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Trump, o moderado? Think again

O discurso de vitória e o encontro com Obama alimentaram a esperança de um Trump mais moderado como Presidente, mas as promessas que fez pouco depois e a equipa que está a montar mostram o contrário.

Elogios a Hillary Clinton, de quem dizia que devia estar presa, a Barack Obama, que acusava de estar a destruir a democracia, e a promessa de que será o presidente de todos os americanos. Depois de meses de ataques racistas, xenófobos, sexistas e misóginos a praticamente tudo o que mexe que não o apoiou na sua candidatura, Donald Trump surge renovado após uma vitória que muitos achavam impossível. Será Donald, o presidente, uma versão moderada de Donald, o candidato? Pelas medidas que prometeu esta quinta-feira e pelo que já se conhece do seu gabinete a resposta é um claro e rotundo não.

Depois de meses de profunda divisão é tempo de curar as feridas. Ou pelo menos esta é a tradição norte-americana. (Quase) ninguém esperava que Donald Trump conseguisse chegar à sala oval, mas foi isso mesmo que aconteceu e enquanto muitos comentadores, políticos, analistas, jornais e o próprio eleitorado democrata (e parte do republicano) tenta entender e aceitar o resultado, os políticos fazem o trabalho de reconciliação.

Na quinta-feira, dia após as eleições, a agência Reuters dava conta da eliminação de algumas das propostas mais polémicas que o candidato republicano tinha vindo a fazer durante a campanha, como proibir muçulmanos de entrar no país, e muitos comentadores já avançavam com uma suposta moderação de Donald, agora que já tinha o que queria: vencer.

Hillary Clinton aceitou a derrota pedindo aos seus apoiantes mente aberta e que deem uma hipótese a Donald Trump na liderança do país. Barack Obama disse que tudo fará para que Trump seja bem sucedido, porque o seu sucesso é o sucesso do país. Trump elogiou ambos, depois de meses (anos, no caso de Obama) de insultos e acusações, e adotou um discurso moderado, conciliador, de presidente de todos os norte-americanos, como diz que quer ser.

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Na quinta-feira, dia após as eleições, a agência Reuters dava conta da eliminação de algumas das propostas mais polémicas que o candidato republicano tinha vindo a fazer durante a campanha, como proibir muçulmanos de entrar no país, e muitos comentadores já avançavam com uma suposta moderação de Donald, agora que já tinha o que queria: vencer.

Será esta a transformação em presidente do homem que mudou cinco vezes de partido entre 1999 e 2012 e que durante quase ano e meio fez pouco de pessoas com deficiência, acusou os imigrantes mexicanos de serem violadores e homicidas, os muçulmanos de serem terroristas, fez comentários (no mínimo) profundamente ofensivos e misóginos sobre as mulheres?

Não. Nem perto disso.

Dúvidas houvesse, elas foram desfeitas quase de imediato pela equipa de Donald Trump. Em primeiro lugar, as promessas que desapareceram da página na Internet da campanha do presidente eleito só o foram devido a uma falha técnica e não a qualquer mudança de vontade de Donald Trump, esclareceu uma porta-voz da campanha de Trump à Reuters, já depois de a notícia inicial ter sido publicada.

A campanha fez questão ainda de publicar aquilo que chama de Donald Trump’s Contract with the American Voter (contrato de Donald Trump com o eleitor americano), uma lista das medidas para os primeiros 100 dias da presidência Trump, inspirado no Contract with America de Newt Gingrich (um dos conselheiros de Donald Trump), que deu a Câmara dos Representantes aos republicanos em 1994, a primeira vez em quatro décadas.

Acha que Donald Trump não vai cumprir o que prometeu? Um dos seus porta-vozes disse, já depois das eleições, que Trump tem mesmo de cumprir as promessas que fez porque foi através dessa plataforma que foi eleito. Historicamente, os presidentes têm cumprido pelo menos 70% das promessas que têm feito em campanha. Até Barack Obama o fez, mesmo com um impasse no Congresso, ainda que com recurso a ordens executivas que, na sua maior parte, são facilmente revogáveis.

Olhemos então para as promessas de Donald Trump para os seus primeiros 100 dias.

Construir um muro na fronteira com o México e prisão para imigrantes ilegais

É uma das mais emblemáticas promessas de Donald Trump, a par do controlo e registo da população muçulmana, e não podia deixar de estar nos primeiros 100 dias de Donald Trump. O Presidente-eleito diz que os Estados Unidos vão construir um muro e que quem o vai pagar é o México. O presidente do México já disse que não vai pagar qualquer muro, mas Trump continua a garantir que sim.

Mas há mais medidas para controlar a imigração ilegal. Outra é impor uma pena de prisão de dois anos numa prisão federal a todos os que entrem ilegalmente no país depois de terem sido deportados; e de cinco anos para quem já tenha sido condenado por crimes violentos, vários crimes menores ou tenha sido deportado duas ou mais vezes. Familiar? É porque é uma versão pouco moderada da lei criada por Victor Orban, o primeiro-ministro da Hungria, que impõe penas de prisão a quem entrar ilegalmente no país. Trump quer ainda aumentar as penalizações para quem ficar mais tempo que o permitido pelo visto que lhes é atribuído e garantir que os postos de trabalho são oferecidos a norte-americanos primeiro.

Deportar dois milhões de imigrantes criminosos

Foi uma das principais promessas de Donald Trump depois de acusar o México de enviar para os Estados Unidos os criminosos, acusando este segmento da população de serem violadores e homicidas. Donald Trump até prometeu criar uma força policial só para deportar imigrantes ilegais. Agora, acrescenta-se a retaliação contra os países que não aceitem de volta estas pessoas, prometendo cancelar os vistos dos cidadãos destes países que queiram entrar nos Estados Unidos.

Suspender imigração de regiões com maior incidência de terrorismo

A promessa de banir muçulmanos dos Estados Unidos? Cá está ela. Segundo alguns constitucionalistas norte-americanos, Donald Trump dificilmente conseguiria banir praticantes de uma fé dos Estados Unidos, mas o que pode fazer é cancelar os vistos de países como Egito, Síria, Afeganistão, Iraque, Paquistão, Líbia, entre outros. E é isso que o novo presidente promete fazer. Nos países onde não se conseguem vetar de forma apropriada (um conceito por explicar) as pessoas que pedem vistos, estes deixam de ser atribuídos. Todas as pessoas que entrarem nos Estados Unidos passam a ter de ser alvo de um veto na sua forma extrema.

Cancelar todo o financiamento federal às ‘cidades santuário’

Há mais ou menos 300 cidades e condados que têm leis e práticas que impedem que as polícias locais possam ter como alvo imigrantes sem documentos — leis que vão desde a proibição de a polícia fazer perguntas sobre se o imigrante em causa está legal nos Estados Unidos a impedir que estes estejam presos até que as autoridades federais fiquem com a sua custódia. Os republicanos querem impedir o financiamento destas cidades e já o tentaram cortar no passado. Agora Trump quer pressionar estas cidades e tem uma maioria republicana no Congresso que lhe permite fazer isto. Entre elas estão Los Angeles, Denver, Chicago, Nova Orleães, Boston, Newark e Filadélfia.

Cancelar todas as ordens executivas de Barack Obama

Com o Congresso bloqueado, Barack Obama não tinha capacidade para fazer passar legislação, tendo usado e abusado das ordens executivas. Obama conseguiu contornar o impasse no Congresso e fazer valer algumas das suas propostas. Mas existe agora um lado negativo destas decisões: expôs-se a que o seu sucessor pudesse eliminar com uma assinatura grande parte do seu legado, e é isso mesmo que vai acontecer.

Quão importantes são estas ordens? Bem, entre elas está a obrigatoriedade da verificação dos antecedentes de quem quer comprar armas nas feiras de armas — algo que Trump disse que eliminaria no primeiro dia — e a criação de programas que dão a oportunidade a imigrantes que entrem ilegalmente no país, entre eles um exclusivo para crianças, se poderem candidatar a um visto antes de serem deportados. Há mais de 700 mil pessoas que beneficiam deste programa.

Escolher o sucessor de Antonin Scalia para o Supremo Tribunal

A importância da nomeação de juízes para o Supremo é tanto mais importante considerando a duração do seu mandato: até morrerem. Em fevereiro, Antonin Scalia, o mais conservador dos juízes, morreu e Barack Obama tentou nomear um novo juiz, que daria aos liberais a maioria no número de juízes. Mas os republicanos impediram-no no Congresso e os democratas não fizeram muita pressão, acreditando que Trump nunca seria eleito.

Agora, Donald Trump tem oportunidade de virar a balança a favor dos mais conservadores, e é isso mesmo que fará, escolhendo de uma lista de 20 potenciais nomes que já deu a conhecer. Quão importante é esta escolha? Muito. O Supremo decide sobre a interpretação da Constituição em casos que, mediante a sua decisão, podem criar precedentes nos estados em temas como o aborto, o casamento homossexual ou o direito ao porte de arma. Trump é contra o aborto, contra o casamento homossexual e a favor do porte de arma, até em escolas e perto de bases militares, zonas até agora interditas. Com mais três juízes perto dos 80 anos, Trump pode ter nas mãos a hipótese de modelar à sua visão uma das mais poderosas instituições dos Estados Unidos.

Acabar com o Obamacare

Uma das grandes bandeiras de Barack Obama e que conseguiu alargar a proteção na saúde a mais 20 milhões de norte-americanos que não tinham qualquer seguro de saúde é para acabar. Os republicanos queriam-no, Trump exigiu-o e agora as condições estão reunidas para que caia uma das medidas mais queridas de Barack Obama e mais odiadas pelos republicanos. O Obamacare será substituído por um sistema que dá a gestão aos estados. Trump prometeu negociar com as seguradoras e conseguir um acordo muito melhor. O que significa melhor? Como em muitas promessas de Donald Trump, não se sabe. O custo? Idem.

Levantar restrições sobre a produção de energias mais poluentes

Trump já disse que acha que o aquecimento global com mão humana é uma aldrabice e promete fazer valer a sua posição. A primeira coisa que diz que vai fazer é levantar as restrições à exploração e produção das reservas norte-americanas de petróleo, gás natural e carvão e da construção do oleoduto Keystone, entre o Canadá e os Estados Unidos, restrições essas que tinham sido impostas por Barack Obama por motivos ambientais.

O que está no programa e que não deve avançar? O limite de mandatos aos senadores, que Trump quer fazer avançar, mas para o qual depende do Senado. A proposta teria de ser apresentada pela liderança republicana no Senado, mas Mitch McConnel já disse que essa é uma proposta que não avançará, tal como o aumento para cinco anos da impossibilidade de membros de cargos políticos na Casa Branca ou no Senado de assumirem cargos de lobby, a proibição vitalícia de membros da Casa Branca fazerem lobby por outros países e de lobistas estrangeiros recolherem fundos para financiarem eleições nos Estados Unidos.

Moderados? A equipa de Trump

A equipa que Donald Trump montou para preparar a sua presidência também indiciam que ele não se está a preparar para mudar de plataforma política. Uma parte da sua equipa de transição já se conhece e já se fala até de nomes para o Governo de Donald Trump, alguns mais polémicos como é o caso da ex-governadora do Alaska, Sarah Palin.

Trump prometeu uma mudança radical, combateu publicamente os lobistas, lembrando que a sua candidatura se aguentava sozinha, que tem estado sozinho na campanha e prometeu reformar Washington, mas, para já, o homem que rejeitou a política tem-se rodeado de políticos e com grande experiência. Vejamos os nomes mais importantes da equipa de transição de Donald Trump.

Chris Christie

Christie, à direita na foto, ao lado de Donald Trump durante uma ação de campanha.

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Governador do estado da Nova Jérsia desde 2010, chegou a ser dos mais promissores políticos republicanos: depois de um mandato como procurador-geral do seu Estado — marcado pela agressividade na luta contra a corrupção —, depois de vencer uma acesa luta contra os sindicatos do estado, já como governador, devido à reforma do sistema de pensões, e depois de liderar o esforço de resgate e reconstrução, juntamente com Barack Obama, da costa leste a seguir ao furacão Sandy, em 2013.

Chris Christie tinha a confiança do grupo de republicanos conhecido como ‘Clube dos Bilionários’, um grupo de influentes multimilionários financiadores de campanhas republicanas (entre eles Rupert Murdoch), e da família Bush. Era Christie quem decidia quem estes deviam apoiar. Em 2012 chegou a considerar candidatar-se, a pedido de um grupo de republicanos que não se reviam na candidatura de Mitt Romney, mas acabou por não o fazer. Em 2016 mudou de ideias e entrou na corrida, tendo uma campanha fraca e cujo melhor momento foi quando conseguiu efetivamente acabar com a campanha de Marco Rubio, o senador da Florida, que chegou a ser apontado como favorito na disputa com Trump da nomeação.

No entanto, o seu percurso como governador ficou manchado por sucessivos cortes de impostos que trouxeram problemas às finanças do estado e levaram a um pedido de resgate, do veto ao aumento do salário mínimo, do veto a várias leis que promoviam a igualdade de género em questões salariais, do veto ao casamento homossexual e do veto sobre leis que apertavam o controlo sobre pessoas com historial de problemas mentais que quisessem comprar armas.

O maior escândalo em que o seu nome esteve envolvido foi no caso conhecido como “Bridgegate”, em 2013, em que dois membros do seu gabinete terão conspirado para, durante quatro dias, fecharem algumas vias no acesso às portagens da ponte George Washington, criando um engarrafamento de grandes proporções, para alegadamente penalizar o mayor de Fort Lee, um democrata que se recusou a apoiar Christie na sua recandidatura a governador. Os membros do seu gabinete foram condenados. O envolvimento de Christie nunca foi provado, mas ter-lhe-á custado a vice-presidência e pode ainda custar-lhe um futuro papel na administração Trump, onde se fala que pode vir a ser Procurador-Geral dos Estados Unidos.

Chris Christie é também contra o aborto e tem posições duras contra os imigrantes ilegais, que considera criminosos caso regressem aos Estados Unidos depois de serem deportados.

Rudolph Giuliani

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Duro com a corrupção, moderado em assuntos sociais e querido pela população de Nova Iorque após o 11 de setembro de 2001, Rudy Giuliani ficou conhecido como o Mayor da America, pela liderança no período após o maior e mais devastador atentado terrorista em solo nacional, mas foi como Procurador-Geral de Nova Iorque que se começou a destacar. Democrata até ser empregado pela administração de Ronald Reagan, teve o seu grande palco enquanto mayor de Nova Iorque.

A sua posição moderada em assuntos sociais levou muitos republicanos a achar que tinha possibilidade de chegar à presidência, mas nunca conseguiu mais que a liderança de Nova Iorque. Ainda chegou a pensar candidatar-se contra Hillary Clinton pelo lugar de senador por Nova Iorque, mas foi lhe diagnosticado um cancro na próstata. Em 2008 avançou para a presidência e, apesar de ser considerado favorito durante meses, só conseguiu um único delegado e acabou por desistir.

Atualmente, é uma espécie de “cão-de-fila” de Donald Trump. Serviu para desculpabilizar e justificar muitas das polémicas em torno de Donald Trump e lançar ou reforçar muitas das teorias da conspiração em torno de Hillary Clinton.

Por exemplo, disse que antes de Obama ser presidente nunca os Estados Unidos tinham sido alvo de um ataque, bem sucedido, da parte de radicais islâmicos. Ora, o 11 de setembro foi em 2001, o grupo responsável foi a Al-Qaeda de Bin Laden, e Giuliani era mayor de Nova Iorque. Ainda sobre o 11 de setembro, disse que Hillary Clinton mentiu ao dizer que esteve lá no dia 11 e que Giuliani, que lá tinha estado, não a viu, mas Hillary nunca disse que lá esteve e há fotos dos dois juntos na zona do ataque no dia seguinte, dia 12 de setembro.

Sobre Hillary Clinton disse ainda que estava doente e que havia provas sobre isso. Confrontado por uma jornalista sobre os desmentidos da campanha de Hillary, Giuliani disse que bastava ver “os videos na Internet”. Sobre Donald Trump disse que a conversa de Trump em que disse que agarrava mulheres pela vagina não passava de “conversa de balneário” e que tinha ouvido Bill Clinton dizer coisas do género enquanto jogavam golfe juntos.

Não é claro que papel pode Rudy Giuliani ter na administração Trump, mas fala-se na possibilidade de vir a ser Procurador-Geral ou até chefe de gabinete, uma posição de incomparável poder. Seja como for, Rudy Giuliani poderá prosseguir com a sua carreira de lobista na firma de advogados onde é sócio e beneficiar da sua proximidade com a nova administração.

Kris Kobach

Arquiteto de algumas das mais polémicas e draconianas leis anti-imigração, o secretário de estado do Kansas entra na equipa de Trump depois de ter reclamado o crédito pela ideia de exigir do México o pagamento do muro, basicamente apreendendo as remessas dos imigrantes ilegais mexicanos nos EUA, algo muito dificil de fazer em termos práticos, mais ainda sem o apoio das autoridades mexicanas.

Agora na equipa de transição de Donald Trump, Kris Kobach é o mentor de leis anti-imigração como aquela que deu o poder às autoridades de estados como o Arizona de pedir para ver os documentos de qualquer pessoa que possa parecer imigrante, podendo parar essas pessoas na rua sem qualquer razão ou suspeita aparente. Outra das leis pelas quais será responsável é a obrigatoriedade de apresentar uma certidão de nascimento para que os cidadãos se possam registar como eleitores. Isto impediria dezenas de milhares de pessoas de votar. Só sob ameaça do tribunal é que Kris Kobach acabou por permitir que essas pessoas se registassem para votar nestas eleições no Kansas.

Algumas destas leis caíram depois de questionadas em tribunal, outras continuam em vigor, apesar da forte oposição de partes da população. As leis do Arizona foram assinadas pelo Governador Jan Brewer, que tem sido apontado à futura administração Trump.

Newt Gingrich

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Em 1994, Newt Gingrich e Dick Armey juntaram-se para desenhar um plano para voltar a dar o poder aos republicanos na Câmara dos Representantes, poder esse que escapava ao partido há quatro décadas. Decorria o primeiro mandato de Bill Clinton e este era o primeiro teste aos democratas nas urnas depois da eleição de Clinton. O pacto listava uma série de medidas específicas e com detalhes para converter em lei, caso os republicanos retomassem o poder na Câmara dos Representantes. O resultado foi um sucesso histórico e Newt foi eleito líder da Câmara dos Representantes, o speaker of the house, e chegou à capa da revista Time no ano seguinte.

O histórico republicano só viria a tentar a sua sorte na corrida para a presidência em 2012, sem grande sucesso. A sua candidatura não resistiu, depois de uma série de escândalos à volta das férias e casas de luxo que ele e a sua mulher aproveitavam, com recurso a um jato privado, enquanto a campanha decorria e a sua candidatura estava em maus lençóis. Para não falar no vasto leque de declarações polémicas sobre outros países e até sobre a sua primeira mulher, na altura com cancro.

Newt Gingrich chegou adizer que a sua primeira mulher não era suficiemente bonita para ser primeira dama e que “ainda para mais, tem [tinha] cancro”, que esperava ter uma base na lua no final do seu primeiro mandato, fez comentários xenófobos sobre as origens de Barack Obama, comparou os planos para construir uma mesquita ao lado do Ground Zero em Nova Iorque a “colocar um sinal nazi ao lado do Holocausto” e, sobre os ataques do Estado Islâmico em novembro de 2015 em Paris, que se houvesse mais gente com armas no Bataclan a tragédia podia ter sido evitada. O republicano considerou ainda que as leis que proíbem o trabalho infantil são estúpidas.

Newt Gingrich faz parte da equipa de transição de Donald Trump, terá sido considerado para vice-presidente, juntamente com Chris Christie e Mike Pence (que acabou por ganhar a nomeação), e será hipótese para o cargo de secretário de Estado, ou seja, para liderar a diplomacia norte-americana.

Mike Pence

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Entrou na corrida de fininho e parecia ser o gémeo bom no ticket republicano. Donald Trump fazia asneira, Mike Pence vinha remediar. Trump insultava veteranos, Pence pedia desculpa. Pence defende a intervenção militar na Síria, Trump diz que não concorda e que nem sequer falou com ele. O estilo polido, calmo e presidencíavel fez-se notar mais ainda em oposição com o do seu irascível, inconstante e agressivo chefe.

Mas Pence está longe de ser moderado. Mais conservador que Donald Trump, o cristão evangélico foi um dos primeiros apoiantes do Tea Party, a ala mais radical e à direita dos republicanos, e apoiou Ted Cruz nas primárias, depois de fortes críticas à proposta de Trump de probir a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos. Mas rapidamente mudou de opinião quando Trump venceu as primárias.

Depois de mais de uma década como senador, chegou a governador do Indiana em 2013, e entrou em conflito com os grupos defensores de direitos homossexuais por apresentar uma lei considerada discriminatória (lei que acabou por ser emendada) mas a sua oposição aos direitos homossexuais não se ficou por aqui. Pence chegou a dizer que os casais homossexuais eram um sinal do “colapso da sociedade”, apoiou uma proposta para definir na Constituição que o casamento só existe entre um homem e uma mulher, que ser homossexual é uma escolha e que impedir estas pessoas de se casarem não é discriminação, mas sim levar a cabo as “ideias de Deus”.

Pence foi mais longe e opôs-se a leis que proíbem a discriminação de membros da comunidade gay no local de trabalho e votou contra a revogação do Don’t Ask, Don’t Tell, que impedia que os homossexuais servissem abertamente nas forças armadas.

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