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Tim Walz, o governador "terra a terra" que Kamala Harris escolheu como número dois para conquistar votos na muralha azul

Cumpre o 2.º mandato como governador do Minnesota, mas noutra vida dedicou-se ao ensino e foi treinador de futebol americano. Harris apostou as suas fichas nele, impressionada pela "autenticidade".

“Estes tipos são esquisitos.” O governador do Minnesota, Tim Walz, provavelmente não esperava o efeito que se gerou quando usou estas palavras para descrever o duo republicano Trump-Vance, que concorre à Casa Branca. Não foi sequer a primeira vez que os criticou nestes termos, mas o que é certo é que colou. O vídeo, em que aparecia a discursar de t-shirt e boné, tornou-se viral nas redes sociais, catapultou-o ao longo das últimas semanas e transformou-se num ângulo da campanha de Kamala Harris e dos democratas. O mesmo governador foi confirmado esta terça-feira por Harris como parceiro na corrida às presidenciais de 5 de novembro.

A escolha de um vice-presidente era a peça que faltava na candidatura de Kamala Harris, que já é oficialmente candidata democrata à Casa Branca. Na corrida, estavam vários nomes, desde o senador do Arizona Mike Kelly ao secretário dos Transportes Pete Buttigieg. Nas últimas 24 horas, noticiou a Reuters, a escolha de Harris parecia reduzir-se a duas figuras: Josh Shapiro, governador da Pensilvânia, um estado chave nestas eleições; e Tim Walz, um professor do Minnesota a cumprir o segundo mandato à frente do estado. A escolha recaiu sobre Walz, que até há pouco tempo não constava sequer da lista dos nomes mais apontados para vice e é relativamente pouco conhecido fora do Minnesota.

A decisão, em nada insignificante para a campanha, foi demorada. Uma equipa de advogados e analistas examinou minuciosamente os currículos dos potenciais candidatos e entrevistou-os. A própria Harris encontrou-se com três finalistas — Walz, Shapiro e Kelly — na sua residência este domingo. Só depois de uma reflexão com os seus conselheiros formalizou a escolha, esta terça-feira de manhã.

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A “química” entre os dois terá sido um fator determinante, segundo relata a imprensa norte-americana. Com a escolha do governador, que é conhecido por conseguir chegar a eleitores rurais que outros democratas não conseguem alcançar, a vice-presidente espera vir a conquistar votos na chamada Blue Wall [muralha azul, em português, por serem zonas tradicionalmente democratas no passado]. É que se Harris quer chegar à Casa Branca o seu caminho passa muito provavelmente por estados como Pensilvânia, Winsconsin e Michigan, que Trump assegurou em 2016, mas perdeu para Biden em 2020.

“É a honra de uma vida juntar-me a Harris nesta campanha”, admitiu Walz pouco depois do anúncio, quando os republicanos já testavam linhas de ataque e descreviam o democrata como uma adição à “visão radical” de Harris. No novo papel, o governador já fez saber que também está ao ataque, repetindo o argumento que já lhe tinha valido antes: “Dá para ver que são sinistros e esquisitos”. Disse também que mal podia esperar para debater com J.D. Vance. “Isto é, se ele estiver disposto a sair do sofá e aparecer”, atirou, numa alusão a piadas fabricadas nas redes sociais sobre o vice de Trump. Sobre o ex-Presidente, também deixou algumas palavras: “Os crimes violentos aumentaram com Donald Trump. E isso é sem contar com os que ele cometeu”.

A menos de 100 dias das eleições, e riscado o primeiro ponto da agenda conjunta, a dupla Harris-Walz lança-se numa corrida contra-relógio para se dar a conhecer e que os vai levar nos próximos dias ao Wisconsin e Michigan. Mas quem é Tim Walz? E o que representa a sua escolha para a candidatura de Harris?

O professor do Nebraska que dirige “um dos três estados mais felizes dos EUA”

Aos 60 anos, Tim Walz cumpre um segundo mandato à frente do estado do Minnesota, que recentemente foi eleito um dos três estados mais felizes dos EUA”. Seria “difícil encontrar uma representação mais vivida do coração americano do que Walz”, escrevia esta terça-feira a Associated Press a propósito do governador, que nasceu na pequena cidade de West Point, no Nebraska.

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Tim Walz é descrito como um candidato "terra a terra"

Star Tribune via Getty Images

Foi neste estado norte-americano que Tim Walz fez todo o seu percurso escolar. Os verões eram passados a trabalhar na quinta do pai, que morreu de cancro quando tinha 19 anos. O agora governador chegou a trabalhar na agricultura e fábricas antes de se formar como professor de Geografia e Estudos Sociais.

[Já saiu o segundo episódio de “Um rei na boca do Inferno”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de como os nazis tinham um plano para raptar em Portugal, em julho de 1940, o rei inglês que abdicou do trono por amor. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no YouTube. Também pode ouvir aqui o primeiro episódio. ]

A longa carreira no ensino começou na distante província chinesa de Guangdong, onde ensinou inglês durante um ano como parte de um programa da Universidade de Harvard, tempo que aproveitou para aprender um pouco de mandarim. Depois disso ensinou na Reserva Indígena de Pine Ridge, no Dacota do Sul, e também em algumas escolas do Nebraska.

Durante vários anos Tim Walz lecionou na secundária de Mankato e treinou a equipa de futebol norte-americano. Foi também um promotor da primeira aliança gay-hétero da escola.

Na década de 90 Walz mudou-se para o Minnesota, o estado natal da mulher, Gwen, onde continuam a viver com os dois filhos (Hope e Gus). Durante vários anos lecionou na secundária de Mankato e treinou a equipa de futebol norte-americano — venceram o primeiro de quatro campeonatos estatais. Foi também um promotor da primeira aliança gay-hétero da escola. Algo que, como recorda o New York Times, disse ser importante já que vinha de “um treinador de futebol, que era hétero e casado e que foi soldado”.

Esse é outro pormenor do percurso de Walz: com apenas 17 anos alistou-se na Guarda Nacional do Exército. Reformou-se em 2005, depois de 24 anos de serviço durante os quais prestou apoio principalmente na resposta a desastres naturais. Chegou a receber várias condecorações, incluindo a Army Commendation Medal pelo trabalho. É atualmente o soldado alistado com a patente mais elevada de sempre a servir no Congresso.

A caça é um dos seus hobbies, particularmente de faisões e perus. Introduziu mesmo a “Abertura de Caça ao Peru do Governador” para dar início à temporada de caça ao peru no Minnesota e organiza um evento semelhante para a temporada de caça ao faisão. “Garanto-voz que ele não consegue disparar em faisões como eu”, chegou a dizer à CNN numa referência ao vice de Trump.

Uma década no Congresso e os dois mandatos à frente do Minnesota

O salto da educação para a política deu-se na viragem da década. Tudo começou com um comício de George W. Bush, em 2004, a que tentou assistir com um grupo de alunos quando ainda era professor. O New York Times conta que foram barrados, segundo a versão de Walz por se terem voluntariado para a campanha democrata. No ano seguinte concorreu pela primeira vez ao congresso norte-americano, depois de uma passagem pelo Campo Wellstone, de formação política para democratas.

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Tim Walz foi eleito para a Câmara dos Representantes do Congresso pela primeira vez em 2006 e ficou lá uma década

CQ-Roll Call, Inc via Getty Imag

A concorrer por um círculo eleitoral tendencialmente republicano, conseguiu derrotar o incumbente, que deteve o lugar por seis vezes consecutivas. Curiosamente, capitalizou os votos de protesto contra o Presidente Bush e a guerra no Iraque, como nota a Associated Press. A vitória foi o pontapé de saída para mais de duas décadas na política. Depois de seis mandatos no Congresso, e a sonhar com voos mais altos, concorreu a governador em 2018. Nova vitória, por onze pontos percentuais, repetida quatro anos depois.

Ainda durante o primeiro mandato, Walz enfrentou uma legislatura desafiante, numa altura em que os democratas controlavam o Congresso e os republicanos o Senado. Enfrentou uma grande resistência às suas propostas para usar impostos mais elevados para aumentar o financiamento para escolas, sistema de saúde e estradas. Ainda assim, conseguiu ir negociando compromissos.

Walz esteve seis mandatos na Câmara dos Representantes do Congresso. Concorreu a governador do Minnesota em 2018 e venceu (vitória que repetiu quatro anos depois).

No segundo mandato, que coincidiu com a conquista pelos democratas de ambas as câmaras da legislatura estadual, apostou em vários setores: refeições gratuitas em algumas universidades estaduais, consagrou o direito ao aborto na legislação estadual — um tema que está a marcar esta campanha –; proibiu a terapia de conversão para pessoas homossexuais; impôs restrições ao controlo de armas; e legalizou o uso de marijuana.

Atualmente Walz lidera a Associação de Governadores Democrata, o que tem contribuído para lhe conferir um perfil mais nacional ao longo do último ano. Ainda assim, fora do Minnesota continua a ser uma figura relativamente desconhecida. É visto como um político moderado, representante dos trabalhadores com origem rural.

Um defensor dos direitos reprodutivos convertido às restrições a armas

Ainda antes da nomeação, Walz tinha vindo a sublinhar nas últimas semanas que se alinhava em vários aspetos com Kamala Harris. “Temos os mesmos valores. Acreditamos que podemos ganhar no Midwest”, disse recentemente em entrevista à Fox News. A convergência de posições é particularmente visível em temas como os direitos reprodutivos e os direitos LGBTQ.

"No Minnesota, respeitamos os nossos vizinhos e as escolhas pessoais que fazem. Mesmo que não fizéssemos as mesmas escolhas. É a regra de ouro: metam-se na vossa vida."
Governador Tim Walz

Kamala Harris tem feito dos direitos reprodutivos uma das bandeiras nestas eleições. A esse propósito, a campanha de Harris veio destacar um detalhe sobre a vida pessoal da família Walz. “O governador e a esposa enfrentaram anos de desafios de fertilidade e tiveram sua filha, Hope, passando por tratamentos de saúde reprodutiva, como a fertilização in vitro, consolidando ainda mais o seu compromisso em garantir que todos os americanos tenham acesso a esses cuidados”, indicou num comunicado à imprensa ao anunciar a escolha.

O governador já tinha falado do tema depois da decisão do Supremo Tribunal do Alabama que afetou este tipo de tratamentos. “O nome da minha filha mais velha é Hope [em português, Esperança]. Eu a minha mulher passámos sete anos a tentar engravidar, precisámos de tratamentos de fertilidade, como a FIV — coisas que os [republicanos] iriam banir”, disse em campanha. “Estes tipos são anti-liberdade”, acrescentou Walz, que acompanhou Harris na visita a uma clínica que faz a interrupção voluntária da gravidez. No comício desta noite voltou ao tema: “No Minnesota, respeitamos os nossos vizinhos e as escolhas pessoais que fazem. Mesmo que não fizéssemos as mesmas escolhas. É a regra de ouro: metam-se na vossa vida.”

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Kamala Harris visitou uma clínica no Minnesota que permite a interrupção voluntária da gravidez. À chegada ao estado norte-americano foi recebida por Tim Walz

AFP via Getty Images

Não é o único tema em que se alinham. Harris tem defendido a “liberdade de viver em segurança, sem violência armada”, algo que se tornou um pilar da sua campanha presidencial. No seu primeiro comício, no mês passado, mostrou-se a favor de políticas como a verificação do histórico dos quem querem comprar armas e a proibição da venda de armas de assalto a civis.

Walz, que é caçador, chegou a apoiar a Associação Nacional de Rifles, mas renunciou ao grupo depois de um tiroteio numa escola em Parkland, no qual morreram 17 jovens. O governador chegou a explicar que a sua posição foi influenciada pelos apelos da filha sobre um maior controlo de armas.

A possibilidade de votos no Midwest e a “autenticidade” que impressionou Kamala

A escolha do vice-presidente não é um detalhe nestas eleições e tradicionalmente, na política norte-americana, serve para tentar alargar a base eleitoral do candidato a eleitores a que normalmente não chegaria. Para os republicanos, o cenário mais receado era se Kamala Harris escolhesse Josh Shapiro, um nome que chegou a estar na lista de Harris a vice e que poderia trazer vantagem num dos chamados swing states, que oscilam entre republicanos e democratas. Muitos republicanos suspiram agora de alívio.

“Temos também de admitir que neste momento estão felizes porque temiam mais Josh Shapiro, pela ligação que ele tem com a Pensilvânia”, dizia Ana Cavalieri, do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica no episódio desta quarta-feira do podcast “A História do Dia” da Rádio Observador. Um indicador disso são as palavras do estratega republicano Kevin Poindexter, citado pela CNN ainda antes do anúncio: “Tim Walz nem entra na escala do medo”.

"O eleitorado que estava a ser mais duro com Biden eram os eleitores mais velhos, brancos e operários naqueles estados da muralha azul. Acho que esse é o potencial que Walz tem, trazer esses votos para a mesa."
Mark Longabaugh, estratega democrata

O que levou, então, Harris a escolher Walz? Há vários trunfos na manga e a possibilidade de vencer no Minessota nem é a mais atrativa. Uma vitória azul lá é tida como quase certa, já que o estado não apoia os republicanos há 52 anos e as sondagens mais recentes apontam que a tendência se deve manter. Mais apreciados pela vice-presidente foram os marcos de dois mandatos do governador. “Estabeleceu marcos no Minnesota que Harris quer replicar na sua presidência — acesso à saúde reprodutiva, licença remunerada, créditos fiscais para crianças e segurança de armas”, escreveu esta terça-feira o Politico, citando fontes conhecedoras do processo de escolha.

Harris também terá visto com bons olhos o percurso anterior de Walz — enquanto professor e treinador de futebol americano — e o seu sucesso em virar um distrito republicano em democrata. O mesmo jornal diz que a candidata à Casa Branca espera que Walz possa contribuir assim para um efeito positivo nos estados da chamada muralha azul, como o Wisconsin, o Michigan e a Pensilvânia.

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Uma multidão de apoiantes, curiosos e jornalistas em frente à casa do governador, que estava de saída para a Filadélfia

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“O eleitorado que estava a ser mais duro com Biden eram os eleitores mais velhos, brancos e operários naqueles estados da muralha azul. Acho que esse é o potencial que Walz tem, trazer esses votos para a mesa”, disse o estratega democrata Mark Longabaugh, que trabalhou nas campanhas do senador Bernie Sanders. “Ela [Kamala] claramente trouxe energia à base democrata do partido, eleitores mais jovens, negros. E então acho que eles não vão magoá-la de forma alguma, mas a assistência será na outra direção.”

“Eu penso que ele seria a opção ideal para seduzir a tal classe média ou classe trabalhadora branca que prevalece em muitos dos estados como Michigan, Pensilvânia e Wisconsin“, destacou também Ana Cavalieri no programa “A História do Dia”.

"Penso que ele seria a opção ideal para seduzir a tal classe média ou classe trabalhadora branca que prevalece em muitos dos estados como Michigan, Pensilvânia e Wisconsin."
Ana Cavalieri, Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica

Também caiu bem a forma como popularizou o momento “estes tipos são esquisitos”, ao referir-se a Trump e ao seu vice, mas joga também a seu favor um traço da sua personalidade que tem sido muito falado: a autenticidade. Isso mesmo era destacado esta terça-feira quando, pouco depois de conhecida a escolha, uma multidão de apoiantes e curiosos crescia junto à casa do governador. “Ele é uma pessoa terra a terra. Ele percebe. Ele pode falar com toda a gente”, dizia um apoiante à Associated Press.

“Há uma falta de autenticidade em J.D. Vance que é a antítese do que Tim Walz é”, descrevia por estes dias a ex-senadora Heidi Heitkamp em entrevista ao Guardian. “Quando se olha para Tim Walz, o que vemos é alguém com uma experiência de vida comparável à de muitas pessoas das zonas rurais da América que estão dispostas a reconsiderar o seu voto cego no candidato do Partido Republicano”, dizia noutra entrevista. “Ele não tenta falar de forma poética. Fala em termos práticos”, acrescentava a estratega democrata Abu Amara. Fontes ouvidas pela CNN disseram que esta “autenticidade” impressionou Harris, que sentiu uma boa química na entrevista de domingo.

O “radicalismo”, o fator George Floyd e as fronteiras. As armas dos republicanos contra o duo Harris-Walz

Anunciada a dupla Harris-Walz a oposição entrou logo em jogo com um coro de críticas. “A Kamala Harris acaba de reforçar a sua visão radical para a América ao escolher outro extremista de esquerda como seu vice-presidente”, diz o narrador de um novo vídeo da campanha de Donald Trump.

A linha de ataque parece estar para durar, com o ex-Presidente a descrevê-lo como um “liberal perigoso” que iria “libertar o inferno na Terra”. Num email citado pela impressa norte-americana, Trump descrevia Walz como o eventual pior vice-presidente na história norte-americana, afirmando que iria “deitar fogo a TRILIÕES de dólares” e abrir a fronteira norte-americana a criminosos. “É mau a esse ponto”, sublinhou.

epa11486909 Republican presidential nominee Donald Trump (L) and his running mate Republican vice presidential nominee Senator JD Vance (2-R) and their wives react on stage at the end of the fourth day of the Republican National Convention (RNC) at Fiserv Forum in Milwaukee, Wisconsin, USA, 18 July 2024. The convention comes days after a 20-year-old Pennsylvania man attempted to assassinate former president and current Republican presidential nominee Donald Trump. The 2024 Republican National Convention is being held from 15 to 18 July, in which delegates of the United States' Republican Party select the party's nominees for president and vice president in the 2024 United States presidential election.  EPA/ALLISON DINNER

Os republicanos já escolheram uma das linhas de ataque, descrevendo Walz como um reforço do "radicalismo" de Kamala Harris

ALLISON DINNER/EPA

O argumento de que assumiu uma posição liberal sobre as fronteiras é apenas um de muitos que se esperam virem a ser usados pelos republicanos, que deverão tentar retratá-lo como anti-armas, anti-polícia e alguém que esteve em sintonia com os progressistas nos últimos quatro anos e é um dos principais defensores das políticas da administração Joe Biden.

Também são esperadas duras críticas à forma como o governador geriu a onda de protestos após a morte do afro-americano George Floyd às mãos de um polícia, em 2020. O republicano e governador da Flórida, Ron DeSantis, foi o primeiro a abrir esse capítulo, acusando Walz de não fazer o suficiente para proteger o Minnesota: “Walz ficou sentado e deixou o Minneapolis queimar.”

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A campanha de Trump também parece apostar nas críticas à decisão de Harris de não escolher o governador da Pensilvânia para vice, ainda que a decisão lhes seja favorável. Isso mesmo ficou claro nas primeiras declarações públicas de J.D. Vance depois da nomeação de Walz.

Aos jornalistas, a bordo de um avião, Vance argumentou que Harris “deu ouvidos à ala do Hamas do seu próprio partido”. Isto porque a campanha de Trump tenta argumentar que, ao não escolher Josh Shapiro — que é judeu e tem criticado alguns manifestantes que protestaram contra o conflito — Harris cedeu a membros mais progressistas do Partido Democrata que se opõem à forma como Israel está a lidar com a guerra na Faixa de Gaza.

Cruzado o primeiro ponto da agenda, com o comício na Filadélfia, o par segue caminho para o Winsconsin. Daqui para a frente espera-os uma curta, mas previsivelmente extenuante corrida eleitoral. Um prazo que o número dois de Harris fez por desvalorizar já no comício desta noite: “Meu Deus, que fácil, dormimos quando morrermos.”

Atualizado às 00h30 com declarações de Tim Walz no comício na Filadélfia

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