Longe vão os tempos do pessimismo e dos lamentos. Em meados de 2021, ainda em plena pandemia, a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) vaticinava que o turismo “nunca” chegaria aos níveis de 2019 antes de 2024. Esta terça-feira chegou a confirmação do contrário. Em 2022, o número de hóspedes que visitaram o país ficou 2,7% aquém do registado em 2019, adiantou o INE. O mesmo é dizer que chegaram a Portugal 26,5 milhões de turistas, que comparam com os 27 milhões de 2019, ou o último ano em que o mundo não sabia o que era a covid-19. E o número de dormidas foi apenas 0,9% inferior. No entanto, o “número que interessa”, segundo o setor, foi atingido. O ministro da Economia adiantou na semana passada que as receitas do turismo atingiram os 22 mil milhões de euros em 2022.

“Ultrapassámos os 22 mil milhões de euros de receitas no turismo. Este é o número que tem de ser assinalado. Na pandemia toda a gente discutia se a recuperação em relação a 2019 seria em 2023, 2024 ou 2025. Não foi. Portugal foi o único país da Europa que em 2022 retomou e superou as receitas de 2019“, nota ao Observador o presidente da Confederação do Turismo de Portugal, Francisco Calheiros.

O valor não está inscrito na estimativa rápida da atividade turística divulgado esta terça-feira pelo INE, mas é um dado adquirido para o setor. Com menos turistas houve mais receita, o que reflete a subida dos preços. “São resultados muito positivos, a vários níveis. O vírus tinha impactado o setor fortissimamente e tinha-nos feito recuar 26 anos em termos de dormidas e 10 anos em termos de receitas. Estes números dizem que o comeback foi muito vigoroso. O recuo nas dormidas em 2020 é muito superior ao das receitas, o que significa que estávamos a crescer em preço e em valor, mais por conta do aumento da receita do que do aumento das dormidas. Reforço isto porque, apesar de as dormidas terem ficado aquém de 2019, projeta-se que as receitas vão ultrapassar os resultados de 2019, ou seja, retomámos o bom caminho”, explica ao Observador a vice-presidente da AHP, Cristina Siza Vieira. “Isto mostra que Portugal tinha margem para crescer nos preços sem perder pujança”.

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