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Ana Catarina Mendes foi a representante do Governo no debate de urgência
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Ana Catarina Mendes foi a representante do Governo no debate de urgência

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Ana Catarina Mendes foi a representante do Governo no debate de urgência

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Um mini-debate com o "leviano" Medina no olho do furacão e uma disputa à direita

A solitária Ana Catarina Mendes deu a cara por um Governo acusado de se manter em silêncio e de não ter prestado os devidos esclarecimentos. Mais do que Pedro Nuno, ninguém esqueceu Medina.

Com a saída de Pedro Nuno Santos, registou-se um efeito imediato no Governo: o outro nome constantemente falado para a sucessão de António Costa, Fernando Medina, passou a estar no olho do furacão, tornando-se o governante mais mencionado durante um debate em que o Governo foi acusado de “abusar do poder” — e do silêncio. À direita, os vários partidos disputaram a liderança da oposição, com o PSD a ser atacado por Chega e IL devido ao sentido de voto na moção de censura.

As acusações ao ministro das Finanças foram do “leviano” ao “incompetente” e os apelos para sair do Governo mais do que muitos, tornando-se ainda mais claro que Medina será, para a oposição, o novo alvo a abater.

O PSD chegou, de resto, ao debate com um novo argumento fresquinho e pronto a atirar contra Medina: depois de o PS ter tentado impedir que seja ouvido sobre o caso de Alexandra Reis, os sociais-democratas vão usar um direito regimental para forçar essa audição. Ou seja: chegavam com o ónus de ter marcado um debate de urgência, para esta quarta-feira, que basicamente serviu apenas como aquecimento para o debate da moção de censura marcado para esta quinta-feira (e que, esse sim, contará com a presença de António Costa), mas com direito a alegar que será graças ao PSD que o país ouvirá mais explicações de Medina.

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Couberam, de resto, ao líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, algumas das acusações mais graves dirigidas ao ministro das Finanças. “Leviano, incompetente e irresponsável”, sentenciou, antes de garantir que Medina não tem condições para continuar à frente de um ministério tão central como é o das Finanças. O PSD continuaria a carregar sobre Medina, perguntando à bancada do PS se está confortável com as ações (ou inações) do ministro. Mas não seria o único: pelo Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua questionaria a ausência de Medina e a falta de explicações do ministro; Bernardo Blanco, da IL, seguiu a mesma linha; e Rui Tavares, do Livre, pediu mesmo ao PS que “deixasse” o ministro vir justificar-se ao Parlamento.

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Um Governo em silêncio e acusa de “abuso de poder”

Com os partidos a chegarem à mesma conclusão – o caso que agora atinge Medina em cheio e que já tirou Pedro Nuno Santos do Executivo é mais uma prova de que a instabilidade política é provocada pelo próprio Governo – do Governo não se ouviria grande resposta.

E isto porque tanto Ana Catarina Mendes, a ministra que representou o Governo neste debate, como o grupo parlamentar do PS (pela voz da deputada Susana Amador, a única socialista que interveio) esgotaram todo o tempo que tinham para intervir logo no arranque do debate, sem deixar qualquer margem para resposta às perguntas da oposição fora os primeiros pedidos de esclarecimento, que a ministra ainda usou para defender a governação de Medina.

E isto não deixou de ser notado pelos partidos, que juntaram a falta de resposta ao chumbos dos pedidos de audição sobre a TAP para concluir que o Governo está cada fez mais fechado sobre si próprio.

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“É mesmo uma artista”, atiraria o social-democrata Duarte Pacheco contra Ana Catarina Mendes, registando a falta de respostas – a ministra falou para defender Fernando Medina, mas usando o argumento das contas certas e garantindo que o crescimento do país é a prova de competência que conta e que interessa aos portugueses, sem mais esclarecimentos sobre o caso de Alexandra Reis.

Por todas as bancadas se sucederam as queixas contra a maioria do PS: comunistas criticaram o chumbo das audições, o Livre chegou a sugerir que o PS deixasse passar a proposta do Bloco de Esquerda para uma comissão de inquérito à TAP para dar um sinal de diálogo (recordando que até nos tempos da geringonça havia mais estabilidade política), e o PAN deixou um recado direto a Ana Catarina Mendes, acusada de ajudar a “esconder” António Costa e Fernando Medina neste debate – “O pior serviço em democracia é remeterem-se ao silêncio.”

O Bloco acabaria a lançar uma das acusações mais graves, falando mesmo em “abuso de poder”. “O Governo tem algo a esconder, se não permitia o escrutínio”. Sem sucesso: nem Ana Catarina Mendes nem qualquer deputado socialista voltariam a falar até ao fim do debate.

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Um ausente muito presente (e desejado na bancada)

Com uma bancada do Governo em que só um lugar estava ocupado, houve um ausente a colecionar grande parte da atenção, das críticas e a ideia de que já poderia estar sentado na bancada para ouvir o que ali se passou: Pedro Nuno Santos.

Mais do que toda as responsabilidades — que o ex-governante acabou por assumir com a demissão — André Ventura considera que Pedro Nuno Santos deveria estar sentado no seu lugar de deputado tanto no debate de urgência como na moção de censura, que decorre esta quinta-feira. Mas o ex-ministro, apesar de ter decidido assumir o lugar na bancada do PS depois de deixar o Governo, decidiu suspender o mandato por um mês e não assistiu ao debate presencialmente.

A atitude foi, aos olhos do líder do Chega, “a maior cobardia política de que há memória em Portugal”. E o momento permitiu a André Ventura recordar um dos últimos episódios entre os dois protagonistas — em que Pedro Nuno Santos disse que o presidente do Chega sairia do Parlamento e o socialista ainda lá estaria. Pedro Nuno vai mesmo voltar às bancadas parlamentares, o que não torna Ventura vitorioso na pequena batalha de palavras entre os dois, mas o líder do Chega não deixou de criticar a ausência e aproveitou para justificar que este “já não é um Governo”, mas sim “bocados de Governo espalhados por todo o lado”.

Para Chega e IL, crise é mais do que ataque ao Governo

No arranque do debate, a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, defendia a tese de que a direita estava a retirar aproveitamento da crise política para lutar por um lugar na liderança na oposição.

“O debate de urgência não é um verdadeiro debate sobre os problemas dos portugueses, mas para saber quem ganha na liderança da oposição à direita.” A governante pedia “responsabilidade”, nomeadamente num recado direcionado para o PSD, lembrando que é “o maior partido da oposição”, mas abria a porta a críticas que já vinham sido a ser lançadas pela esquerda.

No debate, Chega e Iniciativa Liberal lamentaram o posicionamento do PSD, que já confirmou que irá abster-se na moção de censura ao Governo. André Ventura lamentou que o PSD “ainda tenha decidido manter o Governo em funções” ao não dar um cartão vermelho a António Costa através do voto a favor, mas a IL foi mais longe.

Bernardo Blanco anotou a argumentação do PSD e questionou “como é que o PSD vai votar contra tudo o que disse”. No final, pediu que “pensem” e “votem em consciência”.  Mas aproveitou para assegurar que a IL não é uma muleta do PSD: “Se o PSD toma a decisão de não ser oposição, nós cá estaremos para ser alternativa.”

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