Ainda que para muitos possa ser algo inesperado, a anemia tem uma elevada prevalência em Portugal. Falamos de uma doença que deriva de uma redução abrupta do volume de glóbulos vermelhos no sangue, células que possuem uma proteína denominada hemoglobina e cuja função é assegurar o transporte do oxigénio desde os pulmões até às várias zonas do corpo humano.
Segundo o EMPIRE, um estudo nacional da responsabilidade do Anemia Working Group Portugal, a anemia afeta um em cada cinco portugueses, assumindo-se como um verdadeiro problema de saúde pública. Esses números são ainda mais preocupantes se tivermos em conta que, tal como também se concluiu na referida pesquisa, mais de 80% dos afetados desconhece que o estão e apenas 2% recebe tratamento médico.
Carência nutricional e outras causas
A principal causa deste problema é uma baixa concentração de ferro no organismo, sendo que existem parâmetros que o definem e que derivam da escassez desse nutriente que desempenha um papel importantíssimo na defesa do organismo, nomeadamente em termos de imunidade frente a potenciais infeções.
De acordo com a Direção-Geral de Saúde (DGS), estamos perante uma situação de anemia quando a concentração de hemoglobina é inferior a 13 g/dL nos homens e 12 g/dL nas mulheres e de ferropénia, ou deficiência das reservas de ferro, quando o valor de ferritina é menor do que 30 ng/mL na população adulta.
Perante isso, a única forma de superar essa carência é elevar a produção de hemoglobina e, para tal, o organismo é obrigado a aumentar a reserva de ferro, algo que se aplica a cerca de um terço da população nacional devido a baixos níveis desse nutriente.
É também por essa razão que a maior parte dos casos desta doença são denominados por anemia ferropénia. E entre as causas mais frequentes estão as hemorragias, associadas a, por exemplo, gastrites, úlceras do estômago ou lesões digestivas de origem cancerígena, menstruações com elevada perda de sangue, exigência de um maior aporte de ferro durante a gravidez ou nas fases de crescimento mais rápido (infância e adolescência), assim como na sequência de uma dieta desequilibrada e pobre em ferro.
A par disso, contabilizam-se também como fatores de risco de anemia, ter mais de 65 anos, sofrer de uma doença crónica, como cancro ou insuficiência renal, ou perante fatores hereditários como um histórico familiar desta doença.
Fale com o seu médico
Ainda que o sinal mais frequente de anemia seja uma sensação de fadiga extrema e generalizada (ver infografia), a redução progressiva de presença de ferro e consequente diminuição do nível de hemoglobina pode ainda potenciar um conjunto de outros sintomas com influência direta no bem-estar físico e emocional.
Exemplo disso são a sensação de fraqueza associada a tonturas, palidez, um estado permanente de irritação com reflexos na diminuição da concentração e memória, distúrbios de sono, falta de apetite ou unhas quebradiças.
Felizmente é muito fácil identificar os valores de ferro do organismo e identificar se está com anemia ou deficiência de ferro. Caso identifique alguns destes sinais, consulte o seu médico, que pode recomendar a realização de alguns exames que possibilitarão confirmar um diagnóstico de anemia. Para além do “conhecido” e muito pedido, hemograma, é necessário também quantificar as reservas de ferro através de um indicador designado por ferritina.
Este gesto simples é essencial para proporcionar uma terapêutica que vença um quadro anémico, situação que, se não tratada, pode agravar outros problemas de saúde como, por exemplo, insuficiência cardíaca pois o défice de ferro implica um esforço adicional do coração.
Tratar e prevenir a anemia
Depois de receber os resultados dos exames, e sendo a anemia um diagnóstico confirmado, o próximo passo é seguir o tratamento, procedimento, por norma, de características simples, com o objetivo de repor os níveis normais de hemoglobina e glóbulos vermelhos, sendo que a escolha dos fármacos varia com a gravidade da deficiência de ferro e anemia em si.
Ainda assim, o tratamento mais adequado, e recomendado em alguns casos de anemia, é o tratamento com ferro endovenoso. Na prática, falamos de um método que implica a introdução do fármaco através da veia, realizado sempre em ambiente hospitalar e com supervisão profissional, e que está comprovado ser bastante eficaz no aumento de hemoglobina e ferro no organismo.
Perante tudo isto, está nas nossas mãos seguir as melhores estratégias para assegurar que o organismo não fica com carência de ferro, nutriente que, preferencialmente, pode assumir o papel de herói, ou ser visto como vilão quando presente em quantidades inferiores ao exigido.
Para saber mais sobre a anemia e como combater a carência em ferro no organismo, visite www.umasaudedeferro.pt.