimos. O mesmo acontece no mercado de capitais quando cai, nos casos em que o investidor está alavancado [em dívida] ou a apostar na queda. Por isso a alavancagem tem sempre algum risco.

The winter is coming. Criptomoedas em nova prova de fogo

Já depois da entrevista houve a queda de mais uma plataforma de criptomoedas, uma das maiores. A FTX pediu proteção contra credores, num processo de insolvência. No Twitter, Tim Draper comentou: “FTX. Tão triste. Mais um argumento claro contra moedas centralizadas (alavancada), seja cripto seja fiduciária.” Para voltar à defesa da bitcoin, que, diz, é descentralizada.

Atualmente vemos alguma correlação entre o preço da bitcoin e as cotações nas ações tecnológicas…
Relativamente. A razão de caírem conjuntamente são os especuladores de bitcoin. Não são os detentores e os entusiastas da bitcoin, porque os entusiastas estão a comprar, a comprar, a comprar.

Como é o seu caso?
Sim. Os especuladores pensaram: ‘está a subir, vamos continuar a comprar e a comprar’; mas se começar a cair eles vendem, vendem. Fazem tudo errado. Mas acontece o mesmo nos mercados de capitais: estavam a comprar, a comprar e a comprar e depois a vender, a vender e a vender. Por isso, nesse ponto, correm em paralelo. Mas no longo prazo vão divergir, porque penso que o mercado de capitais vai continuar a cair. E não conseguem controlar a inflação que vai continuar desenfreada. O que vai puxar o mercado de capitais para baixo e a bitcoin para cima.

Quanto mais para cima?
Previ que atingiria os 250 mil dólares. Vou viver e morrer por isso.

"Penso que a privacidade já acabou. Tenho câmaras à minha volta na mais pequenina coisa que esteja a funcionar. Mas penso que uma sociedade confiável é uma sociedade aberta."
Tim Draper

A regulação na bitcoin e nos criptoativos é algo de bom ou mau para a indústria?
Vai ser mau para os governos que regulem em demasia. Os que o fizerem vão perder empreendedores, vão perder avanços na sociedade e vão perder progresso. Vão ficar para trás. Até fiquei um pouco com inveja quando me encontrei com os responsáveis de El Salvador que tornou a bitcoin uma moeda oficial e falavam sobre contratos inteligentes e descentralização. Tudo fazia parte do seu vocabulário e da sua cultura. Pensei sobre isso e é similar ao que aconteceu com a internet. Se os Estados Unidos tivessem regulado a internet, os Estados Unidos teriam ficado para trás; ou se a Europa tivesse regulado a internet a Europa ficaria bem para trás. A razão dos reguladores estarem nervosos é que eles controlam as pessoas com as moedas e eles agora veem que não podem mais controlar as pessoas. E têm de perceber que deixando as pessoas agir livremente estão a promover o futuro da economia do seu país.

A regulação é um meio de controlo?
É uma questão de confiança. Se um país confiar nas pessoas e deixá-las agir livremente vão construir uma grande economia. Se um país não confia nas pessoas, regula-as e pára de avançar e a economia fica estagnada. E isso está a acontecer um pouco por todo o lado. É a diferença entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul; é a diferença entre a Europa de Leste e a Europa Ocidental; é a diferença entre a Rússia e os Estados Unidos; é a diferença entre Cuba e Hong Kong — Hong Kong antes, não agora, que está a lutar pela sua liberdade.

Mas mesmo na internet há limites e alguma regulação.
Não é saudável. Mas depende da regulação, mas bloquear a liberdade de expressão é uma má ideia. Pense na sua profissão. Tem de poder escrever o que quiser.

E a proteção da privacidade?
Penso que a privacidade já acabou. Tenho câmaras à minha volta na mais pequenina coisa que esteja a funcionar. Mas penso que uma sociedade confiável é uma sociedade aberta. Uma sociedade aberta, livre e confiável cresce mais depressa do que a que é definida por uma pessoa no topo a dizer o que pode fazer da sua vida, essa pessoa é o Presidente Xi [Jinping] ou o Presidente Putin, atualmente, que estão a dizer a toda a gente o que têm de fazer e isso mata uma economia. Mas os grandes países são os que dizem ‘confio nas pessoas’, esses estão a fazer as coisas certas.

E há grandes países?
Bem, os Estados Unidos foram um grande país por um longo período, mas agora há regulação em cima da regulação e quando isso começa a acontecer passamos mais o tempo a pensar em como obedecer às leis e menos tempo a tentar descobrir como chegamos a Marte.

“Elon Musk é brilhante”

O que achou da compra do Twitter por Elon Musk?
Elon Musk é brilhante. É tão brilhante e magnífico! Eu conheço-o.

Investiu com ele no Twitter?
A DFJ investiu no Twitter com ele. Eu com a Draper Associates não. A minha antiga firma investiu, eu não. A Draper Associates faz investimentos numa fase muito inicial das empresas. Mas Elon é brilhante e investimos tanto na Tesla como na SpaceX. Somos dos primeiros investidores da Tesla e da Space X.

Ainda tem ações da Tesla?
Não…. vendi as minhas ações. Grande erro. Grande erro.

E na Space X continua?
Claro. É o futuro do espaço. Vai ser uma grande companhia.

Se continuasse investidor na Tesla, esta compra do Twitter não distrai Elon Musk da construtora de automóveis? Não é um risco para a Tesla?
É sempre um risco alguém dispersar-se, mas ele é um pessoa especial. Ele é especial!

Porquê?
Porque ele realmente lidera com o coração. Ele diz ‘preciso de salvar o planeta e de tirar as pessoas deste planeta e estas são as formas como o vou fazer’. Em primeiro lugar, a Tesla vai salvar o planeta porque vai utilizar menos carbono. A Space X vai permitir-nos sair do planeta. E o Twitter permite-nos a liberdade de expressão que precisamos para progredir e melhorar o planeta. E as três coisas são realmente importantes.

O que acha que Musk vai fazer com o Twitter?
Vai torná-lo livre. Ele confia nas pessoas e não vai silenciá-las. Recordo que eles [Twitter antes de Musk] silenciaram o Presidente dos Estados Unidos [Donald Trump foi banido]. O que estavam eles a pensar? Sim, claro, não gostaram do que ele disse mas [silenciá-lo] é algo que deviam fazer? Penso que não. Penso que toda a gente deve ter uma voz. Penso que toda a gente deve poder ter uma voz e se não gostarem votem contra ele e ele deixa de aparecer tanto.

As notícias falsas e a desinformação não são coisas más e um risco?
Quem sabe qual é a verdade? A minha verdade e a sua verdade pode ser diferente. Há coisas com as quais podemos todos concordar — esses sapatos são azuis, mas mesmo o azul pode ter uma perspetiva diferente para mim e para si. Há coisas que podemos chamar factos e não queremos meter-nos com algo que foi provado — mas mesmo os cientistas trabalham os dados para provar o seu ponto de vista. Na educação, os sindicatos de professores na Califórnia disseram às pessoas que [o ensino à distância durante a Covid] iria resultar melhor, mas ficou pior. Mas ninguém silenciou o sindicato. Porque não? Eram totalmente fake news. Porque não foram silenciados? Porquê ter uma pessoa, como Putin, Xi ou o líder do Twitter, a decidir o que as pessoas podem e o que não podem ler? As pessoas devem poder ler tudo e pensar por elas próprias e tomarem as suas próprias decisões.

Mas enquanto investidor, concorda com a saída do Twitter de bolsa?
Não sabia, mas acho ótimo.

Porquê?
Porque podem operar sem os olhares públicos.

Não é bom ter o olhar público?
Os olhares públicos são ótimos, mas eles assim são livres. É uma opção e eu gosto de escolhas. Gosto que toda a gente tenha escolhas. E se Elon quer tornar a empresa fechada [não cotada] quero que ele tenha esse poder de decisão.

Web Summit 2022 - Day One

Tim Draper apresentou, durante a Web Summit, o show televisivo Meet the Drapers

Sportsfile for Web Summit via Ge

Uma fábrica de unicórnios? É possível

A Drapper University diz ter criado no seu seio cinco unicórnios…
Até agora…

Mas como é que se cria um unicórnio? O presidente da Câmara de Lisboa quer criar uma fábrica de unicórnios [que inaugurou no decurso da Web Summit]. É possível ou só depende da sorte?
As pessoas diziam-me que o empreendedorismo não podia ser ensinado. Diziam que não podíamos ensinar empreendedorismo. E eu pensei como poderia ensiná-lo. Então, criei um curso que é muito diferente. Temos até treinos de sobrevivência e baseamos tudo em equipas, temos hackathons [maratona de programação], temos competições de planos de negócio e esse tipo de coisas. Mas desafiamos as pessoas emocionalmente, fisicamente e intelectualmente de uma forma que nunca foram desafiadas nas escolas, onde lhes dizem que não podem cometer erros e em que decoram as matérias e têm as notas. Nós dizemos: ‘saiam, experimentem, cometam erros, falhem, e não se preocupem com isso’. É toda uma nova forma de pensamento. E os grandes empreendedores sabem como falhar. Falham, regressam e tentam novamente. Criámos um plano de estudo que faz exatamente isso. Não sei se há mais alguém no mundo com coragem suficiente para criar este tipo de escola, é uma escola perigosa, é até um pouco maluca, pomos as pessoas em cima de um palco a fazer coisas ridículas, pomo-las em situações embaraçosas.

E com isso criam-se unicórnios?
Sim, pode criar-se uma fábrica de unicórnios, mas é preciso fazer as coisas de forma diferente. E nós fizemos. Criámos a escola e não é para toda a gente. Mas para as pessoas que a frequentaram foi uma life changer [mudou-lhes a vida]. Se forem para a indústria são promovidos muito rapidamente porque estão preparados, e não têm medo do risco. Se começarem um negócio estão mais aptos a ser bem sucedidos, porque sabem o que têm a fazer, têm de testar e têm de falhar, falhar, falhar até serem bem sucedidos. Fizemos mesmo qualquer coisa de único. E é extraordinário. Tivemos pessoas de 103 países. Frequentaram, até agora, 3300 estudantes que criaram, no total, 800 companhias, cinco são unicórnios. Talvez venha a haver mais 100 unicórnios, estamos no bom caminho. Mas vai levar anos até que as pessoas reconheçam que isto é uma fórmula melhor de as formar.

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