A taxa de desemprego é de 14% na Grande Lisboa e Península de Setúbal, a segunda pior região em Portugal continental, mostram as últimas informações trimestrais do Instituto Nacional de Estatística (INE). Todavia, a capital tem um fator positivo: as remunerações são mais elevadas.

Na Grande Lisboa, o ganho mensal bruto era, em média, de 1437 euros em 2012, o último ano analisado pelo INE. Este valor era, por exemplo, 28% superior à remuneração média no Grande Porto e 31% mais elevado do que o vencimento médio no continente.

Apesar de se receber mais, as despesas também são superiores na Grande Lisboa, começando pelo preço das habitações familiares. Para ajudar os seus leitores a decidir a melhor localização para as suas casas, o Observador compilou simultaneamente os preços das residências na Grande Lisboa e os custos de transporte para a capital. Assim, podemos dizer-lhe quais são as freguesias mais económicas para quem trabalha no centro de Lisboa.

Desenvolvemos um indicador que reflete o custo médio de aquisição de um apartamento com dois quartos adicionado da despesa de transporte para Lisboa. Os preços do imobiliário foram obtidos junto do BPI Expresso Imobiliário, enquanto os valores dos vários passes mensais foram extraídos da Carris e de outros operadores locais. Extrapolámos os custos para 30 anos, assumindo uma taxa de inflação dos serviços de transporte de 3,2%, igual à média dos últimos dez anos no continente.

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Zonas mais económicas da Grande Lisboa

Foram avaliadas 74 freguesias na Área Metropolitana de Lisboa. Algumas foram excluídas por falta de dados, como um mínimo de dez apartamentos T2 à venda no BPI Expresso Imobiliário, ou por estarem fora da rede intermodal Lisboa Viva, que inclui a Carris, o Metropolitano de Lisboa, a CP, cinco operadores privados de transporte rodoviário e as linhas de barco geridas pelo Grupo Transtejo.

O indicador de economia não deve ser usado isoladamente na decisão da localização do seu alojamento. De fora ficam muitos elementos cruciais, como a área média da habitação, a qualidade de vida na zona, o tempo de deslocação para o centro de Lisboa e outras formas alternativas de transporte. Todavia, o indicador é um bom ponto de partida para um estudo mais personalizado sobre a melhor zona para viver.

As freguesias mais caras são alfacinhas (Avenidas Novas, Parque das Nações, Misericórdia, Santa Maria Maior e Santo António), bem como Cascais e Estoril. Conheça agora, em detalhe, as dez freguesias mais económicas para quem trabalha em Lisboa.

Baixa da Banheira e Vale da Amoreira (Moita)

Não há casas mais baratas nas outras freguesias avaliadas pelo Observador. Na Baixa da Banheira e Vale da Amoreira, que compõem uma união de freguesias moitenses, os T2 custam, em média, cerca de 54 mil euros com uma área média de 70 metros quadrados. A região está abrangida pela Coroa 3 da rede de transportes públicos, o que significa que o passe mensal custa atualmente 67,65 euros.

A Baixa da Banheira e Vale da Amoreira é, no entanto, uma das freguesias mais distantes do centro de Lisboa, o que penaliza no tempo de viagem. Chegar ao Rossio, por exemplo, demora pouco menos de uma hora.

Palhais e Coina (Barreiro)

É uma das freguesias menos populosas. A União de Freguesias de Palhais e Coina tinha 3.591 habitantes nos últimos Censos, realizados em 2011. Os mesmos Censos mostram que cerca de 12% dos alojamentos estão vagos, o que pode explicar os preços mais baixos das casas. Um T2 custa, em média, 62.300 euros para uma área de 68 metros quadrados.

A viagem em transportes públicos para Lisboa é ainda mais longa do que para quem vem da Baixa da Banheira. A partir do centro de Palhais, o tempo para chegar ao centro da capital ultrapassa uma hora.

Santo António da Charneca (Barreiro)

O caminho de Santo António da Charneca, a freguesia vizinha de Palhais e Coina, também demora mais de uma hora para o centro de Lisboa. Além disso, as casas são mais caras. Em média, os vendedores pedem 66.200 euros por um T2, mais 6,3% do que em Palhais e Coina. Todavia, as casas são maiores: 74 metros quadrados, contra 68 metros quadrados na freguesia a poente.

Alto do Seixalinho, Santo André e Verderena (Barreiro)

É a terceira freguesia barreirense na lista das mais económicas para quem trabalha em Lisboa. De fora destas dez mais baratas, fica apenas a freguesia do Barreiro e Lavradio (fica na 11.ª posição entre as 77 avaliadas pelo Observador). Os T2 custam, em média, 68.400 euros.

Como o Alto do Seixalinho, Santo André e Verderena estão mais próximos do rio Tejo e do Terminal Fluvial do Barreiro, o tempo até chegar a Lisboa é reduzido para pouco menos de uma hora.

Santo António dos Cavaleiros e Frielas (Loures)

É a freguesia mais económica na margem norte do Tejo. As casas até são mais caras do que em muitas freguesias do município de Sintra. Um T2 custa, em média, 81.400 euros. No entanto, como a freguesia de Santo António dos Cavaleiros e Frielas está incluída na Coroa 1 da rede de transportes da Grande Lisboa, a despesa mensal com o passe é de 49,30 euros, mais do que compensando o preço mais elevado das habitações.

Apesar de Loures estar junto ao município de Lisboa, demora, pelo menos, 50 minutos a chegar de Santo António dos Cavaleiros até ao centro de Lisboa em transportes públicos.

Rio de Mouro (Sintra)

Embora geograficamente mais distante do centro da capital do que Santo António dos Cavaleiros e Frielas, chega-se a Lisboa mais depressa em transportes públicos a partir de Rio de Mouro. O comboio entre as estações de Rio de Mouro e do Rossio, em Lisboa, tem um tempo previsto de 30 minutos.

Embora as casas em Rio de Mouro sejam mais baratas (um T2 custa 72 mil euros, em média), o passe mensal L/CP Rio de Mouro 30 dias representa uma despesa de 67,35 euros, retirando a vantagem dos preços do imobiliário.

Cacém e São Marcos (Sintra)

A viagem de comboio para Lisboa é encurtada em quatro minutos caso se parta da estação de Agualva-Cacém e não da de Rio de Mouro. É a estação de Agualva-Cacém que serve a União de Freguesias do Cacém e São Marcos, onde os T2 custam 73.600 euros e medem 83 metros quadrados, em média.

Agualva e Mira Sintra (Sintra)

A estação de Agualva-Cacém também serve a região de Agualva, incorporada na freguesia de Agualva e Mira Sintra. A outra metade da freguesia está mais próxima da estação de Mira Sintra-Meleças. A partir desta última estação, o percurso ferroviário para o Rossio leva 41 minutos nos dias úteis.

Embora sejam ligeiramente maiores do que no Cacém e São Marcos (88 metros quadrados), os T2 custam, em média, 74.400 euros.

Falagueira-Venda Nova (Amadora)

A freguesia da Falagueira-Venda Nova está colada à cidade de Lisboa na fronteira de Benfica. Isto reduz o preço do passe mensal para 49,30 euros, o que compensa o preço relativamente mais elevado das casas neste local. Os T2 valem, em média, 87.300 euros. A dimensão média é de 80 metros quadrados.

Amora (Seixal)

Entre a estação de comboios de Foros de Amora e a estação de Roma-Areeiro, em Lisboa, a viagem na Fertagus demora menos de 30 minutos. Nas horas de ponta, há comboios em intervalos de dez minutos. Porém, esta não é a opção mais económica, porque um passe combinado que permita viajar na Fertagus e no Metro de Lisboa, por exemplo, custa 83,80 euros, enquanto um passe L123, que combina as redes do Metro de Lisboa, dos Transportes Sul do Tejo e os barcos da Transtejo, entre outros, custa 67,65 euros.

Em Amora, os apartamentos com dois quartos custam 77.600 euros e medem 85 metros quadrados, em média.